Cinco assassinatos
O conhecido cangaceiro Antonio Silvino, terror dos Estados do Norte, onde com um bando de salteadores mata e rouba desenfreadamente, acaba de praticar mais uma das suas façanhas, a despeito das medidas postas em pratica pelo governo de Pernambuco para a prisão desse famigerado bandido.
No logarejo denominado Machados, distante duas leguas de Bom Jardim, onde estaciona numerosa força policial, informa um telegramma de Recife, o bandido Antonio Silvino, acompanhado de mais cinco scelerados, assassinou, no dia 16 do passado, á uma hora da tarde, cinco pessoas, inclusive um inspector de quarteirão, ferindo ainda gravemente a treze, entre as quaes algumas mulheres.
Finda a carnificina, os faccinoras, que neste últimos annos têm assassinado mais de sessenta pessoas, saquearam as casas das victimas, fugindo para o sertão.
O bandido Silvino, desde o anno de 1897 que, com os seus companheiros, tem praticado os mais barbaros crimes, sendo incalculaveis os fabulosos prejuizos que, desde dessa epocha, tem causado nos Estados do Norte."
Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 10 de Março de 1908, pág. 02, col. 02
"Antonio Silvino
Mais proesas do bandido - No sertão da Parahyba - Encontro e tiroteio com uma força de policia - Morte de um officil parahybano - A quadrilha augmenta - Ultimas noticias do criminoso.
Continúa o bandido Antonio Silvino a augmentar a série dos crimes abominaveis a série dos crimes abominaveis que têm feito a sua triste celebridade. As ultimas notícias dos seus feitos chegam da Parahyba, cujo sertão escolheu para theatro de façanhas.
As populações temem-no como a um fantasma e a policia se sente impotente para captural-o. Talvez por isso, dia a dia, o miseravel mais audaz e mais perverso se revela.
Ainda ha pouco, um telegramma de Pernambuco para a imprensa relatava ter Antonio Silvino assassinado, em Galante, um coronel de nome Eduardo Gomes Barbosa, em seguida telegraphando ao presidente da Parahyba, communicando-lhe a façanha!
A força publica, que elle sempre evitou, enfrenta agora á bala, tendo até sustentado tiroteios renhidos com os destacamentos enviados ao seu encalço nos ultimos mezes.
O <<Diario de Pernambuco>> narra, mais ou menos, nos termos que se seguem, o ultimo encontro do bandido com uma força de policia parahybana:
<<Em dias da semana passada, Silvino sahira do município de Patos para o de Batalhão, algumas leguas distantes de Campina Grande.
Em Patos declarou ter o proposito de assassinar o alferes Mauricio, valente official, da policia parahybana, que ha muito o persegue com uma tenacidade digna de louvores.
Infelizmente o bandido cumprio a sua palavra.
Chegado nas proximidades de Batalhão, localidade populosa e prospera, Silvino mandou um emissario com a lista dos contribuintes e o <<quantum>> que lhe devia ser remettido.
Os habitantes de Batalhão responderam pela negativa, confiados no alferes Mauricio que ali se achava com 14 praças e que logo se pôz no encalço da quadrilha.
Em Santo André o official teve noticias de Silvino e então dividio, talvez imprudentemente, a sua força, em duas patrulhas de 7 praças.
Com a patrulha commandada pelo alferes Mauricio, seguio um paisano, incumbido de <rastejar> o bando de criminosos.
Caminhava essa força, quando dentre o matto rompeu cerrada descarga, sendo immediatamente mortos o official e o <rastejador> e cahindo um soldado gravemente ferido.
O alferes Mauricio foi attingido por um bala de rifle no ouvido.
O resto da força debandou e Silvino, sahindo do matto, assassinou a punhal o soldado ferido e mutilou o cadaver do desventurado official, de cuja farda arrancou os botões.
Os cadaveres do alferes Mauricio e das outras victimas foram sepultados na villa da Solidão.>>
Depois desses crimes, já o bandido commetteu um outro: o assassinato do coronel Eduardo, a que nos referimos linhas acima.
A quadrilha de Antonio Silvino, ao que parece, tem se visto ultimamente accrescida de novos e perigosos elementos. Não ha facto criminoso que se dê no interior da Parahyba ou de Pernambuco em que directa ou indirectamente não se achem envolvidos companheiros do miseravel.
A 9 de Março, um grupo de malfeitores atacou em Panellas, nesse ultimo Estado, a casa do agricultor Fernando Pereira, roubando a quantia de 12:000$000.
Avisadas as autoridades, fizeram-se importantes diligencias, de que resultaram algumas prisões, ficando provado que do grupo assaltante fazia parte Antonio Godë, de novo unido á quadrilha de Silvino.
Ha pouco tempo certos jornaes de Pernambuco, e entre elles a <Provincia>, disseram que o territorio criminoso se encontrava no logar denominado S. Vicente naquelle Estado. O <Diario>, porém, contestou essa noticia, affirmando que ha dois annos Silvino não penetrava no territorio pernambucano e reforçando essa affirmativa o seguinte telegramma enviado de Bom Jardim ao chefe de policia.
