sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Sobrenome Hanauer



HANAUER é um sobrenome toponímico diretamente relacionado à cidade de Hanau, no estado alemão do Hesse. Não é um sobrenome vinculado ao grupo de sobrenomes judeus. Hanauer pode se referir tanto a quem é proveniente desta cidade quanto ao condado homônimo que existiu até 1870 e posteriormente foi incorporado ao Eleitorado do Hesse. 

Quando Pelotas foi capital do Rio Grande do Sul



 Noticias do Rio Grande. -

(...)

O Exm. Presidente resolvéra transferir de Porto Alegre para a cidade de Pelotas a séde presidencial, emquanto durarem as circunstancias extraordinarias do Brazil com a Republica Oriental, devendo acompanhal-o parte da respectiva secretaria.

A nosso ver é uma medida muito acertada, que S. Ex. adopta. Essa localidade é o ponto mais proximo da cidade do Rio Grande e da fronteira do Jaguarão, onde com muita brevidade póde receber communicações tanto do exercito, como da côrte do Imperio.

São menos cerca de 80 legoas de transito, ida e volta. Do Rio Grande á Porto Alegre ha de haver pouco mais de 100 legoas de distancia, e á Pelotas apenas 10 legoas; é uma differença extraordinaria. Talvez que lá para o futuro a assembléa ache conveniente mudar definitivamente a séde da provincia para a elegante e vasta cidade de Pelotas.

Fonte: O DESPERTADOR (Desterro[Florianópolis]/SC), 09 de Dezembro de 1864, pág. 01, col. 01

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Sobrenome Justen



JUSTEN é uma forma comum e variante de Justin (Justino em português). É comum às línguas germânicas, neerlandesa, francesa e também pode aparecer no inglês. No caso, se tua ascendência for alemã, é mais provável que seja originário da região do Sarre ou do Palatinado. 

O deus Tupã



 Muito mais vago que o Olorum dos negros nagôs, era o Tupã dos ameríndios brasileiros.

Era como o Sita dos árias, o Ma dos egípcios, o Tau dos chineses, o Morai dos gregos, entidade acima das contingências humanas, inacessível às súplicas, indiferente aos destinos terrenos. Não tinha a manifestação inicial dos cultos primitivos, que é a lenda explicativa, o conto etiológico. Não fazia milagres nem tinha forma.

Era Tupã o que os folcloristas ingleses chamam Nature God, personificação abstrata de forças cósmicas, com atuação meteórica, sem interferência na vida sublunar. Pertencia à fase inicial das religiões. Era um elemento que Durkheim dizia préanimiste. Lévy-Bruhl escreve que, nas sociedades primitivas, todas as funções de presença de seres sobrenaturais. E como toda participação tende a ser representada nos fenômenos meteorológicos, que deviam impressionar maiormente aos indígenas, era natural que certos seres fossem apontados como dirigindo o trovão, o raio, o relâmpago e a chuva. Antes, esses fenômenos seriam deificados intrinsecamente. Na fase atual é que a diversificação se completa.

O trovão podia ser um simples fenômeno, o trovão mesmo, deixar de representar outra entidade, possivelmente o espírito diretor do fenômeno. É a aplicação da lei da participação que Lévy-Bruhl enunciou.

Quando o padre Manuel da Nóbrega, o grande catequista, chegou ao Brasil em 1549 e o estudou, sua impressão, lealmente expressa numa carta ("Informação das Terras do Brasil, nas Cartas do Brasil, Rio, 1931, p. 99), revela a perfeita ausência de culto e de personalidade das trovoadas:

Essa gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhecem a Deus; somente aos trovões chamam Tupane, que é como quem diz cousa divina. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus que chamar-lhe Pai Tupane.

O huguenote francês Jean de Léry tivera a mesma observação e praticara processo idêntico:

Quando o trovão ribombava, a que chamavam Tupã, assustavam-se e nós aproveitávamos o lance para dizer-lhes que era Deus que assim fazia tremer o céu e a terra, a fim de mostrar sua grandeza e poder.

Gandavo notara o mesmo:

Nam adoram a cousa alguma, nem têm para si que há depois da morte gloria par bons, e pena para maus.

O padre Fernão Cardim alude que:

... não têm nome próprio com que expliquem a Deus, mas dizem que Tupã é o que faz os trovões e relâmpagos, e que este é o que lhes deu as enxadas e mantimentos, e por não terem outro nome mais próprio e natural, chamam Deus Tupã.

O padre Cláudio de Abbeville rezava pela mesma cartilha:

... os tupinambás não tinham espécie alguma de religião, pois não adoravam um Deus, celeste ou terrestre, nem o ouro e a prata, nem a madeira e pedras preciosas ou outra qualquer cousa.

O franciscano André Thevet endossa o depoimento:

Elle a esté habitée et est habitée pour le iourd'huy, outre les Chrestiens, qui depuis America Vespuce l'habitent, de gens merueilleusement estranges et sauvages, sans foy, sans loy, sans religion, sans civilité aucune, mais vivans comme bestes irraisonnables, ainsi que nature les a produit.

Ivo d"Evreux escreve:

Estes selvagens sempre chamaram Deus - Tupã, nome que dão ao trovão (Viagem ao Norte do Brasil, Rio de Janeiro, 1929, p. 291).

O padre José de Anchieta (Cartas, informações, etc. Rio, 1933, p. 331) na Informação do Brasil e de suas Capitanias, datada de 1584, registra a crença inalterável quase. Mas, 34 anos são passados em ensinança religiosa intensa e já surge um indício de adaptação. Os trovões significam alguma coisa:

Nenhuma criatura adoram por Deus, somente os trovões cuidam que são Deus, mas nem por isso lhes fazem hora alguma, nem comumente têm ídolos nem sortes, nem comunicação com o demônio, posto que têm medo dele, porque às vezes os mata nos matos a pancada, ou nos rios e, porque lhes não faça mal, em alguns lugares medonhos e infamados disso, quando passam por eles, lhe deixam alguma flecha ou penas ou outra coisa como por oferta.

