Segundo vídeo com foco neste assunto do canal Xadrez Verbal no YouTube. Publicamos aqui o primeiro vídeo que aborda sobre o tema no dia 31 de Agosto na postagem a seguir:Como é fazer faculdade de História (vídeo). Vale a pena conferir este vídeo e ou outro. Recomendamos também a inscrição no ótimo canal.
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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domingo, 6 de setembro de 2015
sábado, 5 de setembro de 2015
Companhia Hidráulica Pelotense - Represa Moreira
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Fonte da imagem: http://poisonli.blogspot.com.br/2010/12/hidraulica-pelotense-e-pedal-curticeira.html |
"A REPRESA DO MOREIRA
As obras da represa do arroio Moreira e do encanamento geral e
distributivo da cidade foram definidas no contrato firmado entre Hygino Durão e a
província. As obras executadas inicialmente consistiram no represamento do arroio,
através da execução de uma barreira de retenção de água (com uma bacia de
acumulação), e na construção de três tanques destinados ao depósito de água
(clarificação), com capacidade para mil metros cúbicos cada.
A contratação da obra com Durão mostrava avanços em relação aos projetos
apresentados anteriormente, como a proposta de Cordeiro e Storry, que previa a
construção de uma represa e de três reservatórios na cidade, com capacidade para
conter três mil metros cúbicos de água. O plano inicial provavelmente foi alterado
levando-se em conta a necessidade de purificação da água pela decantação.
Completavam a obra a rede adutora, o reservatório de ferro, a rede de
distribuição e os chafarizes. O sistema fornecia água bruta (in natura), já que a
primeira estação de tratamento da cidade foi construída no final da década de 1920. O
represamento do arroio foi feito por uma comporta de ferro. As
contenções laterais do curso d’água consistiam em muros executados com alvenaria
de pedra.
O viajante Michael Mulhall esteve em Pelotas nesse período e descreveu, em
suas percepções sobre a cidade, as obras de abastecimento de água potável. Mulhall
destacava que “as ruas são pavimentadas e limpas, e logo que as obras do gás e da
água, já iniciadas forem completadas, a cidade terá um aspecto muito respeitável”.
Mulhall vai perceber e relatar um dos problemas que há décadas preocupava a
Câmara de Vereadores da cidade: a qualidade da água potável. O viajante comentava
que “até agora, o mais sério problema tem sido a falta de água pura, pois a única fonte
é a água do rio São Gonçalo, retirada um pouco acima das charqueadas, que mesmo
assim ainda turvam um pouco o líquido”. Em seu parecer destacava que
o aqueduto agora em construção tem umas 12 milhas de extensão,
trazendo água das colinas que formam um anfiteatro no lado oeste.
[...]. O concessionário do suprimento de água é o senhor Durão, que
avalia em 50 mil libras esterlinas o custo da obra em execução. O
aqueduto consistirá apenas de canos colocados deste ponto até a
cidade de Pelotas, a distância sendo declarada invariavelmente entre
12 e 14 milhas. Perto da Cascata, encontramos uns seis homens
fazendo cabanas para os trabalhadores encarregados da construção
do aqueduto. O capataz [...] espera ele que a água alcance Pelotas
em menos de um ano.
Alguns anos após a passagem de Mulhall as obras já estavam concluídas, e
Echague anunciava, em seu relatório de 1876, as novas obras a serem executadas na
represa. As obras referiam-se a construção de uma casa para o pessoal responsável
pela manutenção da represa e dos tanques e a reposição e reparos dos
danos causados pelas águas no terreno contíguo a represa. Ambas foram contratadas
por empreitada com Carlos Zanotta.
As obras de manutenção da represa foram uma constante nas administrações
posteriores, exigindo intervenções de porte significativo ou, em muitos casos, a
conservação dos serviços já executados."
