domingo, 31 de julho de 2022

Visconde de Jaguaribe

 



Falleceu hontem subitamente este modesto e honrado servido da patria.

Natural de Icó, no Ceará, junto ao rio cujo nome associou ao seu, era de familia pauperrima. A muito esforço, conseguiu meios de ir para Olinda, onde seguiu o curso juridico e bacharelou-se. Entrou depois para a magistratura, e foi juiz de direito em diversas comarcas de sua provincia.

Nos diversos logares em que exerceu a magistratura, soube fazer-se estimar e respeitar por tal modo que, desde a primeira vez que se apresentou candidato a deputado geral, alcançou votação numerosa. Da segunda foi eleito, e depois reeleito muitas vezes, até ser escolhido senador em 1870.

Motivos particulares levaram-o a pedir aposentadoria de juiz de direito, mudando-se para a Fortaleza, onde fundou e redigiu, por muitos annos, a Constituição, orgão conservador, e leccionou rhetorica e poetica no Lyceu Provincial.

Em 1866, sendo depurado pela camara liberal, acceitou o logar de auditor de guerra no Paraguay. Fez parte do glorioso gabinete de 7 de março, occupando a pasta da guerra, em 1871. Mezes depois de sahir do ministerio tornou á carreira da magistratura e foi nomeado juiz dos feitos da fazenda. O governo provisorio promoveu-o a desembargador da Relação de Pernambuco, e depois transferiu-o para a d'aqui. De Pernambuco não lhe consentiu o coração que partisse sem primeiro ir vêr os amigos e a terra natal, de que ha vinte annos estava ausente e que não devia mais rever. D'esta viagem chegara esta semana.

O visconde de Jaguaribe, sabem todos que o conheceram, era o typo da honradez e da bondade, e era-o tão naturalmente como os passaros cantam ou como as aguas correm. Não havia uma sombra n'aquella alma, não havia um travo n'aquelle coração. E era tão simples, que só com o tempo se conhecia o que elle tinha de grandioso.

Politico, não hesitou em oppôr-se á candidatura de um ministro por provincia estranha, e fel-o por tal modo, que o reconhecimento no senado só se fez por um voto de maioria, graças aos manejos da ultima hora.

Conservador, não teve um só momento de hesitação, desde que começou o movimento abolicionista.

Era o membro mais respeitado da colonia cearense, e quantos tiveram a felicidade de conhecel-o, hão de guardar com emoção a lembrança sagrada de Domingos José Nogueira Jaguaribe.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 06 de Junho de 1890, pág. 01, col. 07

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Bateram nos seresteiros

 



BAILES E SERENATAS

Serenatas au clair de la lune... e do gaz, em plena rua, e um bailarico puxado á sustancia, deram hontem em resultado, ás 3 1/2 horas da madrugada, grosso sarilho na rua Joaquim Silva.

Dançava-se em uma estalagem d'aquella rua, em frente á travessa do Imperio, e na esquina proxima uns trovadores, de olhos em alvo, namoricando a lua, deitava, ao som dos violões e dos cavaquinhos, uns descantes cheios de sentimentalismo e erros de prosodia.

De repente... sahiram para a rua os do baile e pegaram-se á unha com os dos violões. Momentos depois coriscaram navalhas e facas, aos gritos de mata! mata!

A pacifica visinhança acudiu ás respectivas janellas e poz-se a apitar. Porém, nada! nem sombra de policia!

E o barulho continuava. Felizmente, depois de uma gritaria de emmudecer um surdo, e de repetido trilar de apitos compareceu o Sr. tenente de policia Maceió, morador n'aquella rua, acompanhado de uma praça do exercito. Os desordeiros fugiram, sendo presos um individuo e uma mulher, que foram recolhidos á 11a. estação policial.

E dizer que esta scena se repete uma noite sim e outra tambem, na supracitada rua onde fervem os bailes, as serenatas, tudo isso sem o constrangimento de ummas visitas da policia!

Conviria que o Sr. Dr. chefe da dita, pelos meios ao seu alcance, fizesse essa gente comprehender que podem dançar e podem dar descantes á lua, mas o que não pódem é interromper o tranquilo e calmo somno do proximo.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 04 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 06

quinta-feira, 28 de julho de 2022

O entrudo em Alegrete em 1843

 



CORRESPONDENCIA

Sr. Redactor.

Hum dos costumes barbaros, que nossos pais herdaraó de seus maiores que por desgraça ainda está em voga, hé o jogo do entrudo; essa festividade bachanal, essa loucura, essa alegria de poucos dias, á que commumente se segue longas penitencias, e quiçá dores do espaço de toda a quaresma. Como tão largo tempo de penas pode compensar hum prazer de tão curta duração? Certamente os quarenta dias de quaresma naó saó sufficientes para curar as catarrahaes, as constipaçoens, e as phthysicas, que, segundo opiniaó dos Medicos, costumaó derivar-se muitas vezes das imprudentes molhadelas do intrudo; assim como, não bastaó igualmente os jejuns mais austéros, e a mais severa economia para reparar o vasio, que deixa na bolsa essa ruinosa prodigalidade, esse disperdicio causado pelo dispendioso entrudo dos limoens de cheiro. E que direi do uso, da seringa, e da agua pura? Elle hé sem duvida mais commodo, e barato; quatro barris de agua fazem a festa; o effeito hé o mesmo, e poupa-se o dinheiro, que improductivamente se gasta com tal brincadeira, porem nada hé mais grosseiro, nem mais indigno de pessoas bem educadas, que despejar gamellas, e gamellas de agua sobre os infelizes, que andaó na rua. A hygiene reprova o entrudo, como pernicioso á saude; os medicos dizem, que ceifaó, em todos os annos milhares, de vidas, e a experiencia demonstra, que durante a perturbaçaó desses dias, costumaó os ladroens e malfeitores perpetrar impunemente os mais horrorosos atentados. Alem disto semelhante divertimento hé algumas vezes tambem immoral; porque muitos insolentes aproveitaó-se da confusão geral, e da desordem, que há nos entrudos, para tomar certas licenças e liberdades offensivas da moral publica, e dos bons costumes, e commumente as senhoras, que saó victimas de taes insultos, tem por decencia obrigaçaó de calar-se. De tudo quanto fica dito, snr. Redactor, se conclue, que o jogo do entrudo hé nocivo á saude, e á bolsa; algumas vezes grosseiro, e immoral; e por consequencia deve ser proscripto, e banido da sociedade como indigno de huma Naçaó civilisada. Snr. Redactor, se julgar dignas de publicidade as presentes reflexóes queira admitti-las em huma das suas Folhas; pelo que lhe será grato.

