domingo, 31 de dezembro de 2023

sábado, 30 de dezembro de 2023

Sobrenome Pacatuba

 



Sobrenome verificado em João Paulo de Araújo Souza Pacatuba, anspeçada da Guarda Nacional do termo de Maranguape, Ceará, em 1848.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Sobrenome Oeirense

 



Sobrenome brasileiro registrado em Rufino de Souza Oeirense, comerciante na cidade de Macaíba, Rio do Grande do Norte, em 1892. Era piauiense, originário da cidade que lhe deu o gentílico que virou alcunha: Oeiras.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Sobrenome Argentina

 



Sobrenome brasileiro iniciado (e aparentemente o único portador) por José Chaves Peres Villela Argentina, nascido em 1798 e falecido por volta da década de 1850, natural do Rio Grande do Sul, que emigrou para o Ceará em 1832, envolvido com navegação mercante na cidade de Fortaleza. Era figura conhecida do meio social da cidade. Desconhece-se a origem da razão da alcunha.

Conforme O PUBLICADOR (Fortaleza/CE), edição de março de 1852, pág. 04, col. 03-04

sábado, 23 de dezembro de 2023

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Sobrenome Piahuylino



 Sobrenome brasileiro encontrado em João Manoel do Nascimento Fonseca Piahuylino, morador do termo de Alcântara, Maranhão, em maio de 1874. Era proprietário da Cerâmica Formosa.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Sobrenome Papary

 



Sobrenome brasileiro registrado em Leocádio José Antônio Terra Papary, morador de Sobral, no Ceará, em 19 de abril de 1874.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Sobrenome Cachossó

 



CACHOSSÓ, CACHOÇÓ - sobrenome brasileiro encontrado em Francisco de Campos Oliveira Cachossó, morador de Fortaleza em 1873.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Sobrenome Pau Brazil

 



Sobrenome brasileiro encontrado em João Marcilino Taveira Páo [sic] Brazil, comerciante em Manaus, Amazonas, com registro de 29 de Março de 1865.

sábado, 16 de dezembro de 2023

A árvore de Natal em Portugal

 



Lê-se no Correio do Porto:

Na fórma que o nosso correspondente de Lisboa ha dias noticiou, a direcção do palacio de crystal resolveu proporcionar ás crianças portuenses um divertimento, vulgar na Allemanha, e já muito usado n'outros paizes pelo julgarem digno de imitação:

Esse divertimento, como os leitores estão adevinhando, é a inauguração da arvore do Natal.

No que esta consiste, poucos deixão já de o saber.

Uma arvore de maior ou de menor grandeza, e que de ordinario é um pinheiro, se colloca no meio de uma sala.

Dos seus ramos pende entre adornos de toda a especie uma variadissima collecção de "bonbons" e brinquedos destinados a fascinar os olhos ávidos das crianças.

Luzes em profusão illuminão com o seu reflexo as folhas da arvore e todos os objectos que a enfeitão.

Ao soar da meia noite, abrem-se as portas do recinto vedado.

A cada brinquedo se achão ligados bilhetes correspondentes a outros bilhetes distribuidos á sorte pelas crianças.

Estas, segundo o numero de bilhetes que lhes tocou, vão buscar o objecto que pende da arvore do Natal.

Eis no que consiste este divertimento, que será levado a effeito na nave central do palacio do crystal.

A differença está em que aquillo que lá fóra se costuma fazer no interior de cada familia sera feito em publico, e em vez de ser na vespera de Natal, como se costuma, terá logar no dia 23 pelas 6 horas da tarde por ser a vespera de Natal reservada á commemoração de um costume solemnissimo no seio de cada familia.

A distribuição dos premios terá logar no dia de anno bom.

A árvore começou hontem a ser levantada. Fica no salão grande, á pequena distancia do orgão, e será, além de enfeitada, brilhantemente illuminada a gaz.

O numero de premios ascende a 3.000.

Cada criança receberá um bilhete que a habilita para tirar um premio.

Afim de tornar mais brilhante esta interessante festa de crianças, uma dellas recitará a poesia do sr. Castilho, intitulada o "Natal do Pobre".

Varios poetas recitarão tambem poesias adequadas ao acto.

Ha tambem idéa de organisar um concerto em que só tomarão parte crianças um concerto em que só tomarão parte crianças.

Seria este o digno complementeo de uma festa, que só annuncia cheia de attractivos, principalmente para as infantis imaginações daquelles a quem é destinada.

Quasi podemos agourar que a arvore do Natal lhes vai deixar profundas e gratas recordações.

Fonte: DIARIO DE SÃO PAULO (São Paulo/SP), 14 de Março de 1866, pág. 02, col. 02

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O Natal de Olinda em 1840

 


VARIEDADE

O Santo Presepio do Menino Deos

Esta parece ser huma folgança endemica do nosso Pernambuco. Em se aproximando o Natal, surgem de todas as partes os Presepios, sendo a Cidade de Olinda o lugar mais abundante deste genero. Ali ha Presepios de Pastorinhas, de Pastoronas, e até de machacazes conhecidos por pastorões. Começão em a Noite de Natal, e repetem-se todas as noite até o dia de Reis, depois do qual entra por seu turno o acto de queimar as palhinhas de cada Presepio, o que constitue nova folgança As Pastorinhas, Pastoronas, e Pastorões cantão diversas endexas, dansão em cadencia, e repetem suas loas em honra, e louvor de Jesus Christo recem nascido. Muitas vezes no Presepio de meninas de 14, 15 annos apparece huma pastorona já de idade canonica, que dirige o baile, e he huma especie de abelha mestra do cortiço.