Companhia Hidráulica Pelotense
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Fonte desta imagem: http://www.pelotas.rs.gov.br/sanep/museu-do-saneamento/agua/companhia-hidraulica-pelotense/ |
Trecho extraído de: SILVEIRA, Aline Montagna da. De fontes e aguadeiros à penas d'água: reflexões sobre o sistema de abastecimento de água e as transformações da arquitetura residencial no final do século XIX em Pelotas-RS. São Paulo: Tese de Doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da USP (Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Mugayar Kühl), 2009, p. 147-152.
"A COMPANHIA HIDRÁULICA PELOTENSE
O contrato do abastecimento de água potável de Pelotas foi finalmente
efetivado em 1871, com o empresário Hygino Corrêa Durão, comerciante da cidade de
Rio Grande. Mas a transição para o novo sistema de abastecimento ocorreu
lentamente. Ainda no mês de janeiro deste ano a Câmara Municipal previa despesas
com a abertura de cacimbas para o abastecimento de água potável na cidade.
Nesse período esteve em Pelotas o viajante Augusto de Pinho que, entre suas
impressões do local, destacou o abastecimento de água da cidade. O relato do
viajante apontava que “a água de que aí se faz uso é da chuva; conduzida dos
telhados e das sotéias, há umas cisternas feitas de tijolo e terra romana a que dão o
nome de algibes”. Além disso, Pinho comentava a incorporação de uma companhia,
com o objetivo de abastecer a cidade com água potável e citava, ainda, a excelente
qualidade da água que serviria à cidade. Esse período coincide com o surgimento da
Companhia Hidráulica Pelotense.
O relatório da Presidência da Província de 1871 registrava que o contrato para
o abastecimento de água de Pelotas fora firmado em dez de maio deste ano, com
Hygino Corrêa Durão, que apresentou a proposta mais favorável para a execução do
serviço. O relato do Presidente destacava que estava definida “a realização de uma
das mais urgentes necessidades daquela importante cidade”.
O contrato firmado entre o empresário e a província estabelecia as obrigações
do contratante, definindo as diretrizes essenciais para a implantação do sistema de
abastecimento de água da cidade.
As especificações estabelecidas no documento indicavam a execução da
canalização em tubos de ferro betuminados, desde
o arroio Moreira confluente do arroio Fragata, prolongando o
encanamento desde o ponto denominado Cachoeira, situado na
chácara de D. Arminda da Cunha, até ao interior da cidade de Pelotas
e a construir no supramencionado ponto de partida uma represa e os
tanques de depósito necessários, com capacidade para conterem três
mil metros cúbicos d’água, e na cidade um ou mais reservatórios com
igual capacidade.
A escolha do manancial, considerando-se a vazão e a pureza da água,
apontava para o mesmo curso d’água desde a proposta apresentada por Cordeiro em
1869. A qualidade da água, límpida antes de entrar no encanamento, era outro
requisito do contrato e, por isso, indicava-se a construção dos tanques junto à represa.
Além disso, no artigo 2o. estabelecia-se que deveriam ser instalados “quatro chafarizes,
que, além de seus respectivos repuchos, tenham cada um quatro torneiras ou
bornefontaines, com candelabros para o serviço diário e noturno [...] os chafarizes
serão de ferro bronzeado e serão em tudo iguais aos desta capital”. Ainda em
relação às obras, o documento determinava que poderiam ser arrendados anéis e
penas d’água, edificadas casas de banho (sujeitas à inspeção da polícia) e
estabelecidos lavadouros públicos.
O contrato definia ainda o preço da água a ser comercializada, regulamentando
que o valor máximo para o barril de vinte e cinco litros era vinte réis nos chafarizes, e
dez réis nos anéis ou penas. Estabelecia, ainda, o fornecimento de água gratuitamente
às repartições e aos edifícios públicos provinciais, gerais e municipais, que se
responsabilizariam pelas despesas da canalização e da distribuição interna.
