quinta-feira, 20 de maio de 2010

História da Pedreira do Cerro do Estado - Parte V

A Compañia Americana de Construcciones y Pavimentos, S.A.
Em 15 de Fevereiro de 1926, o Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, celebrou contrato de arrendamento das pedreiras de Capão do Leão e Monte Bonito, à Compañia Americana de Construcciones y Pavimentos, S.A., com o fim de exploração de rochas para a Barra e o Porto de Rio Grande, porém também a produção de artigos de granito para calçamento e obras públicas.
A Compañia Americana de Construcciones y Pavimentos, S.A., era uma empresa com matriz em Buenos Aires, Argentina. Possuía pedreiras também neste país e no Uruguay. A companhia de origem norte-americana fazia parte de um conglomerado econômico com empreendimentos em vários países das Américas: a Pan-American Industrial Corporation, com sede em Nova York, E.U.A.
A Companhia Americana começou a se estabelecer na Pedreira do Capão do Leão a partir de abril de 1926, tendo permanecido até junho de 1939. Entretanto, já em 1937 as atividades são quase nulas, pois ocorrera um gradual sucateamento das instalações, benfeitorias e maquinário – aliás, o que motivou o Governo do Estado a novamente realizar a encampação da Pedreira. Antes disso, em 20 de Junho de 1935, já havia ocorrido a renovação do contrato do Estado com a companhia, contudo, como se percebe, sem lograr muito êxito.
As inovações trazidas pela companhia foram a construção do britador e uma máquina de cortar paralelepípedos, que demoraram certo tempo para começarem a funcionar[1]. Parte do maquinário foi substituída ou acrescentada. Houve reformas nas instalações, igualmente. A Usina, por exemplo, fora completamente destruída por um ciclone em 1934, sendo restaurada pela companhia, logo em seguida.[2]
A diversificação da produção foi outra marca deixada pela companhia. Se na época dos franceses, toda a produção se destinava às Obras dos Molhes da Barra e da construção do Porto Novo de Rio Grande, agora a Pedreira também tinha clientes externos, sobretudo repartições públicas e governos municipais, além de exportar material para os países do Prata.
A pedra britada de vários tipos e tamanhos passou a ser produzida em larga escala, bem como houve a exploração de argila pura e de argila misturada com cascalho, além de paralelepípedos e moirões.
O Porto e a Barra de Rio Grande permaneceram ainda como destino de cerca de 80% das remessas, sobretudo de moellons (grandes blocos de encaixe) e blocos diversos.  Passam a ser produzidas pedras especiais, que são lavradas com ferramentas próprias. Uma delas é a cobertina – que serviu para o revestimento do piso do Porto de Rio Grande. Constam como destinatários da produção da Pedreira: Buenos Aires, Montevidéu, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte, firmas construtoras, particulares, indústrias, igrejas, Marinha, Exército e serviços gerais de calçamento. Além de pedras e argila, pela linha férrea da Pedreira também é expedida madeira e carvão. Num registro de 01 de Junho de 1927, são citados “100 toras de guajuvira branca para Rio Grande”.
Entre 1926 e 1928, cerca de 16 famílias gregas chegam à Pedreira para serem empregadas em serviços de cantaria.
Ainda na época da Companhia Americana, a linha férrea original da Companhia Francesa sofre alterações, sendo que ele não irá mais diretamente a Rio Grande, mas se juntará à linha férrea Rio Grande – Cacequi. A junção das linhas será estabelecida na região do Parque Fragata. Somente em 1941, uma nova modificação situará a junção na zona do Teodósio.



[1] O projeto da Companhia Americana para a Pedreira era ousado, pois queria-se quadruplicar a produção. O que na verdade não logrou êxito devido a uma série de detalhes estruturais, técnicos e, inapelavelmente, financeiros.
[2] Podemos concluir que houve tantas reformas e modificações ao longo de um século na área da Pedreira, que as benfeitorias, instalações e moradias não são originais, porém algumas conservaram as mesmas características da época da Companhia Francesa.

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