quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Descrição das Pedreiras da Companhia Francesa no Capão do Leão em 1915

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Ao Capão do Leão, a comitiva chegou cerca de dez horas da manhã, galgando o comboio o cerro de pedra onde, aqui e ali, se vêm casas, constituindo verdadeiras aldeas, grandes edifícios provisórios, de madeira, chaminés e torres, e um movimento enorme de operários, trabalhando sob o ensurdecedor ruído de poderosas machinas.

O morro é contornado por varias linhas da estrada de ferro e está dividido em duas faces de ataque mais ou menos em ângulo recto, cada uma com dois planos, por meio de um degráo, onde se procede a desagregação da rocha empregando-se como agentes poderosos o ar comprimido, a electricidade e a dynamite.

A certa distancia das pedreiras fica a Usina composta de 2 grupos electrogenos de 125 c.v. cada um, sendo um destinado a acionar o compressor de ar. Estes compressores actuam sobre o ar em duas phases – na primeira comprime-o o qual por este motivo eleva a temperatura e para que possa chegar ao limite da compressão desejada o compressor deixa-o resfriar-se distendendo-se e depois novamente actua sobre ele fazendo-o adquirir a pressão de 7 athus. O outro compressor é acionado por um motor Wolf directamente.

O segundo grupo electrogeno é o que fornece a corrente necessária ao movimento do grande numero de guindastes electricos existentes em cada degráo da pedreira. Ao lado desta Usina existe uma outra destinada ao reparo de ferramentas.

Na pedreira trabalham 2 guindastes a vapor de 54 toneladas além de inúmeros guindastes electricos todos destinados ao serviço de carregar as caixas com grandes blocos de pedra.
As perfuradoras á ar comprimido em número de 10 fazem furos de 15 a 20 metros de profundidade com a maior rapidez. Além das perfuradoras há também para mais de 20 rewolveres que ainda pelo ar comprimido fazem furos nos blocos já despegados da rocha para tornal-os transportáveis. Este serviço é admirável.

As perfuradoras tanto trabalham na posição vertical como na horizontal e estando, como estavam, todas trabalhando no dia da visita, impressionam agradavelmente ao observador que ali contempla o modo inteligente da substituição do trabalho manual pelo mecânico. Não há tempo perdido – o bloco grande é atacado em seguida pelos rewolvers que em menos de 10 minutos fazem-lhe um furo no qual a pólvora ou a dynamite atua rebentando-o.

Por occasião da explosão uma corneta alarma ao pessoal operário o qual retira-se correndo; os guindastes todos abrigam-se em pontos determinados. Terminada a explosão volta todo o pessoal afim de carregar os carros.

Trabalham nesta pedreira 700 homens actualmente.


Das pedreiras saiu toda a pedra necessária aos molhes, ao calçamento e ao cais do novo porto.”

Fonte:  A FEDERAÇÃO,  19 de maio de 1915, p.1, c. 1
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