quinta-feira, 9 de junho de 2011

A notícia mais desconcertante que já achei sobre Capão do Leão

Trecho extraído de: Diário Popular, edição de setembro de 1935 (periódico disponível no Centro de Documentação & Obras Valiosas da Bibliotheca Pública Pelotense). Obs.: não foi possível precisar o dia, pois a edição em que encontrei a nota jornalística estava com a capa muito avariada.
Segue o texto: "Nosso amigo Carlos, sempre jovial colaborador deste jornal, informa, hoje pela manhã que já está se consituindo um unidade do Partido Nacional-Socialista em Capão do Leão [grifo nosso]. Hontem á tardinha, movimentada reunião ocorrera na cafeteria da elegante villa, sendo dirigidos os prolegomenos a cargo dos srs. Balse e Ludiki [sic]. Apos a concorrida assistencia de hontem, o sr. Balse comunicou que em outubro, tal como deve acontecer em outras cidades do estado, ter-se-á a visita de importante membro do partido, oriundo este das terras germanicas."

Grupo de Pracinhas Brasileiros em 1944

A foto, como é perceptível, data de 04 de Dezembro de 1944. Trata-se de um grupo de oficiais e soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) de um regimento em Pelotas. Não foi possível, porém, identificar de qual regimento. Há vários leonenses na foto. No caso, a foto foi tirada antes de eles embarcarem para a Itália. Curioso também é que, no dizer de alguns leonenses que foram para a guerra, quando chegaram lá, não havia muito a fazer...alguns chegaram já em meados de 1945. Um antigo morador de Capão do Leão, hoje já falecido, comentou uma vez comigo, que chegou no Porto de Nápoles, e três ou quatro dias depois, soube do suicídio de Hitler. Não passou-se dez dias e a rendição da Alemanha se fez. Detalhe importante também que ele me contou é que, muitos acreditavam que iriam lutar no Pacífico, contra os japoneses, após a rendição alemã. Dizem todavia que os oficiais brasileiros eram categóricos: tinham mais medo dos soviéticos do que dos japoneses. 
Muitos moradores do Capão do Leão, a maioria já falecida, esteve envolvida em fatos da 2a. Guerra Mundial. Tem um, de nacionalidade italiana, o qual soube por outro informante, que lutou pela Itália na região da antiga Iugoslávia. Foi feito preso pelos soviéticos e esteve num campo de concentração na Sibéria (Rússia). Ficou tão traumatizado com a experiência que nunca se sentia muito à vontade em contar. Inclusive, sempre desconversava sobre o assunto. Outro, este já brasileiro nato, foi feito preso pelos nazistas no Mediterrâneo, porém não era soldado  e sim marinheiro de cabotagem. Esteve na França de Vichy, foi levado para o norte da Alemanha e, conta-se, foi salvo por um batalhão de ingleses, já no fim da guerra. Uma coisa que ele detestava, também, era tratar do assunto. Dizia ele que, numa ocasião, quando estava ainda na França, viu judeus sendo executados nas ruas, à luz do dia. Mas, daí, pergunto: ele não sofreu este risco? O que salvou ele é que tinha ascendência alemã e, conforme seu relato, os nazistas não queriam saber dele e dos companheiros...o porque ele não soube dizer.
Tenho mais algumas histórias esparsas sobre a II Guerra Mundial e moradores do Capão do Leão que lá tiveram, porém pesquisas mais aprofundadas poderão resultar em textos melhores. Continuo a pesquisa, sou aberto à contribuições.
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