sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Histórias Curiosas L


João de Deus Nunes (1909-1973), também conhecido como Queca Nunes, foi um dos mais marcantes políticos da cidade de Canguçu, tendo sido prefeito por duas vezes daquele município. Conta-se a seu respeito, sua habilidade oratória, seu carisma e também algumas gafes que passaram ao folclore político da região. 

Um colaborador nosso, residente atualmente no bairro Saint-Hilaire, em Pelotas, mas filho da "Princesa dos Tapes", nos informa de alguns "quadrinhos" que presenciou quando jovem naquele município, enquanto Queca Nunes foi prefeito. 

1 - Nos discursos, ao se referir à Lei da Gravidade, o ex-prefeito sempre se esquecia e emendava o estranhíssimo "Lei da Gravidez". Uma das leis, inclusive, que o próprio Nunes quis revogar.

2 - Diante de um escândalo de desvio do leite na prefeitura de Canguçu, leite esse que deveria ser distribuído às famílias carentes, mas era surrupiado por alguns "amigos do alheio", o ex-prefeito teria pedido à equipe técnica da prefeitura que elaborasse um projeto do "leite encanado". Dessa forma, se impediria o desvio no processo de distribuição e o leite chegaria prontinho na casa de quem precisasse!

3 - Em 1966, um evento ímpar agitou a região, que se deu em função de um eclipse solar no hemisfério sul, o qual foi perfeitamente observável no sul do Brasil. Em razão do acontecimento astronômico, a cidade de Rio Grande recebeu uma grande comitiva de cientistas norte-americanos da NASA, que instalaram toda uma sorte de parafernálias no local para a observação do fenômeno e o lançamento de dois foguetes de pesquisa para coleta de dados mais precisos. De várias cidades da zona sul do estado do Rio Grande do Sul, saíram excursões e delegações oficiais de algumas prefeituras para se fazerem presentes no evento, pois também estavam altas autoridades das Forças Armadas. Isto é, não deixava igualmente de ser um evento político. Foi, então, que o prefeito João de Deus Nunes, querendo ao máximo estar presente no evento e representar o seu município, usando o fato de ser um dos próceres da ARENA na região telefona diretamente para um general do III Exército em Porto Alegre e propõe o impensável: se não havia como adiar o eclipse em alguns dias!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Histórias Curiosas XLIX

Havia no Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, anos atrás, um professor do curso de Filosofia, notável por sua inteligência e conhecimento, mas igualmente célebre pelo seu jeito peculiar e pelo modo como dava aula. Muitas histórias cômicas são contadas a seu respeito, algumas explorando sobretudo o nível de abstração que suas aulas possuíam, aulas estas capazes de embaralhar o entendimento de qualquer desavisado que não soubesse do jeito excêntrico do dito professor.

Uma história contada a seu respeito, se destaca pelo aspecto inusitado com que ocorreu. Era um dia de semana normal de aulas no ICH e os alunos do quinto semestre de Filosofia chegaram para uma "maratoninha" de quatro aulas com o citado professor. Alguns, ao chegarem no Departamento de Filosofia por volta das 18h30, são logo surpreendidos com a notícia que a mãe do referido professor (vamos chamá-lo de Zezinho) havia falecido no dia anterior e o enterro tinha acontecido pela manhã. Evidentemente, mais do que natural, os alunos se entreolharam e concluíram que não haveria aula aquela noite.

Para surpresa de todos, alunos e colegas professores do professor Zezinho, deveria ser 18h50, o professor Zezinho adentra o corredor principal do ICH com a sua tradicional pasta preta carregada por uma das mãos. Diante das faces admiradas de alunos e outras pessoas, o professor Zezinho explica de modo muito natural:

- É, minha mãe morreu ontem e foi enterrada hoje. Mas eu estava sem nada para fazer em casa, por isso resolvi vir dar aula.

Os alunos não argumentam coisa alguma, pelo absoluto ineditismo da situação. Entram todos para a sala de aula e o tempo transcorre. Num dado momento, enquanto o professor Zezinho segue com suas abstrações e elucubrações, a porta da sala que estava aberta é batida violentamente por uma lufada de vento que entra pelo corredor. Sem pestanejar, o professor Zezinho calmamente interrompe a explicação, olha para a porta e solta:

- Mãe, deixa eu dar aula!

O espanto com a resposta somou-se em seguida a uma tentativa de conter o riso que causava até dor. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Histórias Curiosas XLVIII

Conta-nos um colaborador nosso, ex-policial civil, que, tendo exercido a profissão entre os anos de 1986 a 2002 na região metropolitana de Porto Alegre, presenciara um curioso fato em suas investigações criminais. Curioso e cômico pelo desfecho inusitado.

