quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A primeira colônia alemã no Brasil


"A partir de 1818, com a fundação da colônia Leopoldina no extremo sul da Bahia, uma história distinta e particular começava a ser contada neste estado: os primeiros contingentes de alemães eram estabelecidos em território brasileiro, caracterizando os esforços ainda tímidos do então governo real para atrair imigrantes europeus para o país. A literatura disponível sobre o tem dá conta de que o empreendimento de atrair imigrantes alemães (também suíços e outras etnias europeias) para o estado da Bahia, além de refletir os primeiros resultados da abertura dos portos promovida por D. João VI no início do século XIX, tornou-se viável também a partir do matrimônio do príncipe D. Pedro I com a arquiduquesa austríaca D. Leopoldina. A então futura imperatriz do Brasil emprestou seu prestígio aos principais entusiastas da ideia, alemães que já haviam estado no Brasil desde antes de sua chegada.

No entanto os assentamentos aqui referidos, na análise de autores como Roche (1969), Fouquet (1964), Schneider (1974), Seyferth (1999; 2002), não caracterizariam genuína colonização alemã, uma vez que ocorreram em sesmarias concedidas a empresários alemães, suíços e brasileiros. Não tinham o caráter de povoamento nos moldes verificados no Sul brasileiro e neles contava-se majoritariamente com mão-de-obra escrava para sua manutenção e desenvolvimento, sustentando as unidades produtivas que se organizaram neste modelo colonial. Estas iniciativas malograram em sua quase totalidade, as condições precárias em que se deram os assentamentos, condenaram os empreendimentos e, consequentemente, muitos dos imigrantes que deles fizeram parte. As iniciativas, vale recordar, malograram, não sendo possível verificar mais que traços destes empreendimentos no interior do estado da Bahia.

A primeira colônia, Leopoldina, assim denominada em homenagem à futura Imperatriz, foi estabelecida às margens do rio Peruípe, no extremo sul da Bahia; seus fundadores foram, segundo registros de Frederico Edelweiss, publicado em 1970, o cônsul de Hamburgo na Bahia, Pedro Peycke, os naturalistas Freyreiss e Morhardt, de Frankfurt-am-Main e os suíços Abraão Langhans e David Pasche. Os números divulgados por Tölsner, em 1858, informam que a atividade agrícola principal era cultura do café com uma produção estimada em 100.000 arrobas/ano, maior parte da qual exportada, lembrando que esta funcionou em um modelo de empresa, dividida em fazendas e contando com mão-de-obra escrava. Além disto, a preocupação em povoá-la com imigrantes pareceu ser algo secundário tendo em vista as precárias condições oferecidas por ocasião do assentamento dos imigrantes e de sobrevivência após a formação do núcleo. Os dados disponíveis pouco informam sobre os primeiros anos desta colônia, o que parece justificar a relativa pouca atenção de pesquisadores da imigração alemã no Brasil no que diz respeito a estas iniciativas. De todo modo, não está claro, apesar do evidente malogro, o período de existência desta colônia.

No mesmo ano de 1818, outra colônia foi implantada por Weyll e Saueracker, à margem esquerda do rio Cachoeira, entre Ilhéus e Itabuna, contando com 28 famílias (totalizando 161 indivíduos). Aparentemente sofrendo de males semelhantes àqueles verificados na colônia Leopoldina, a denominada São Jorge dos Ilhéus, teve seu destino selado por uma série de contratempos: ausência, de estrutura adequada para a instalação dos colonos, epidemias, fome e a incapacidade dos empresários e do governo provincial de auxiliar devidamente na solução dos problemas, resultaram em óbitos da maioria dos indivíduos e dispersão. A visita do príncipe Maximiliano da Áustria, em 1860, nos dá uma ideia aproximada do que se tornara esta colônia e seus colonos, cujos '[...] meninos magros, de cara pálida e descolorida, olhos azuis de miosótis, cabelo amarelo-pálido, arrepiados' e, ao tentar se comunicar com eles, Maximiliano não conseguiu evitar o 'sentimento de indignação' ao percebê-los 'totalmente brasileiros', já que não falavam a língua dos pais, motivo ao qual atribuiu a melancolia destes últimos e a 'secreta dor' que todos os imigrantes alemães pareciam carregar. E, foi mais além, ao concluir, à época, que '[...] não é de se admirar que nunca adquiram uma posição independente, em vez de dominarem, encontram-se numa espécie de coisa intermediária, entre escravos e homens livres'.