Os prazos foram rigorosamente estabelecidos no contrato e seu
descumprimento acarretaria futuros problemas à companhia. No documento foram
firmados os períodos de seis meses para a apresentação do projeto de execução das
obras (sujeito à aprovação do governo) e de oito meses para o início das mesmas,
ambos a contar da assinatura do contrato. No caso de ocorrer a incorporação da
companhia, fixou-se o prazo de três meses, após a aprovação dos estatutos, para a
primeira exigência. O documento previa ainda a conclusão das obras da
canalização geral e da colocação dos chafarizes em trinta meses. A transferência do serviço ao poder público era indicada na autorização para a desapropriação da
empresa, que só poderia ocorrer trinta anos a contar da data de realização das obras.
A Hidráulica Pelotense teve dificuldades em cumprir uma série de prazos
estabelecidos no contrato firmado entre Hygino Durão e a Presidência da Província.
Esses fatores levaram a atrasos recorrentes no pagamento dos juros de 7% ao ano,
pagos semestralmente pelo governo, sobre o capital máximo investido de
500:000$000.
O contrato de Pelotas estipulava a despesa máxima de dez por cento do valor
total do contrato (50:000$000) para investimentos preliminares, que compreendiam levantamentos e correção do projeto hidráulico e seus detalhes (situação que gerou
diversos problemas em Porto Alegre), montagem de uma comissão para engajar
operários e remuneração ao incorporador da companhia.
As facilidades que o governo oferecia à implantação do sistema abrangiam as
desapropriações e a isenção do pagamento de taxas. Quanto às primeiras, propunhase
a realizar as desapropriações necessárias à realização das obras (à custa da
empresa) e em relação à segunda oferecia auxílio na obtenção, junto aos poderes
públicos, de isenção de direitos de importação sobre os materiais necessários para a
realização das obras.
O documento determinava que o projeto de execução fosse fiscalizado por um
engenheiro indicado pela província, e que o assentamento da canalização de água
deveria incluir as ruas principais e mais povoadas da cidade, entre as que terminam na
praça Pedro II e no largo da Igreja.
Essa delimitação acabou gerando sérios problemas quanto a definição dos
locais destinados aos chafarizes. Entretanto, observa-se que, apesar da canalização
não contemplar a zona portuária, a empresa instalou um chafariz na praça Domingos
Rodrigues, e outro ao sul, além da praça Pedro II.
A contratação de licitantes para a implantação de obras públicas foi um fato
recorrente no período, assim como a incorporação das companhias e a transferência
dos contratos para empresas privadas. Essas transações consistiam em práticas
comuns na época, como se percebe na implantação das Hidráulicas Porto-Alegrense,
Pelotense e Rio-Grandense (esta última também incorporada por Hygino Durão, em
parceira com João Frick). A facilidade e o conhecimento dos trâmites dos processos
de licitação junto à Presidência da Província deveriam contribuir para a permanência
dos licitantes (empreiteiros) em cargos das empresas incorporadas. É o que se nota
nas hidráulicas de Pelotas e Rio Grande, onde Hygino Durão e João Frick assinaram
os contratos para executar o abastecimento de água encanada e ambos
permaneceram como gerentes das empresas incorporadas.
Hygino Durão foi responsável por outras obras no Estado. Em Rio Grande,
esteve envolvido nas licitações para as obras no cais, em junho de 1869. Foi possível
identificar, ainda, que a ponte sobre o rio Piratini (conhecida como Ponte do Império),
contratada com Durão, foi entregue ao trânsito público em vinte e um de novembro de 1870. Sabe-se também que apresentou proposta ao governo provincial para a
execução das pontes sobre os rios Camaquã e Arroio Grande.
Além disso, identificou-se um projeto de entroncamento entre a estrada de ferro
Rio Grande-Bagé e a linha de Porto Alegre-Uruguaiana, que foi mandado executar por
Hygino Durão, sob a direção dos engenheiros A. Primrose, Carlos Alberto Morsing e
do chefe de escritório João Frick. Esse documento evidencia que, em 1876, ainda
mantinha relações de trabalho com Frick e com Primrose (que trabalhou também nas
obras das companhias hidráulicas de Rio Grande e de Pelotas).