Para taes Presepios affluem os maganos, como moscas para hum prato de mel: e ali ferrão-se pertinazes namoros, ali apparecem os requebros de parte a parte, ali se domesticão, e amanção algumas ovelhinhas para o sacrificio, etc. etc. tudo em honra, applauso, e devoção do Deos Menino. Ali os fervorosos devotos estão como embevecidos na contemplação da piedade, e sancto fervor, com que as louçãs pastorinhas saracoteão as ancas, e se reboleão com tanta devoção, que parecem espiritadas! Nestes Presepios há sempre no cabo da festança arrematação de fructas, e flores, que o ornavão. Então picão-se os lanços, e nem he maravilha ver hum dos devotos espectadores dar por hum cravo, v. g., ao 14, 16 mil reis para com elle brindar a Pastorinha, que traz de olho, e lhe rouba as attenções etc. E como ha de a pastorinha Chiquinha resistir ao Sr. Manezinho, se elle se estreia para com ella com tanta generosidade. D'aqui facil he concluir, que ella virá tambem a estrear-se com elle em seus obsequios pelo antigo adagio, que diz - huma mão lava a outra.

Nos Presepios apparecem versos de todo o feitio, de todo o tamanho, de toda a qualidade, e as Pastorinhas dirigem ao Deos Menino finezas, e donaires tão profanos, que só a grande "innocencia" de todas ellas os pode cohonestar, e desculpar. A fé, dizem ellas, he que salva a gente. Não ha muitos dias, que em certo Presepio huma das Pastorinhas repetio ao Menino Deos a seguinte lôa, ou cousa, que o valha: e vai fielmente copiada do proprio original para que vejão os meus Illustres Leitores, e me digão a que genero, ou especie de Poesia pertence esta galantaria. Lá vai.

Estou morta, estou assustada

Grande gloria se produz,

Vejo na lapa tanta luz,

Estou bastante alvoroçada. (apoiado)

Vejo mulheres assentadas,

Homens por alli assim,

Hum boi comendo capim,

Huma ovelha a berrar, 

Huma burrinha a pastar,

Hum gallo posto a cantar,

Huma gallinha a pinicar.

Quem está no meio? Hum Benjamin.

Quem me dera tão bom fim

Quizerão Nosso Senhor, que vós fosseis hum Serafim,

Com o mesmo resplandou

Por isso o gallo diz cô cô rô cô.

Olhe como he bonitinho!

Meu Deos, que perfeito olhinhos,

A bocca parece hum cravo,

Resplandou de candura.

Parece hum doce favo:

todo o mundo diga bravo Viva;

viva o tal portento.

Quem diremos que viva?

O Divino Nascimento;

que he cheio de gentileza no seu nobre coração.

Pastoras, elle ha aquella "certeza",

elle he o nosso "graxão".

Fonte: DIARIO DE PERNAMBUCO (Recife/PE), 21 de Fevereiro de 1840, pág. 03, col. 02-03

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Chico do Ranchinho

 



Diligencia importante

O delegado de policia do termo de S. Francisco de Paula de Cima da Serra, alferes Antonio Carlos Pereira, tendo noticia de que no lugar denominado - Ilhéos - , 3o. districto do mesmo termo, se achava a quadrilha cognominada - Chico do Ranchinho - , para alli se dirigio, no dia 31 do mez proximo findo, acompanhado de praças de linha e da guarda civica, afim de batel-a, o que com effeito fez, prendendo os réos Oliverio Antonio Velho e Francisco Euzebio de Brito, vulgo Chico do Ranchinho, pronunciados no art. 192 do codigo criminal; o desertor do 12o. batalhão de infantaria, Manoel Cyrillo, e os vagabundos e desordeiros Antonio Sapo, Juvencio Sapo e João Cabeçada.

Á mesma auctoridade apresentou-se e foi recolhido á respectiva cadêa o réo Manoel Jardim da Gloria, tambem pronunciado no art. 192 do codigo criminal.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 28 de Abril de 1890, pág. 02, col. 04

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

O Primeiro Natal Brasileiro

 



O PRIMEIRO NATAL BRASILEIRO

A primeira referência a uma festa de Natal no Brasil deve-se ao Pe. Fernão Cardim, e diz respeito como foi recordada a grande data de 1584. O Jesuíta assim descreveu sôbre a comemoração natalina: "Tivemos pelo Natal um devoto presépio na povoação, aonde algumas vêzes nos ajuntávamos com boa e devota música, e o irmão Barnabé nos alegrava com seu berimbau. Dia de Jesus, precedendo confissões gerais que quase todos fizeram com o padre visitador, se renovaram votos: pregou em nossa igreja o Sr. Bispo; tinha o Pe. visitador, já nêste tempo, avisado de sua parte o Pe. Antonio Gomes de todos os papéis, cartas e avisos necessários para tratar em Roma, em Portugal; pelo que determinou visitar a segunda vez as aldeias dos índios mais devagar".