Não muito distante da colônia Leopoldina, estabeleceu-se por volta de 1822 a colônia Frankenthal, em terras de Georg Anton von Schäffer, que as adquirira com a intenção de fixar-se como colonizador. A administração ficou a cargo de um amigo, Philippe Henning, alemão de Wertheim. Apenas 20 indivíduos viviam nesta colônia em 1824. Após o afastamento de Schäffer da corte, em 1828, o oficial francônio teria ido viver seus últimos dias em Frankenthal.

Em 1859, em razão da criação da Imperial Companhia Metalúrgica do Ouro, destinada a explorar a mina de Açuruá - entre os rios Verde e São Francisco - foram trazidas 50 famílias, segundo Overbeck (1923), em um total aproximado de 150 indivíduos. Para chegar ao seu destino, segundo, Fouquet (1974), percorreram grande parte da distância (cerca de 500 km) desde São Félix, caminhando. A seca e as altercações ocorridas entre os imigrantes e a direção da companhia contribuíram para o rápido insucesso de mais esta iniciativa. Eram estes alemães provenientes de Klausthal e Zellerfeld, norte da atual Alemanha e não permaneceram por mais de dois anos na localidade onde se deu esta tentativa de assentamento; ali passou a existir, posteriormente, a vila que recebeu o nome de Gentio do Ouro, hoje município baiano."

Fonte: RABELLO, Evandro Henrique. Deutschtum na Bahia: a trajetória dos imigrantes alemães em Salvador. Salvador/BA: Dissertação de Mestrado em Antropologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, 2009, pág. 47-49.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

A Falange Gaúcha - a primeira facção criminosa do Rio Grande do Sul


"No mês de julho de 1987, oito apenados, mantendo 31 reféns, se amotinaram no Presídio Central de Porto Alegre. Após horas de negociações com a polícia, todos fugiram do estabelecimento em automóveis que haviam sido cedidos pelas autoridades em troca da libertação de reféns. O 'dia de terror no presídio' (ZERO HORA, 29/07/1987, p.1), como a época foi noticiado, deixou duas pessoas mortas e inúmeras outras feridas. Já no início de janeiro de 1988, vinte presos da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), no município de Charqueadas/RS, iniciaram uma rebelião, da qual três agentes penitenciários e um apenado terminaram mortos. No dia seguinte, 620 presos deflagraram greve de fome no PCPA. Esses acontecimentos se inscreveram em um cenário mais amplo, de organização de um novo grupo criminal nos presídios rio-grandenses: a Falange Gaúcha, que emergia na esteira do Comando Vermelho, composta por apenados envolvidos com a Falange Vermelha Rogério Lemgruber, criada ainda na década de 1970 no Estado do Rio de Janeiro.

O aparecimento da Falange Gaúcha (ou Falange) se deu após um pacto firmado por apenados envolvidos no motim de 1987 (e por alguns outros apenados, que os apoiaram ou lhes eram próximos), e tinha como objetivo financiar dois projetos: o investimento em fugas vindouras, e a criação de um 'caixa' comum, que seria usado para financiar eventuais ações criminosas e melhorar as condições de vida dos aliados presos (especialmente pela compra de vantagens no PCPA). A vivência nos presídios se encontrava, naquela ocasião, instável: em março de 1991, uma disputa entre grupos menores no Central provocou a morte de seis apenados e ferimentos em 22. Em outubro, na Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC), uma briga entre grupos diferentes resultou na morte de três deles. Já, em dezembro, foi assassinado um dos braços direitos de Dilonei Melara - que, no início dos anos 1990, já era importante integrante da Falange, e que viria a ocupar posição central no 'mundo do crime' da cidade ao longo da década seguinte.

Entre 1992, 1993 e 1994, os motins, assassinatos por enforcamento e asfixia e as violências entre apenados - para além das promovidas por funcionários da segurança - seguiram ocorrendo. Ainda, em julho de 1994, seis presos-pacientes armados renderam 27 funcionários do Hospital Penitenciário, demandando a transferência de dois apenados da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) para o local do motim, incluindo-se, neles, Dilonei Melara. Após o acato das autoridades diante do pedido, também exigiram carros para fuga, que lhes foram concedidos. Trinta horas depois, o episódio terminou com a rendição de Melara (que já se estabilizava como um dos grandes líderes dos presídios rio-grandenses), com cinco pessoas mortas (quatro fugitivos e um policial civil) e com onze feridas, além de ter intensificado a preocupação coletiva diante da situação da segurança no Rio Grande do Sul, especialmente quanto às prisões. Menos de dois meses após o ocorrido, 45 detentos escaparam do Central. A fuga, em que pese ter sido a maior da história do sistema penitenciário gaúcho, não foi novidade: entre o ano de 1994 e o mês de julho de 1995, aconteceram sete grandes episódios de motins e de escapadas no PCPA.