Hum que naó gosta do entrudo.

Fonte: ESTRELLA DO SUL (Alegrete/RS), 04 de Março de 1843, pág. 01-02

quarta-feira, 27 de julho de 2022

O batalhão feminino de Siracusa

 



Em Siracusa, Estados Unidos, organisou-se um batalhão composto unicamente por mulheres solteiras, cuja edade varia de dezesseis a trinta annos. O vestuario destes militares femininos é, na verdade, pittoresco; consiste, numa saia curta, côr de azul carregado, um corpete guarnecido de botões de coiro, um kepi, um cinturão e polainas.

O batalhão faz marchas nas avenidas e principaes ruas da cidade e é seguido por canhões e por uma banda de musica.

O commandante do batalhão não quer sinão mulheres solteiras. Os maridos causar-lhe-iam sem duvida grandes transtornos, como, por exemplo, pedirem ás mulheres para serem commandantes do batalhão, ou não as deixarem ficar fóra de casa até altas horas da noite, como as circumstancias o exigiriam muitas vezes.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 06 de Setembro de 1902, pág. 01, col. 05

terça-feira, 26 de julho de 2022

Brasileiros caçados no Uruguay

 



Recebemos hontem a seguinte carta do Sr. Marianno Porto, ex-redactor do Brasil, de Montevidéo:

"Coincidindo com a narrativa que ha alguns dias fizeram-nos em carta dois importantes estancieiros brasileiros dos departamentos de Paysandú e Tacuarembó, do Estado Oriental do Uruguay, sobre os barbaros castigos pelo celeberrimo coronel Klinger, do exercito d'aquella republica, inflingidos na pessoa do cidadão Bernardino Costa, filho do Estado do Rio Grande do Sul; coincidindo com essa narração, deparamos no periodico O Brasil, de Montevidéo, com algumas linhas de gazetilha que em sua manifesta simplicidade confirmam, sem discrepar uma só circumstancia, tudo quanto em carta nos contaram aquelles nossos compatriotas. La Razon, de Montevidéu, folha oriental, a mesma que no tempo de Maximo Santos constituiu-se acerrima defensora dos cidadãoes brasileiros, crucificados no Paso-Hondo, tambem se incumbiu de estigmatisar o procedimento criminoso do coronel Klinger.

Jamais nos guiaremos, porém, pelos ataques, porém, pelos ataques das folhas de Montevidéo, porque sabemos que ellas, quando se envolvem em questões d'essa natureza, são sempre inspiradas no espirito de opposição aos adversarios politicos.

É phenomeno que não falha, não em um, mas em todos os partidos em que se divide o povo oriental. Não é isso, no entanto, motivo para que não sejamos gratos ao illustrado jornalismo uruguayo. Sempre o fomos, e a prova existe no agradecimento que escrevemos em março de 1888, dirigido á imprensa uruguaya, que, com excepção de duas ou tres folhas, subvencionadas pelo governo, pediu, mesmo implorou, que nos fizesse justiça, quando, incendiado pelo amor patrio, tomámos a defeza do misero pernambucano Leopoldo Marques; e, quanto mais tarde, respondemos a tres julgamentos no departamento do Salto. E, caso singular, e do qual nunca os governos da monarchia fizeram cabedal; eramos absolvido pelos cidadãos jurados e incontenenti condemnado pelos tribunaes do governo!

N'essa época, repetimos, deixámos evidenciada nossa sympathia e gratidão para com a imprensa de Montevidéo.

Nosso intento, hoje, publicando na conceituada e popular Gazeta de Noticias este ligeiro artigo é - chamar a attenção do benemerito jornalismo fluminense para as folhas platinas, cujas columnas, é rarissimo passar-se um mez, que não constatem factos como o que nos foi narrado por dous compatriotas, O Brasil e La Razon.

A diplomacia nem sempre póde agir em taes casos: e, não obstante ser alli nosso ministro o Dr. Ramiro Barcellos, filho do Rio Grande, ainda assim nos aventuramos a consignar que serão totalmente infructiferos os esforços de S. Ex., desde que não seja apoiado sem reservas pelo glorioso governo provisorio. E a este, por sua vez, é indispensavel a palavra do jornalismo da capital federal.

Nós imploramos, em nome da briosa e patriotica communhão brasileira, residente no Estado Oriental do Uruguay, á illustrada imprensa fluminense o seu valioso auxilio, para a divulgação dos repetidos crimes de que são victimas alguns de nossos compatriotas que têm a infelicidade de cahir nas unhas dos Klingers d'aquelle bello paiz.

Si o honrado gabinete do immortal cidadão Deodoro da Fonseca deseja saber quem é o coronel Klinger, quaes os seus actos, passem os Srs. ministros, embora ligeiramente, os olhos por um exemplar do nosso livro - Leopoldo Marques ou o Volpi Patroni Brasileiro. SS. Exas. o encontram em poder do Dr. João Severiano da F. Hermes, a quem tivemos a honra de offerecer o unico volume que possuiamos.

O qualificativo - torturador - com que o mimoseou (ao coronel) La Razon, não ha muito, é propriedade nossa. Ha dous annos, em artigo firmado, o empregámos tratando das correrias de Klinger contra cidadãos brasileiros do departamento de Tacuarembó.