Fonte: JORNAL DO DIA (Porto Alegre/RS), 25 de Dezembro de 1959, pág. 18

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

O "Mateus" do Natal nordestino

 



O Natal do Nordeste

O interior do nordeste brasileiro anda cheio de tradições de Natal.

Começam, quase sempre, um mês antes os ensaios da Pastoril ou da Chegança, conforme os lugares, para a noite do nascimento do Menino Jesus. Tanto as sertanejas pobres como a gente rica, vão à "missa do galo" com vestidos novos, feitos para esse fim.

E, no regresso, junto ao presépio, há o folguedo denominado Reisado que uma espécie de bôbo a que chamam Mateus, com a cara cheia de tinta preta, vestes esfarrapadas, résteas de cebôlas, sem os bôlbos, e chocalhos de boi amarrados à cintura, andou anunciando, de tarde, como "função" que vai realizar-se e para a qual solicitou logo a sala e a cachaça... Há dansas e cantigas, versos e episódios ora trágicos ora cômicos e louvores à cavalaria antiga por homens de capas de ganga e corôas de lata dourada.

O pátio da Matriz é o lugar obrigado para os folguedos da Chegança que canta o amor e as saudades dentro de um navio armado a fingir e com cênas mitológicas à mistura.

Estas festas do Natal estendem-se ao dia de Reis que reservam para as visitas às fazendas dos que largamente podem contribuir para as folganças desejadas.

Fonte: JORNAL DO DIA (Porto Alegre/RS), 25 de Dezembro de 1957, pág. 29

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Sobrenomes Brasileiros - Parte 17

 



Sobrenomes brasileiros da região amazônica coletados pelo periódico Amasonas [sic] em julho de 1869.

CANUMÃ

JURUPARY

JUTAY

AJUDANTE

TUMBIRA

MANDUQUINHA

BACURY

SUCURIJÚ

TIRINGA

FILHO DA ESPADA

TOCANTINS

CAMETÁ

TROCARÁ

APEHYACÁ

JANGRA

OBIGHI

ZEZINA

TAPAJÓS

ARARY

MARACAJÚ

TRECARY

HARMONIA DA FLORESTA

TABOTINGA [sic]

ASSAHY


domingo, 10 de dezembro de 2023

Sobrenome Kempa

 



KEMPA - sobrenome com origem no baixo-alemão e significa lutador, guerreiro, e em sentido amplo, local que houve uma luta, uma justa, local de justas, local em que ocorreu uma batalha. Também está vinculado a um termo para javali domesticado. Portanto, tem origem nas zonas do baixo-alemão (norte da Alemanha, Sorábia, Silésia, Pomerânia histórica).

Kempa também pode se referir como toponímico polaco para um aglomerado de árvores ou arbustos baixos, mormente numa área pantanosa ou numa pradaria. Kempa ainda pode se referir a aldeia homônima no município de Lugnian, voivodia de Opole, Polônia.

Rio Grande 1967


 Foto aérea da cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, em 1967, com destaque à orla da Barra

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Sarrabulho & Feijoada de Natal

 



Na rua da Valla n. 46, haverá um grande sarrabulho na noite de Natal, para os amantes dos bons petiscos; e ao mesmo tempo convida se aos apaixonados da boa feijoada com tripas; e aprontão-se jantares para fóra. Na mesma precisa-se de um homem para caixeiro, pagando 16$ rs. mensal.

Fonte: DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO (Rio de Janeiro/RJ), 24 de Dezembro de 1845, pág. 04, col. 04

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O caso do doido belga

 



Qual é o doido?

Ahi vae uma historia de doudos que nos chegou agora da Belgica:

Em um dos dias do mez passado o burgo-mestre de Cincy encarregou a um guarda rural e a um padeiro da villa, de conduzir um alienado chamado Legrand ao asylo de Dave. A caminho para o asylo, verificou o guarda rural que naquelle dia Legrand estava em perfeita lucidez e que os medicos do estabelecimento hospitalar não o receberiam nesse estado. De combinação com o padeiro lembrou-se de embebedar o doudo.

Em todas as tavernas da estrada entraram os tres e beberam a valer e tanto que chegados a Dave, doudo e escolta não sabiam a quantas andavam. Por isso, o director do asylo não pôde distinguir qual o doente. Lembrou-se de telephonar para Cincy, perguntando:

- Qual dos tres é o doudo?

- Legrand (o grande), respondeu laconicamente o burgo-mestre.

O doutor mediu os tres homens e mandou agarrar o guarda rural, que era exactamente o mais alto da patrulha.

A imminencia do constrangimento espancou nelle as fumaças do vinho e fel-o protestar com energia, mas embora gritasse e estremunhasse como um demonio em pia de agua benta, não escapou da ducha compensadora.