Essa identificação dos trovões com Tupã e este com um deus vai se destacando, vagarosamente. Já em 10 de agosto de 1549, no mesmo ano de sua chegada, o padre Nóbrega escreve ter encontrado um Pajé que se dizia amigo pessoal de Deus

e que aquele Deus dos céus era seu amigo e lhe aparecia frequentes vezes nas nuvens, nos trovões e raios (Cartas do Brasil, p. 59).

Quando o mito de Tupã conseguiu infiltrar-se no espírito do selvagem, não pôde ficar imune de influências estranhas. O próprio Thevet dá várias interpretações ao Tupã naquele começo do século XVI. Nas Les Singularitez de la France Antarctique (ed. Gaffarel, Paris, 1878, p. 134) nega a presença da religião. À p. 138 fala em Tupã:

Noz Sauuages font mention d'un grand Seigneur, et le nommét en leur langue, Toupan, lequel, dissent-ils, estant là haut fait plouuoir et tonner: mais ils n'ont aucune maniere de prier ne honnorer ne une fois, ne autre, ne lieu à ce propre.

São as palavras de Anchieta. Mas o franciscano, nos inéditos de que Alfred Métraux revelou alguns trechos (La Religion des Tupinamba, Lib., Ernest Leroux, Paris, 1928, p. 52), confidencia deduções novas:

Ils appellent Toupan, et ne croyent point qu'il aye puissance de faire pleuvoir, tonner, ou donner beau temps, ny mesmes leur faire venir aucun fruit.

É, evidentemente, um Nature God...

O Tupã, mesmo batizado pela mão venerável do Jesuíta, ficou com sangue bárbaro, cheirando às crendices locais e nem sempre conservando hábitos católicos. Com o passar dos tempos, mesmo para tribos que souberam do trovão deificado ou de Tupã consciente, o mito tomou forma de crença, mas o culto nunca chegou a ser praticado.

Fonte: CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global, 2012, pág. 59-61. (edição digital)

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Sobrenome Santana



SANTANA - é um sobrenome de inspiração religiosa, mas que é poligenético, isto é, tem várias origens diferentes e apresenta diferentes vertentes. Eu elenquei as seguintes:


1 - O sobrenome atribuído a um enjeitado, órfão, sem pai ou família conhecida. Isto foi comum tanto em Portugal quanto na Espanha.

2 - Um sobrenome português madeirense toponímico relacionado à cidade de Santana, na Ilha da Madeira.

3 - Um sobrenome espanhol medieval surgido numa ramal da linhagem dos marqueses de Camarasa, originário do antigo Reino da Galícia.

4 - Um sobrenome espanhol iniciado no século XVI por José María de Moro y Pantoja, cavaleiro real de Granada, Espanha. 

Proibição do entrudo em Rio Grande

 



A Camara Municipal da Villa do Rio Grande resolveu a seguinte Postura:

Fica prohibido o jogo do entrudo: Todos os que molharem, ou enxuvalharem á qualquer pessoa, seráo multados de quatro a dose mil reis. Não tendo o infractor com que pagar, ou sendo escravo que seu Senhor o não mande castigar na prisão com cincoenta açoutes, será comdemnado em quatro dias de prizão. Os escravos seráo presos em flagrante pelas patrulhas, e encarregados da Policia, os quaes ficão authorisados a inutilizar os limões de cheiro, e qualquer especie, ou instrumento destinado ao jogo de entrudo. Salla da Camara Municipal da Villa do Rio Grande em Sessão extraordinaria 29 de Outubro de 1833.=Anacleto José de Medeiros=Francisco Xavier Ferreira=João da Costa Goularte=Ignacio José de Oliveira Guimarães=Antonio Francisco dos Santos Abreu=Manoel Nunes Pires.

(Está conforme)

Francisco José das Neves,

Secretario interino.

Fonte: O NOTICIADOR (Rio Grande/RS), 04 de Novembro de 1833, pág. 03, col. 02

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Sobrenome Uhry



UHRY é um sobrenome judaico, mas também um sobrenome cristão. Isso acontece porque ele é poligenètico, tem diferentes origens em diferentes momentos e lugares. Vamos lá:


1 - Como sobrenome mais vinculado a pessoas de etnia judaica, ele é um toponímico da aldeia homônima, no distrito de Horodok, oblast de Lviv, Ucrânia. A região possui uma população judaica de fala germânica, dado às migrações colonizatórias que aconteceram entre os séculos XVII e XVIII.

2 - Um patronímico curto do nome germânico Ulrich (Ulrico em português). É mais próprio da Saxônia-Anhalt, Alemanha.

3 - Um toponímico relacionado à localidade de Uhry, na cidade de Königslutter am Elm, Baixa Saxônia, Alemanha.

4 - Um toponímico relacionado à aldeia da cidade de Pribyslav, no distrito de Havlíckuv Brod, república Tcheca.

5 - Um toponímico relacionado à região de Uhrig, na Alsácia francesa. As formas Uhri ou Uhry são dialetais e correspondem a este lugar. 

Pelourinho Punk

 



Departamento Jovem do Clube Juvenil realiza hoje, às 23h30min, a tão esperada promoção denominada "Pelourinho Punk", com seleção musical da noite à cargo do discotecário Rocha Netto, com muito rock e new wave nos subterrâneos do aristocrático. Não-sócios pagam pelos convites Cr$ 1.500,00 e feminino Cr$ 700,00.

Punk é a moda extravagante, originária da Inglaterra e se caracteriza pela deformação numa atitude de agressão às diferenças sociais, ao desemprego, etc.

Essa deformação está desde os cortes de cabelo (só de um lado, ou só no topo) até a coloração, que vai do amarelo, verde, vermelho, bordô, azul... Ainda as tatuagens ou pinturas pelo rosto e no corpo. Nas vestes, do couro ao maltrapilho e incompleto e ainda o uso de correntes, grito a opressão. Por isso, os promotores pedem a todos que estejam vestidos com a moda punk e as 10 melhores caracterizações receberão a camiseta exclusiva da festa.

Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), 04 de Junho de 1983, pág. 04

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Sobrenome Mernick



Mernick é o nome alemão da aldeia de Merészpatak, no distrito de Vranov nad Topl'ou, na região de Presovský, Eslováquia. Portanto, é um sobrenome toponímico. 

Prisioneiros de guerra no Brasil

 



PRISIONEIROS PAARAGUAYOS

Na data do relatorio do Sr. ministro da guerra, existiam no Brasil 2,468 prisioneiros paraguayos.

Destes são: coroneis, 2; tenentes-coroneis, 1; majores, 3; capitães, 7; tenentes, 36; alferes, 84. Os demais são inferiores e soldados.

Daquelles 2,468 estam nas provincias do Pará, Pernambuco, Bahia, Espirito Santo, Santa Catharina e Rio Grande do Sul, 283. O resto 2,183 acha-se distribuido por varios estabelecimentos da côrte, sendo cerca de 1,000 nas fortalezas.

Fonte: A REFORMA: ORGÃO DEMOCRATICO (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Junho de 1869, pág. 02, col. 05

domingo, 25 de setembro de 2022

Sobrenome Miers



MIERS é uma forma patronímica e hipocorística eslava de nomes próprios como Wladimir, Salwomir, Ljubomir, Kasimir, Miroslav, etc.  

A Rainha N'Zinga



 A rainha N'Zinga tinha já 58 anos quando os holandeses conquistaram a cidade de São Paulo de Luanda, em 1641. A sua era uma longa história de diplomacia e guerras. "Uma guerreira astuta e prudente", segundo um oficial holandês com quem conviveu, "tão obcecada por lutas que raramente se exercita de outra forma; tão valente quanto generosa: jamais machucaria um português após suas rendição e trata escravos e soldados da mesma forma".

N'Zinga era uma mulher em cargo masculino que como homem se portava. Vestia-se de homem e fazia com que seus 50 ou 60 concubinos se vestissem de mulher. Não permitia que a chamassem de rainha; era rei. Certa vez, quando bastante jovem e ainda era seu irmão que estava no comando de N'Dongo, N'Zinga foi em missão diplomática negociar uma trégua com o governador português em Luanda. Não lhe ofereceram cadeira; N'Zinga não teve dúvidas: mandou que um escravo ficasse de quatro no chão e, durante todo o encontro, enquanto o governador esteve sentado, também ela sentou-se.

Os povos que os portugueses encontraram na África não tinha do primitivismo tupi. Os bantos dividiam-se numa variedade de reinos, a maioria fiéis ao imperador do Congo. Se não tinham a escrita, dominavam quase todas as outras tecnologias de trabalho de metal, cerâmica e tecelagem e organizavam-se numa política complexa. Quando os europeus passaram a agir no continente, entre os séculos XV e XVI, a África estava em guerra, a caminho de organizar-se em grandes nações. O Império do Congo era uma delas, e seu imperador converteu-se ao catolicismo luso.

Próximo a Luanda ficava o N'Dongo, que seguiu independente. Os portugueses trataram de dobrá-lo, mas N'Zinga reuniu seus exércitos e conquistou o reino vizinho de Matamba. Embora já não tivesse domínio do N'Dongo, ainda era vista por boa parte dos seus como a monarca legítima.

Mais de um governador português tentou providenciar sua morte - no entanto, vencidas umas batalhas, perdidas outras, N'Zinga terminava sempre viva, sempre forte, sempre no comando em algum lugar. Em vida, ela apresentou-se a diplomatas e generais os mais diversos como a católica batizada Ana de Souza, ou a rainha em busca de tréguas, ou a canibal em fúria - e era tudo isso. Não à toa, quando os escravos bantos da Bahia apresentaram aos brasileiros seu jogo de capoeira, o princípio da luta era a ginga: a manemolência de estar sempre no mesmo lugar e sempre movimento, sempre sorrindo e sempre na ofensiva, um contínuo em pé estando fluido. "Ginga", a palavra, vem de N'Zinga, a rainha.

Do ponto de vista europeu, a história conta que Angola era dos portugueses. Então os holandeses dominaram o terreno, e aí seguiu a reconquista. E, contado assim, parece que brancos diversos lutaram enquanto os negros escravos futuros observaram. Mas não foi. A habilidade holandesa foi a de aceitar o acordo que N'Zinga havia proposto antes aos portugueses: que não cassassem escravos em seu reino, que não interferissem na política local, que fornecessem armas. Em troca, ela cuidaria do fornecimento continuado de escravos vindos de suas outras guerras. Assim, conquistada a pequena Luanda, com o apoio de N'Zinga os holandeses conseguiram sufocar até quase eliminar a presença portuguesa na terra dos bantos.

A rainha N'Zinga já tinha chegado aos 65 anos, há 41 no poder, e ainda comandava, seus exércitos à frente, embrulhada em suas peles de leopardo - tinha talvez até fome de carne humana - quando seu novo adversário português chegou ao costão africano. A essas alturas, quase todos os reinos já eram fiéis ou a N'Zinga ou aos holandeses. Até o Congo, que a um tempo pareceu irremovível na coluna portuguesa, tinha já se bandeado. Apenas dois reino muito pequenos continuavam aliados de Lisboa. Só que o novo governador de Angola não era como os anteriores. Este novo poderia ser descrito da mesma forma que N'Zinga: um guerreiro astuto e invicto.

✤✤✤✤✤

Salvador Corrêa de Sá e Benevides vinha do Brasil. Quando deixou Lisboa nomeado para o cargo africano, carregava duas ordens distintas. Oficialmente, deveria obedecer o cessar-fogo com os holandeses e teria a sua disposição uns 600 homens, angariados entre Portugal e Madeira. Mas d. João IV não nomeou alguém com suas aptidões militares com nenhum outro objetivo que não o da reconquista de Angola.

