quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Italianos na cidade de Pelotas



 Na década de 1840, houve a primeira leva de imigrantes italianos para Pelotas devido às oportunidades de trabalho proporcionadas pelas charqueadas. Eram principalmente profissionais liberais e alguns estabeleceram-se com pequenos comércios. Vinham principalmente de Gênova, Toscana, Sicília, Sardenha e do Ducado de Savóia.

            No decorrer do século XIX, mais italianos chegaram à cidade para estabeleceram-se com joalherias, fábricas de massas, fábricas de mosaicos, oficinas de fotografia, fábrica de beneficiamento de fumos, hotelaria (com destaque!), lojas de utensílios, escolas e também como músicos, maestros, escultores, pintores, professores de piano e canto lírico, além de se envolverem ativamente em espetáculos teatrais e artísticos.

            Houve diversas sociedades italianas em Pelotas no final do século XIX e início do século XX com destacada atuação no ambiente cultural da cidade, dentre elas: o Círculo Garibaldi, a Sociedade Vinte de Setembro, Sociedade União e Filantropia, Sociedade Cristóvão Colombo, Sociedade Coral Italiana, Sociedade Coral Savóia e Sociedade União e Benevolência.

            Dentre as notáveis personalidades dessa efervescência italiana na cultura de Pelotas podemos citar o pintor Leopoldo Gotuzzo, o escultor Antônio Caringi e a soprano Emília Marchiari. A tradição religiosa católica da cidade também tem forte influência italiana, sendo o padroeiro da cidade um santo peninsular: São Francisco de Paula.

            Além dos italianos que se estabeleceram na zona urbana até mais ou menos 1920, há uma colônia tipicamente italiana na zona rural de Pelotas: a Colônia Maciel. Criada em 1883, primeiramente recebeu colonos oriundos de Treviso, na região do Vêneto (norte daquele país). Posteriormente, foram incorporados mais colonos italianos, porém procedentes de diferentes partes da península: Nápoles, Alto Ádige, Toscana, Trento, Lombardia, Puglia, Calábria e Sicília. Atualmente, existe na colônia o Museu Etnográfico da Colônia Maciel que preserva a memória desses imigrantes. Também na colônia ainda é possível apreciar receitas da culinária colonial italiana, além da presença de vinícolas e fábricas de sucos de uva, amora e pitanga.

            Na zona central também se encontra a Associação Cultural Italiana Pelotense, reativada em 12 de novembro de 1992.

 

Fontes:

ANJOS, Marcos Hallal dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas no último quartel do século XIX. Porto Alegre/RS: PUC-RS, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História do Brasil, Dissertação de Mestrado, 1996.

ANJOS, Marcos Hallal dos. Italianos e modernização em Pelotas. In: História em Revista, Pelotas, v. 05, n. 01, 1999.

BECKER, Klaus. A imigração no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. In: BECKER, Klaus (org.). Imigração. Canoas/RS: Editora Regional, 1958.

CASARIN, Margarete Cristina. Imigração Italiana no município de Pelotas: uma análise sobre a Colônia Maciel – Distrito do Rincão da Cruz – Pelotas – RS. Monografia, Licenciatura Plena em Geografia, Instituto de Ciências Humanas/UFPel, março de 2003.

POMATTI, Angela Beatriz. A questão da colonização e da imigração em Pelotas: italianos na Colônia Maciel. In: X Encontro Estadual de História, Santa Maria/RS, UFSM, jul. 2010, comunicação.

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