Concluiremos com o novo attentado:

Bernardino Costa, brasileiro, vai todos os annos a Corrales, na qualidade de capataz, levar tropas de gado. N'uma d'essas viagens, ha um mez mais ou menos, Klinger, por meio da força, fal-o sentar praça. Costa pensa em desertar e escreveu uma carta a Klinger, dizendo-lhe francamente que a servir á força ou de qualquer outro modo no exercito oriental preferia fazer o serviço das armas no Brasil, que era a sua patria. Chegada que foi essa carta ao conhecimento de Klinger, este, depois de a ler, mandou chamar Bernardino e perguntou-lhe se era elle o auctor da carta. Bernardino respondeu affirmativamente. Klinger ordenou que por occasião da parada fossem apllicados em Costa TRES MIL AÇOITES!! A ordem foi cumprida á risca. A victima não soubre o numero de açoites, porque perdeu os sentidos! No outro dia tinha o corpo em chaga viva! Klinger foi á enfermaria, dias depois, e perguntou ao praticante:

- Como vá el brasilero? - Responderem-lhe: está bastante machucado. O coronel, com desprezo, disse:

"Déjelo que se jorobe! Si muere hagan un agujero en el monte y métanto adentro y sinó, larquen'o...ya tiene bastante para quejarse en su tierra!"

Não ha commentario digno.

Tenho comprido com estas linhas o pedido dos dous estrangeiros, e o dever de brasileiro patriota. - Marianno Porto.

Sobre esta occurrencia informaram-nos que o governo oriental já tomou providencias, suspendendo de suas funcções o coronel Klinger e mandando abrir inquerito.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 10 de Julho de 1890, pág. 01, col. 02-03

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Taranatiriça

 



Desde que os gaúchos passaram a ganhar maior credibilidade no cenário do rock nacional, há cerca do rock nacional, há cerca de três anos, dezenas de grupos como Garotos da Rua, Engenheiros do Hawaii, Os Eles, TNT, Replicantes e De Falla tornaram-se famosos da noite para o dia e representantes máximos da invasão gaúcha. Porém, nenhum deles é o responsável pelo corte (agora impregnado pelos gaúchos) de mais uma fatia no mercado do rock nacional. O trunfo fica para a banda Taranatiriça, a mais antiga e a primeira a lançar um LP de rock no Rio Grande do Sul.

Formada por Marcelo Truta na guitarra, Cau Hafner na bateria - os fundadores -, Marcelo Perna no vocal e Paulo Mello no baixo, foi ela quem, praticamente, abriu as portas para o surgimento de novos grupos gaúchos, após quebrar os preconceitos existentes contra os grupos de rock em Porto Alegre.

Considerada pela crítica gaúcha como a melhor banda de rock de 84/85 (criado para incentivar e destacar os profissionais que mais se salientaram nos diversos segmentos musicais de Porto Alegre), o TARA, como é conhecido pelo público gaúcho, antes mesmo de lançar seu primeiro LP, Totalmente Rock - que só no Estado do Rio Grande do Sul vendeu mais de 20 mil cópias - já despertava a atenção de muita gente na produção de seus shows.

Dois anos depois de sua primeira experiência em disco, que também serviu como trampolim para esta invasão, o TARA chega com um novo LP, TARANATIRIÇA II, nas lojas em selo Copacabana. Apesar de abandonar o esquema independente (Totalmente Rock foi lançado pela gravadora independente ACIT, de Porto Alegre) e de se transferir para uma gravadora de grande porte (e que está em busca de novos horizontes), o TARA mostra neste segundo trabalho, que não mudou a estrutura pesada e dançante que o consagrou como uma das melhores bandas de rock do Rio Grande do Sul.

Taranatiriça II foi gravado em São Paulo, nos estúdios da gravadora Copacabana, com produção de Jorge Gambier e co-produção de Charlie Nogueira, relações-públicas da banda. No repertório deste novo disco, composições próprias do baixista Paulo Mello Dama do Crime, Clarabóia, Furacão e Xerox, do guitarrista Marcelo Truta Atucanação, Se Você Pensa, Baralho Voador e Vida Marginal - as duas últimas em parceria com o vocalista - além de Otávio Fumagali Fuga e de Fugete Luz Circuito Emocional. Este último, autor do hit Rockinho, que tanto fez o público gaúcho dançar em 85/86.

Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), Caderno Sete Dias, 30 de Maio de 1987, pág. 03

domingo, 24 de julho de 2022

Barão de Tautphoeus

 



Falleceu hontem ás 11 horas da manhã o venerando barão de Tautphoeus.

Natural da Baviera, de família ennobrecida desde o seculo XVI, lá educou-se, frequentou as universidades, teve o numero de duellos regulamentares. Tomou parte na guerra da independencia da Grecia, e uma vez escapou de ser fuzilado. Entrou depois para a vida diplomatica, e residiu algum tempo em Londres e Pariz. N'esta ultima cidade teve entrada nas melhores rodas litterarias, e ligou-se intimamente com Alexandre Dumas, e com Armand Bertin, o illustre redactor do Journal des Debats, tão precocemente fallecido.

Em principio da era de quarenta, veiu para o Brasil, de onde nunca mais sahiu. Motivos serios deviam tel-o movido a dar este passo, porque, logo que chegou, sujeitou-se ao então muito demorado e dispendioso processo de naturalisação, como para mostrar que nada mais o prendia ao velho mundo.

Desde então até o dia de sua morte póde resumir-se a sua existencia em duas palavras: estudou e ensinou.

Foi professor particular, foi director de um collegio que por longos annos gozou do melhor conceito, ha uns 15 annos fixara-se no externato de Pedro II, como professor de allemão. Ultimamente, por não haver quem leccionasse grego, era o professor d'esta lingua, que conhecia profundamente.

De todos os seus esforços, o resultado positivo foi sahir mais pobre que começara. E, cousa interessante, aqui, onde tudo é possivel para os felizes, para elle nada souberam fazer. Teve de sujeitar-se a concurso, como qualquer estreante, passada a idade de sessenta annos. Os nossos governos, que tantas honras distribuiram a tanta gente, nunca o fizeram sequer commendador. E não havia sequer o pretexto de qualquer desvio em sua conducta: era o typo da honestidade, e só produzia um sentimento a quem o conversava: o da veneração.