Era um período crítico: as informações recebidas da Holanda faziam crer que se preparava uma grande expedição, 53 navios, 6.000 homens, que viriam apoiar a colônia no Brasil. Quando Salvador chegou ao Rio, não faltou quem lhe recomendasse prudência. Depois de terem dominado Pernambuco, de terem quase controlado a Bahia, os holandeses talvez quisessem o Rio. O próprio Salvador hesitou - mas o padre João d'Almeida teve uma visão e disse que deveria seguir para a África.

De Lisboa, Salvador tinha partido com cinco navios, umas centenas de homens angariados nas cadeias - "dos piores", segundo Benevides - e pouco dinheiro. Na Bahia, o governador-geral havia dado ordens para que um imposto sobre o açúcar fosse instaurado para financiar sua expedição. Mas Salvador achou melhor pedir o empréstimo voluntariamente. O dinheiro veio. Um dos homens ricos do Rio chegou a levar sua contribuição acompanhado de uma banda. A generosidade carioca e paulista permitiu que Salvador deixasse a Guanabara rumo à África, em 12 de maio de 1648, com 15 navios e 1.400 homens.

E os holandeses deram dois passos em falso. Em Pernambuco, o governo do Brasil holandês ofereceu-se para interceptar a esquadra de Salvador. A chefia europeia julgou que não havia necessidade. Consideravam que a missão, composta de mais índios do que brancos, não tinha qualquer chance. A notícia de que estavam a caminho, no entanto, não chegou a tempo em Luanda, Salvador teve sorte. Quando deu na costa angolana, em agosto, capturou dois pescadores de quem soube que o governador Symon Pieterszoon estava no interior, acompanhado de pelo menos metade de seus homens e mais N'Zinga, numa marcha para eliminar de vez o bastião português. As duas centenas de homens que restaram, ao ver a frota chegando, deixaram Luanda e abrigaram-se nos pequenos fortes em dois morros próximos à cidade.

No dia 15, Salvador Corrêa de Sá e Benevides simplesmente marchou sobre a capital da Angola acompanhado de 800 soldados e 200 marinheiros. Nos navios, deixou uma série de manequins à proa que foram confundidos com mais gente por quem estivesse assistindo de longe. No dia 16, avançou contra o forte de um dos morros. Não conseguiu muito. Então planejou um segundo ataque, organizado em três colunas. Duas avançariam sobre o forte mais protegido por dois lados diferentes, a terceira contra o segundo forte. Mas, na madrugada do dia 17, contando apenas com ampulhetas para marcar o tempo, os ataques seguiram dessincronizados, um após o outro, facilitando aos holandeses a resistência. O fiasco terminou com 150 homens mortos do lado carioca, três do holandês.

E aí os holandeses levantaram a bandeira branca.

Talvez tivessem os canhões avariados, talvez tenham acreditado que os cariocas eram inúmeros, dados os manequins. Talvez simplesmente não estivessem dispostos a lutar até a morte. Após negociações, assinaram a rendição no dia 21. Marcharam em retirada no dia 24, mesmo dia em que, esbaforido, o governador Pieterszoon voltava do interior sem mais qualquer chance de nada que não aceitar o fato consumado. Repentinamente sem aliados, a rainha N'Zinga retirou-se para o interior. Mais de dez anos depois, finalmente assinou um tratado de paz com os portugueses. Morreu ainda no trono, sucedida por uma irmã. Tinha 80 anos.

Fonte: DORIA, Pedro. 1565 - Enquanto o Brasil nascia: a aventura de portugueses, franceses, índios e negros na fundação do país. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, pág. 174-176.

sábado, 24 de setembro de 2022

Sobrenome Fischmutter



Fischmutter é literalmente "mãe do peixe". O que encontrei a respeito é que era uma espécie de rede abalonada usada por pescadores no litoral do Mar do Norte até o século XIX. Então, é uma espécie de técnica de pescaria. Foi somente o que achei. 

Colônias no Rio Grande do Sul em 1877



 (...)

Quatro são as colonias do Estado no Rio Grande. Tres sobre a serra geral e segregadas aos centros consumidores por falta absoluta de estradas - Caxias a mais importante com uma população de perto de 5 mil almas, italianos e tyroleses que se occupam da lavoura dos cereaes especialmente trigo e centeio, que muito bem produz ali, fica ao norte do porto de S. João do Cahy, é colonia nova e está em via de organisação - Deu-se nessa colonia ultimamente um desagradavel incidente devido a imprudencia de algumas praças que querendo apasiguar um conflito foram compellidas a travar luta de que resultaram duas mortes e alguns ferimentos; a presidencia foi em pessoa syndicar de ocurrencia, mas, não publicaram as folhas da provincia as causas verdadeiras de tal desastre.

Conde d'Eu, sobre a margem sul estrada de S. João a Vacaria, tem 3500 habitantes de origem italiana, está em organisação por ser colonia nova bem como D. Isabel que a ella se liga pela mesma estrada; esta é habitada por mais de 2500 habitantes, necessitão essas colonias de estradas que as liguem a S. Sebastião, Monte Negro e Taquary, necessidade tanto mais urgente quanto mais se precisa de dar trabalho a grande numero de chefes de familias alli recem-chegados e que desse auxilio carecem para manter-se. Com o systema de dar subsidios aos emigrantes nessa provincia por seis e mais mezes tem-se olvidado de dotar suas colonias de um systema de viação senão bom ao menos regular. Todas essas colonias dotadas de clima ameno, e terras ferteis para cultura de generos Europeus terem diante de si futuro semelhante á de S. Angelo (Provincial), sobre o rio Jacuhy, com sua população 2048 emigrantes laboriosos e felizes por sua prosperidade.

Sua exportação foi avaliada em mais de 85 contos, sendo a importação superior a 53 contos!

Nova Petropolis, florescente colonia provincial, tem 1,469 habitantes allemães em sua quasi totalidade; está fundada sobre as serras que bordam o "Cahy" e fronteira ao nucleo Caxias. Exportou generos no valor de 117 contos e importou no de 57:000$.

