quarta-feira, 10 de abril de 2019

Histórico do Município de Parobé/RS


"A cidade de Parobé situa-se na microrregião 309, Zona Colonial da Encosta da Serra Geral, na confluência do Rio dos Sinos e Rio Paranhana.

Distante a 80 km da capital do Estado, Porto Alegre, possui a área de 104 km2 tendo como limites os municípios de Igrejinha, Taquara, Nova Hartz, Sapiranga e Araricá.

A história do nosso município não se escreve apenas nos últimos 15 anos.

Parobé surgiu em meados do século passado, resultado do desmembramento de duas fazendas: a Fazenda Pires e a Fazenda Martins. Integrada ao projeto de colonização e povoamento da região, recebeu imigrantes alemães a partir de 1846.

Como nessa época toda a comunicação e transporte eram feitos por vias fluviais, a localidade adquiriu uma posição estratégica junto ao Rio dos Sinos e Paranhana.

O Porto de Santa Cristina do Pinhal desempenhou um papel importante no desenvolvimento de toda a região.

Ao iniciar-se o século com a extensão da estrada de ferro ligando Novo Hamburgo a Canela, novamente a Vila de Parobé foi privilegiada, porque em torno da estação, surgiu o povoado que homenageia o engenheiro João Pereira Parobé, responsável pela obra.

Uma pequena ila com a produção voltada para a agricultura e pecuária, a partir de 1940, viu surgir, no lugar de tafonas e tambos de leite, as primeiras indústrias de calçados e a de massa e bolachas.

No ano de 1981, a Assembleia Legislativa aprovou o plebiscito pró-emancipação de Parobé, que foi realizado em 28 de março de 1982, sendo que 91% dos eleitores foram favoráveis a emancipação de Parobé.

Em novembro de 1982, foi eleito o primeiro prefeito e vereadores, que assumiram em 1983, estabelecendo-se a primeira legislatura, completando-se assim o processo de emancipação.

Desde então a cidade cresceu com base na indústria calçadista.

A indústria de calçados foi responsável pelo grande crescimento que a cidade conheceu, já na década de 40, e que perdura até hoje.

A primeira fábrica de calçados estabeleceu-se em Parobé no ano de 1942."

Fonte: ATLÂNTICO (RS), 07 de Dezembro de 1998, pág. 07

terça-feira, 9 de abril de 2019

Gaspar Silveira Martins no Capão do Leão em 1878


"Á sua chegada á cidade de Pelotas, os Exms. Srs. marquez do Herval e Dr. Gaspar da Silveira Martins tiveram a mais brilhante e estrondosa recepção.

No Capão do Leão, onde eram esperados desde manhan por algumas distinctas familias e cavalheiros da primeira sociedade, foram recebidos com as mais significativas demonstrações de regosijo, indo ao seu encontro, até além do passo, muitas senhoras, a cavallo, empunhando bandeiras brancas com o nome dos dois proeminentes vultos da actualidade.

Mal se souba, por uma girandola, da approximação de SS. EExs. o povo em massa se dirigiu a pé, de carro e de bond, até ao ponto terminal da linha, onde em poucos instantes se agglomerou uma concurrencia extraordinaria.

Ali, chegando, SS. EExs. foram saudados com delirante enthusiasmo e abraçados por seus amigos, proferindo os vivas do estylo e muito digno presidente da camara municipal Sr. João Theodosio Gonçalves.

N'aquelle logar, transportaram-se SS. EEx. do carro de viagem para uma magnifica caleça, de antemão preparada para esse fim.

A entrada na cidade foi de um effeito magestoso."

Fonte: O CRUZEIRO (RJ), 14 de Fevereiro de 1878, pág. 02, col. 04

segunda-feira, 8 de abril de 2019

História do Arquipélago do Marajó - Parte 01


"A ocupação humana no Arquipélago do Marajó é bastante remota. Não existem testemunhos escritos sobre o modo de vida dos habitantes pré-coloniais no Marajó. Recentemente passou-se a conhecer outros tipos de ocupações, anteriores e posteriores àquela que veio a ser chamada de Fase Marajoara. As culturas pré-coloniais do Marajó foram importantes porque a ilha favoreceu um modo de vida sedentário desde épocas bastante remotas (pelo menos 5.000 anos a.C. se considerarmos os sambaquis), tendo assistido à chegada de outros contingentes populacionais e crescimento cultural quase ininterrupto até a chegada dos europeus no século XVI.