Por volta de 1994, 1995, nosso amigo atuou na região da Cidade Baixa, em Porto Alegre. A Delegacia de Polícia a qual trabalhava começou a receber uma série de denúncias de um tarado que assolava a região, atacando moças jovens, principalmente estudantes. Várias mulheres descreveram os ataques do tarado, tendo ocorrido alguns casos de tentativa e, em outros, o estupro se consumou. A polícia mobilizou-se em busca do homem, com várias diligências e uma investigação criteriosa. Tanto o retrato falado quanto o modus operandi do criminoso eram convergentes. Não seria portanto difícil encontrá-lo e prendê-lo.

Só que havia um detalhe na investigação que surpreendeu os policiais. As mulheres que relataram ter sido violentadas fisicamente, após os depoimentos, eram encaminhadas à perícia médica. Só que os resultados que vinham normalmente eram classificados como inconclusos. Isto é, em algumas mulheres não se podia afirmar que houve penetração de fato ou ainda não se podia afirmar que houve violência física que configurasse violência sexual. Somente em algumas perícias foi constatada a presença de esperma nas roupas íntimas de algumas moças. Todavia, apesar disso, os investigadores prudentemente concordaram que não podiam descartar o depoimento de várias mulheres traumatizadas, além de testemunhos de terceiros e várias evidências. Embora, as dúvidas levantadas pelas perícias tivessem trazido um mistério para a resolução do caso.

Logo, porém, encontraram e prenderam o sujeito: magérrimo e maltrapilho. Ao levarem para a delegacia o criminoso, interrogaram-no e ele admitiu as tentativas e os estupros. Só que esse nosso amigo (o que nos relata esta história) e mais dois outros policiais quiseram tirar a história a limpo. Levaram o sujeito para uma salinha nos fundos da delegacia e ordenaram que ele abaixasse as calças e a cueca. Em seguida, pediram que ele se masturbasse na frente deles, mesmo com o sujeito ali completamente indefeso. Foi daí que o mistério foi resolvido. Sem precisar terminar o ato vexatório, os três policiais ordenaram que o sujeito parasse e tiveram a resposta dos ditos resultados inconclusos das perícias: a "arma" do estuprador se resumia a meros oito centímetros!!

Nota: A história é publicada pelo seu aspecto inusitado, mas de forma alguma deve ser lida como uma forma de minorizar o crime de estupro.

domingo, 29 de janeiro de 2017

A Quinta do Itaguaçu


Trecho extraído de: HARNISCH, Wolfganf Hoffmann. Rio Grande do Sul: A Terra e o Homem. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1941, p. 86-87.

"Com o sr. Sílvio da Cunha Echenique faço uma excursão à Serra dos Tapes, cujas instalações agrícolas provêm a cidade de produtos alimentícios. Essa cadeia de outeiros, ricos de matas, alcançando, nalguns pontos isolados, a altitude de 350 a 400 metros, oferece à vista o aspecto duma paisagem de parque. Tudo é moderado e suave, pacífico e amável, notando-se a ausência de arestas e asperezas. Os vales suaves mostram campos e jardins, cultivados com muito asseio, estendendo-se ladeira acima até as casas com seus grupos de arvoredo.

Verdadeiro paraíso é a Estação Experimental da Escola de Agronomia. Campos de cultura de parreiras, árvores frutíferas e cereais espraiam-se em tôrno de extensa e suave ladeira de campos e arvoredos. Não fôssem as palmeiras, não fôssem algumas figueiras a lembrar as épocas em que aqui dominava a mata virgem, diria encontrar-me no parque duma propriedade inglesa.

Atingimos a quinta de Itaguaçú, por uma quebrada formada de muros de bambú, completamente ensombradas; a impressão que me deixou é de um dos mais belos recantos que tenho visto no Estado. O caminho de acesso ao cume do morro, sôbre o qual está situada a casa campestre, ladeia grupos de coníferas, que talvez sejam a mais rica e completa coletânea de acículas da América, com exemplares de tôdas as cinco partes do globo.