Nem elle mesmo poderia dizer quantos discipulos contou nos dez lustros que sacrificou ao ensino. N'este largo prazo, póde dizer-se, ninguem estudou no Rio de Janeiro, que directa ou indirectamente não fosse seu discipulo.

O tempo que roubava ao ensino, dedicava inteiro ao estudo.

Os seus conhecimentos eram verdadeiramente extraordinarios. Historia, ainda não houve aqui quem soubesse tanto como elle. E sabia-se nos processos preparatorios da sciencia, na multiplicidade das minucias, e na largueza das grandes generalisações. Ainda era moço quando appareceram os primeiros volumes da obra genial de C. Ritter, e desde então entregou-se a geographia com verdadeiro enthusiasmo. Dominava completamente uma porção de litteraturas. Mas o que sobretudo conhecia, e que considerava como sua especialidade, era a economia politica.

Era preciso conhecer-se o barão de Tautphoeus, para ter idéa de quanto um cerebro humano póde conter.

E os factos achavam-se digeridos, separados, classificados de tal modo, que a sua critica ainda mais admiravel era que sua illustração.

Não deixou livro. A quem lhe fazia d'isto reparo, respondia: - Não pude combinar o auctor com o professor. Considerem os annos que ensinei como os livros que compuz.

Embora nada devesse a D. Pedro II, era muito amigo do Imperador. Os ultimos acontecimentos causaram-lhe dolorosa impressão. Se bem estamos lembrados, foi depois d'elles que teve a primeira doença. A segunda levou-o em muito poucos dias, como para conservar-lhe até o fim a feição de rijo e indefesso trabalhador que sempre foi.

O enterro sahe da rua D. Bibiana n. 22 A, para o cemiterio de S. Francisco Xavier.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 28 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 02

sábado, 23 de julho de 2022

Grupo Saudade Instantânea

 



Neste sábado, no Clube Juvenil, será apresentada a ópera pop rock Eugeny, História de um Sonho, pelo grupo musical portoalegrense Saudade Instantânea. A respeito do espetáculo, fala o empresário e divulgador do grupo, Paulo Índio: "O grupo musical Saudade Instantânea é composto por universitários portoalegrenses, com opinião muito própria sobre música. Este conjunto apresenta um espetáculo de alto nível, tanto cultural quanto profissional, que vale a pena ser assistido pela sua qualidade. Todo o cansativo trabalho de montagem, ensaios, arranjos durou mais de oito meses, mas foi plenamente recompensado pela grande aceitação que este show teve entre o público e a crítica da capital. Um dos objetivos do grupo é mostrar que gente jovem faz música, música séria, de primeira qualidade e que realmente acrescenta muita coisa nova ao conceito que se tem de som. Mesclando trechos de influência clássica com o mais puro rock, o conjunto consegue fazer algo totalmente diferente de tudo o que se viu no campo da música. Saudade Instantânea conta a história de Eugeny. Eugeny foi um ser total, reuniu em si o bem e o mal. Eugeny teve um sonho, um lindo sonho dourado. A história que será apresentada em Caxias é esta: a história de um sonho. Durante o desenrolar do espetáculo serão projetados cerca de 300 slides que ilustram os textos e as letras. Juntamente com os slides, são mostrados filmes, efeitos de som e luzes estroboscópicas que compõem a parte audiovisual da ópera."

Os que lá comparecerem poderão confirmar as palavras de Paulo Índio. Para tanto, deverão adquirir seus ingressos na Secretaria do Clube, nas Lojas Alfred ou no Serviço Municipal de Turismo. Depois, todos poderão desfrutar da boate do Juvenil. Custo do ingresso para o espetáculo, sete cruzeiros.

Fonte: JORNAL DE CAXIAS (Caxias do Sul/RS), 02 de Junho de 1973, pág. 08

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Preservação do mangue

 



CÓRTE DO MANGUE

Foi attendida a utilissima medida a tornar effectiva a prohibição do córte do mangue, que constituia outr'ora a grande floresta maritima da bella bahia do Rio de Janeiro.

A intendencia municipal resolveu adquirir todo o material preciso no emprehendimento dos trabalhos a executar n'esse sentido, além de uma lancha a vapor, sob a inspecção do nosso collega do Jornal do Commercio o Sr. Pedro Caldeira, a quem compete restaurar a referida matta, conserval-a e fazer respeitar as leis que regulam a importante industria da pesca, até hoje tão desprezada.

Estamos certos que dentro em bem poucos annos grande será o beneficio resultante do serviço que com pequeno sacrificio da intendencia vai agora começar.

Os vastos parceis lodosos ficarão ensombrados pela utilissima arvore denominada mangue e a pescaria terá como consequencia o maximo desenvolvimento.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 02 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 02

quinta-feira, 21 de julho de 2022

O polvo gigantesco da Capetown

 



Um drama submarino

Alguns annos atraz o paquete "Dumvegan Castle", ancorado no porto de Capetown, garrou, tangido por um violento temporal, e foi atirado contra a muralha das docas do porto.

Foi tão brutal o choque que o navio despedaçou-se como uma peça de crystal e a muralha ficou arruinada em grande parte de sua extensão. Enormes blocos das construcções a descoberto cahiram ao mar, com a profundidade ahi de vinte metros.

Como urgissem as reparações do cáes pois que a agitação do mar poderia, pelas falhas da muralha, destruir inteiramente as docas, os engenheiros encarregados dessas reparações, resolveram que logo no dia seguinte alguns escaphandristas descessem ao fundo do mar e por meio de forte corrente prendessem os blocos cahidos de modo que os possantes guindastes podessem trazel-os de novo á superficie, repondo-as no lugar donde haviam sido deslocados.

Um dos mais notaveis escaphandristas de Capetown era M.H. Palmer, que em quinze annos de pratica e numerosos serviços em diversos portos do mundo, era garantia segura da perfeição do trabalho que se tornava necessario.

Intrigado, o escaphandrista adiantou-se mais alguma cousa.

