terça-feira, 20 de maio de 2008

Bairro Jardim América - Parte XII


Dos antigos armazéns que vendiam muitos produtos a granel e atendiam fregueses que vinham desde o Pavão até a Capela da Buena restou somente a lembrança. Um estabelecimento comercial que marcou muito, ainda na época da Várzea do Fragata, foi a Venda do Sr. Luís Nachtigall – a qual tratamos no capítulo III desta série. Outros estabelecimentos comerciais que se destacaram na história do bairro, sempre ao longo da Avenida Três de Maio foram: o Armazém do Sr. Antônio Silva (na esquina com a Rua Maurílio Oliveira), a Casa Avante (na esquina com a BR-293), o Armazém do Sr. Willy Schiller (próximo à escola Barão de Santo Ângelo), o Armazém Brasil (no prédio ao lado do atual Supermercado Econômico), a Venda do Sr. Bento Cantarelli (na esquina com a Rua Francisco Pires dos Santos) e o Armazém do Sr. Ernani da Rosa (onde hoje se encontra a Clínica de Fisioterapia). Para o interior do bairro são dignos de nota: o Comércio do Sr. Oriente Brasil Caldeira (no Corredor da Embrapa), o Armazém do Sr. Catarino, a Venda do Sr. João Gomes, a Venda do Sr. Arnaldo, a Venda do Sr. Océlio, a Venda do Sr. Framalion, o Comércio do Sr. Osmar Rosa (atualmente um supermercado), a Venda do Sr. Enéias, Mercadinho Domingues e o Boteco do Alemãozinho. Entre tantos, alguns possivelmente ignorados, trataremos de dois que tiveram longa duração e importância: o Armazém Brasil e o Armazém do Sr. Ernani da Rosa.
O Armazém Brasil, de propriedade da Família Carret, funcionou aproximadamente de 1955 até o início da década de 1980. Foi o típico comércio tradicional de subúrbio, em que se reunia a população, não somente para comprar, mas também para conversar e se distrair. Era muito freqüentado pelos trabalhadores rurais e visitado por candidatos em campanha. De tal forma foi uma referência que, mesmo decorrido mais de um quarto de século de seu fechamento, o local ainda nomeia a linha de ônibus que atende a zona do bairro situada entre as rodovias BR-116 e BR-293. Isso acontece porque antigamente o ônibus do Jardim América partia do ponto defronte à atual Agropecuária Bandeirante; posteriormente, devido às reivindicações dos moradores o ônibus passou a partir defronte ao citado comércio.
Já o Armazém do Sr. Ernani da Rosa funcionou aproximadamente de 1965 a 1978. Iniciou com um pequeno “barzinho da madeira” e, aos poucos, tornou-se um comércio forte. Mais do que isso, o lugar passou a um aglomerado de serviços e empreendimentos, todos de iniciativa do Sr. Ernani. No local funcionou também coadjuvante ao armazém: olaria, carvoaria, borracharia, oficina de bicicletas, cancha de bochas, açougue, mesas de sinuca, ferraria, abatedouro de porcos, casas de aluguel (ao lado) e cinema. Na década de 1970 o armazém transformou-se no “point” do Jardim América, com grande freguesia de jovens, safristas, charreteiros e funcionários do DAER. Pioneiramente, o armazém também foi um dos primeiros locais do bairro a ter uma televisão para o público. Houve verdadeiro frenesi na época da novela global “Irmãos Coragem”.
O cinema merece atenção especial. O Cine América – que funcionou entre 1966 e 1977 – marcou toda uma geração. Num sistema muito comum na época, em que os cines de bairro eram prósperos, os filmes eram locados. Por isso, a mesma película era rodada num só dia nos cines do Fragata, Passo do Salso, Jardim América e Capão do Leão. Grandes sucessos de Teixeirinha e José Mendes, faroestes norte-americanos e filmes de ação atraiam grande público às sessões. Inúmeras ocasiões houve sessões duplas e triplas. Às quartas-feiras, ocorria a promoção “Grátis ao Belo Sexo”, com entrada franca para as mulheres.

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