Legrand e o padeiro regressaram como bons companheiros para Cincy onde o doudo teve o espirito de procurar a mulher do guarda rural e dizer-lhe:

- Não sabia que o seu marido era doudo. Coitado!... Acabo de deixal-o no hospicio de Dave.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 20 de Março de 1907, pág. 02, col. 05

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Nuvem de marimbondos em Santa Maria

 



Nuvem de maribondos

Diz o Estado, de Santa Maria:

"Estamos informados de que no 5o. districto appareceu densa nuvem de maribondos. Accrescenta o nosso informante que os terríveis vespões cairam sobre uma carreta de bois, a qual conduzia um carregamento de palha.

Os carreteiros, logo que se viram atacadaos pelos terríveis assaltantes, trataram de soltar os bois, o que effectivamente conseguiram.

Para lograra escapar á sanha dos terríveis inimigos, um escondeu-se entre as palhas e o outro envolveu-se em um poncho. Os bois fugiram espavoridos. Informam-nos tambem que, no Ribeirão, os maribondos, caindo sobre um transeunte, cujo nome não nos foi dado, o deixaram em tal estado que veio a fallecer tres dias depois".

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 01 de Fevereiro de 1907, pág. 02, col. 02

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Comemoração positivista em Porto Alegre

 



Comemoração positivista

Como noticiámos, os positivistas desta capital, como têm já feito nos annos anteriores, commemoraram hontem o dia que a religião da humanidade destina culto aos mortos.

Ás 5 horas da tarde partiu da praça Marechal Deodoro o bonde expresso que conduziu ao cemiterio muitas familias e adeptos e sympathicos do positivismo, que conduziam bellos ramalhetes de flores naturaes.

O bonde estava repleto e entre as pessoas que nelle iam contavam-se os nossos amigos drs. Faria Santos, Torres Gonçalves e Raul Abott, que nesta capital dedicam-se com ardoroso empenho á predica e propaganda da doutrina do portentoso philosopho de Montpellier.

A Federação fez-se representar na romaria por seu director.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 01 de Janeiro de 1907, pág. 04, col. 04

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Ciganos indiciados em Cachoeira do Sul

 



Os ciganos

O juiz da comarca da Cachoeira pronunciou os ciganos que mataram no kilometro 15, do ramal do Couto a Santa Cruz uma familia inteira, conforme noticiamos. O Rio Grande publicou o despacho da pronuncia que termina assim:

"E nesta conformidade, attentos os documentos comprobatorios colhidos nos autos julgo procedente a denuncia, offerecida pela promotoria publica contra os indiciados Stefan Ilie, Sawa Stefanovitz, Islata, mulher do primeiro. Maria, filha do mesmo, Mileva, mulher do segundo, Catharina, mulher do terceiro, Draga, mulher do quarto, Rosilka e Bubhia, por terem, ditos indicados em a noite de 24 para 25 de outubro do anno findo, no kilometro 15 do ramal do Couto, a Santa Cruz, matado, para roubar, uma familia italiana composta de sete pessoas, conforme o auto de exhumação e corpo de delicto que decorre das fls. 7 ut fls. 10.

Assim, julgando pois, decreto a pronuncia dos referidos indiciados, como incursos nas penas do artigo 359 do Codigo Penal, sujeitos a prisão e livramento na forma da lei.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 04 de Abril de 1906, pág. 02, col. 03

domingo, 3 de dezembro de 2023

Desordem em Jaguarão




 Desordem e ferimento

Noticia a Situação de Jaguarão:

"Hontem, as onze horas da noite, mais ou menos, na rua 20 de Setembro, nas quadras entre as ruas General Osorio e Marechal Deodoro, reuniu-se um grupo de tripulantes do "Mirim" em casa de uma das meretrizes, onde não tardou que começasse desordem.

O guarda municipal Hilario Gonçalves que se achava naquellas proximidades, dirigiu-se a referida casa e intimou os desordeiros a que se retirassem. Nessa occasião um dos desordeiros, Braz Ledesma, armado de faca aggride o referido guarda municipal que conseguiu defender-se e procurou ainda prender o seu aggressor. Estabeleceu-se logo a confusão e Braz aproveitando essa circunstancia fugou para bordo do "Mirim" donde voltou momentos depois armado de facão e encontrando o guarda Hilario Gonçalves nas proximidades da mencionada casa fazendo cessar aquelle agrupamento inconveniente e desordeiro, vibrou-lhe forte pancada na cabeça, que prostou Hilario sem sentidos e com um grave ferimento na cabeça. Passando nessa occasião o cidadão Emilio Ferreira dos Santos, commerciante no mercado correu em auxilio do guarda ferido e nesse comenos por sua vez recebeu tambem na face direita um pequeno ferimento feito, ainda por Ledesma.

Instantes depois chegavam as autoridades e effectuaram a prisão de Ledesma não sem pouca dificuldade, pois, não se queria submetter á prisão.

Conduzido o ferido Hilario Gonçalves á "Pharmacia Popular", foi ahi medicado pelo medico sr. Manoel Amaro Junior que solicito attendeu ao chamado das autoridades.

Apóz os curativos recolheu-se Hilario Gonçalves a sua residencia. O seu estado é satisfactorio.