Ao chegar a alguns passos apenas da "cousa" viu como que uma cobra sahindo da sombra e atirar-se a elle com rapidez do raio.

Antes que elle pudesse fazer qualquer movimento ou percebesse ao menos que perigo o ameaçava, aquella cobra enrolava-se em torno de uma das suas pernas.

Aterrorisado, arquejante, o escaphandrista tentou recuar. Uma outra cobra sahindo da sombra enrolou-se em um braço.

Palmer tinha sido atacado por um polvo gigantesco.

Dotado de uma natureza energica, Palmer não perdia o sangue frio em face do perigo.

Contrahindo os musculos, fincando no sólo lamacento os pés calçados com fortes laminas de chumbo, preparou-se o mergulhador para a lucta. O polvo fizera já entrar em acção todos os seus tentaculos que se enroscavam em torno do corpo do escaphandrista, attrahindo-a para a sua toca, lenta, mas seguramente.

A pressão dos tentaculos era extraordinaria e os puxões que a féra marinha dava, successivos, formidaveis.

A perspectiva da horrivel morte que o aguardava, sugado pelas milhares de ventosas do horrendo animal deu a Palmer novos alentos.

Fazendo um violento movimento de recuo conseguiu desembaraçar-se de alguns tentaculos. Um outro esforço e poude recuar alguns passos, distendendo os apendices monstruosos que o envolviam.

Palmer era membrudo, alto, espadaudo, de grande sobriedade, corajoso, não recuando deante e nenhum perigo, de nenhum trabalho.

Os primeiros dias que alli passou no fundo do porto de Capetown escoaram-se sem que nenhum facto anormal perturbasse o serviço.

O trabalho era penoso, perigoso, porém Palmer que já vira outros peores atirava-se com calma á tarefa de que fora encarregado.

Uma manhã em que elle descera, como de costume, ao pé da muralha e tratava de passar uma corrente em torno de um formidavel bloco de alvenaria desaggradado, o escaphandrista notou de repente, um objecto informe que mergia de uma escura cavidade em parte dissimulada pelo formidavel bloco que elle tentara remover.

A agua era clara, o céo estava limpido de sorte que mesmo naquella profundidade o mergulhador via o sufficiente para perceber com relativa nitidez os objectos que o rodeavam.

Intrigado por aquella cousa imprecisa que se lhe deparava, approximou-se do bloco de alvenaria para examinal-o de mais perto.

Poude verificar então que o quer que fosse movia se, mexia-se como que a avançar lentamente ao seu encontro.

O voraz animal, vendo a surpresa prestes a escapar-lhe, tomou a resolução de deixar a toca e perseguil-o no mar-livre.

Viu então horrorisado o escaphandrista o seu adversario emergir formidavel do buraco em quase escondia. Os dous olhos enormes do monstro fixavam-se nelle, como que magnetisando-o, os tentaculos envolveram-lhe o corpo inteiramente.

Palmer aturdido e embaraçado por seu pesado vestuario de escaphandrista teve um momento de desanimo. A cabeça ameaçadora do polvo veiu firmar contra a parede de vidro do seu capacete metalico.

Era um espectaculo phantastico, a briga desses dois entes tão extranhamente conformados, um e outro.

O homem vestido com uma especie de sacco cheio de vento, uma grande cabeça espherica munida de uma grande lente de vidro que parecia um olho enorme dilatado pelo terror.

A féra de muitos abraços, os olhos glaucos, agarrada ao seu adversário parecia encaral-o. Ficaram ambos um momento immoveis, enlaçados um no outro.

Palmer sentiu subitamente que os tentaculos começavam a augmentar violentamente a constricção. O polvo abandonava inteiramente a sua toca e enrolava-se em torno do corpo do escaphandrista; nenhum ponto de apoio prendia-se aos sólo. Foi quando, subitaneo, um pensamento veio ao espírito de Palmer. Desembaraçando o braço esquerdo, agarrou com toda a sua força a corda que o punha em communicação com os companheiros que á flor á agua acompanhavam o serviço.

Estes perceberam as desordenadas sacudidas da corda e nem um instante duvidaram de que alguma cousa imprevista se estivesse passando em torno do corpo do escaphandrista.

Logo que o polvo percebeu que o escaphandrista era içado procurou agarrar-se ás pedras, ás asperezas do fundo do mara. Era tarde demais, porém, e o monstro teve de seguir contra a sua vontade a sua presumida victima.

Quando Palmer chegou á flor d'agua com o seu extranho companheiro, os homens que o puxavam ficaram horrorisados. Armados de facas, machados, serrotes, barras de ferro atacaram o monstro.

Foi com extrema difficuldade, cortando um a um os tentaculos, que conseguiram libertar por fim o mergulhador, quasi suffocado pelo tremendo abraço do monstro marinho.

Fonte: A FEDERÇÃO (Porto Alegre/RS), 13 de Março de 1919, pág. 05, col. 04-05

terça-feira, 19 de julho de 2022

Francisco Garcia Santa Olalla



"Falleceu a 4 do corrente, na casa de saude do dr. Eiras, no Rio, o intelligente pintor Francisco Garcia Santa Olalla, cujos quadros foram tão apreciados na ultima exposição realisada em 1894 na escola nacional de bellas-artes.

A proposito diz um nosso collega:

'É uma grande esperança que se apaga.

Tinha completado 22 annos na vespera e não ha doiz mezes estava forte e animado.

Passou dois dias no Corcovado, estudando os effeitos da luz no grande panorama da nossa immensa bahia e d'alí desceu já affectado de uma bronchite que precedeu á tuberculose aguda que lhe roubou a vida.

Santa Olalla foi discípulo de Martinez de La Vega, na Hespanha, e veiu para o Brazil luctando com a opposição de sua familia.

Obteve os recursos para viagem com a venda de um de seus quadros e aqui, sempre muito apreciado, obteve o 3o. premio na exposição em que concorreu com o seu Pescador, com Bernardelli, Almeida Junior, Brocos, Weingartner e outros.

