segunda-feira, 16 de abril de 2018

Senador Joaquim Augusto de Assumpção


Por Fernando Osório

"Êste venerando pelotense, com uma fôlha de relevantes serviços à terra a cujo engrandecimento pelo muito que estremecia, soube consagrar a ação inteligente e profícua de seu espírito - nasceu a 18 de julho de 1850, sendo seus pais Joaquim José de Assumpção e D. Candida Clara de Assumpção (Barão e Baronesa de Jarau). Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito de S. Paulo, figurando em sua turma (1872), entre outros, João Monteiro, Brasilio Machado, Fernando Osório e Oliveira Bello. Depois de formado, seguiu para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua atividade profissional no escritório do jurisconsulto Silva Nunes, de quem recebeu honroso convite para servir como seu secretário quando êsse ilustre patrício foi nomeado Presidente da Província da Bahia, convite que declinou o Dr. Assumpção.

Chamado ao torrão natal, iniciou sua atividade forense, revelando capacidade e alevantado senso jurídico, sendo, nessa época, distinguido pelo Govêrno Imperial com o convite para Governador da então Província do Paraná a que, por fôrça maior, não acedeu. Eleito pelo Partido Conservador, foi vereador da Câmara Municipal de Pelotas. Exerceu no Rio Grande o cargo de juiz municipal, de que foi removido para esta cidade. Ainda o seu partido apresentou-o à deputação geral nas últimas eleições da Monarquia. Era vereador quando foi proclamada a República.

Patriota, espírito adiantado, deu sua adesão, desde logo, ao novo regime, propondo em sessão da Câmara Municipal que esta renunciasse o mandato. Filiando-se ao partido de Castilhos, êste o distinguiu com provas de confiança, em convites para juiz de comarca de Pôrto Alegre, desembargador do Superior Tribunal e, posteriormente, deputado à Assembléia Estadual, não conseguindo arrancá-lo da modéstia em que se contentava no pôsto de membro da Comissão Executiva local. 

Eleito Presidente do Estado, Carlos Barbosa, por êste e por Borges de Medeiros, chefe do partido, foi convidado, em honrosa carta, para Vice-Presidente do Rio Grande, de cuja alta investidura também desistiu. Foi eleito conselheiro municipal na administração José Barbosa Gonçalves, em Pelotas, merecendo de seus pares a escolha para presidente do Conselho, função em que foi dedicado e esclarecido colaborador dos cometimentos realizados. A instâncias aceitou o pôsto elevado de Senador da República, depondo em breve o mandato, ferido por grave enfermidade. 

Do progresso de Pelotas foi notável cooperador, como ressalta de sua ação na fundação do Banco Pelotense e da Companhia Fiação e Tecidos. Do Banco Pelotense foi, desde a instalação, membro do Conselho Fiscal. Fêz parte de outras importantes emprêsas locais, e das diversas instituições pias pelotenses, tendo sido dos primeiros presidentes da Biblioteca Pública, da qual foi grande protetor.

O ilustre e saudoso pelotense era consorciado com a Exma. D. Maria Francisca Mendonça de Assumpção, senhora de peregrinos dotes morais. Desprendimento, abnegação, modéstia, eram atributos da grande alma de Joaquim Augusto de Assumpção, que, de posse talvez da maior fortuna do Estado, espalhada em grande parte pelo comércio e indústria pelotenses, não conhecia a vaidade nem alimentava o orgulho, caráter naturalmente democrata e simples, guiado por um forte espírito. Dentre todos, um traço o distinguia: era a bondade, que asilava e cultivava constantemente, revelada em todos os atos da vida e expressa, sempre, na fisionomia altamente simpática e insinuante. Pelotas nêle possuía um propulsor de sua prosperidade material e de seu incremento moral."

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