O viajante Mulhall referiu-se a Hygino Durão, relatando que além do
abastecimento de água potável, “o mesmo cavalheiro é concessionário da projetada
estrada de ferro de Rio Grande a Pelotas (35 milhas) e deverá em breve ir à Inglaterra
para tratar desse assunto”. Comentava ainda que, ao visitar as imediações da
Cascata, encontrou um engenheiro alemão encarregado dos estudos e da
demarcação da rota para o novo aqueduto da cidade.
Weimer cita brevemente a atuação de Hygino Corrêa Durão, referindo-se a ele
como arquiteto, envolvido somente com projetos viários e de urbanização. A
atuação de Hygino nas obras citadas nos leva a supor que se tratasse de um
empresário, empreiteiro de obras de construção civil, já que os projetos que
encontramos apresentavam a assinatura de outros profissionais, relacionados
diretamente à autoria (projeto) e à construção (execução) das obras.
Higyno Durão atuou tanto na implantação da Companhia Hidráulica Pelotense
como na Rio-Grandense, ambas no mesmo período: seu trabalho como empresário
consistia em participar das licitações abertas pela Presidência da Província, assinar o
contrato e adquirir os privilégios da execução dos serviços, comprometendo-se em
incorporar a companhia, vendendo seus direitos e obrigações. No caso da Companhia
Hidráulica Pelotense, Hygino tornou-se gerente da empresa e empreiteiro das obras.
Em 1872, como gerente, viajou para a Europa, provavelmente para tratar de
seus empreendimentos (o relatório de junho deste ano citava que desde janeiro
encontrava-se no exterior e destacava, ainda, que a execução das obras ficaria a
cargo de João Frick, seu sócio na implantação da Hidráulica Rio-Grandense). Os jornais de Pelotas da década de 1870 noticiavam os trabalhos de Durão na Hidráulica
Pelotense.
Não está de todo concluída essa magnífica obra, porque faltam, ainda
algumas chapas, que se esperam brevemente, mas pode-se desde já
avaliar da sua incontestável e grande importância. Nunca ninguém se
persuadiu que o empresário da Hydraulica Pelotense cumprisse tão
satisfatoriamente a condição do seu contrato que se referia à
construção do depósito d’água, nem tampouco jamais passou pela
idéia de alguém que fizesse uma obra tão gigantesca e admirável.
Hoje, ante os fatos, é de rigorosa justiça restituir-lhe os créditos que
se haviam posto em dúvida e um dever imprescindível encarecer o
seu procedimento. Nós, que fomos sempre os primeiros a censurá-lo
quando de censura o considerávamos merecedor, queremos também
ser os primeiros, por desencargo de consciência e por amor à
verdade, a tecer-lhe os louvores de que se tornou digno pela maneira
honrosa e mesmo superior a toda expectativa por que desempenhou
aquela parte do seu contrato.
Em 1877, o relatório da Companhia Hidráulica Pelotense referia-se a uma
negociação entre a empresa e a testamentária de Hygino Corrêa Durão, o que indica o
seu falecimento provavelmente neste ano. No mesmo período João Frick relatava que
na Hidráulica Rio-Grandense “tem continuado a desempenhar os compromissos a que
individualmente ficou obrigado pelo falecimento de seu corresponsável nesta obra, o
Sr. Hygino Corrêa Durão”.
A INCORPORAÇÃO DA HIDRÁULICA PELOTENSE
A primeira diretoria da Companhia Hidráulica Pelotense foi composta por
personalidades oriundas de famílias influentes da região: formada por João Simões
Lopes (visconde da Graça), Antônio José de Azevedo Machado Filho (filho do barão
de Azevedo Machado) e Felisberto Ignácio da Cunha (barão de Correntes), teve como
seu presidente o primeiro."