O desenvolvimento de sociedades complexas a partir do século V a.C. (cultura marajoara) parece similar ao restante da bacia Amazônica, onde sociedade complexas surgem cinco séculos mais tarde.

A cerâmica encontrada em antigos cemitérios indígenas da ilha por 'caçadores de tesouros' tem destruído esse patrimônio ainda pouco conhecido sobre as sociedade que ali viviam, o que levanta a necessidade de se realizar pesquisas sistemáticas ou mesmo o controle e a proteção para a preservação dos sítios arqueológicos existentes na região. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) identifica os tipos de sítios encontrados no Marajó:

a) Sambaquis: Foi registrado o sambaqui encontrado no município de Curralinho, chamado Araçacar e recentemente foram localizados outros dois sambaquis, muito próximos à cidade de Cachoeira do Arari. Nenhum deste sambaquis foi estudado, mas se for considerada a antiguidade de sítios semelhantes encontrados na costa norte do Pará, pode-se supor que tenham entre 3 e 5 mil anos de idade. Seriam, portanto, representantes da mais antiga ocupação da ilha.

b) Sítios de horticultores: diversos tipos pequenos dispersos pela ilha parecem atestar um modo de vida caracterizado pela horticultura ou manejo de plantas, coleta, caça e pesca. Seriam sociedades relativamente autônomas, organizadas em pequenas vilas familiares, vivendo de uma economia generalizada de subsistência. As datações obtidas para estas ocupações mostram uma ocupação de 1.500 a.C. a 900 a.C. e, depois de um hiato, uma nova ocupação de 1 a 800 d.C.

c) Construtores de tesos: sociedades complexas: são sociedades que se caracterizaram pelo manejo de terra e de recursos hídricos, construindo barragens, lagos e tesos, além de caminhos que os ligavam. Espalharam-se por toda a ilha, especialmente na área dos campos, junto a cabeceiras de rios e igarapés, mas ocupando também a área de floresta. Recentemente, foram encontrados também sítios da cultura marajoara no extremo noroeste da ilha, ainda não registrados.

d) Sítios Aruã: Seriam os sítios dos Aruã proto-históricos chegados à ilha por volta do século XIV e que teria entrado e conflito com as populações marajoaras. São sítios pouco profundos, com fragmentos de cerâmica de decoração rude. Nas ilhas ao norte e no Amapá, sítios da fase Aruã têm urnas funerárias antropomorfas, pintadas em vermelho e branco.

e) Sítios coloniais ou de contato: são sítios da época do contato com os europeus. São vilas, igrejas, engenhos, fazendas, chalés, com estruturas arquitetônicas e outras evidências materiais datadas do período colonial. Estes remanescentes testemunham um longo processo histórico ocorrido na ilha, e podem oferecer subsídios à compreensão de aspectos de sua dinâmica cultural, como por exemplo, as formas de contatos inter-étnicos havidos entre os povos nativos, europeus e africanos.

f) Sítios potenciais: dentre os sítios a serem ainda descobertos e registrados, espera-se encontrar novos tipos de ocupações em áreas ainda não conhecidas, como é o caso das áreas de florestas do noroeste da ilha. Marajó, em tupi significa 'barreira do mar'. A etnia que teve grande importância para a formação de sua população os indígenas, mas que passaram por um processo de miscigenação desde a época da colonização, quando grande parte foi dizimada devido a 'guerras' ocorridas entre os portugueses e os Aruãs ou Aruac e Nhambiquaras, nações indígenas bastante numerosas que habitaram a, então, Ilha Grande de Joanes. Essa população foi duramente escravizada pelos portugueses que tomaram para si grandes áreas de terras por meio de concessões de sesmarias. Entre 1721 e 1740 foram distribuídas mais de 50 sesmarias.

Desde o período colonial, a Região Amazônica integrou-se ao mercado mundial como frente de exploração mercantil. A trajetória socioeconômica da mesorregião do Marajó processou-se de forma cíclica, com sucessivas fases de expansão e recessão econômica, baseadas principalmente no comportamento da pecuária (nas áreas de campos naturais da ilha do Marajó), do extrativismo (nas áreas de floresta) e da agricultura de subsistência.