Deixa muitos quadros e alguns amigos, entre os quaes o sr. Virgilio Lopes Rodrigues, que o tratou como si fôra um irmão'.

- Victima de pertinaz enfermidade falleceu no rio o ex-20. tenente da armada Alfredo Stelling.

Ainda muito jovem, mostrou sempre o fallecido a maior aptidão e gosto pela vida do mar, fez a viagem em que naufragou o Almirante Barroso e foi depois á Europa, para vir na guarnição do Riachuelo, que estava se concertando em Toulon.

Ao Rio chegando, pois teve de vir com outros officiaes por ordem do governo, manifestaram-se os primeiros symptomas da molestia de que falleceu. Foi de novo á Europa procurar allivio aos seus males, mas nada conseguiu.

- No Rio finou-se d. America do Rego Barros, filha do general de divisão João Baptista do Rego Barros Cavalcanti de Albuquerque.

✤✤✤✤✤

Falleceu em Pelotas d. Maria Isabel Calero da Cruz, de 48 annos de idade e esposa do capitão Trajano Rodrigues da Cruz."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 23 de Abril de 1895, pág. 02, col. 03

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Eleitores de Mostardas em 1833



FREGUESIA DE MOSTARDAS

Os Senhores:

Francisco Ignacio de Lemos

Joaquim Ignacio de Lemos

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 02, col. 01 

domingo, 17 de julho de 2022

Eleitores da Capela das Ladrões (Capela da Buena) em 1833

 



CAPELLA DOS LADRÕES

Os Senhores:

João Francisco da Silva

Francisco de Paula Vieira

João Manoel da Costa Lima

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 02, col. 01

sábado, 16 de julho de 2022

Eleitores do Cerrito em 1833

 



SERRITO DE CANGUÇU

Os Senhores

Manoel Joaquim Caldeira

Manoel Ferreira dos Santos

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 02, col. 01

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Eleitores de Bagé em 1833

 



BAGÉ

Os Senhores:

Zeferino Fagundes de Oliveira

Irineo Riet da Rocha

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 02, col. 01

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Eleitores de Canguçu em 1833

 



CANGUÇU

Os Senhores

João Pereira de Medeiros

Joaquim Antonio de Medeiros

João Baptista da Cunha

Antonio dos Santos Froes

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 02, col. 01

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Eleitores de Piratini em 1833

 



VILLA DE PIRATININ

ELLEITORES

Os Senhores:

Ubaldo Pinto Bandeira

José Lucas de Oliveira

Vicente Lucas de Oliveira

Manoel José da Silva Santos Veleda

Manoel Gomes Guimarães Filho

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 14 de Março de 1833, pág. 01, col. 02

terça-feira, 12 de julho de 2022

Eleitores de Jaguarão em 1833

 



VILLA DE JAGUARÃO

ELLEITORES

Os Senhores

Joaquim Cardozo Brum

Felizberto de Farias Santos

Thomaz de Souza Sequeira e Silva

Bento Gonçalves da Silva

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 11 de Março de 1833, pág. 02, col. 02

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Eleitores do Boqueirão em 1833

 



FREGUESIA DO BOQUEIRÃO

ELLEITORES

Os Senhores

Antonio Marques de Oliveira

Francisco Lopes Soares

Francisco Vieira Braga

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 07 de Março de 1833, pág. 03, col. 01

sábado, 9 de julho de 2022

Eleitores de Herval em 1833

 



FREGUESIA DO HERVAL

ELLEITORES

Os Senhores

João da Silva Tavares

João Severino da Silveira

Manoel Madruga de Bitancurt

José Maria Rodrigues

Antonio de Moraes Figueredo Viseu

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 07 de Março de 1833, pág. 03, col. 01

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Eleitores de Pelotas em 1833

 



VILLA DE S. FRANCISCO DE PAULA

ELLEITORES.

Os Senhores:

João Baptista de Figueredo Mascarenhas

João Alves Pereira

Francisco Florencio da Rocha

Boaventura Rodrigues Barcellos

Cyprianno Rodrigues Barcellos

Thomas Francisco Flores

José Vieira Vianna

Antonio José de Oliveira Castro

João Jacinto de Mendonça

Alexandre Vieira da Cunha

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 07 de Março de 1833, pág. 02, col. 02


quinta-feira, 7 de julho de 2022

Eleitores de São José do Norte em 1833



 VILLA DE S. JOSE DO NORTE

ELLEITORES

Os Senhores:

Manoel José da Silva

Caetano José Travassos

João Bernardo Paraiso

Luiz Caetano Pinto

Joaquim Rodrigues Saraiva

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 07 de Março de 1833, pág. 03, col. 01

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Algumas ruas antigas de Porto Alegre

 



Reminiscencias de Porto Alegre

(...)

- Alguns lugares em outro muito conhecidos por certos e designados nomes são hoje quasi desconhecidos ou talvez esquecidos por ter desapparecido o que servia de motivo a taes designações.

Mencionarei alguns de que me recordo agora

O Jogo-da-bola na rua do Arroio, entre a da Ponte e a da Igreja, por haver ali um jogo desses pertencente a Antonio Pereira da Silva, com fundos para os lados da Bronze; ficando assim a rua do Arroio com tres nomes - "Nabos", "Jogo da Bola" e "Peccados Mortaes".

O Becco do Cordoeiro, aberto em terrenos do velho Couto, transformado hoje em rua Senhor dos Passos, assim se chamou a principio por ter ali morado João Cordoeiro.

O Becco do Barbosa, (Antonio Martins Barbosa ou simplesmente Barbosa mineiro), que tem hoje o nome de rua da Aurora.

O Becco do trem, terreno entre as ruas de Bragança e do Rosario, quasi em continuação da rua Nova, mandado tapar judicialmente em consequencia de um processo havido entre a Camara Municipal e Francisco Pinto de Souza, fazia parte da rua da Cadeia. Na velha casa da esquina da rua do Rosario trabalhavam, então, as officinas que funccionam hoje no Arsenal de Guerra.