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Importante estudo sobre a população da paróquia de São Pedro do Rio Grande
Índios paulistas aldeados entre os primeiros moradores de Rio Grande, juntamente com índios tapes e minuanos do Rio Grande do Sul, constituem os elementos étnicos originais da povoação de São Pedro de Rio Grande, juntamente com a grande leva de casais açorianos e gente vinda do Rio de Janeiro.
O estudo abaixo é revelador sobre as origens étnicas da região sul do Rio Grande do Sul.
Trecho extraído de: QUEIROZ, Maria Luiza Bertulini. Paróquia de São Pedro do Rio Grande: estudo de história demográfica, 1737-1850. Curitiba: Tese de Doutoramento do Curso de Pós-Graduação em História da UFPR, 1992.
"A PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE
Criada por provisão de 6 de agosto de 1736, subordinada ao Bispado do Rio de Janeiro, a Paróquia de S. Pedro do Rio Grande compreendia todo o território que se estendia da margem sul do rio Jacuí ao arroio Chuí, conquistado à Espanha seis meses mais tarde, com a fundação do Presídio e Colônia do Rio Grande de S. Pedro, na margem sul do canal de acesso à Lagoa dos Patos. Sua jurisdição abrangia, então, um imenso vazio demográfico denominado "continente" do Rio Grande.
0 processo de expansão da colonização portuguesa sobre essas terras resultou no natural desmembramento de parcelas de seu território para a criação de novas paróquias; em 1765, a de N. Sra. da Conceição do Estreito, em Í773, a de S. Luis de Mostardas, em Í8Í2, a de S. Francisco de Paula de Pelotas, em 1832, a de N. Sra. da Conceição do Taim, e em 1846, a de N. Sra. da Conceição do Povo Novo.
A sede da paróquia era a colônia do Rio Grande, elevada à condição de vila em 1747, e à categoria de cidade em 1835." (p. 01)
"Em inícios de 1738 começaram a chegar os primeiros povoadores civis de origem luso-brasileira. 0 governo do Rio de Janeiro, a que estava subordinada a colônia, desenvolveu intensa atividade objetivando o seu povoamento, deslocando casais, recrutas e mulheres solteiras, colocando em prática o antigo projeto (1735) de povoar as terras desertas do sul do país com o excesso de população da região das Minas e do Rio.
A ação colonizadora teve por base uma "política de casais", que fixava as Famílias à terra e estimulava os casamentos. Aos casais que se deslocavam para a nova colônia era assegurado um trato de terra, cabeças de gado, ferramentas, alqueires de cal e de sal, grãos, lentilhas e feijões, e eram mantidos com farinha até a primeira colheita.
As mulheres solteiras eram atraídas pelas amplas possibilidades de casamento e pela extensão desses incentivos aos casais formados na colônia; elas representavam a solução para a acomodação do expressivo contingente masculino solteiro aquartelado na fortaleza. Quanto a este, o governador era claro em seus projetos: "o importante é que se casem e se vão arraigando na terra, para o que lhes tenho mandado mulheres e lhes irei mandando mais". Em 1742, tendo oportunidade de avaliar os resultados de sua ação colonizadora, em visita à colônia, pôde observar que "quase todas" as mulheres que mandara do Rio, de "vida livre" e "desimpedidas", haviam tido filhos na colônia.
0 governo incentivou, também, a migração de famílias da Colônia do Sacramento para a do Rio Grande, nesses primeiros anos de povoamento, acenando com a sua posição mais segura e com as maiores possibilidades de acesso à terra. Esses povoadores eram, na maioria, da mesma origem dos que chegavam do Rio, resultando que na década de quarenta a população da colônia foi constituída basicamente por cariocas, mineiros, baianos e paulistas.