Mont'Alverne (provincial) tem 644 colonos e floresce. Produzem todas fumo e cereaes em quantidade avultada.

S. Lourenço é a mais importante colonia particular que existe na provincia. Tem 5130 habitantes em 737 fogos são allemães e acatholicos: produz todos os cereaes com especialidade centeio, cevada e trigo. O valor da exportação se bem que não tivesse sido abundante elevou-se  (1876) a 350 contos.

Alem dessas existem mais diversas colonias particulares sobre o rio Taquary, de propriedade de C. Bastos, e outras que florescem regularmente.

No municipio de Santa Maria da Bocca do Monte em excellente local, fixou-se um nucleo onde se estabeleceram os russos-allemães, catholicos e protestantes, mas induzidos áquelles por agentes argentinos, que desacorçoados de conseguil-os da Europa, envidaram todos os esforços para com promessas inexequiveis, obtel-os, deliberam-se a abandonar seus lotes e seguir para Porto Alegre, d'onde pretendiam ir para o Prata. A presidencia, pro previdente, fez abortar esse plano prohibindo a sahida aos que devessem ao Estado.

Fonte: O CRUZEIRO (Rio de Janeiro/RJ), 02 de Janeiro de 1878, pág. 02, col. 05

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Sobrenome Pinsky



PENSKI, PENSKE, PINSKY, PINSKE - todas são formas toponímicas relacionadas à cidade de Pinsky, na Polônia. 

Um monstro marinho em exposição no Hotel Brasil

 



Monstro marinho - Acha-se em Pelotas o sr. R.J. Campbell, portador de um monstro marinho capturado no canal de S. José e o qual vae ser exposto no sala terrea do Hotel Brasil.

O monstro mede 2 metros e 60 centimetros por 2 metros e 30 de amplitude, pesando 600 kilos.

Dá-se-lhe uma existencia de 300 annos e foi mumificado pelo systema egypcio.

A exposição será por poucos dias.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 09 de Agosto de 1927, pág. 05, col. 01

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Sobrenome Witschask



WITSCHAS, WITSCHASK, WITSCHASKI, WITSCHASKY são sobrenomes sorábios derivados do termo "wicaz" que significa agricultor livre, agricultor não-servil, camponês livre de obrigações feudais, normalmente dono da própria terra. 

Hotel Brazil de Pelotas em 1910


 Chegada do deputado Monteiro Lopes à cidade de Pelotas em 1910, em recepção de populares locais defronte ao antigo Hotel Brazil.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Sobrenome Schatzmann



SCHATZMANN, SCHAZMANN é tesoureiro. Serve para designar o administrador dos bens monetários de um senhor feudal, burgo, associação ou comunidade. Também serve para designar cambista ou mesmo banqueiro (no contexto medieval). É um sobrenome que aparece mais relacionado a famílias cristãs, mas pode sim ser encontrado em famílias judaicas.

As duas formas são encontradas em toda a Europa da língua alemã. 

A Casa de M'Bororé

 



Na região missioneira do Rio Grande do Sul as lendas são comuns ao Uruguai e Argentina. Vêm todas do ciclo das grandes guerras, quando os jesuítas foram obrigados a ir deixando terras e posses onde haviam imprimido o inapagável acento de sua atividade inesquecível. O método do jesuíta era uma obstinada organização do trabalho, a ordem inflexível, diária e completa, o cuidado minucioso e sereno na administração. A lenda multiplica sua riqueza e onde o padre saiu ficou um rastro de ouro atraindo os olhos ávidos. Subterrâneos, poços, casas, torres, são esconderijos que esperam uma ressurreição de suas entranhas de pedrarias, alfaias cintilantes, montões de moedas, barras de ouro, imagens de prata, armas fabulosas e ainda roteiros para novas minas, novos tesouros, novos deslumbramentos. As Sete Missões no Rio Grande do Sul são centros de interesse para os sonhos das "botijas", malas, jarrões, caixas, tudo repleto de ouro. Como, no acervo conhecido, as riquezas incalculáveis não apareceram, ninguém acredita que o jesuíta as tenha levado mas as escondera nos rincões desertos ou abruptos. Os índios fiéis foram indicados para sabedores desses segredos de Golcondas perdidas nos cerros e encostas gaúchas, no fundo frio das lagoas imotas, sob a muralha de pedras. Os índios sabem do segredo mas não trairão a confiança. Não dizem. Não confiam. Não desertam. É muitos ficaram vigilando, no meio do mistério secular, os montões que enriqueceriam países inteiros.

A Casa de M'Bororé pertence a este ciclo. É uma casa branca, erguida na mata, num termo que ninguém sabe onde fica. Certo que deve existir porque os "antigos" sempre falaram no caso. É um casarão ermo, caiado, escondido, plantado numa lombada. A casa está repleta de barras de ouro, de prata, de alfaias, imagens, em pilhas, em montes, em rumas. Nos corredores jazem lotes de surrões, carregados de moedas. É a mesma estória dos tesouros de Quimivil e Culumpajao, as Casas Brancas que esperam seu descobridor em Uruguai e Argentina.

O rondador da casa branca dia e noite anda em redor dela; é um índio velho, cacique que foi, M'Bororé, de nome, amigo dos santos padres das Sete Missões da serra, que dá vertentes para o Uruguai.

Os padres foram tocados pra longe, levando só a roupa do corpo... mas a casa branca já estava feita, sem portas nem janelas... e M'Bororé, que sabia tudo e era cacique, de noite, e precatado, com seus guerreiros, carregou de todos os lugares para aquele as arrobas amarelas e as arrobas brancas, que não valiam a caça e a fruta do mato e água fresca, e pelas quais os brancos de longe matavam os nascidos aqui, e matavam-se uns aos outros.

M'Bororé desprezava essas arrobas; mas como era amigo dos santos padres das Sete Missões, guardou tudo e espera por eles, rondando a casa branca, sem portas nem janelas.