Foi, enfim, no dia 25 de julho de 1995 - após um motim com 21 presos feridos e a insatisfação generalizada da população - que o governador à época, Antônio Britto, anunciou à imprensa que tomaria medidas dramáticas para acabar com os problemas dos estabelecimentos prisionais, especialmente do PCPA, que se encontrava em estado crítico. A estratégia do governador, que assumira em janeiro daquele mesmo ano, era construir novas prisões, transferir os apenados do Casarão para elas e, então, desativá-lo definitivamente. Entretanto, até que essas vagas estivessem disponíveis - o que tinha  como previsão de, no máximo, seis meses - a Brigada Militar coordenaria e ordenaria os quatro maiores presídios do Estado. Após o início ainda conturbado de administração do Central pela Brigada Militar, as coisas passaram a 'fazer efeito', e os índices de homicídios, violências físicas, motins e rebeliões começaram a despencar. A fim de alcançar as finalidades previstas, os policiais lançaram mão de mudanças na administração da população carcerária: dentre elas, espacializar os apenados de acordo com suas afinidades, separando 'contras' (inimigos) em galerias diferentes, e aproximando aliados entre si.

De outra banda, a frágil articulação que constituiu a Falange ao final dos anos 80 vinha se estabilizando progressivamente, e na década de 90 ela também passaria por um rearranjo. A nova fase do grupo foi marcada pela crescente centralização de seus integrantes em torno de duas figuras: Dilonei Melara - um dos únicos líderes ainda vivos da composição originária - e Jorginho da Cruz, que era braço direito de outro antigo líder da Falange (um traficante carioca que, antes de ser morto, havia contribuído com a associação entre o tráfico e as quadrilhas de assaltantes porto-alegrenses), e que dele herdou o comando do mercado de drogas do Morro da Cruz. A influência de Melara já havia sido exposta após o motim de 1994 no Central, que se descobriu ter sido arquitetado por ele enquanto estava preso na PASC - a 60 km de distância, e em uma época na qual os telefones celulares não chegavam aos presos. Esta ficou exposta, também, em novembro de 1995, quando 106 dos 206 presos da PEC rebelaram-se como rechaço à proibição, determinada por policiais, de que Melara recebesse visitas na PASC.

O antagonismo sobre o controle da Falange - possibilitado pelo esvaziamento das lideranças 'originais', já falecidas, e pela polarização de apenados entre os apoiadores de Melara e de Jorginho da Cruz que o seguiu - chegou ao fim em 1996, quando o líder do tráfico no Morro da Cruz foi assassinado em uma cela da PEJ. Por conseguinte, a parte da Falange que não 'fechou' (se aliou) com Jorginho despontou no domínio do 'mundo do crime' local: orientados por Melara - que trazia consigo as experiências e o reconhecimento advindos da participação de destaque na Falange -, os membros desse novo grupo passaram a se chamar de 'Manos'. Paralelamente, e procurando distribuir os 'contras' (inimigos) por espaços diferentes, a BM também agregava presos simpáticos aos Manos nas mesmas galerias, possibilitando que eles se articulassem ou se apoiassem nos presídios e, ao mesmo tempo, que se mantivessem vinculados às redes do mercado do tráfico de ilícitos da cidade.

Após a morte de Jorginho da Cruz, um novo grupo começou a se delinear no PCPA, ameaçando desestabilizar o recente monopólio dos Manos. Eram os 'Brasas', que apareceram, em meados de 1997, após acordo proposto pela BM a um apenado com quem 'simpatizava' - Valmir Pires, também conhecido como 'Brasa'. A proposta fora de que Brasa ocupasse um dos pavilhões do PCPA, podendo preenchê-lo com apenados de sua confiança. O lugar deveria permanecer limpo e organizado, e o grupo deveria se comprometer com não fazer motins e rebeliões (que haviam sido tradicionalmente condicionados pela precariedade do Central), e com não organizar tentativas de fuga (frequentes durante os últimos anos de gestão do PCPA pela SUSEPE). Em troca, teriam certa autonomia na gestão do pavilhão que, caso permanecesse em ordem e em paz, não seria duramente monitorado."

