domingo, 7 de outubro de 2018

Instituto Histórico e Geográfico de Capão do Leão convida para seu Almoço de Aniversário


No sábado vindouro, 21 de Outubro de 2018, o Instituto Histórico e Geográfico de Capão do Leão estará promovendo seu "Almoço de Aniversário" alusivo à comemoração do sexto ano da entidade. O evento é beneficente, dado a entidade não possuir fins lucrativos. O almoço ocorrerá no CTG Tropeiros do Sul, à Rua Professor Agostinho 455, centro do município. O cardápio será carreteiro, feijão e mix de saladas. O ingresso custa R$ 15,00 e pode ser adquirido com os membros da diretoria do IHGCL.

Participe! Colabore!



Canteiro Cultural do IHGCL - Colóquio de Outubro


No próximo sábado, 13 de Outubro de 2018, a partir das 16 horas, na sede do Instituto Histórico e Geográfico do Capão do Leão, à Avenida Narciso Silva 2131, centro do município, ocorrerá o décimo-primeiro colóquio do projeto "Canteiro Cultural" do IHGCL. O palestrante e debatedor será o sr. Vanderley Petiz Silva, personalidade ligada a vários acontecimentos importantes da recente história leonense, que tratará do tema "Emancipação Política de Capão do Leão". 

A entrada é franca!

A Sedição de 1830


"Pouco conhecida, porque abortada, é a Sedição de 29-30 de novembro de 1830, com raízes subterrâneas entre os liberais da Província e os alemães. Visava surpreender a guarnição da Capital e dar um golpe de Estado, substituindo a Monarquia pela República e confederando-a aos Estados do Prata, onde consta que também existia um punhado de subversivos alemães, cuja ligação ou não precisa ser estabelecida.

A Sedição de 1830 deve ser entendida não por sua expressão histórica em si, que não foi significativa, mas como componente de uma realidade maior existente na época, que tinha pretensões a um regime republicano, como estava sendo implantado nas colônias latinas que se libertavam da Espanha, ou mesmo dentro do país, onde as arremetidas do Ten.-Cel. Alexandre Luís de Queiroz e Vasconcelos, o Quebra, por 30 anos tentou proclamar a República, tentativas sempre acobertados pelo atenuante de loucura de seu autor.

Não podem ser menosprezadas também as ideias liberais de alguns imigrantes alemães, notadamente aqueles ex-integrantes do Regimento de Mercenários, que em várias ocasiões deixaram clara sua simpatia com o liberalismo e com o regime republicano. O nome mais expressivo talvez seja o do Major Otto von Heise, que lutara pela independência da Bolívia e do México antes de vir para o Brasil.

O chefe da Polícia de Porto Alegre apontava oficiais superiores do 28o. Batalhão de Caçadores, o batalhão do Diabo, entre eles Otto von Heise, que no entanto integrou o 27o. Batalhão.

O Gen. João Manoel de Lima e Silva, que assumira o comando do 28o. Batalhão em Santa Maria, apresentou cinco cartas de oficiais alemães, que envolviam o mesmo Major Otto von Heise, o Cap. do 6o. Regimento da Cavalaria Gaspar Eduardo Stephanousky e o Cap.-Eng. Samuel Gottfried Kerst, apontando este último como o cabeça. Contratado pelo Brasil para o Imperial Corpo de Engenheiros, Kerst chegou ao Rio Grande do Sul em novembro de 1826 como Ajudante em Chefe do Mal. de Campo Gustavo Henrique von Braun (alemão que assinava Brown desde que servira na Inglaterra, antes de ser contratado para o Brasil, em 1826). Kerst lutou na Cisplatina. Em 1831 manifestou-se contra a abdicação de D. Pedro, sendo preso e remetido para o Rio de Janeiro. Contando com a simpatia do próprio Gen. Lima e Silva - já então ensaiando os primeiros passos contra o Império - a intenção desses insurrectos era formar um partido para proclamar a República no Rio Grande do Sul, da qual Kerst seria o ditador!