Ronda e espera... (J. Simões Lopes Neto - Lendas do Sul, p. 75)

O padre Carlos Teschauer, S. J., saudosíssimo mestre do Folclore gaúcho, escreveu apenas que "Outro suposto depósito de ouro era A Casa Branca sem portas nem janelas de M'Bororé no Alto Uruguai. Na región misionera argentina, M'Bororé deixou de ser o vigia para transformar-se em topônimo. M'Bororé é o local escolhido pelos jesuítas, expulsos pelo Rei D. Carlos III d'Espanha, para esconderijo dos tesouros.

Es creencia muy arraigada en las gentes de Misiones que los jesuítas, al ser expulsados, amontonaron todos sus tesoros en un pueblo que precaucionalmente habían hecho construir ex profeso em medio de la selva virgen y de cuya existencia sólo ellos tenían conocimiento, pues los que actuaron en su construcción desaparecieron.

Este pueblo, llamado Emboré, tenía sus casas sin puertas ni ventanas, y la entrada a ellas se hacía por subterráneos, cuyas bocas estaban ocultadas escrupulosamente. Los que transportaron los tesoros, que según las gentes de allí sobrepasaron en valor y cantidad a todos los que refieren los cuentos de las mil y una noches, desaparecieron a su vez y con ellos los rastros que conducían al famoso Emboré, perdido desde entonces entre las sombras de la selva impenetrable y las densas nubes de la leyenda (Juan B. Ambrosetti - Supersticiones y Leyendas, p. 124, Buenos Aires; s/d).

Fonte: CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global, 2012, pág. 268-269. (edição digital)

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Sobrenome Zurawski



Sobrenome polaco, listado entre os 200 mais frequentes em língua polonesa, que provém do termo zuraw que significa "guindaste" ou mais especificamente dentro do contexto histórico uma espécie de moinho medieval que tritura os grãos por meio da força da gravidade e não por impulso hidráulico (lembra aproximadamente o monjolo do Brasil rural). Portanto, um moleiro que utiliza esse sistema de moagem de cereais.

Pode ainda corresponder ao som de um pássaro da fauna europeia, metaforicamente servindo para pessoa de voz alta, estridente ou de comportamento extrovertido.

Por fim, pode ser um toponímico referente aos seguintes locais na Polônia:

* Źuraw, nome de aldeia verificado nos antigos condados de Wielun, Sieradz, Czestochowa, Lubartow e Rzeczycki.

* Źurawa, nome de aldeia verificado no antigo condado de Berdyczów.

* Zuraw, antiga aldeia no extinto condado de Czestochowa.

Variantes: ZORAWSKI, ZURAWSKA, ZURAWSKICH, ZURAWSKIE, ZURAWSKIEJ, ZURAWSKIM, ZURAWSKIMI, ZURAWSCY.

O sobrenome e suas variantes também são verificados no Leste da Alemanha, Ucrânia, Bielorrússia e Países Bálticos.

Sobrenome Urbanski



URBAINSKI ou URBANSKI é um patronímico polonês do nome Urban (Urbano em português). Ele ocorre de modo frequente em toda a Europa Oriental e também na Alemanha. Urbanski é o trigésimo sobrenome mais comum da Polônia. 

Figueirinhas, Capão do Leão/RS


 Figueirinhas, interior do município de Capão do Leão, Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Sobrenome Brehm



BREHM, BREM, BREHMM, BREMM, BREHME- o mesmo que freio em alemão. Forma metafórica para pessoa irrequieta, insistente ou mal-humorada.

Também pode ser um toponímico para o alto alemão medieval brǎme que significa arbusto espinhoso, arbusto de amora, arbusto usado para fazer vassouras. Designando assim uma pessoa que habita um local com essas características. 

Ainda, pode ser um toponímico relacionado aos seguintes locais na Alemanha:

* Brehm, uma aldeia no município de Magdeburg, Saxônia-Anhalt;

* Brehm, uma aldeia no município de Heinsberg, Renânia do Norte-Vestfália;

* Brehme, aldeia no distrito de Eichsfeld, Turíngia.

Pode ainda ser um patronímico do nome arcaico Bramo, que se tornou em completo desuso na Europa de língua alemã.

Por fim, na antiga língua saxônica, pode ter relação com o vocábulo brem ou braem que significa borda, fronteira, designando assim uma pessoa que vive na fronteira de um feudo ou domínio medieval.

Não é um sobrenome predominante judeu na maioria das linhagens. Depende de uma pesquisa genealógica.

Sobrenome Montowski



MONTOWSKI é um sobrenome toponímico relacionado à aldeia de Montowo, no município de Grodziczno, distrito de Nowe Miasto, voivodia da Vármia-Masúria, Polônia. 

O Pirata da Barra do Sul

 



O Sr. Manoel Moreira da Silva chamou á responsabilidade uma pequena folha com o titulo de Livro Negro; e isto porque juncto ao nome d'esse senhor estavam as palavras - ex-pirata da barra do Sul.

Diz o adagio que - quem não quizer ser lobo não lhe vista a pele - : e pois se o Sr. Moreira não queria contrahir na opinião publica este conceito e esta fama, que é geral aqui e em toda a provincia do Rio Grande, era não dar occasião a isso.

Ha por aqui milhares de pessoas que conheceram ao Sr. Moreira remando em uma pequena canôa; e ao cabo de alguns annos viram-o voltar com uma soffrivel fortuna, hoje aliás muito abalada, porque é muito certo o adagio, que diz - o que o diabo traz o diabo leva.

A origem d'essa fortuna, como o proprio Sr. Moreira tem explicado sem misterio, provem do illicito e criminoso contrabando de negros buçaes, que esse senhor passava, recebendo uma onça e mais por cada um e isto quando era pratico da barra do Rio Grande do Sul.

A tal ponto levou o Sr. Moreira a sua industria que o corpo do commercio representou contra elle; e é tal a fama que deixou n'aquella provincia, que querendo voltar para lá, e obter de novo a praticagem, como premio dos serviços feitos á eleição do Sr. Lamego, os deputados e senadores d'aquella provincia se levantaram em massa contra esta pretenção, que o respectivo ministro repelliu cathegoricamente.