As fazendas e engenhos do século XVIII e XIX continuaram a utilizar-se largamente do trabalho de escravos e indígenas. Nas fazendas de gados e búfalos era utilizada como força de trabalho tanto escravos quanto homens livres, estes últimos indígenas e mestiços. A resistência à escravidão mediante fugas deu origem à formação dos quilombos e mocambos nas várias regiões do arquipélago.

Baseado em documentos históricos, mostra-se que no decorrer do século XVIII foram muitas as situações e movimentos de fugas da população escravizada, composta tanto por negros quanto por índios. Ressalta-se que por volta de 1823, a população de negros, indígenas e mestiços na ilha correspondia a mais de 80% da população local.

A economia marajoara dependia da exploração de vários produtos naturais, principalmente da coleta da borracha, da castanha do Pará, do timbó, da madeira e da pesca. A agricultura era desenvolvida como atividade exclusiva para o consumo da população local. A dependência em relação às atividades extrativistas determinou o padrão de localização da população da ilha, de tal forma que a maioria da população se distribuiu por pequenos povoados, localizados geralmente nas confluências dos rios e igarapés.

Tais povoados raramente contavam com mais de 200 habitantes que se dispersavam durante a safra da borracha. Segundo Oliveira Júnior (2001) no decorrer dessa atividade foram estabelecidas relações sociais de produção e de comercialização através do sistema de aviamento, durante o período de valorização econômica da borracha (1830-1912) e que se mantém até hoje.

No presente, os descendentes dessa população de índios e negros vivem em situação extremamente vulneráveis devido praticarem atividades extrativistas, roças e pesca. Eles têm resistido para permanecer em seus territórios ocupados a séculos ou o fazem muitas vezes no interior das fazendas nos campos do Marajó.

Até a década de 1960, a pecuária na Amazônia era praticada apenas em campos naturais, como os campos aluviais do Marajó, onde a exploração pecuária data do século XVII. Os latifúndios, surgidos nestas zonas, passaram por herança aos supostos proprietários atuais. O caráter histórico de manutenção desses latifúndios aparece também nas relações de trabalho. Os atuais vaqueiros e capatazes descendem, na maioria de antigos escravos que passaram tecnicamente à condição de agregados e dependentes após 1888.

O pagamento de seus serviços se dá parcialmente em espécie e o restante em autorizações para pesca, caça e extrativismo, bem como para a agricultura de subsistência e para a pecuária em pequena escala nos domínios do patrão. Ademais, não é rara a prática do aviamento, isto é, do endividamento do vaqueiro no armazém da fazenda.

A partir da década de 1970, outro sistema pecuário é implantado na Amazônia, também com base no latifúndio, com pastagem cultivada em áreas desmatadas. Este processo de substituição ecológica implicou numa queda substantiva da participação do latifúndio,tradicional no rebanho total da Amazônia. No Pará, por exemplo, de 1974 a 1994, o rebanho bovino cresceu (54,7%) sendo que no mesmo período a participação dos latifúndios tradicionais marajoaras passou de (38,13%) para (6,86%).

A produtividade comparativamente baixa dos latifúndios tradicionais e os baixos lucros que proporcionam - de US$ 2,00 a US$ 7,00 por hectare/ano contra US$ 14,00 por hectare/ano nas fazendas com pastagem cultivada tem colocado o latifúndio tradicional em desvantagem com relação ao latifúndio recente. Soma-se a isto o inevitável parcelamento da terra por meio de herança, problema pouco expressivo nas zonas de expansão agropastoril.

Quanto aos ribeirinhos, esses apresentam um padrão de distribuição humana que se dá ao longo dos cursos dos rios e igarapés presentes no arquipélago. A produção extrativa e os recursos tecnológicos disponíveis conferem à dinâmica da natureza local, o papel de forte determinante em sua vida e seu trabalho. As atividades econômicas dos ribeirinhos se caracterizam pela extração de madeiras brancas (virola, pau mulato, sumaúma), do açaí (fruto e palmito), da borracha, pela pesca de peixes e camarões, e pela produção de produtos agrícolas, voltados principalmente para o consumo familiar (milho, melancia, arroz). Por outro lado, nos municípios onde a resistência dos trabalhadores ribeirinhos não foi suficiente para que os mesmos possuíssem o domínio das terras onde vivem, ainda existem relações de trabalho tais quais ás existentes na época áurea da borracha.