Fonte: CIPRIANI, Marcelli. Da "Falange Gaúcha" aos "Bala nos Bala": a emergência das "facções criminais" em Porto Alegre/RS e sua manifestação atual. In: Direito & Democracia, Canoas/RS, v.17, n.01, jan./jun. 2016, pág. 108-110


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Os Alemães em Pelotas no século XIX


"Na década de 1840, em Pelotas, a grande quantidade de matéria animal, originada do excedente das charqueadas, era exportada, e enormes cotas eram perdidas devido à dificuldade de conservação. Diante da possibilidade do aproveitamento dessa matéria-prima in loco, iniciou o setor industrial em Pelotas em plena Revolução Farroupilha.

Pode-se citar a Fábrica de Velas e Colas do alemão Luiz Eggers, fundada em 1841. Através da dedicação e de profundos conhecimentos tecnológicos, esse jovem industrial transformou o empreendimento em um dos mais bem sucedidos da zona sul, disputando o mercado local com os produtos importados. Considerado um trabalho pioneiro, no ramo, na indústria rio-grandense, sua fábrica foi descrita por um viajante alemão em sua visita a Pelotas no ano de 1858.

(...)

Por essa ocasião, o viajante Avé-Lallemant mencionou a visita que fez ao cônsul do grão-ducado de Oldenburgo, residente em Pelotas, senhor Bättegen, de Elsfleth, referindo-se ao fortalecimento das relações políticas entre a Alemanha e o Brasil. Esperava-se que a presença de alemães na cidade e nas colônias fomentasse o desenvolvimento econômico na zona sul do Rio Grande do Su, especialmente com o comércio, a indústria e a agricultura diversificada.

(...)

No início da década de 1850, chegaram a Pelotas, com os 'Brummer', alguns indivíduos com boa formação acadêmica. Estes vieram somar-se aos esforços do germanismo em prol do progresso desta região, desenvolvendo tarefas intelectuais importantes na área educacional e na imprensa pelotense.

(...)

A presença desses indivíduos fez-se notar no corpo docente do Collegio União, em 1852, através do professor José Luiz Kremer. Esse professor ministrava aulas de língua alemã, para a quarta e quinta classes, partilhando o espaço docente, desta disciplina com o professor Soares da Porciúncula.

Neste mesmo ano, também abandonado os Brummers, chegou a Pelotas, com 22 anos, Karl von Koseritz. Gans e outros historiadores são unânimes em afirmar que Koseritz fundou um colégio em Pelotas. No entanto, até o momento, não foi localizado o nome desse estabelecimento. O silêncio em relação a uma fonte leva a questionar o motivo do desconhecimento do nome desse colègio.

A partir desses dados, questiona-se: qual era o nome do colègio fundado por Koseritz? Neste período, ele, ainda não havia se naturalizado brasileiro, pois só o fez alguns anos após sua chegada, em 1859, diante da Câmara Municipal de Pelotas. Por encontrar-se na condição de estrangeiro, seria esta uma razão para não lhe ser atribuída a fundação do colégio?

(...)

A imprensa em Pelotas iniciou em 1851, com a circulação do jornal O Pelotense. A essa, seguiram-se: o Noticiador, em 1854, e O Brado do Sul, em 1858, e muitos outros jornais que surgiram nas décadas seguintes. Entre os nomes alemães vinculados à imprensa em Pelotas, nas décadas de 1850 a 1880, podem ser citados: Koseritz, Gerngross, Ulrich, Kurtius e Stofel.

(...) 

Todos esses predicados seduziram e incentivaram a vinda e a permanência do germanismo para Pelotas. Segundo Anjos, este grupo atingiu em torno de 15% da população urbana, no final do século XIX, sem contar a região rural, onde foram hegemônicos.

A presença de alemães em Pelotas, no período acima citado, impulsionou fortemente a indústria e o comércio desta região. Exemplos disto são as fábricas de velas, sabonetes, chapéus, cerveja, fumo, curtumes, couros envernizados e filiais de firmas comerciais de Porto Alegre.