Esta inculpação de pirataria feita na imprensa ao Sr. Moreira é materia velha e passada em julgado; e ninguem melhor do que esse senhor tem consciencia d'isto; mas na conjunctura actual era precizo um instrumento para certa trica eleitoral; e a policia brusca disignou ao Sr. Moreira para bode votivo.

O Sr. Moreira fez mal em prestar-se a esse maneo, por que não surtirá o desejado effeito; e a inculpação de pirata não se lavará nem com toda a agoa da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul.

O responsaval do artigo está disposto a provar em juizo a qualidade de pirata atribuida ao Sr. Moreira, quanto pratico da barra do Rio Grande. Parece-nos que a prova não será difficil, pois quem cabras não tem e cabritos vende de algures lhe vem; e a fortuna, hoje em physica de primeiro gráo, que trouxe o Sr. Moreira, de certo não foi o resultado do seu modesto salario. O seu fausto, a sua fidalguia nunca deixaram de exalar catinga de negro novo.

Fonte: O MERCANTIL (Desterro/SC), 09 de Novembro de 1861, pág. 01, col. 01-02

domingo, 18 de setembro de 2022

Sobrenome Twardowski



TWARDOSKI ou TWARDOWSKI é um sobrenome toponímico relacionado a dois locais na Polônia: a aldeia de Twardowo, na voivodia de Poznan; a aldeia de Twardów, na voivodia de Kalisz. Ainda, pode ser um sobrenome metonímico que significa "duro". Twardy em polaco tem esse significado. 

As cores do Sport Club Internacional

 



A escolha das cores vermelha e branca é outro capítulo interessante da história do Inter. Qualquer clube, ainda mais um clube esportivo, no fundo é uma simulação de um exército, e o confronto de clubes rivais simula uma guerra - isso é evidente. Basta lembrar as guerras antigas, em que as facções em disputa se identificavam com cores e emblemas característicos. É que as cores, o uniforme, os cantos de torcida, tudo isso tem um papel de enorme importância simbólica. No nosso caso, a escolha teve um componente de rivalidade que nada tinha a ver diretamente com o futebol. Na época, havia em Porto Alegre duas associações carnavalescas de grande torcida - a Sociedade Esmeralda Porto-Alegrense, que tinha como cores predominantes o verde e o branco, e a Sociedade Venezianos Carnavalescos, que usava as cores vermelha e branca. Havia também outras, algumas de nomes brincalhões, como Club Saca-Rolhas, Clube Jocotó, Sociedade Floresta Aurora, Sociedade Germânia e muitas outras, que duravam pelo menos alguns anos (Grupo dos Congos, Vagalumes, Roxa Saudade, Cotubas, Boêmios, Satélites de Momo, Bilontras, Caraduras, etc.); mas aquelas duas tinham mais força. Uma e outra dividiam as preferências, e as duas estavam representadas entre os que se reuniram para fundar o Inter. Quando chegou a hora da escolha das cores - vamos lembrar que isso se passou em abril, meses depois do Carnaval, que em 1909, segundo consta, tinha causado até brigas físicas entre integrantes das duas sociedades -, e após a definição do nome, houve uma divisão entre os presentes, que correspondia à divisão entre os adeptos das duas sociedades: uma ala quis verde e branco, outra quis vermelho e branco; acabou vencendo a segunda opinião, em favor do encarnado sanguíneo e do branco vitorioso. O resultado desagradou tanto os esmeraldinos que alguns chegaram a se retirar do recinto, deixando de assinar a ata - pelo menos é o que relata um dos presentes do dia, Napoleão Gonçalves. (A história dessas duas associações não é totalmente conhecida, mas é certo que elas eram bem antigas, fundadas que foram em 1873. Com algumas interrupções, elas e outras agremiações carnavalescas promoveram desfiles de rua em Porto Alegre, com carros alegóricos decorados, fantasias e charangas, pelo menos até 1912).

Fonte: FICHER, Luís Augusto. Dicionário Colorado. Caxias do Sul/RS: Belas-Letras, 2011, pág. 61-62.

sábado, 17 de setembro de 2022

Sobrenome Cologna



COLOGNA é um sobrenome italiano que significa simplesmente colônia. É um toponímico (referência a nome de lugar). A questão é que existem doze lugares na Itália com a palavra Cologna e um lugar na Suíça italiana. O mais provável é que, talvez no seu caso, este COLOGNA venha de Cologna Veneta (https://it.wikipedia.org/wiki/Cologna_Veneta), na província de Verona, região do Vêneto, Itália. Faço esta consideração porque, no caso do Brasil, houve muitas levas de imigrantes do Vêneto durante o século XIX e início do século XX. O sobrenome COLOGNA na Itália também aparece mais concentrado no Vêneto, e também no Trentino-Alto Ádige, Verona, Milão, Rovigo e Bolzano. Em outras regiões italianas ele é percebido com casos pontuais. 

Sobrenome Tempo Bonito

 



Curioso sobrenome verificado no Brasil. Ignora-se sua origem.

Sobrenome encontrado no Nordeste do Brasil em 1939 pelo linguista norte-americano Gerald Moser. 

Fonte: MOSER, Gerald M. Portuguese Family Names. In: Glaber Review, parte IV, edição 01, Long Island/Nova York/EUA, 1965, pág. 147.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Sobrenome Hecker



1. Hecker pode ser uma indicação de habitação geográfica, significando sebe, cerca viva, formação vegetal que separa dois feudos, dois territórios, domínios. No caso, pode corresponder a um morador de um local com essa característica.

2. Hecker também pode ser um sobrenome profissional que significa aquele que trabalha com a enxada, com uma ferramenta de revolver ou escavar a terra. Sendo assim, por extensão, um agricultor.

3. Na área do baixo-alemão pode corresponder a vitivinicultor, produtor de vinho.

4. Na Baviera e na Áustria, pode significador picador de carne, por extensão, açougueiro.

5. Pode ainda ser um toponímico diretamente relacionado à aldeia de Hecke, no município de Reichshof, Renânia do Norte-Vestfália, Alemanha.