Os colonos açorianos começaram a chegar por volta de 1750, e constituíram o maior efetivo desse processo de povoamento. A "grande imigração" açoriana, entre 1750 e 1754, resultou na entrada de 423 casais e 409 pessoas adultas solteiras, que vão participar na formação de 259 novas famílias até abril de Í763. A importância dessa imigração para a sustentação demográfica da colônia, que contava a essa época com cerca de cem famílias, apenas, foi excepcional; os batizados de filhos legítimos da população livre passaram dos 289, registrados nos doze anos transcorridos desde a fundação da colônia, para 1.836, nos treze anos compreendidos entre janeiro de 1750 e abril de 1763, dos quais os açorianos respondem por 74,3%, participando de 77,1% dos casamentos celebrados entre 1756 e abril de 1763." (p. 06-07)
"A matriz indígena da população foi constituída, basicamente, por um grupo de índios procedentes de S. Paulo, e por dois grupos pertencentes aos domínios espanhóis, o Tape e o Minuano.
0 grupo indígena de S. Paulo era formado por 102 pessoas das aldeias de Barueri, Espinheiros, S. Miguel e N. Sra. da Escada, e a sua transferência, a chamada "recondução" de João da Tavora, fora ordenada pela Coroa antes mesmo da fundação da colônia, para o trabalho nas fort ificaçoes. Chegaram em setembro de 1737, por terra, e foram alojados no núcleo da povoação; no ano seguinte respondiam por 4 dos 9 batizados registrados pela população livre.
Os Tapes foram incorporados desde a fundação do presídio, apresados durante as incursões militares aos campos. Ao final da década de 1740, desciam em grandes grupos ao litoral, em busca de sobrevivência, pressionados pela expansão da atividade
tropeira sobre seu território. A entrada dos Minuanos na colônia se dá a partir de setembro de 1749, e decorre dessa mesma circunstância. Para os Tapes foi organizada a Aldeia de N. Sra. da Conceição, e os Minuanos foram aldeados na Estancia Real de Bojuru, ambas à margem esquerda do canal, sob a administração religiosa dos padres jesuítas." (p. 08-09)
"A expansão da colonização sobre os territórios interiores da paróquia resulta na sua divisão em três distritos: o da Vila, que correspondia à região ocupada desde a fundação do presídio até a invasão espanhola, e os do Povo Novo e do Cerro Pelado, com terras ocupadas a partir de 1777.
0 resultado mais significativo dessa expansão foi o surgimento de Oratórios; entre 1794 e 1812 seu número alcança a 29, espalhados por toda a paróquia, onde são celebrados 68,9% dos casamentos registrados nesse período." (p. 19)
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Como é fazer faculdade de História (vídeo)
Excelente e super recomendado vídeo sobre o assunto. Vídeo do canal Xadrez Verbal no YouTube. Aliás, para quem se interessa por temas da Atualidade e temas históricos, o canal é ótimo. Para estudantes, educadores e curiosos, vale muito a pena.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
A cidade de uma avenida só
O visitante ocasional de Capão do Leão tende a comentar que o município é de uma "avenida só" e que no entorno dessa avenida a população se concentra e a cidade está estabelecida. A dita "única" avenida é a Avenida Narciso Silva. Uma coisa é fato real: os principais órgãos públicos e serviços estão localizados ao longo da avenida Narciso Silva. Temos a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores, as secretarias municipais, os Correios, a Brigada Militar, a Polícia Civil, o INSS, os bancos, etc. Todavia, é necessário esclarecer que o Capão do Leão não é somente a avenida Narciso Silva (a dita "principal") e adjacências, é hoje bem mais que isso. Senão, não ostentaria uma população de aproximadamente 27 mil habitantes.
