sexta-feira, 9 de maio de 2025

Um caso de culto afro-brasileiro em Recife em 1900

 



O Sr. capitão Arthur Bastos, activo subdelegado da Boa-Vista, surprehendeu sabbado ultimo, na rua de S. Gonçalo, em uma casa sita ao lado da egreja, uma destas sessões de feitiçaria ultimamente postas em vóga no Recife.

É uma espécie de espiritismo diabolico, grosseiro, ridiculo, mal arranjado, que até admira encontrar elle simples, que o sejam bastante para se deixarem embair.

Eis o quadro que se apresentou á autoridade, que, de certo, não era esperada.

Olympia Maria Emilia, moradora na rua da Guia, no Recife, figurava como medium ou cousa que o valha, em travesti, extravagantemente enfeitada de folhas e fitas, e, fingindo-se adormecida, tinha na bocca um grande cachimbo fumegante e fazia movimentos affectados e grotescos agitando um pandeiro de folha.

A sala achava-se illuminada por innumeras velas, notando-se a presença, de mais de 15 pessoas.

Á entrada do sr. capitão Bastos, houve uma debandada geral e a propria Olympia esqueceu-se do papel que representava e tentou fugir.

Foi, porém, obstada e acha-se presa.

A mesma autoridade apprehendeu os diversos utensilios que serviam na occasião á pratica das bruxarias: cachimbos, cordas, pandeiros, cruzes, etc.

A sessão era presidida por uma imagem de santo Onofre.

Fonte: A PROVINCIA: ORGÃO DO PARTIDO LIBERAL (Recife/PE), 18 de Dezembro de 1900, pág. 01, col. 06-07

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