Rua da Graça era o primitivo nome da rua da Praia, escripto nos annaes da Camara desde os tempos do Sota de Ouro (o octogenario Domingos Martins tinha sido escrivão da camara e já arrastava os pés com tanto ou maior peso que o velho Couto: era casado com uma respeitaval senhora que com as suas proprias barbas sabia e fazia honrar as de velho esposo). E nunca dahi sahiu para ser lido nas communicações, officiaes da mesma camara, pois o povo sempre chamou rua da Praia. E rua da Praia continuará a ser apezar do novo nome heroico de Andradas.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 09 de Fevereiro de 1916, pág. 01, col. 03

terça-feira, 5 de julho de 2022

Proprietários de Rio Grande em 1825 - Parte 05

 



Obs.: Lista parcial de proprietários moradores do termo da então vila de Rio Grande em 1825. Inclui portanto desde grandes proprietários rurais até meros proprietários de habitação própria. O termo da vila de Rio Grande, na ocasião, incluía, uma grande porção do sul e sudeste do atual estado do Rio Grande do Sul.

José de Faria Roza

José de Faria Roza Filho

Lourenço Manoel Lopes (padre)

José Dutra de Lemos (padre)

Quintiliano Pereira Madruga

Antonio José de Borba

Manoel Gomes Garcia

Antonio de Faria Roza

José Pereira da Cunha

Thomaz da Roza Pinheiro

Americo Pereira da Silva

Manoel Pereira da Silva

João Antonio de Oliveira

Bernardo de Jesus Maria Lopes (padre)

Manoel Rodrigues Barboza

Francisco Ignacio de Lemos

Feliciano José Pinto de Moura (padre)

José Ignacio de Lemos

Joaquim Ignacio de Lemos

Domingos Silveira

Manoel Francisco de Paiva

Manoel Francisco da Terra

Miguel Antonio de Araujo

João Ignacio Baptista

Theodoro José da Silva Braga

José Marcelino da Silva

Domingos Antonio Fernandes

João da Costa Chaves

Bartholomeu Bento Marques

Hermenegildo Pereira Marques

Alexandre Dias da Costa

João de Souza Pascoal

Fermiano Gonçalves Chaves

José Bernanrdes de Souza Araujo

José de Souza Machado

Manoel José de Souza

José de Souza Lima

José Manoel da Silva Saraiva

Anastacio José da Rocha

Ignacio José de Souza

João Antonio da Silveira

Joaquim José Rodrigues Saraiva

Pio Soares de Paiva

José Joaquim de Faria

Francisco José Saraiva

Antonio Rodrigues Vicente

Manoel Gonçalves da Silva Peixoto

Joaquina Roza Saraiva

José Rodrigues Evangelho

Manoel Ignacio da Silva

Fonte: IMPERIO DO BRAZIL: DIARIO FLUMINENSE (Rio de Janeiro/RJ), 24 de Março de 1825, pág. 266.


segunda-feira, 4 de julho de 2022

I Festival Punk Rio-São Paulo

 



Punk no Rio: rebeldes sem causa

Palavrões contra o sistema, som ensurdecedor, trem da Central na volta ao lar

"ÊXTASE totaal". A voz saiu pastosa da boca do jovem de preto, com um alfinete de fralda de bebê enfiado no nariz, os olhos esbugalhados diante da cena. Outros dois jovens, Breno e Malu, dançavam descalços sobre um tapete de cacos de vidro, ao som de palavrões gritados pela platéia. Tímido, semi-oculto pelos Arcos da Lapa carioca, um quarto crescente de lua tudo observava. Era o primeiro Festival Punk Rio-São Paulo, no Circo Voador.

Três mil jovens se comprimiam entre as estruturas de ferro para ouvir guitarras ensurdecedoras, nos rocks de dois minutos detonados por grupos como o Coquetel Molotov, Lixomania, Descarga Suburbana, Eutanásia, Fogo Cruzado, e para gritar palavrões de ordem contra o sistema. 

Puro punk rock brasileiro. Brasileiro? Bem, digamos que seja uma adaptação tropical do movimento iniciado em Londres em meados dos anos 70 que chegou a ter algum eco no Brasil, na época, dando origem a grupos como o Joelho de Porco. Mas se, na Inglaterra, o punk rock surgiu espontâneo a partir de adolescentes pobres e desempregados, no Brasil não pegou, na ocasião. Como uma bomba de efeito retardado, ele explode agora, em tempos mais brabos, principalmente no ABC e nos subúrbios de São Paulo. São Paulo até leva a sério o punk, que já conta com uns cinco mil adeptos. No Rio, ele só agora começa a acontecer, com o primeiro grupo - o Coquetel Molotov - nascido de jovens suburbanos de Campo Grande e do Méier.

O Festival do Circo Voador serviu para mostrar a fragilidade de um movimento que não pretende ser nada frágil e que, para engrossar um pouco sua massa, pediu emprestado adeptos de outras classes sociais, enchendo o espaço cultural mais badalado do Rio de Janeiro e promovendo a convivência democrática, ou melhor, anárquica, das mais diversas tendências de comportamento da juventude. No festival havia lugar para todos: do clã do Djavan aos palavrões do Coquetel Molotov, do new wave Pará-lamas [sic] do Sucesso a esquerdinhas festivas ou carrancudas, Houve até um espetáculo de autoflagelação degustado ao sabor de sanduíches naturais. No Brasil, todos querem estar no palco, ninguém quer ser platéia, já dizia Gilberto Gil.

"Odeio tevê! Odeio você!", berrava Tatu. Isso mesmo, Tatu, vocalista do Coquetel Molotov, à frente de um telão de vídeo que reproduzia seu rosto enquanto o prato da bateria voava do suporte a todo momento, por falta de um parafuso. "Agora é que o movimento vai pegar no Brasil", fala Tatu, "não dá para explicar o que é. Punk é assim, de repente. É esta loucura toda... O sistema que oprime a gente... A falta de perspectiva profissional. Está tudo podre". Tatu é carioca do Méier, estudante de comunicação da UFRJ e, naquela noite, tinha os cabelos grudados com brilhantina, vestia um blusão de couro negro bem maltratado e transportava alguns palavrões na boca de suas calças.