Um detalhe importante a ponderar é o seguinte: Capão do Leão cresceu muito nos últimos trinta anos. Muito mesmo em termos percentuais quanto à sua população. Por outro lado, cresceu desordenadamente com grandes espaços ainda desocupados, apresentando novas vilas e loteamentos distantes das zonas consideradas centrais. Como pequenas ilhas, esses novos espaços de habitação não são facilmente percebidos nem pelos próprios moradores. Outro dado importante a considerar é a presença do bairro Jardim América e o complexo de pequenos loteamentos e zonas habitadas que se desenvolveu ao redor dele. Não é pouco, pois todo esse espaço comporta aproximadamente 15 mil habitantes. Outro fronteira habitacional que numericamente cresce do "dia para a noite" em Capão do Leão são as faixas residenciais às margens da rodovia BR-293 - Parque Fragata, Vila Gabriela Gastal, Parque da Hidráulica (Vila do Toco). A transformação habitacional destas áreas nos últimos quinze anos foi extraordinária. Caro leitor, eu me lembro de ter percorrido as ruas do Parque Fragata em 1999, por exemplo. Naquela época, havia tanto campo vazio entre uma casa e outra que, dizer que iria "logo ali", era no mínimo caminhar uns 600 metros. Hoje, no Parque Fragata, as novas residências se aglomeram e formam um verdadeiro cenário de bairro com comércio e serviços. Futuramente, não se pode duvidar, que toda essa região à margem da BR-293 constitua a zona mais povoada de todo o município.
O que pretendo concluir é óbvio: Capão do Leão não é somente a "cidade de uma avenida só". O curioso é que a dita avenida principal está no extremo oeste da própria cidade - talvez isso explique essa observação inicial de muitos visitantes. Porém, basta ingressar região do Teodósio e Casabon adentro e se percebe que nem a própria sede é tão pequena assim. Quem afirma isso é um próprio motorista de caminhão dessas lojas de móveis. O sujeito ficou uma tarde inteira, indo de um lado para outro, nas diversas ruazinhas do Casabon e Teodósio, tentando achar um endereço que ele considerava muito fácil. O que não era verdade.
Os exemplos que eu citei são muito gerais. Poderia citar também a ocupação das zonas da avenida Eliseu Maciel, bem como o não desprezível desenvolvimento urbano do Loteamento Zona Sul e Armazém Brasil.
Para finalizar, um dado ilustrativo do crescimento populacional em Capão do Leão: 1a. eleição municipal em 1982 - cerca de 4900 eleitores; última eleição municipal em 2012 - quase 16000 eleitores. Em 30 anos, um crescimento de mais de 200%!
domingo, 23 de agosto de 2015
Horto Botânico Irmão Teodoro Luís
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Foto da praça e do prédio da administração do Horto em 1985 |
Parte extraída da página Florestas Pampeanas do link: http://florestaspampeanas.blogspot.com.br/2014/06/florestas-pampeanas-ecologia-florestal.html
O Horto Botânico Irmão Teodoro Luis-HBITL-ufpel, é uma Área de Preservação Permanente, regulamentada por portaria Ministerial no ano de 1964, sob responsabilidade técnico-administrativa do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pelotas-ufpel.
Sua implementação foi planejada e executada pelo botânico Irmão Teodoro Luis, no início da década de 1950, por solicitação do Instituto Agronômico do Sul. Durante o congresso de Botânica, ocorrido em Pelotas/RS em 1972, ao nome do Horto Botânico foi agregado o do Irmão Teodoro Luis, como reconhecimento pelo seu trabalho.
A área do HBITL é constituída por aproximadamente 100 hectares onde estão representados os principais tipos fisionômicos característicos do Bioma Restinga, quais sejam, a mata de Restinga Arenosa, a Mata de Restinga Paludosa, o Campo arenoso seco, o campo arenoso úmido e Banhados, um interno e outro externo a Mata, delimitando o Ecótono borda de mata com banhado em toda sua porção Sul-Sudoeste.
A mata Arenícola do HBITL, com cerca de 8-10 hectares, foi dividida em cinco bosques, delimitados pelo que o Irmão Teodoro Luis denominou de "avenidas". Em cada um dos bosques, foram abertas "picadas" as quais delimitam polígonos. As "avenidas' e "picadas" foram dados nomes de botânicos ilustres.
Atualmente mantém-se a característica dos cinco bosques delimitados por "avenidas" principais, sendo que várias encontram-se em fase de regeneração, com as comunidades vegetais ocupando novamente essas picadas e reagregando os polígonos.
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