No logar do crime foi encontrada uma faca e um pedaço de arame grosso, aleatroado.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 06 de Fevereiro de 1906, pág. 02, col. 04

sábado, 2 de dezembro de 2023

Uruguaiana em 1905

 



URUGUAYANA

O municipio de Uruguayana attrae cada vez mais as vistas e attenções geraes. Sua extensão, seus campos especiaes, dos de melhor qualidade, o desenvolvimento colossal que ali têm tido todos os negocios, as relações, que cada vez mais se entrelaçam com o Estado Oriental e a Argentina, dão-lhe destaque, proporcionando uma situação notavel sob todos os pontos de vista.

A importante xarqueada da barra do Quarahy, o estabelecimento de lacticínios do nosso amigo tenente-coronel Lagranha, fazendas-modelo, como, por exemplo, a do sr. José Maria Bellesa, em nada inferior ás melhores do Uruguay, importantes estabelecimentos industriaes, salientando-se os vinicolas, principalmente o do sr. Luiz Bettinelli e, além desse, o do sr. Telechea, e outros, o prospeto e rico commercio que avulta extraordinariamente, fizeram de Uruguayana um grande e moderno emporio da actividade, vida e labor, que se multiplicam á sombra do regimen politico do Estado e das amplas garantias da situação republicana.

A cidade, que progride a largos passos, extendendo-se dia a dia, apresenta edificação moderna, ruas largas e bem cuidadas, lindissimos predios que offerecem o maximo conforto.

Destaca-se o edificio do Club Commercial, de vastos salões e com todos os serviços e attractivos, e onde se reune a selecta sociedade uruguayanense, brilhante no seu primeiro cultivo e nas relações que naquella nossa cidade cosmopolita confundem, em fecunda confraternisação, brasileiros, hespanhóes, platinos, italianos, francezes, inglezes e allemães.

O municipio, cuja base de vida é a criação pastoril, tem seus campos e invernadas repletos de gados de cria e de córte, fornecendo, em avultada cifra, a materia prima para as xarqueadas do Estado.

Está ali generalisada a selecção no maximo que comportam as circumstancias, os recursos dos estancieiros e as condições de clima, etc. Melhoramentos, experiencias, não cessam de ser realisados, demonstrando que a rotina cedeu o passo a intelligentes iniciativas dos nossos estancieiros, que está em dia com os avanços dos mais adiantados processos usados sobretudo nas republicas platinas concernentes a tal ramo industrial.

São elles que movimentam, em maior escola, as feiras pastoris na fronteira oriental e argentina. De tal natureza são os resultados já obtidos pelos criadores do Estado que, como tem succedido em varios municipios do sul, Jaguarão, Pelotas, Bagé, em Uruguayana e Itaquy projectam-se feiras que exhibirão o rico mostruario do desenvolvimento pastorial d'aquellas zonas.

A cidade de Uruguayana, cujo commercio, como, em geral, todas as classes, merece a maxima protecção, está, para bem dizer, em contacto com as grandes capitaes, Buenos-Ayres e Montevideu, pelas vias ferreas, de uma banda e outra, além da fluvial. Em menos de dois dias se está n'uma ou n'outra cidade, e a preços baratos, sobretudo pela banda argentina.

Assim tambem occorre com o transporte de mercadorias, que é rapido e barato. Em virtude de accordo entre as companhias de estradas de ferro e navegação, esta é insignificante, quasi nulla, occupando-se os vapores no transporte de mercadorias, do porto de Libres, onde os vagões descarregam, ao de Uruguayana.

Essas mercadorias procedem de Buenos-Ayres ou da Europa, via Buenos-Ayres, quando não vem já a um dos portos no Uruguay, o que facilita ainda mais, reduzindo o tempo e o custo de fretes.

Estamos informados de que Uruguayana já possue agentes de casas desta capital e do littoral que ali recebem, com muito mais rapidez e barateza, a importação européa, encaminhada pelo porto do Prata, e destinada ao supprimento da freguezia da fronteira e interior.

Os commerciantes de Uruguayana costumam frequentar pessoalmente as praças da Europa, importanto directamente das fabricas. Si o commercio por atacado tem essa significação, que está longe de ser referida nestas ligeiras notas, não é menos importante, nem menos movimentado o commercio a varejo. Assim, por exemplo, a casa Barbará & Irmãos, só em generos de armazem e vendas á vista, não tem uma media diaria inferior seguramente a dois contos de réis, podendo computar-se noutro tanto os supprimentos a praso na cidade.

Essa acreditadissima casa gyra com diversos ramo de negocios, um colosso de alta valia, espalhando de preferencia, entre os consumidores, artigos nacionaes e de producção do Estado, generos coloniaes, sem prejuizo da grande importação directa que recebe da Europa, dos Estados-Unidos, etc.

Essa casa dá trabalho a algumas dezenas de empregados. Nos balcões de varejo, o serviço incessante é feito, com extraordinaria precisão e presteza, por meninos que ali encontram todo o amparo, protecção e garantia de presente e de futuro, alem de preciosas vantagens de ordem moral e social.

