CHUVAS NO RIO GRANDE DO SUL
Abundantissimas chuvas haviam cahido em Porto Alegre, occasionando não pequenos prejuizos e sérias apprehensões.
O Guahyba e outros rios que neste desaguam, encheram consideravelmente a ponto de alagar em parte as ilhas fronteiras á capital.
Sabendo a presidencia do estado lastimoso dos habitantes daquellas regiões, tratou de lhes ministrar os promptos soccorros de que necessitavam.
Um vapor foi empregado em transportar para a cidade as familias e mais pessoas que ameaçadas se achavam em suas vidas.
Os inundados foram alojados em um dos compartimentos de edificio da Sociedade Beneficente Brazileira União, e alli soccorridos de alimentação e bem accommodados.
O numero destes infelizes já era superior a trinta.
Durante a enchente, que inundou aquellas ilhas, não constava ter-se dado perda alguma de vida, nem desgraça de maior vulto.
Em consequencia das mesmas chuvas, deram-se na capital alguns desmoronamentos.
O trabalho da linha de bonds estava sendo feito com irregularidade, para alguns pontos da cidade.
A maré arrojava á praia diversos animaes mortos e entre elles algumas rezes.
A população esteve por algum tempo seriamente ameaçada de ficar sem illuminação publica.
A agua, tendo invadido o gazometro, impossibilitaria as machinas de funccionar, se as chuvas continuassem por mais alguns dias.
No dia 17 as aguas subiram a grande altura.
A praça da alfandega achara-se invadida e na rua Clara a agua chegou até quasi meia quadra, sendo o transito feito sobre ligeiras pontes collocadas pelos moradores da rua.
Em Taquary a enchente chegou até junto ao estabelecimento dos srs. Spalding & Taaff.
Os trabalho da estrada de ferro, na estação á margem do Taquary, estão debaixo d'agua; o rio subiu mettros em poucas horas e deu-se consideravel prejuizo em cimento.
Diz a Reforma que, em consequencia da grande enchente, que tem tornado quasi impossivel as communicações entre os varios pontos da campanha, poucos eleitores têm concorrido aos collegios para a eleição de dous deputados à camara temporaria.
Fonte: CORREIO PAULISTANO (São Paulo/SP), 01 de Outubro de 1880, pág. 02, col. 03
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