Acrescente-se que em comunidades remanescentes de quilombos, os quilombolas, a exemplo de Salvaterra, a produção e o beneficiamento da mandioca e insuficiente para atender a demanda interna no Marajó, sendo necessária a compra de 75% de seu consumo, trazido de Belém."

Fonte: BARBOSA, Maria José de Souza (coord.). Relatório Analítico do Território do Marajó. Belém/Pará, Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Ministério do Desenvolvimento Agrário, PITCPES, GPTDA, Projeto Desenvolvimento Sustentável e Gestão Estratégica dos Territórios Rurais no Estado do Pará, agosto de 2012, pág. 12-16.


domingo, 7 de abril de 2019

História da Tequila


"A tequila leva o nome da cidade homônima situada no estado de Jalisco, assim como o champanhe tem o nome dessa região da França. Embora alguns outros estados também a reclamem, foi em Jalisco que a tequila nasceu e é onde as melhores são produzidas. A tequila resulta da destilação do agave azul, uma espécie de cacto azulado. Plantações de agave a perder de vista cobrem vales e encostas, criando um imenso tapete azulado. Pelo fenômeno e pela tradição, as plantações foram declaradas Patrimônio da Humanidade pelo UNESCO.

Ao contrário do que se pensa, a tequila não deve ser 'engolida', tampouco acompanhada de suco de limão. Deve ser bebida devagar em copo alto ou em taça bojuda. É a única maneira de apreciar o seu sabor. Conforme já citado, há três tipos principais de tequila: a branca, a reposada e a añeja. Elas variam quanto à cor e ao sabor, ambos adquiridos por processos de envelhecimento - a branca é a mais jovem.

Originalmente apresentada ao mundo em sua versão mais elegante como margarita, a tequila é encontrada em todo o país; mas para provar as mais autênticos não só existem destinos e haciendas especiais, como também uma ferrovia específica. O Tequila Express é um trem conhecido em todo o México. Para atravessar as plantações de agave azul do Vale de Amaltitlan, o trem parte de Guadalajara (a capital de Jalisco) com destino à Hacienda San Jose del Refugio. A viagem dura cerca de uma hora e meia.

San Jose del Refugio tem séculos de trabalho e tradição; seus pátios e jardins convidam o visitante a embarcar em uma viagem ao passado. A fábrica original está situada em um lugar mágico e é considerada um dos melhores destinos da tequila em todo o México. A Hacienda San Jose del Refugio é a sede de uma das principais marcas, a Casa Herradura, hoje conhecida internacionalmente pelo sabor refinado e pela alta qualidade. A apenas 40 minutos de Guadalajara, nas belas montanhas de Jalisco, esta a fazenda Mundo Cuervo. Por 200 anos aí viveu a família Cuervo. Hoje em dia, é possível fazer passeios vip que percorrem o processo tradicional da fabricação da tequila e as antigas instalações de Cuervo, onde nasceram o aroma, o sabor e a cor da aguardente. O passeio termina na destilaria, onde os hóspedes podem degustar a bebida em seu próprio ambiente. Tendo ao fundo as matas de Puerto Vallarta e da baía de Banderas, desviando um pouco do caminho chega-se à plantação de agave do Rancho Indio. Aqui, os visitantes acompanham todo o ciclo da planta, do plantio à colheita, processo que dura cerca de dez anos. Aí está também a Hacienda Quinta Sauza, do século 17, onde vivia outro nome importante da fabricação da bebida, a família Sauza. Famosa não só pela qualidade da bebida, mas pela autenticidade de sua cozinha, a hacienda está envolta em história e cultura da aguardente nacional. A visita à destilaria La Perseverancia encerra o passeio. Aqui, você pode acompanhar o processo de destilação e até tomar mais um gole da melhor aguardente do México."

Fonte: KASTELEIN, Barbara; NICHOLS, Richard; TAN, Anette; ZEE, Foo Mei. Guia México chic. São Paulo: Publifolha, 2008, pág. 34-35.

sábado, 6 de abril de 2019

Dois casos de bandoleirismo em 1858


"Uma folha de Jaguarão diz o seguinte a respeito do departamento do Serro Largo, no Estado-Oriental:

<<Por pessoa hontem chegada da villa de Mello, tivemos conhecimento de haver o chefe politico coronel Oliveira assumido o commando do departamento e um de seus primeiros actos foi capturar o celebre assassino Nico Coronel, e fazel-o recolher á cadêa, mandando-lhe deitar por cautella um par de machos aos pés.