A multidão que lotou o Circo Voador, apesar de grande parte ser apenas curiosa em relação ao movimento punk, pegou rápido o espírito da coisa e dançou, brigou, bebeu, cheirou, se jogou no chão, subiu ao palco, gritou palavrões pelo microfone e puxou a perna de Perfeito Fortuna - ex-Asdrúbal-Trouxe-o-Trombone, mestre sem nenhuma cerimônia do festival. Perfeito também dançou a noite inteira e repetiu várias vezes que "no Circo Voador dançavam juntas todas as diferenças".

Por toda parte havia faixas tentando explicar qual é a do pensamento punk: Fora Capitalismo, Fora a Burguesia, Fora com o Sistema, Roupa Cara é Mania, Etiqueta é Fantasia, Nosso Regime é Anarquia. Um festival punk. E não era? O som de altíssimo volume e qualidade nem sempre tão alta, muita espontaneidade importada de São Paulo e dos subúrbios cariocas, em contraste com muita produção: os chamados punks de butique. Uma noite de Cinderela. Na manhã de domingo, tudo acabado. Tatu explica: "O pessoal tem que trabalhar. Se não trabalha, tem que se virar". Cedinho, na manhã de segunda, sem nenhuma fantasia. Novos encontros? Toda sexta à noite, em alguma estação do metrô. São Bento em São Paulo, Cinelândia no Rio.

Sérgio Costa

Fonte: MANCHETE (Rio de Janeiro/RJ), edição 1617, 16 de Abril de 1983, pág. 124

domingo, 3 de julho de 2022

Proprietários de Rio Grande em 1825 - Parte 04

 



Obs.: Lista parcial de proprietários moradores do termo da então vila de Rio Grande em 1825. Inclui portanto desde grandes proprietários rurais até meros proprietários de habitação própria. O termo da vila de Rio Grande, na ocasião, incluía, uma grande porção do sul e sudeste do atual estado do Rio Grande do Sul.

José Xisto

José de Andrade

Manoel Joaquim de Carvalho

Antonio Francisco Jardim

Antonio Luiz de Souza Pinto

Luiz dos Santos Ferreira

Domingos Borges

Antonio Pinto Ribeiro

Maurício Dutra

Simplicio Ferreira Porto

Serafim José Rodrigues de Araujo

Antonio de Moraes Figueiredo

Nicoláo Machado Pereira

Ignacia Anna Gomes

José de Freitas Guimarães

Manoel Jeronymo

Manoel Soares da Silva

Thomaz Martins de Freitas

Manoel Jorge da Silva

João Batista Gomes

José Pereira da Silva

Francisco de Oliveira

Antonio Alves Lisboa

Manoel Ignacio das Neves

Francisco Machado 

Luiz Machado

José Antonio Lopes

Francisco José de Miranda

Manoel José Ferreira

José Ignacio Lucas

Pedro de Barros

Hilario Lucas

Manoel Lucas

Manoel Caetano

Simão Roza

Manoel José da Costa

Miguel Machado

José Florindo

José Machado

Hipolito Pinto Ribeiro (vigário)

Candido del Rio Candirar (padre)

Felicissimo José da Silva

Felippe José Xavier

Caetano José Xavier

João Pereira de Medeiros

Manoel de Campos de Almeida

Francisco José Pinto Braga

João Gonçalves Pereira

Domingos da Boa Nova

Joaquim José de Souza

Joaquim José Coimbra

Baltazar Rodrigues Almeida

José Furtado de Souza

Antonio José Barboza

Salvador Bueno Boa Nova

Francisco Soares Louzada

Bernardes Soares Louzada

Antonio dos Santos Froes

José Jacinto da Luz

Fonte: IMPERIO DO BRAZIL: DIARIO FLUMINENSE (Rio de Janeiro/RJ), 14 de Março de 1825, pág. 234.

sábado, 2 de julho de 2022

Proprietários de Rio Grande em 1825 - Parte 03

 



Obs.: Lista parcial de proprietários moradores do termo da então vila de Rio Grande em 1825. Inclui portanto desde grandes proprietários rurais até meros proprietários de habitação própria. O termo da vila de Rio Grande, na ocasião, incluía, uma grande porção do sul e sudeste do atual estado do Rio Grande do Sul.

José Faustino Corrêa

Vicente Garcia

Evaristo da Costa

Florinao José Ribeiro

Manoel Corrêa Mirapalheta

Ignacio José Rodrigues

Joaquim Silveira Borges

Luiz José da Silva

Joaquim Cardoso Brum (vigário)

Thomaz de Souza Sequeira Silva (padre)

Hipolito do Couto Brandão

José Thomaz Farinha

Manoel Rolhano

Antonio Manoel de Souza

Liberato Firmino de Almeida

Matheus Antonio d'Afonseca

João dos Santos Campelo

Ignacio Antonio Vieira

Francisco Rodrigues Almeida

Thomaz Rodrigues Pereira

Antonio Ricardo Maia

Manoel Martins

José Antonio Barboza

José Rodrigues Vianna

Joaquim José Moreira

Maria José

João Gonçalves Braga

Manoel Pinto

Francisco José de Matos

Lucidoro Teixeira

Raimundo Senandes

Joaquim dos Santos Polvora

Francisco Leonardo Falcão

Miguel Machado de Souza

Liborio Teixeira de Gouvea

Antonio José Coelho

Manoel Furtado

Silvestre Teixeira Pinto

Joaquim José Soares

José Antonio da Silva

Antonio dos Santos Paiva

Antonio de Souza Fernandes

Manoel Antonio de Oliveira

Manoel Cardozo Brum

Faustino de Brum

Manoel Antonio Rolim

Ignacio Félix Téjo

Manoel de Brum

Antonio Pereira

Pedro Furtado

Fonte: IMPERIO DO BRAZIL: DIARIO FLUMINENSE (Rio de Janeiro/RJ), 11 de Março de 1825, pág. 226.

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