Entre as fábricas fundadas e administradas por alemães e teuto-brasileiros, no perímetro urbano de Pelotas, elencam-se, entre muitas outras, as seguintes: fábrica de velas e sabonetes de Frederico Carlos Lang; fábrica de sabonetes de R. Neumann; fábrica de chapéus de W. Wiener, Spanier e Rheingantz; fábrica de cerveja de Carlos Ritter; fábrica de cerveja de L. Härtel; fábrica de cola de F. Müller; fábricas de fumo de Jakob Klaes; fábrica de couros envernizados de Guilherme Sieburger; e a fábrica de curtume de Henrique João Hadler e Germano Feichert. Acrescenta-se a casa comercial pelotense Ferragem Warncke e Dörken, de Franciso Behrensdorf.

No que diz respeito às casas comerciais, representantes de firmas rio-grandenses e porto-alegrenses, citam-se as seguintes: Luschsinger & Cia.; Thomsen & Cia.; Fräb, Nieckele & Cia.; Fräb und Cia.; C. Albrecht & Cia.; Das Haus Wachtel e Marren & Cia.

Considera-se relevante mencionar o comércio de produtos coloniais, fortemente representado no Bairro Três Vendas, um dos caminhos para entrar na cidade e uma das vias para o escoamento da produção colonial, tanto para o porto como para a linha de trem.

(...)

Em 1857, foi fundada a Sociedade de Beneficência Alemã de Pelotas, por um grupo de imigrantes alemães. Semelhante à congênere de Porto Alegre, a Deutscher Hilfsverein, de 1858, representava a ação pioneira dos alemães em relação às atividades associativas. A partir dessa data, muitas outras sociedades, clubes e associações foram fundados por alemães e teuto-brasileiros em Pelotas.

Com o objetivo da preservação do patrimônio étnico e cultural, os alemães investiram em projetos que contemplaram a atenção e o cuidado com a saúde e a educação. Também priorizaram as atividades esportivas, como por exemplo, o Clube de Tiro (1876), o Clube Alemão de Gymnastica (s/d/f), e o Clube de Regatas Alemã (1898).

Além da Sociedade de Beneficência Alemã, do Krankenverein (Sociedade de Atenção à Saúde) e da Sociedade Germânia (fundada na década de 1880, denominada Clube Germânia), os alemães também direcionaram seus objetivos para sociedades escolares.

Considera-se oportuno mencionar que Der Deutsche Schützenverein (o Clube de Tiro Alemão) funcionou no Clube Germânia, juntamente com a Verein Concordia (Sociedade Concórdia), a Deutsche Krankenverein (Sociedade de Assistência à Saúde Alemã), e o Clube Alemão de Gymnastica.

Juntamente com as manifestações associativas que congregavam os representantes da etnia alemã em Pelotas, cita-se o Jardim Ritter, de propriedade da firma Carlos Ritter & Irmão.

(...)

Após várias tentativas infrutíferas, na década de 1870, alguns senhores fundaram, em 1884, uma Deutsche Evangelische Gemeinde, uma Comunidade Evangélica Alemã, tendo como membros fundadores Frederico Carlos Lang, Frederico Jacob Ritter, Francisco Behrensdorf, entre outros."

Fonte: FONSECA, Maria Angela Peter da. Presença alemã em Pelotas-RS, século XIX: estratégias de resistência à assimilação cultural. In: X ANPED SUL, Florianópolis, out. 2014, pág. 05-11.






domingo, 28 de outubro de 2018

Exposição Agrícola de Pelotas em 1899


"A exposição de Pelotas

Realisou-se em Pelotas nos dias 21, 22 e 23 do mês de Abril com um succeso completo a exposição promovida pela Sociedade Agricola Pastorial do Rio Grande do Sul.

Muitos foram os municipios que se fizeram representar n'aquelle brilhante certamen compenetrados sem duvida de seu alcance e das vantagens que d'ahi resultam.

A concurrencia foi relativamente grande, sendo o numero de visitantes superior a 4000 e apresentando Pelotas o aspecto alegre o ruidoso dos dias festivos.

Das diversas secções da exposição na classe de machinas, comprehendia a primeira - arados ou charruas de qualquer modelo; a segunda - instrumentos agricolas destinados ao preparo do sólo, plantação ou colheita; a terceira - apparelhos diversos de uso agricola, não comprehendidos na segunda; a quarta - machinas agricolas da fabricação rio-grandense.

Das secções da classe de productos diversos comprehendia a primeira - plantas forrageiras; a segunda - cereaes e sementes de qualquer especie; a terceira - plantas industriaes; a quarta - productos de leiteria; a quinta - fructas; a sexta - hortaliças; a setima - flores naturais e plantas de ornamento; a oitava - vinhos; a nona - productos de distillação; a decima - conservas; a undecima - productos de apicultura e oleos; a duodecima - productos de sericultura e outros não classificados.

