sábado, 29 de maio de 2010

História da Pedreira do Cerro do Estado - Parte VII

O Governo Leonel Brizola e o Golpe de 1964
O conseqüente período de prosperidade da Pedreira nas décadas de 1940 e 1950, também foi marcado por uma gradual politização entre os graniteiros, que passaram a estar mais conscientes de sua situação e de seus direitos. Aliás, isso não era exclusividade dos graniteiros, naquela época, principalmente em função do trabalhismo de Getúlio Vargas. Várias categorias assalariadas, como os ferroviários, por exemplo, também estavam se organizando. Lembre-se também, que o ex-4º. distrito de Pelotas, elegeu anos a fio, como seu representante no Legislativo um político[1] com ligações ao PTB histórico.
No tocante aos graniteiros esta politização tomou mais impulso ainda durante o governo Leonel Brizola (1959-1962) no Estado do Rio Grande do Sul. Celebrizado por suas posições progressistas durante o mandato, Brizola arraigou verdadeira legião de seguidores com a sua ideologia trabalhista que pretendia dar continuidade ao legado varguista. Em Agosto de 1961, durante a “Campanha da Legalidade”, vários trabalhadores da Pedreira acompanharam pelo rádio o desenrolar dos acontecimentos, inclusive, diz-se que “muitos estavam dispostos a pegar em armas, se necessário fosse”. O que não aconteceu de fato, mas o clima político do País naquele momento favoreceu que a radicalização política se aprofundasse.
Além de brizolistas, comentava-se também a respeito de “comunistas” na Pedreira. O que não era algo bem identificável, embora houvesse dois ou três comunistas “assumidos” no Capão do Leão. O caso é que, pouco antes do movimento de 31 de Março de 1964, formou-se aquilo que iria ser denominado “Grupo dos Onze” entre os graniteiros.
Com reuniões políticas ora acontecendo na casa de um, na casa de outro, o tal “Grupo dos Onze” tornou-se muito conhecido na Pedreira e na Vila do Capão do Leão. Com o irromper do movimento de 31 de Março de 1964, o grupo passou a ser visto como subversivo pelo novo poder instalado na República. Segundo os antigos contam, no dia 1º. de Abril, tropas do 9º. Regimento de Infantaria do Fragata estabeleceram-se na área da Antiga Sub-Prefeitura (atual terreno do CTG Tropeiros do Sul) e ocorreu uma série de averiguações em todo o Capão do Leão, estendendo-se até o dia seguinte. Temia-se que o “Grupo dos Onze” tomasse de assalto os paióis da Pedreira e provocasse uma explosão ou atentados. O que era mais boato, do que fato, contudo.
No decorrer do ano de 1964, adveio uma verdadeira “caça às bruxas” na Pedreira e na Vila do Capão do Leão. Muitos foram intimados a prestar esclarecimentos junto ao Sub-Prefeito local, isso quando não eram levados diretamente à Pelotas. Do tal “Grupo dos Onze”, três foram presos, já demitidos de suas funções na Pedreira, acusados de serem promotores de uma greve. Os oito restantes também foram demitidos, embora não tenham sido presos. Graças à intervenção de Elberto Madruga, junto ao Governador do Estado, os mesmos demitidos voltariam a ser recontratados, embora agora sob olhar desconfiado das autoridades.



[1] O Sr. Elberto Madruga, evidentemente.

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