As casas Peró & Cia. Krammer, e outras, de alta importancia, pelas suas operações bancarias e outras, auxiliando o gyro de negocios e a movimentação dos capitaes, prestam reaes serviços a Uruguayana, á fortuna publica e particular, em summa, ao desenvolvimento local, que se reflecte sobre o conjuncto da vida riograndense.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 06 de Maio de 1905, pág. 01, col. 01-02

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

A quadrilha de ladrões de cavalos de Cima da Serra

 



Mortes

Tendo apparecido no 2o. districto do termo de S. Franciso de Paula de Cima da Serra a quadrilha denominadas dos - Amaraes - de que era chefe Moysés Bombudo, levando muitos cavallos roubados, sahiu-lhes no encalço o inspector do 5o. quarteirão, acompanhado de alguns cidadãos.

Alcançada no lugar denominado - Triste - e na - Boa Vista - oppoz-se a quadrilha á entrega dos animaes, travando-se então renhida lucta, na qual foram mortos Moyses, um sobrinho d'este a Luciano de tal. Conseguiram fugir Severo de tal e João Beriva conduzindo parte da cavalhada, ficando apenas os cavallos que montavam e que verificou-se serem de propriedade do fazendeiro Francisco Borges, residente no municipio.

Procedeu-se ás diligencias legaes.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 11 de Abril de 1890, pág. 02, col. 04

terça-feira, 28 de novembro de 2023

O telégrafo no Rio Grande do Sul

 



O telegrapho

No Rio Grande do Sul

Um dos mais poderosos factores do progresso humano é sem duvida essa maravilhosa invenção americana descoberta por Morse a 19 de outubro de 1832 e que poucos annos depois estabelecia essa correspondencia espantosa que a rapidez inconcebivel do telegrapho derram por todo o universo.

Foi a 16 de janeiro de 1867 que o Rio Grande entrou na posse desse elemento de progresso inaugurando a primeira estação telegraphica nesta capital e dessa data em deante desenvolveu a sua rêde até constituir-se um dos principaes departamentos da União Brasileira.

Da data da inauguração ao fim do seculo passado a rêde compoz-se de 627.500 metros de linha de postes na linha tronco de 3 fios com o desenvolvimento de 1.735.500 metros de conductores e 2.323.108 metros de linha de postes nos ramaes com... 3.350.235 metros de conductores prefazendo os totaes de 2.950.608 metros para a extensão de linha de postes e 5.085.735 para o desenvolvimento de conductores.

A linha tronco extende-se de Torres a Jaguarão e os ramaes são: Porto Alegre a Xanxerê e a Uruguayana, Pelotas a Livramento e Pelotas ao Rio Grande com os sub-ramaes de Caçapava a S. Sepé, de Rosario a Livramento, de Alegrete a Itaquy a S. Borja e a Quarahy e do Rio Grande a Barra do Rio Grande e Barra do Chuy, o numero de estações elevou-se a 41 conforme o seguinte quadro indicando as datas de installação:

1a. Porto Alegre..... 16 janeiro 1867

2a. Torres..... 14 março 1867

3a. Rio Grande..... 14 janeiro 1868

4a. Pelotas..... 14 janeiro 1868

5a. Conceição do Arroio..... fevereiro 1868

6a. Barra do Rio Grande..... dezembro 1868

7a. Alegrete..... 2 abril 1870

8a. Triumpho..... 9 setembro 1870

9a. Rio Pardo..... 13 setembro 1870

10a. Cachoeira..... 1 novembro 1870

11a. Camaquam..... 7 abril 1871

12a. Jaguarão..... 29 outubro 1872

13a. Caçapava..... 29 setembro 1873

14a. S. Gabriel..... 29 setembro 1873

15a. S. Lourenço..... 2 dezembro 1873

16a. Federação..... 16 novembro 1874

17a. Uruguayana..... 28 agosto 1874

18a. Santa Maria..... 3 maio 1876

19a. Cruz Alta..... 13 maio 1876

20a. Cangussú..... 7 maio 1878

21a. Rosario..... 29 março 1878

22a. Livramento..... 13 novembro 1878

23a. Piratiny..... 13 dezembro 1880

24a. S.J. do Norte..... 1 janeiro 1881

25a. Cacimbinhas..... 2 fevereiro 1881

26a. Bagé..... 17 março 1881

27a. S. Borja..... 2 outubro 1881

28a. Itaquy..... 2 dezembro 1881

29a. Marg. Taquary..... 29 janeiro 1882

30a. Taquary..... 26 agosto 1882

31a. D. Pedrito..... 2 dezembro 1884

32a. Quarahy..... 3 agosto 1888

33a. Santa Cruz..... 18 março 1889

34a. Passo Fundo..... 28 outubro 1889

35a. Tahym..... 1 junho 1890

36a. S.V. do Palmar..... 17 julho 1890

37a. D. de Camaquam..... 26 março 1892

38a. S. Sepé..... 25 novembro 1892

39a. Pedras Brancas..... 1 janeiro 1894

40a. Nonohay..... 9 março 1896

41a. Viamão..... 8 julho 1896

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Setembro de 1904, pág. 01, col. 01

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Club Açucena

 



Rio Pardo

Escrevem-nos:

"Conforme foi noticiado pela Federação, teve logar em a noite de 7 o baile á phantasia projectado pelo sympathico Club Açucena, o qual realisou-se no salão da residencia da exma. sra. d. Adelaide Meirelles.