A ultima classe constava de animaes agrupados em secções e categorias, distinguindo-se alguns pela sua notavel belleza e perfeição. Deve achar-se possuido de justo orgulho o operoso Estado do Rio Grande do Sul pelo esplendido resultado obtido n'esta feira do trabalho que necessariamente foi o inicio de uma longa série de exposições regionaes que em Pelotas se realisarão com uma crescente concurrencia de expositores animados pelos premios obtidos na exposição de que nos occupamos.

Ponham ali os olhos os lavradores, creadores e productores do nosso Estado e imitem o Rio Grande do Sul, que o exemplo merece ser imitado."

Fonte: GAZETA DE MINAS (MG), 11 de Junho de 1899, pág. 01, col. 01

sábado, 27 de outubro de 2018

Nossa visita à zona colonial de Morro Redondo - Rincão da Caneleira



















Visita ao Café Colonial Paiol, na zona rural de Morro Redondo, na localidade do Rincão da Caneleira, na tarde de 26 de Outubro de 2018, como parte da atividade da saída de campo promovida pela Smed/Pelotas. Visitamos também as cercanias do local - ambiente bucólico de extrema beleza.

Nossa visita à zona colonial de Pelotas - Colônia Maciel

Restaurante e Café Colonial Rancho da Vovó - Colônia Maciel - Pelotas/RS

Objetos antigos de cozinha existentes dentro do restaurante

Barril no interior do restaurante

Carroça "floreira"

Casa típica na Colônia Maciel

Detalhe da arquitetura local

Objetos antigos

Antiga plantadeira manual

Rádio antigo

Antigo telefone de parede

Após termos visitado pela manhã as localidades do Monte Bonito e Ponte Cordeiro de Farias, por volta do meio-dia paramos na Colônia Maciel, já no distrito do Rincão da Cruz - zona de imigração italiana. Na oportunidade, almoçamos esplendidamente bem no restaurante "Rancho da Vovó" - lugar muito agradável e com um ambiente muito bem construído com objetos que remetem uma gostosa nostalgia (fotos acima). 

Logo após o almoço, saímos em direção à Vinícola Camelato, de propriedade de Jordão e Lourdes Camelato, onde fomos muito bem recebidos pela família, conhecemos as instalações da vinícola e degustamos os excelentes vinhos e jurupinga produzidos na propriedade. Em seguida, conhecemos também a produção de sucos de uva e amora e o Camping Belfiore, da mesma família. Locais maravilhosos!

fogão à lenha antigo

fachada da Vinícola Camelato

visitantes ouvem a explanação do sr. Jordão Camelato

parreiral da família Camelato



placa turística

Vinícola Camelato

Camping Belfiore:








Nossa visita à zona colonial de Pelotas - Monte Bonito & Ponte Cordeiro de Farias




Fotos da Pedreira Silveira, Monte Bonito, Pelotas

Nesta sexta-feira, 26 de Outubro de 2018, tivemos a oportunidade de participar de uma saída de campo promovida pela Secretaria Municipal de Educação de Pelotas, cujo objetivo era visitar e conhecer de modo mais tangível alguns locais da zona colonial do município. O primeiro local visitado foi a Pedreira Silveira, importante mina granítica existente no distrito do Monte Bonito.




Antigo casarão em estilo açoriano na localidade Ponte Cordeiro de Farias

Posteriormente, tivemos a oportunidade de conhecer a localidade Ponte Cordeiro de Farias, no distrito da Cascata, onde pudemos observar a atividade da indústria conserveira local. 


Casas antigas dos ferroviários que trabalhavam na extinta linha existente entre Pelotas e Canguçu
 (construídas em 1951)

Comunidade Católica Rainha da Paz - Localidade Ponte Cordeiro de Farias

Mais adiante, passamos por algumas localidades no distrito do Quilombo, dentre elas, a Vila Nova - sede da antiga colônia francesa.


Fotos da residência da família Rigoratto

Placa turística indicativa na estrada do Rincão da Cruz

Antiga ponte sobre o Arroio do Ouro

Antiga ponte sobre o Arroio Quilombo

restaurante na localidade do Bachini

Aspecto da localidade do Rincão da Cruz

Não foi possível visitar vários lugares interessantes ao longo da viagem, devido à exiguidade de tempo, mas o interesse em conhecer mais ficou para uma próxima oportunidade.



Fotos do Arroio Caneleira








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