<<Na madrugada de 24 foi assaltada a prisão por 20 e tantos bandidos ao mando do celerado José Nobre, havendo sido no conflicto mortos a sentinella e mais 4 soldados da guarda da referida cadêa e ficando mais 5 feridos.

<<Apossados, que foram os assassinos da cadêa franquearam a soltura a Nico e mais 15 presos; e depois de que dirigiram-se a casa do chefe politico e contra elle disparam-lhe alguns tiros, conseguindo evadir-se o referido coronel pelo quintal da casa onde habitava.

<<Até a occasião de sahir daquella villa a pessoa, que nos deu sciencia deste acontecimento, se ignorava o destino que havia tomado o coronel Oliveira.

<<Os bandidos hoje reunidos em numero de 30 a 40 consta se haverem retirado para as pontas do Arroio Mello. Em seu transito acommetteram a casa de um brazileiro Pinto, que com antecedência conseguio escapar-se com sua familia aos golpes homicidas dos assassinos.

<<O susto e o receio tem sido levado em summo gráo ao seio das familias e dos pacificos habitantes daquelle departamento.

<<Este estado de cousas não póde continuar. O desespero e a raiva se tem apoderado em tão alto gráo do animo dos brazileiros alli residentes, que cremos ver em breve tomarem as armas para repellir com justos motivos as agressões dessa horda de bandidos!...>>

Uma outra de Pelotas dá o seguinte:

<<Acaba de ter lugar a captura do famigerado Joaquim Machado de Lima, conhecido por Quinca Machado, criminoso sentenciado e evadido da cadêa desta cidade ha oito ou dez annos, em cujo periodo se tem conservado nas matas da Serra, trazendo os moradores do 2o. districto em continuos sustos, pelas suas carreiras de atrocidades.

<<A justiça e a sociedade deve este heroico feito á actividade e bons desejos do inspector do 7o. quarteirão João Pereira da Silva, o qual além das requisições que tinha do digno sr. delegado Alexandre Vieira da Cunha, e subdelegado do 2o. districto o sr. Domingos Mascarenhas tambem por si nutria empenho por alliviar a sociedade daquelle cancro.>>"

Fonte: A PATRIA (Niterói, RJ), 17 de Setembro de 1858, pág. 01, col. 01-02

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Histórico do Município de Farroupilha/RS


"A história de nossa cidade se confunde com a própria história da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul. As famílias de Stefano Crippa, Luigi, Sperafico e Thomazzo Radaelli deram início a imigração, no ano de 1875, estabelecendo-se no loca denominado Barracão, hoje Nova Milano - 4o. Distrito de Farroupilha, transformando esta comunidade em Berço da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul.

Em 1910, com a construção da estrada de ferro e, no ano seguinte, da estrada Júlio de Castilhos houve um consequente desenvolvimento dos novos povoados.

Nova Vicenza foi a denominação primitiva de Farroupilha, até sua emancipação através do Decreto Estadual no. 5779, de 11 de dezembro de 1934, assinado pelo Interventor Federal do Estado, Senhor José Antônio Flores da Cunha.

Desde então, pioneirismo parece ser uma palavra que faz parte da própria história da cidade, Farroupilha, prosperou com rapidez. Os caminhos percorridos pela cidade para conquistar a sua atual posição comprovam sua vocação pioneira para o progresso. Saindo do estágio artesanal para disputar em áreas diversificadas a liderança de mercado industrial.

Neste pedaço de Europa, em terras brasileiras, Farroupilhas iniciou suas atividades econômicas no setor agrícola, principalmente na fruticultura, com a produção de uvas, pêssegos, kiwis, maçãs, ameixas, caquis e morangos.

Introduzir novas variedades e conquistar novos mercados é o lema do município, atualmente, o cultivo do exótico kiwi projetou Farroupilha como maior produtor desta fruta no estado.

Dando continuidade ao progresso, investiu nos setores da indústria calçadista, metalúrgica, moveleira, malhas e confecções, comprovando o empreendedor farroupilhense."