A reunião das phantasiadas foi na casa de residencia do sr. João Frederico Carbuhn.

Ás 9 horas teve logar a saida dos phantasiados, os quaes foram puxados pela banda musical União Operaria. O prestito era formado por mais de 40 pares, muitos dos quases vestiam vistosas e elegantes phantasias.

Á entrada achava-se uma commissão de alumnos militares, os quaes receberam os phantasiados com uma verdadeira chuva de confetti.

O salão vistosamente ornamentado e illuminado, tinha um aspecto alegre e festivo dos dias felizes em que esta cidade teve a ventura de ter em seu seio á brilhante e saudosa Escola Militar e o seu nunca esquecido Club Cara Dura.

Em um dos intervallos da dança o intelligente alumno militar Valentim Benicio, em phrases vibrantes, saudou a mulher como o ente ideal e que naquelle momento achava-se representada pela gentil rainha.

As senhoritas, que mais se salientaram em suas phantasias, são as seguintes:

Georgina Ottoni, a rainha (açucena); Agueda Ferreira (contrabandista); Luciana Ferreira (caçador); Clara Legendre (papoula); Alayde Ferreira (visco); Dulce Ottoni (margarida); Carmelina Neves (sultana); Palmyra Neves (toureiro); Almerinda Barreto (marinheiro); Ocarlina Barreto (alsaciana); Percilia Eichemberg (estrella d'Alva); Cecilia Rocha (florista); Esther Galvão (flora); pagens da rainha, os meninos Franco Ferreira e David Ottoni.

Dominós: Frederico Legendre e Frederico Ottoni; e muitos outros que na occasião não foi possivel tomar seus nomes.

O salão achava-se repleto de exmas. sras. e cavalheiros. O baile terminou pela madrugada, reinando sempre o enthusiasmo. Os convidados foram cumulados de attenções pelas gentis directoras.

Esplendido e correcto esteve o baile das moças.

Hoje deve realisar-se outro baile no mesmo salão, offerecido pelas moças aos alumnos que aqui se acham."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 11 de Fevereiro de 1904, pág. 01, col. 06

domingo, 26 de novembro de 2023

Sobrenome Heser



HESER, HÖSER, HOESER - sobrenome originário do dialeto da Suábia, a partir do termo häse, haese. Designa de forma genérica tanto o alfaiate, o comerciante de roupas ou o comerciante de mantas e xales. O sobrenome é data desde o século XV.

O curandeiro de Cotia

 



Facto curioso

Facto deveras curioso é o que registra o Sãoroquense e que, si não é blague, merece a attenção dos homens da sciencia.

"Existe no logar denominado Cruz Grande, municipio de Cutia, nas proximidades da divisa deste municipio com o de S. Roque, um homem de cerca de 50 annos, de nome João Miguel, de instrucção rudimentar, que assombra ás redondesas pelos maravilhosos resultados que tem conseguido na cura das mordeduras de cobras.

Mas, o que sobretudo exalta o merito de J. Miguel é que as curas se operam sem emprego de qualquer medicamento interno ou externo.

Eis como opera o maravilhoso curandeiro:

Sendo mordido por qualquer especie de cobra uma pessoa ou animal no bairro, mandam logo á casa de João Miguel um proprio e sendo este avisado, sem dar remedio algum, faz voltar o proprio, garantindo estar curado o offendido, o que de facto dá-se infallivelmente.

Tres casos destes foram relatados ultimamente por pessoa de todo conceito e despida de toda especie de preconceito e crendice ao Sãoroquense. São elles os seguintes:

Um camarada de um cavalheiro foi mordido por uma jararaca, quando trabalhava e teve que vir para casa em uma carroça por se achar muito mal, pois bem, mandaram contar isto a João Miguel e elle sem dar remedio algum ao portador que voltasse porque o homem estava fóra do perigo, e este de facto ficou bom.

Mais tarde foi mordido um cavallo daquelle senhor e João Miguel e curou da mesma fórma. Agora, ha poucos dias, outro cavallo foi mordido por uma jararaca-ussú e curou-se pelo mesmo systema.

É, como se vê, um facto verdadeiramente curioso e digno de observação.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 08 de Julho de 1903, pág. 01, col. 02

sábado, 25 de novembro de 2023

Um caso cômico em Montenegro

 



Caso comico

O Progresso de Montenegro, publica a seguinte noticia, que fornece assumpto para uma boa farça:

"O sr. Leonardo Ernzen, morador na picada Langschneiz, no 6o. distrito deste municipio preparou em dias da semana passada um grande varal de linguiças, que depositou em sua cosinha.

Tres amigos, Damião, Mathias e João, combinaram suspender, em uma das ultimas noites, com todas as linguiças do sr. Ernzen.

Tendo, porém, elles recusado para socio da empresa um quarto companheiro de nome Leonardo, que não convinha por ser muito indiscreto; este despeitado, com a exclusão que soffrera, dirige se ao sr. Ernzen e desvenda-lhe a projectada falcatrua que o ameaçava em suas linguiças.

