Causou muita polêmica nesta última semana uma matéria publicada pelo site The Intercept Brasil que traz a informação de uma fazenda no município de Vassouras, estado do Rio de Janeiro, onde há uma espécie de passeio turístico encenado que remete aos tempos do Brasil Imperial. Na Fazenda Santa Eufrásia (que é tombada pelo Patrimônio Histórico do Rio de Janeiro), o turista pode revisitar o passado da época áurea das plantações de café na região durante o século XIX. O detalhe "artístico" da visita é que os visitantes são recepcionados pela dona da fazenda, trajando vestimentas oitocentistas como uma "sinhá" e acompanhado de mulheres negras como "mucamas" e "escravas". No decorrer do tour, a "sinhá" utiliza termos típicos da época e "ordena" às suas escravas uma série de afazeres. Os turistas também são servidos pelas mucamas no momento em que lancham na fazenda. Chocante!
O aspecto deplorável é revitalização da História do Brasil de um modo que pretende ser glamouroso, mas trata a questão da escravidão como um elemento menor, sem importância, quase como uma trivialidade. O racismo implícito se desenrola na medida em que é possível, através do tour, sentir-se como um "barão do café" como todo o "luxo e o requinte" da época, incluindo o fato de ser servido por um séquito de escravos. Em suma: uma piada de muito mau gosto!
Soube do assunto assistindo o canal do Cauê Moura no YouTube. Aliás, ao tratar sobre o tema, o vlogger deu a "sugestão" dos donos da fazenda irem mais longe: quem sabe não recriar também a "cena histórica" do final do filme Django Livre, de Quentin Tarantino. O sarcasmo acaba sendo uma maneira de crítica a um fato tão infeliz. Abaixo segue alguns links abordando o assunto:
Vídeo do Cauê Moura (a partir de 5:25)
Nenhum comentário:
Postar um comentário