segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Alberto Vieira Braga


Por M.S. Gomes de Freitas

"O ilustre pelotense nasceu a 29 de dezembro de 1866 e era filho do Dr. Francisco Vieira Braga, advogado, e de D. Cecilia Ribas Braga. Formou-se em Engenharia na Escola de Ouro Prêto, então dirigida pelo douto Gorceix, com quem contraiu estreita amizade. Após, seguiu para a Amazônia e, em Manaus, consorciou-se com distintíssima jovem, pertencente a ilustre família, e que se finou prematuramente. Depois dêsse golpe rude, dedicou tôda a sua afeição ao seu único filhinho. 

Nunca sopitou os seus entusiasmos por aquela feraz região, pelos rios copiosos que a irrigam, pelas florestas majestosas da terra de Eduardo Ribeiro, cognominado o Pensador, que o distinguiu, quando Presidente do Estado do Amazonas, com o cargo de Secretário da Agricultura e Colonização, alta prova da merecida confiança em seus talentos. Sôbre a Amazônia publicou vários artigos substanciais no Almanaque Literário e Estatístico do Sr. Alfredo Rodrigues. 

Vindo para o Sul, em procura do seio amantíssimo da família, aqui consagrou grande parte do seu tempo em estudar a vida dos cientistas eméritos, dos que têm procurado conhecer de perto as estupendas riquezas de nossa pátria. Lund, em honra do qual existe em Copenhague um magnífico museu, feito quase todo de fósseis que daqui enviara, mereceu do malogrado patrício uma pequena, porém excelente biografia, inserta no Almanaque Popular Brasileiro, organizado pelo Sr. Alberto Rodrigues, que privava intimamente com o ilustre morto. Na mesma publicação estampou mais dois artigos, nos anos de 1903 e 1904, em que rendia alevantada homenagem às personalidades de Orville Derby, Emilio Augusto Goeldi, Hermann von Ihering, Carlos Hartt, Henrique Gorceix e Luiz Cruls, apontando os seus trabalhos mais notáveis aos estudiosos. Sôbre Draenert, Hussack, Theodoro Sampaio, Florence e outros, falava continuamente, sem descanso.

A sua individualidade pôs-se em brilhante destaque na conferência que proferiu na Biblioteca Pública Pelotense, onde revelou-se possuidor de um cabedal literário tão vasto, de que ninguém o suporia capaz na sua modéstia sem par. Dessa conferência, que versou sôbre o movimento científico no Estado, recebeu êle os mais calorosos e sinceros emboras, partidos de homens competentes, patrícios e estrangeiros. 

Esquivo do ruído, vivendo arredado do grande mundo, comprazia-se em conversar os livros no remanso de seu gabinete, onde compulsava autores, coligia dados e colhia preciosos ensinamentos. Foi sócio correspondente da Sociedade de Meteorologia e Física do Globo, de Bruxelas, da Sociedade Astronômica, de Paris, e da de Geografia, do Rio de Janeiro. O seu espírito não se furtava aos encantos superiores da poesia no que ela tem de elevado e nobre. Ultimamente se embevecia na leitura dos sonetos de Francisca Julia da Silva. Faleceu, a 2 de julho de 1904."

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