<<Ultima noticia Silvino em Trambeque, onde esteve, sabendo ter sahido dahi no dia 3, ás 11 horas, tendo arrecadado 15$. Percorri Serra Verde e Munganga, não tendo noticias, sabendo entretanto, que não entrou em territorio Pernambucano. - Major João Isidoro, delegado.>>
Entretanto, muito pouco importa saber-se onde no momento se acha o bandido. O facto é que continúa elle a praticar crimes horriveis, constantemente ameaçando os habitantes dos sertões, cuja situação é de verdadeiro e justificado terror."
Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 08 de Julho de 1910, pág. 01, col. 05
"Antonio Silvino
Mais proesas do bandido - No sertão da Parahyba - Encontro e tiroteio com uma força de policia - Morte de um officil parahybano - A quadrilha augmenta - Ultimas noticias do criminoso.
Continúa o bandido Antonio Silvino a augmentar a série dos crimes abominaveis a série dos crimes abominaveis que têm feito a sua triste celebridade. As ultimas notícias dos seus feitos chegam da Parahyba, cujo sertão escolheu para theatro de façanhas.
As populações temem-no como a um fantasma e a policia se sente impotente para captural-o. Talvez por isso, dia a dia, o miseravel mais audaz e mais perverso se revela.
Ainda ha pouco, um telegramma de Pernambuco para a imprensa relatava ter Antonio Silvino assassinado, em Galante, um coronel de nome Eduardo Gomes Barbosa, em seguida telegraphando ao presidente da Parahyba, communicando-lhe a façanha!
A força publica, que elle sempre evitou, enfrenta agora á bala, tendo até sustentado tiroteios renhidos com os destacamentos enviados ao seu encalço nos ultimos mezes.
O <<Diario de Pernambuco>> narra, mais ou menos, nos termos que se seguem, o ultimo encontro do bandido com uma força de policia parahybana:
<<Em dias da semana passada, Silvino sahira do município de Patos para o de Batalhão, algumas leguas distantes de Campina Grande.
Em Patos declarou ter o proposito de assassinar o alferes Mauricio, valente official, da policia parahybana, que ha muito o persegue com uma tenacidade digna de louvores.
Infelizmente o bandido cumprio a sua palavra.
Chegado nas proximidades de Batalhão, localidade populosa e prospera, Silvino mandou um emissario com a lista dos contribuintes e o <<quantum>> que lhe devia ser remettido.
Os habitantes de Batalhão responderam pela negativa, confiados no alferes Mauricio que ali se achava com 14 praças e que logo se pôz no encalço da quadrilha.
Em Santo André o official teve noticias de Silvino e então dividio, talvez imprudentemente, a sua força, em duas patrulhas de 7 praças.
Com a patrulha commandada pelo alferes Mauricio, seguio um paisano, incumbido de <rastejar> o bando de criminosos.
Caminhava essa força, quando dentre o matto rompeu cerrada descarga, sendo immediatamente mortos o official e o <rastejador> e cahindo um soldado gravemente ferido.
O alferes Mauricio foi attingido por um bala de rifle no ouvido.
O resto da força debandou e Silvino, sahindo do matto, assassinou a punhal o soldado ferido e mutilou o cadaver do desventurado official, de cuja farda arrancou os botões.
Os cadaveres do alferes Mauricio e das outras victimas foram sepultados na villa da Solidão.>>
Depois desses crimes, já o bandido commetteu um outro: o assassinato do coronel Eduardo, a que nos referimos linhas acima.
A quadrilha de Antonio Silvino, ao que parece, tem se visto ultimamente accrescida de novos e perigosos elementos. Não ha facto criminoso que se dê no interior da Parahyba ou de Pernambuco em que directa ou indirectamente não se achem envolvidos companheiros do miseravel.
A 9 de Março, um grupo de malfeitores atacou em Panellas, nesse ultimo Estado, a casa do agricultor Fernando Pereira, roubando a quantia de 12:000$000.
Avisadas as autoridades, fizeram-se importantes diligencias, de que resultaram algumas prisões, ficando provado que do grupo assaltante fazia parte Antonio Godë, de novo unido á quadrilha de Silvino.
Ha pouco tempo certos jornaes de Pernambuco, e entre elles a <Provincia>, disseram que o territorio criminoso se encontrava no logar denominado S. Vicente naquelle Estado. O <Diario>, porém, contestou essa noticia, affirmando que ha dois annos Silvino não penetrava no territorio pernambucano e reforçando essa affirmativa o seguinte telegramma enviado de Bom Jardim ao chefe de policia.
<<Ultima noticia Silvino em Trambeque, onde esteve, sabendo ter sahido dahi no dia 3, ás 11 horas, tendo arrecadado 15$. Percorri Serra Verde e Munganga, não tendo noticias, sabendo entretanto, que não entrou em territorio Pernambucano. - Major João Isidoro, delegado.>>
Entretanto, muito pouco importa saber-se onde no momento se acha o bandido. O facto é que continúa elle a praticar crimes horriveis, constantemente ameaçando os habitantes dos sertões, cuja situação é de verdadeiro e justificado terror."
Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 08 de Julho de 1910, pág. 01, col. 05
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