quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Os índios de Campo Novo


"Colonisação indigena

O Monitor Serrano, da Cruz Alta, publicou um excellente artigo sobre importante assumpto, que tanto interessa á provincia do Rio Grande do Sul.

O governo não deve olhar com indifferença para tão palpitante necessidade, e, com vista ás autoridades superiores, transcrevemos aqui alguns topicos da folha cruz-altense:

<<Só com a nossa população indigena que vive nos centros no estado selvagem, poderiamos organisar grandes centros coloniaes, catechisando-os, e assim aproveitariamos muitos milhares de homens fortes e aptos para auxiliarem o desenvolvimento material do paiz.

<<Temos aqui no Campo Novo uma tribu de indios semi-civilisados, composta de 300 almas, mais ou menos, e entre estas 60 a 80 creanças, que desejam receber o baptismo e instrucção primaria.

<<São de natureza morigerada; prestaram serviços na guerra contra o governo do Paraguay e ultimamente enviaram um destacamento composto de 10 homens a Santo Christo, quando tiveram noticia de que uma tribu selvagem ameaçava os habitantes d'essa localidade, com o fim de defender e proteger os ditos habitantes.

O chefe ou cacique d'essa tribu, o major Fongue, é, segundo affirmam, homem de mais de 200 annos; e inhabilitado pela decrepitude em que se acha, passou a chefança a seu filho mais velho, que tem a patente de capitão; assim como os dois immediatos: um tenente e outro alferes.

<<Por pessoa que têm estado entre elles, sabemos do que deixamos dito, e nos affirmam que se o governo promover os meios necessarios para fundar uma colonia entre Inhacorá e Uruguay, nomeando-lhe um director prudente e recto, que os guie e discipline, assim como ferramenta agricola, sementes, etc., é de presumir que, com o decorrer do tempo, o exemplo e o trabalho, tenhamos n'esse lugar uma colonia importante, bem situada, e que attraia a si grande quantidade de selvagens que vagam por essas mattas, e dos quaes tão bons resultados póde tirar o paiz, utilisando-os.

<<Pedimos ao governo da provincia que tome em consideração a nossa narração a esse respeito e que mande pessoa competente ao lugar indicado informar-se da veracidade do que temos exposto.>>"

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Agosto de 1884, pág. 02, col. 01
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