A população da cidade de Guarapuava, no Paraná, alarmou-se extraordinariamente, nos dias 25 e 26 do mez passado, por motivo de tremores de terra ali sentidos.
Referindo-se á excepcional occorrencia, diz um collega de Corityba, o Diario da Tarde, em sua edição de 27:
"Conforme um telegramma que hoje inserimos, não se reproduziram os tremores de terra, ante-hontem e hontem verificados em Guarapuava.
Esses phenomenos têm sido tão raras vezes observados em nosso paiz, que causam verdadeiro assombro todas as vezes que se produzem.
Ha poucos annos egual phenomeno foi observado no Rio Negro.
Como explicar taes factos na distancia em que nos encontramos de todos os vulcões activos da cordilheira dos Andes?
Serão devidos ás vibrações ao longe de semelhantes movimentos plutonicos naquellas longiquas regiões?
Ou devemos acreditar antes que o ultimo tremor de terra havido em Guarapuava seja ligado á constituição reconhecidamente vulcanica do ultimo plateau do Paraná?
A opinião do sr. dr. Francisco Grillo, que tem estudado as condições geologicas do solo paranaense, é concludente a esse respeito.
Na serra da Esperança, que póde ser considerado o degrau para o plateau de Guarapuava, são evidentes os signaes da constituição vulcanica daquella zona.
De um trabalho do mesmo illustrado naturalista, transcrevemos as seguintes linhas que demonstram o facto alludido:
"Ao pé da serra da Esperança observa-se um facto curioso e unico em toda a região.
Vêm-se 4 montes de fórma perfeitamente conica, separado um do outro, e cada um com uma elevação de mais ou menos 200 metros.
No que está encostado á serra da Esperança, á direita de quem sobe, existe, no cume, uma lagoa de agua salobra perenne, occupando o logar da antiga cratera desse pequeno vulcão extincto.
A agua que sobrassae e forma uma pequena cachoeira visivel para quem sóbe a serra".
No mesmo trabalho do dr. Francisco Grillo vemos as seguintes citações sobre os campos de Guarapuava:
"Nos logares desnudados vê-se o sub-solo forrado de rochas plutonicas nas quaes abundam os crystaes de quartzo e fluorídricos."
Em uma fazenda do sr. Frederico Wismond vi um pequeno geyzer que lança, sem intermittencia porém, uma agua magnesiaca, fortemente purgativa, numa temperatura de 26 graus Celsius.
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Julho de 1902, pág. 02, col. 03-04
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