sábado, 29 de abril de 2023

Andradina de Oliveira

 



Educadora, escritora e feminista.

Nasceu em 12 de junho de 1864, na cidade de Porto Alegre (RS), filha de Joaquina Pacheco de Andrade e Carlos Montezuma de Andrade. O pai era médico e morreu cedo, deixando Andradina órfã aos 7 anos de idade. Recebeu esmerada educação; estudou na escola de Luciana de Abreu e depois fez com brilhantismo o segundo grau na Escola Normal de Porto Alegre, atualmente Instituto de Educação General Flores da Cunha. Casou com um oficial do exército brasileiro, natural do estado da Paraíba, Augusto Martiniano de Oliveira, e teve dois filhos.

Andradina América Andrada de Oliveira exerceu o magistério público durante oito anos nas cidades gaúchas de Pelotas, Rio Grande, Santa Maria e Porto Alegre. Enviuvou muito cedo e teve que manter a família com seu talento e o magistério. Indo morar em Bagé, dedicou-se ao jornalismo e fundou, em 1898, o jornal Escrínio, cujo lema era "Pela Mulher". No editorial do primeiro número assim se apresentava: "surge também como um incitamento à mulher rio-grandense, convidando-a a romper o denso casulo de obscuridade e vir à tona do jornalismo trazer as pérolas de sua cultivada inteligência! O Escrínio aparece como um verdadeiro propagandista da instrução, do cultivo do espírito feminil. A mulher deve ser instruída, deve ser educada para melhor cumprir a sua divina missão na Terra - ser mãe."

O jornal foi editado durante nove anos, primeiro em Bagé e depois em Santa Maria; sua publicação foi interrompida pela morte de um filho de Andradina, que a deixou muito abalada. Em 1909, esta publicação reapareceu em Porto Alegre, sob a forma de uma revista ilustrada.

Andradina publicou sete livros e deixou outros inéditos, sendo os mais importantes: Cruz de pérolas (contos), que em 1908 recebeu medalha de ouro na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, e O divórcio?, de 1912, que provocou grande repercussão pelo fato de abordar um tema polêmico; defendia o direito à felicidade e o divórcio como uma forma de evitar tragédias nas famílias brasileiras. O livro foi escrito na forma epistolar, 26 cartas, cada uma com um argumento diferente, baseado em casos reais, denunciando a hipocrisia da sociedade quanto à indissolubilidade do matrimônio. Cada uma dessas cartas possuía em epígrafe o depoimento de um personagem ilustre sobre o tema do divórcio: Osório Duque Estrada, José do Patrocínio, Mirtes de Campos, Carmen Dolores, Julia Lopes de Almeida, entre outros. Em duas cartas, Andradina faz elogio ao feminismo, que "abrirá os olhos de todas as mulheres. E elas hão de, em futuro que não está longe, conquistar a sua verdadeira posição na família, na sociedade, na pátria - a mulher deixará de ser a escrava, a serva, a besta de carga, o objeto de prazer do homem, o animal procriador, o bibelô das salas".

Foi em 1920 para São Paulo, onde continuou sua carreira literária, e lá faleceu em 1935.

Fonte: SCHUMAHER, Schuma & BRAZIL, Érico Vital (orgs.). Dicionário Mulheres do Brasil (de 1500 até a atualidade). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, pág. 188-189.

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