Fonte: ATLÂNTICO (RS), 08 de Março de 1999, pág. 03

quinta-feira, 4 de abril de 2019

A Balança - uma quadrilha feminina em São Paulo na década de 1920


"A <<Balança>>, a fortaleza feminina da Quarta Parada

Uma quadrilha de ladras com acampamento montado nesta capital - O rocambolesco bando existia ha dois annos - A prisão de seis ladras

Causará surpresa ha muita gente a noticia da existencia nesta capital de uma verdadeira quadrilha de mulheres ladras.

Entretanto, o facto é inteiramente authentico. Uma quadrilha, com o seu acampamento montado, com chefe para dirigir o 'serviço' e vinte componentes foi hontem descoberta pelos inspectores da delegacia de Roubos.

Infelizmente os 'argutos' dectetives do dr. Climaco Pereira não merecem de todo os nossos parabens porque a descoberta foi muito tardia.

Ha dois annos que a 'Balança' assim se denominava o acampamento, se encontrava montada na Quarta Parada.

Os furtos, os roubos, principalmente pelas vizinhanças se succediam sem que a policia conseguisse descobrir os autores.

Algumas das ladras, hontem capturadas, já contavam passagens pelo Gabinete de Investigações por latrocinio, mas isso em época remota, e não como componentes da quadrilha feminina, que conseguiu durante muito tempo zombar da policia.

O mais interessante da historia, porém, é que os inspectores que se atreveram a passar 'a muralha da fortaleza' se encontraram em face de uma reacção pela qual não esperavam.

As ladras, todas mulheres pretas, se atiraram de unhas e dentes aos tres inspectores, que tiveram que empregar o maximo das forças, mas assim mesmo ainda sahiram com alguns arranhões.

No calor da luta as mais espertas conseguiram fugir, sendo capturadas sómente seis das camponentes do criminoso bando.

A DESCOBERTA DA 'BALANÇA'

Foi quasi fortuita a descoberta do acampamento das ladras installado na Quarta Parada.

Alguns inspectores da delegacia de Roubos, que estavam encarregados da perseguição de um perigoso ladrão, foram ter, seguindo uma pista, á Quarta Parada.

O perigoso larapio, que ao que parece, era conhecedor da existencia da fortaleza, conseguiu evadir-se, mas ao mesmo tempo fez um signal, por meio de um assobio, ao pessoal da 'Balança', avisando de que havia 'mouros na costa'.

O estranho aviso, surpreendido pelos inspectores, chamou-lhes a attenção e elles deram uma immediata 'batida', encontrando fortes reacção.

Vencida afinal a resistencia e já avisada a delegacia de Roubos foram transportadas as seis ladras para o Gabinete da rua dos Gusmões.

AS MULHERES CAPTURADAS

Maria Francisca Justina, Beatriz David Oliveira, Felisbina Maria Conceição, Jandyra Marcondes Oliveira, Geralda Augusta de Souza e Tercilia Maria de Jesus foram então interrogadas pelo dr. João Climaco Pereira, delegado de Roubos.

No depoimento que prestaram contaram scenas interessantes da existencia da quadrilha e confessaram varios furtos e roubos comettidos.

A HISTÓRIA DA QUADRILHA

Algumas ladras profissionaes idealizaram a fundação da 'Balança' e montaram o acampamento num terreno adrede escolhido.

Armaram ali as suas tendas e começaram a viver da rapinagem.

Aos poucos outras foram apparecendo. Eram pretinhas de 14 ou 15 annos levadas pelas companheiras e que facilmente se acostumaram áquelle meio de vida.

Dormian em 'ninhos', sordidos molambos, e além do roubo se entregavam aos mais baixos vicios.

Obedeciam todas a uma chefe, e a sua autoridade era cegamente respeitada.

As menores eram encarregadas de furtos na cidade, praticados durante o dia, e as mais habeis de assaltos, perpretados durante a noite.

O produto do roubo era repartido por todos os membros da quadrilha, attendendo sempre o que era resolvido pela chefe.

PROSEGUEM AS DILIGENCIAS

A delegacia de Roubos, bem succedida na diligencia de hontem, proseguirá em suas investigações, afim de capturar o restante do bando.

As de maior idade serão devidamente, processadas e as outras entregues ao Juiz de Menores."

Fonte:  DIARIO NACIONAL (SP), 12 de Dezembro de 1929, pág. 01, col. 01-02
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...