sábado, 1 de agosto de 2020

O gato morreu


"O gato morreu...

Pyramidal, diz a Gazeta de Noticias, a pilheria que fez ha dias o telegrapho.

Um cavalheiro residente na côrte recebeu de um inglez seu amigo, que estava no Rodeio, o seguinte telegramma: O gato morreu.

O homem desatou a rir, e foi ao telegraphou dizer que necessariamente havia engano; que o seu amigo, apezar de inglez, não era homem para tirar-se de seus cuidados e telegraphar aquelle destampatorio. Horas depois recebe a seguinte rectificação, e lê attonito: O gato morreu.

D'esta vez já não teve vontade de rir. Havia evidentemente um engano, mas, ainda assim, si uma palavra estivesse certa, podia tratar-se de cousa séria. Inquieto, resolvem seguir no dia seguinte para o Rodeio, e assim o fez; mas, em caminho, em uma estação intermediaria, encontra o seu amigo inglez, que vinha em outro trem para a côrte.

- Que diabo me telegraphaste tù?

- Eu mandei-te dizer hontem: 'vou amanhã', e o peor é que vou hoje.

- Vou amanhã?

- Sim, mas em inglez: I go to-morrow.

- Ai! I go to-morrow! o gato morreu. Enorme, o telegrapho!"

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 09 de Julho de 1889, pág. 02, col. 01

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