O sr. Ernzen logo formou um plano de fórma a apanhar esses marrecos e não lhe foi difficil achar um meio.

No sotão da cosinha onde se achava o almejado e appetitoso varal, foram postados um filho do sr. Ernzen e Leonardo, o traidor, ambos munidos de muitos baldes d'agua fria. Junto aos baldes cheios collocaram muitas latas de kerosene, vasias.

O dono da casa e um outro companheiro, armados de espingardas, ficaram á espreita na estrada por onde deviam passar os pianistas.

Assim dispostas as cousas ficaram todos na expectativa.

Geava, e o frio da noite, intenso e penetrante, fazia as vedetas bater o queixo.

Enfim, surgiu na curva da estrada o vulto da commandita, que se approxima a passo lento, rompendo a densa treva.

Pouco além do sitio onde estavam o sr. Ernzen e o seu companheiro, os meliantes amarraram os cavallos e a pé tomaram a direcção da cosinha, onde penetraram por uma pequena janella que propositalmente ficara aberta.

Eil-os na escuridão, tacteando silenciosos.

Mãos avidas tocavam já as roliças conservas.

Subito, de alto, desandam catadupas d'agua gelada; latas vasias, jogadas com força, caem com estrondo infernal sobre os infelizes. Correm, topando-se uns com os outros, caem, esmurram-se e do alto chove agua e chovem latas de kerosene vasias!

Era um chaos!

Por fim um delles atina com a janella e os outros, quaes cabritos, seguem-no numa disparada louca, em direcção aos cavallos.

Mas oh! Decepção! Os animaes estão sem estribos, sem freios, sem rabichos e sem pellegos!...

Desde logo suppondo que todos estes desastres eram causados pelo dono da casa, resolveram procural-o logo e pediram-lhe mil desculpas pela tentativa que tinham feito.

O sr. Ernzen recebeu-os cordealmente, devolveu o que tinha tirado aos cavallos, offerecendo ainda aos meliantes uma chicara de café e um assado da maldita linguiça, que tanto barulho occasionara, deixando-os depois ir em paz.

É o caso: Ir buscar lã..."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 13 de Junho de 1903, pág. 01, col. 03

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Club de Atiradores da Linha Araripe

 



Nova Petropolis

Escreveram-nos da Linha Araripe de Nova Petropolis:

"No dia 10 do corrente realisou-se a imponente festa da benção da bandeira do Club de Atiradores da Linha Araripe, de Nova Petropolis.

Estiveram presentes quatro sociedades e muitos habitantes desse districto, em tudo mais ou menos seiscentas pessoas, que foram cumprimentadas pelo digno presidente do mencionado Club, capitão João Wazlanvick. A uma hora da tarde subiu a tribuna o tenente-coronel Alfredo Steglich, rei dos atiradores da povoação de Nova Petropolis, e pronunciou longo discurso, consagrando a nova e bonita bandeira, pregando o primeiro prego na honra em honra ao Estado do Rio Grande do Sul.

Os padrinhos da bandeira foram os clubs dos atiradores da Linha Nova e da Povoação, os quaes offereceram, como prenda, duas finas fitas de seda.

Nesta occasião usaram da palavra o presidente dos Atiradores da Povoação, Augusto Dunher, e o representante dos da Linha Nova, o tenente-coronel Alfredo Steglich. Falaram ainda José Weingarten, Henrique Drecheler, José Neumann Filho e a estimada filha do sr. Alberto Sorgotz, que foram muito applaudidos.

De noite houve baile, que foi muito animado".

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Maio de 1903, pág. 01, col. 07

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

O Vaudeville no Polytheama

 



Theatros e diversões

Comedia e vaudeville

Como estava annunciado, fez hontem sua estréa, no Polytheama, o grupo artístico de vaudeville, comedia, etc., da empresa Peixoto, Assis & C., que pilhou verdadeira enchente, como ha bom tempo ali não ha.

Subia á scena o vaudeville, em tres actos, de Desvalliéres e A. Mars, musica de L. Roger - Maridos na corda bamba - peça interessantissima, repleta de situações as mais complicadas e accentuadamente comicas, que conservam a platéa em constante hilaridade, tal o verdadeiro embrulho, afinal desembrulhado no acto ultimo, que forma o bem combinado entrecho.

Do desempenho... salientou-se unicamente o popular e apreciado actor Peixoto, alma e vida do grupo artistico e que com a costumada sem ceremonia perante uma platéa que tão bem elle conhece, conservou sempre os espectadores na mais franca hilaridade.

O grupo apresentou-se excessivamente modesto, pobre mesmo de guarda-roupa, que já teve época e moda em tempos que longe vão.

A orchestra obedece á regencia do maestro Assis Pacheco.

Genero de diversão tão ao sabor do publico que frequenta os espectaculos do Polytheama, o vaudeville proporcionou applausos á troupe estreante e especialmente ao actor Peixoto.

Amanhã, será representado o vaudeville, em 3 actos, de Paul Gavult e Georges Berra, traducção do Arthur Azevedo, intitulado - Quasi!

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 22 de Agosto de 1902, pág. 02, col. 02

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

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