Itaguaçú, como o diz seu nome, é um bloco granítico do tamanho duma montanha. Avançando desde a cadeia de serras em direção ao vale, ele baixa a uns duzentos metros, arredondado e alisado pela natureza. O pico está cercado, num extenso semicírculo, por um muro mais baixo, mas largo, atrás do qual o dorso granítico desce, bastante íngreme, para o vale. Dêste muro pode-se ver terra a dentro a grande distância, por cima dos telhados de Pelotas, até Rio-Grande, dum lado, e Bagé de outro. Num arco do muro está dependurado velho sino jesuítico; por sôbre algumas pedras, cobertas de vegetação, depara-se com um canhão da época dos farrapos, fundido na Inglaterra. No refeitório da casa rural, as paredes estão cobertas de tôda espécie de utensílios da vida dos gaúchos: esporas, freios, bem como bombardas do período bandeirante, além de pistolas e espadas... Quantos dêsses museus particulares encontrei pelo Brasil, especialmente no Rio-Grande-do-Sul! Por tôda a parte vivem tradições, e o mais das vezes estão unidas à tendência de conquistar efeitos máximos em face do presente com o realismo de suas exigências. Nunca havia visto biblioteca tão rica e formada de obras de todos os idiomas, como este sôbre questões agrícolas, na casa do meu hospedeiro. A criação de puros-sangues do sr. Sílvio da Cunha Echenique tem fama além das fronteiras do Estado."

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Historias Curiosas XLVII

O polêmico projeto da Proposta de Emenda Constitucional número 55 causou uma série de
reações adversas de vários setores da população brasileira, mobilizando movimentos sociais e sindicatos em protestos País afora. Apesar disso, no último dia 13 de Dezembro de 2016, a PEC 55 (que limita os gastos públicos no Brasil por 20 anos) foi aprovada em segundo turno no Senado Federal, o que garantiu a sua posterior promulgação dois dias depois.

Todavia, toda tragédia tem o potencial de tragicomédia, embora particularmente expresse aqui que não esteja de modo algum comemorando ou enaltecendo a aprovação da PEC 55. Pelo contrário, lamento a forma como foi feita e sei dos riscos que ela traz para o futuro do Brasil. O que me assusta é a forma com que determinados grupos políticos de esquerda se posicionam, dando a impressão que vivem em uma realidade paralela, utópica e pobre de qualquer pragmatismo e objetividade.

Logicamente, houve vários protestos durante as votações para a aprovação da PEC 55 desde Outubro até Dezembro de 2016. A cidade de Pelotas foi palco de vários deles. Só que o último protesto contra a aprovação da PEC 55 em Pelotas, justamente no dia 13 de Dezembro, entra definitivamente para a história política da cidade e será lembrado daqui há 20, 30, 40 anos. Infelizmente, num tom jocoso. 

O protesto foi marcado e ocorreu no Largo do Mercado Público às 18 horas do dia 13 de Dezembro... justamente uma hora e quarenta e cinco minutos depois da aprovação final da proposta no Senado Federal! O mais cômico é saber que havia pessoas lá com cartazes não de crítica à aprovação da PEC, mas exigindo que a votação fosse canceladae não houvesse votação! Vai entender...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Lembra da Cachaça Viúva Negra?


Imagem extraída do link: http://www.pajuari.com.br/fotoscolecao/894.jpg

A cachaça Viúva Negra foi uma aguardente produzida em Capão do Leão durante a década de 90 até o início dos anos 2000, quando um incêndio provocou o fechamento da pequena destilaria que a produzia na Estrada da Hidráulica. Pertencia a Délcia Marina Lamb. A bebida era conhecida por seu gosto marcante e forte.




segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Histórias Curiosas XLVI

O ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, possui como marca indelével o fato de não possuir o dedo mínimo na mão direita. Isso se deve a um acidente de trabalho acontecido em 1963, na época ainda que era metalúrgico em São Bernardo do Campo. Em Herval, um conhecido e folclórico político daquela cidade também apresenta também um tipo semelhante de mutilação, só que na mão esquerda e o dedo que lhe falta é o dedo médio (sim, justamente aquele que serve para proferir uma grosseria não-verbal se esticado quando os demais estão em repouso).

Entretanto, este pitoresco personagem, a quem vamos denominar de forma fictícia de Dorvalino perdeu o dedo de uma forma muito inusitada. 

Na ocasião, Dorvalino era vereador no município de Herval e tal como sempre fazia, em visitas de deputados ou candidatos a deputado à cidade, encarregava-se de recepcionar o melhor que pudesse os políticos que lá apareciam. Foi que numa das ruas principais de Herval, lá está o Dorvalino muito garboso esperando o deputado de seu partido chegar para um evento específico. Havia também outros militantes junto dele e o Dorvalino preparava uns foguetes de três tiros para fazer muito alarde e agradar o deputado.

Nisso, adentra na cidadezinha um carro acompanhado de outros, seguido de buzinaço e foguetório. O Dorvalino nem pensa muito e apronta um foguete, já posicionado para soltá-lo nos ares. Entretanto, um companheiro de partido do Dorvalino olha e grita:

- Dorvalino, não é o nosso deputado! É o deputado do outro partido.

Sem pensar duas vezes, Dorvalino toma a decisão rápida e "sábia": tampa a boca do foguete com o dedo anelar!!
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