Certos calçados usados pela juventude marcam uma época
por se tornarem muito populares devido ao preço e a praticidade que trazem. Na
década de 90, houve a moda dos “freedom fog”, na década de 80, o “kichute” era
vendido até em armazéns de secos e molhados e também teve o “bamba” que servia
tanto para o colégio quanto para os bailes de fim-de-semana. Pois bem, na
década de 60 e parte da década de 70 houve um calçado de lona com sola de
borracha que se tornou peça indiscutível do cotidiano dos jovens, um sucesso
entre as camadas populares: a alpargata Sete Vidas. Não havia “guri novo” que
não tivesse um par, pelo menos.
Numa
certa feita, aproximadamente no início da década de 70, houve um jogo de
futebol no campo do antigo Instituto Agronômico (onde atualmente é a Embrapa
Capão do Leão). Era um amistoso entre o Central F.C., da própria casa, contra o
São Geraldo, do Fragata. Jogo duro de assistir, com bicuda de um lado para
outro e muitas faltas violentas que fariam imaginar que eram dois exércitos em
guerra no campo de batalha. No meio de jogo, inicia uma confusão e ocorre um
briga generalizada entre os jogadores, com os respectivos componentes das
“comissões técnicas” de um lado e do outro também entrando na peleia. Teve
golpe de adaga, facão e pedaço de pau, além de socos e pontapés costumeiros. No
calor do arranca-rabo, um senhor de origem alemã (daqueles que o gaúcho
denomina “colono, colonão”) que estava assistindo o jogo sai em louca disparada
com o filho pelo braço, querendo a todo modo sair da confusão. Na fuga, o
Alemão e seu filho cruzam por um bueiro e o menino acaba perdendo um dos
calçados do pé. O “alemãozinho” tenta parar para recuperar o calçado e alerta o
pai: - Perdi minha “sete vida”! O senhor alemão não quis nem saber e seguiu correndo
com o filho pelo braço:
- Mais
vale uma vida que sete meu filho!
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