A Sedição de novembro de 1830 não foi um fato isolado. Em 20 de junho daquele ano houve a revolta do 13o. Batalhão de Caçadores de Porto Alegre, e em 26 do mesmo mês o Inspetor José Tomás de Lima comunicou sua desconfiança na Guarda Alemã de São Leopoldo, acusando o Comandante da Cia. de Lanceiros Imperiais, Major Otto von Heise, de engajar e fazer sentar praça a diversos indivíduos de São Leopoldo sem o consentimento do governo, o que no mínimo era ato abusivo. Heise se defendeu, alegando sua correta folha de serviços desde a Alemanha, como Ajudante de Ordens do Governo das Armas do 4o. Batalhão de Caçadores e no Corpo de Lanceiros Imperiais. Recolhido à Presiganga, infecto navio-prisão ancorado no Guaíba, que recebia criminosos de periculosidade e presos políticos, obteve sua transferência para prisão domiciliar e sua liberdade.

São ainda apontados como subversivos o aventureiro João Frederico Krüger, espertalhão de quem adiante se fala, e o francês Antônio Sarasin, que em sua atividade de comerciante em São Leopoldo favoreceu os sediciosos de 1830, assim como, mais tarde, os da Revolução Farroupilha, onde, juntamente com seu irmão Afonso, teve notória atuação.

Porto afirma que o descontentamento dos mentores da Sedição de 1830 caminhava paralelo aos anseios do liberalismo que à época grassava na Província, embalando os farroupilhas descontentes com o centrismo monárquico, ideais esses cultivados na Sociedade Continentino, agremiação cultural

que congregava os grandes espíritos liberais comotores da Revolução Farroupilha. Havia conecção dessas ideias também com São Leopoldo, onde um rastilho de sublevação agita os colonos alemães. Isto se reflete no 28o. de Caçadores, composto de estrangeiros, de que eram cabeças ostensivos os oficiais Kerst e Stephanouswky e mais o major Otto Heise, depois célebre farroupilha (Proc., V.4, 436).

A maioria dos historiadores não se detêm sobre a Sedição de 1830 nem há questionamento sobre as ideias políticas de Otto von Heise e seus companheiros, saídos dos campos de luta europeus, em suas relações com os princípios políticos dos farroupilhas, que desde a dissolução da Constituinte de 1823 combatiam o autoritarismo imperial. A documentação deixa claro que houve pontos afins entre os farroupilhas e esses alemães politizados, que costuraram ideias liberais no desempenho de seu papel de soldados na Europa, e que, atendendo ao chamado de Schaeffer em 1823, para servirem de soldados mercenários, trouxeram para além mar as ideias que professavam.

Da Sedição de 1830 participaram também alguns colonos, possivelmente recrutados como o foram na Revolução Farroupilha, e com participação menor porque a documentação nem declina seus nomes. Razões não faltavam aos colonos para descrédito e descontentamento com o governo: pelos subsídios prometidos e não pagos aumentando dívidas difíceis de quitar; pela demora na distribuição dos lotes rurais, mal demarcados, induzindo a dezenas de queixas de morosa solução; pelo não resgate dos vales de subsistência distribuídos aos imigrantes atingidos pelo corte orçamentário de 1830, prejudicando inclusive o incipiente comércio leopoldense... Contudo, tanto em 1830 como 1835, não foram os colonos que se subverteram, mas sim, foram presas úteis a lideranças com experiência em armas e ideias liberais na cabeça.

José Tomás de Lima, Inspetor da Real Feitoria do Linho Cânhamo desde 1822 e, extinta essa em 1825, da Colônia Alemã, residia em São Leopoldo e acompanhava o progresso dos imigrantes, constatando a larga vantagem do trabalho livre sobre o regime escravocrata. Por isso simpatizava com os colonos e defendeu-os do envolvimento na Sedição. Foi afastado do cargo. Seu sucessor, o Ten.-Cel. Salustiano Severino dos Reis, enérgico e intransigente oficial do exército imperial, impôs disciplina férrea, tratando os colonos como soldados insubmissos, o que certamente concorreu para despertar ou avivar descontentamentos, habilmente manejados pelas lideranças quando do recrutamento para a Guerra dos Farrapos."

Fonte: FLORES, Hilda Agnes Hübner. Alemães na Guerra dos Farrapos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995, pág. 22-25
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