sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Histórias Curiosas VII


Capão do Leão na década de 1940 apresentava uma situação particular: apesar da vila ser povoada, existiam grandes espaços abertos (campos) entre a zona da avenida e adjacências e a Vila Teodósio. Ir ao Teodósio não era dar uma “caminhada” de vinte minutos, como hoje. Em alguns lugares chegava-se somente percorrendo picadas não muito bem traçadas. Embora houvesse várias famílias que possuíam telefone, a grande maioria ainda se comunicava no “tetê-a-tetê”.
Pois bem as mensagens entre um amigo e outro, quando não podiam ser dadas diretamente, ficavam a cargo dos mandaletes – meninos da própria família ou da vizinhança que “corriam rua” e prestavam vários favores, muitas vezes o de passar recados. Numa feita, uma família da vila do Capão do Leão tendo conhecimento que um parente seu no Teodósio estava muito doente, a ponto de já se esperar a sua morte, mandara constantemente o menorzinho da casa para lá, a fim de trazer notícias. Ele trazia-as, mas sempre se atrapalhava na hora de dize-las.
Houve um dia que este parente já dando sinais de um estado terminal irreversível, mobilizara a família para a notícia iminente. O doente permanecera com sua esposa no Teodósio e o restante da família retornou à vila. Desceu a noite, os parentes preocupados adormeceram e, no outro dia, cedíssimo, logo ao amanhecer mandaram o menorzinho até o Teodósio para saber a quantas andava o moribundo. Por volta das 9 horas, o guri voltou no seu jeito atrapalhado. A mãe perguntou:
- Então, Zezinho, o que a tua tia disse? Como ta o Tio João?
- A tia não me disse nada disso.
- Como assim ela não te disse nada se ele melhorou ou piorou?
- Isso ela não me disse, se melhorou ou piorou. Nem sei o que ela me disse. Ah... sei! Ela disse que ele faleceu, mas ta bem!

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