6. No sul da Alemanha, o termo "hecke" existe associado a ideia de sebe, cerca viva, mas denomina um tipo de floresta em que os brotos floresceram diretamente de árvores que haviam sido cortadas. É uma palavra usada num contexto de extração vegetal típica daquela área. 

Sobrenome Arvoredo

 



Sobrenome de natureza toponímica.

Sobrenome encontrado no Nordeste do Brasil em 1939 pelo linguista norte-americano Gerald Moser. 

Fonte: MOSER, Gerald M. Portuguese Family Names. In: Glaber Review, parte IV, edição 01, Long Island/Nova York/EUA, 1965, pág. 147.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Sobrenome Wartz



WARTZ no baixo-alemão é o mesmo que guarda, sentinela, vigia, soldado responsável pela vigilância de um castelo, burgo ou feudo. Todavia, não posso desconsiderar que a forma WARTZ também possa ter proximidade com a palavra alemão "warze" que significa verruga. No baixo-alemão, o "warze" aparece grafado como "wartze". 

Sobrenome Serra Branca



Sobrenome de natureza toponímica. Não está especificado se é em razão de uma propriedade rural ou localidade.

Sobrenome encontrado no Nordeste do Brasil em 1939 pelo linguista norte-americano Gerald Moser. 

Fonte: MOSER, Gerald M. Portuguese Family Names. In: Glaber Review, parte IV, edição 01, Long Island/Nova York/EUA, 1965, pág. 147. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Sobrenome Goroncy



GORONCY, GORANCY, GORĄCY, GORANSKI - sobrenome polaco que pode ter três possibilidades possíveis, sendo a primeira mais aceita e considerada provável. A seguir:

1. Um sobrenome metonímico que significa que significa quente, no sentido de alguém que mora num lugar de muito calor, ou de modo a descrever um traço de personalidade a alguém que é muito simpático, cordial, caloroso, apaixonado, vívido.

2. Um patronímico do nome eslavo-meridional Goran (significa homem da montanha).

3. Uma forma patronímica arcaica do nome grego Giorgios (Jorge em português) presente em algumas regiões da Europa Oriental e Bálcãs. 

As diversas formas do sobrenome podem ser encontradas na Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Croácia e demais países balcânicos, bem como nas regiões orientais fronteiriças da Alemanha e Áustria.

Sobrenome Vorseck



VORSECK eu acredito que seja próximo destas formas aqui: Worzyszek (polaca), Voříšek (tcheca), Worzischek (germanizada a partir do sorábio). Pois bem, o que encontrei a respeito do significado é que tem relação com uma palavra eslava para noz, fruta da nogueira. Não há um consenso sobre o quê em relação a noz. Mas, o sobrenome é dado como indicação geográfica, por exemplo: morador perto da nogueira. Também pode ser cultivador de nogueiras, ou aquele que coleta nozes. Por fim, a forma "Worjech" aparecia também como nome próprio masculino na Sorábia, podendo então ser um patronímico. 

Sobrenome Inhamuns



 Sobrenome de natureza toponímica, diretamente derivado do nome de uma fazenda.

Sobrenome encontrado no Nordeste do Brasil em 1939 pelo linguista norte-americano Gerald Moser. 

Fonte: MOSER, Gerald M. Portuguese Family Names. In: Glaber Review, parte IV, edição 01, Long Island/Nova York/EUA, 1965, pág. 147.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Sobrenome Hernika



HERNIKA tem duas interpretações:


1. Pode ser uma derivação do vocábulo "herny" que significa orgulhoso, presunçoso, vaidoso.

2. De acordo com Aleksandra Cieślikowa, na Silésia existiu a forma "hernig" que significava mineiro, portanto, também seria uma derivação desta palavra. 

Sobrenome Zé Brás

 



Trata-se de um sobrenome derivado de um apelido. Personagem principal desconhecido.

Sobrenome encontrado no Nordeste do Brasil em 1939 pelo linguista norte-americano Gerald Moser. 

Fonte: MOSER, Gerald M. Portuguese Family Names. In: Glaber Review, parte IV, edição 01, Long Island/Nova York/EUA, 1965, pág. 147.


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Sobrenome Dumann



DUMANN é um sobrenome com muitas possibilidades elencadas. Por isso, vou começar por aquela que considera a mais óbvia e calcada dentro de uma etimologia alemã:


1. DUMANN, no caso enquanto sobrenome alemão, é da área do baixo-alemão é uma aliteração de TUMANN ou THUMANN que no caso deriva de THOMANN, sendo este um patronímico do nome alemão Thomas.

2. Na área do alemão-oriental (não confundir com a RDA, mas se trata das áreas a leste do antigo Império Prussiano e depois Império Alemão), DUMANN ou DUMAN significam homem do conselho. Homem que participa do conselho (espécie de parlamento) de uma aldeia, vila, freguesia, comuna, burgo, cidade. Neste caso, há uma grande possibilidade de ser um sobrenome judeu.

3. DUMAN é também um sobrenome francês para uma pessoa originária de Mant-en-Savoy. No caso, a grafia original da cepa familiar iniciou-se com DUMANT, porém após foi aliterada para DUMAN e DUMANS. Como uma ramal se instalou na Inglaterra, o sobrenome conservou o DUMAN, mas também evoluiu para DUMANN. (conforme o Dictionary of American Family Names. Oxford University Press, 2013).

4. DUMAN ou DUMANN também é um sobrenome escocês derivado de uma palavra céltica para floresta, bosque, sebe.

5. DUMAN também é um sobrenome turco que significa neblina. 

Sobrenome Thiede



THIEDE é um distrito da cidade de Salzgitter, no estado alemão da Baixa Saxônia. Portanto, é um sobrenome toponímico. Thiede foi uma cidade independente até 1942, depois incorporada à cidade de Salzgitter. Thiede é muito antiga, sendo que o primeiro registro do lugar é de 780(!). 

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