quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Quadrilha de abigeatários em Jaguarão


"JAGUARÃO

(...)

- Refere-se a Ordem de 12:

<<Hontem ao escurecer deram entrada na cadêa civil os individuos Damasio e Rogerio Netto, hontem mesmo capturados no Capão da Perdiz pelo activo delegado e commandante da secção policial sr. capitão Antonio Marinho da Silva.

<<Consta-nos que esses dois individuos faziam parte da quadrilha de bandidos que veio cruzando do municipio de Bagé para este, a qual tambem nos informam que é em numero superior a 4, como haviamos noticiado.

<<Em poder de Damasio e Rogerio foram encontrados quatro cavallos, um de propriedade do mesmo sr. Marinho, que roubaram na passagem por Candiota, em cujo ponto tambem agarraram um pobre moço hespanhol de nome Francisco Acha, que trabalhava na estrada de ferro; e, depois de lhe tirarem tudo quanto possuía, inclusive a roupa do corpo, tiveram-n'o amarrado uma noite e na retirada deixaram-n'a acolherado com um cavallo!

<<Diz-se que esses dois individuos tambem tomaram parte em um assassinato commettido ha pouco em Bagé.

<<O sr. Marinho está procedendo a diligencias para conhecer o gráo de veracidade d'esta ultima versão.>>"

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Setembro de 1884, pág. 02, col. 01

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Festejos da Proclamação da República em São Leopoldo


"São Leopoldo

N'esta localidade, communicam-nos, os nossos co-religionarios festejaram com grande enthusiasmo o advento da Republica, nos dias 17 e 18.

No primeiro dia fez-se um passeio civico á tarde, e á noite foi illuminada a quadra em que funcciona o edificio do Club Republicano, tocando uma banda de musica até ás 10 horas da noite. Por essa occasião fallaram ao povo os nossos amigos Ernesto Silva e dr. Moraes Junior.

No segundo dia foi convidado o povo, em boletim, a associar se ao jubilo dos patriotas, acompanhando os n'um passeio civico á noite, o qual se realisou por entre geraes acclamações, dirigindo se ainda aos seus concidadãos os mesmos companheiros.

Foram saudados delirantemente os mais esforçados paladinos da causa nacional n'aquella cidade.

Innumeras adhesões e grande enthusiasmo foram as notas predominantes n'aquella festa patriotica."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 21 de Novembro de 1889, pág. 01, col. 04

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Uma viagem de automóvel entre Guaíba e Pelotas em 1911


"EXCURSÃO EM AUTOMOVEL

De Pedras Brancas a Pelotas

Conforme havia noticiado o nosso serviço telegraphico, partiram ante-hontem, dia 9, de Pedras Brancas, dois possantes automoveis de passageiros, em direcção a esta cidade.

A partida foi ás 9 horas da manhã de ante-hontem e a chegada a Pelotas ás 7 e 15 minutos, da tarde de hontem.

Portanto o percurso todo foi de 34 horas, inclusive as perdas de tempo em diversos logares como no pouso, em Camaquam, que foi de 7 horas e meia.

Ainda deram-se alguns accidentes na viagem, tendo os automoveis de parar cerca de 9 horas, devido a areias, banhados e caminhos barrentos.

*****

Os automoveis são da fabrica allemã Humber.

Um pertence ao sr. Hemeterio Mostardeiro e n'elle vieram os srs. Raul Amorim, nosso collega dr. Maciel Junior e o chaffeur José Alves, mechanico da casa Bromberg & C., da capital.

No outro, de propriedade do sr. Hugo Gertum, vieram este, seu irmão Emilio Gertum, o sr. Manoel Ignacio Evangelista e, servindo como chaffeur, o sr. Vasco Azambuja, negociante em Porto Alegre.

*****

De Porto Alegre a Pedras Brancas a viagem foi feita n'um rebocador.

A excursão foi feita com todas as precauções, como n'uma verdadeira expedição.

Os serviços de viagem vieram distribuidos assim: chefes da excursão - Hemeterio Mostardeiro e Hugo Gertum; os srs. Vasco Azambuja e José Alves chaffeurs; o sr. Raul Amorim, encarregado das provisões; o dr. Maciel Junior, observações, notas de viagem, etc.; o sr. Manoel Ignacio Evangelista, vaqueano; o sr. Emilio Gertum, photographo.

Em S. João do Camaquam, embarcou o coronel Zeca Netto, que ficou em S. Lourenço.

O Camaquam foi vadeado numa barca, estando os excursionistas muito gratos ao abastado estancieiro sr. Francisco Crespo, que tudo lhes facilitou para essa passagem.

O sr. Crespo esperara, amanhã, os viajantes com um churrasco, á beira do rio.

Em São João do Camaquam, o povo esperou os viajantes com salvas de bombas, vivas e um banquete, que elles não puderam acceitar, por terem só chegado ás 11 1/2 da noite.

Foram tiradas várias photographias, em Pedras Brancas, S. João do Camaquam, margem do Camaquam e hoje, nesta cidade, todas em bellos grupos.

A velocidade na viagem, embora sejam especiaes as machinas, nunca pôde ser grande, pela desvantajosa topographia dos caminhos.

A região mais rica, em panorama, segundo os excursionistas, em toda a travessia, é a que fica entre S. João de Camaquam e S. Lourenço, que é de real belleza.

O sr. Hemeterio Mostardeiro é o presidente da Praça de Commercio de Porto-Alegre.

O dr. Maciel Junior traz cuidadosamente annotadas todas as distancias, velocidades, accidentes, etc.

Disse nos s.s. que, si não fôra o atrazo inesperado de 6 horas, perdidas nos banhados aquem do arroio Velhaco, antes de S. João de Camaquam, a chegada a Pelotas era certa hontem, ás 2 da tarde, como projectavam os excursionistas.

O regresso hoje será feito com mais vagar, devido ao muito que já trabalharam os automoveis, cujos pneumaticos accusam pequenos defeitos oriundos das irregularidades da estrada.

De todos os pontos, os viajantes telegrapharam para Porto Alegre, a Reforma e a varios amigos.

Hontem, ao chegarem, o dr. Maciel telegraphou tambem ao Correio do Povo.

A distancia percorrida foi de 46 leguas.

*****

Hoje, deu-se o regresso dos dignos viajantes, que sahiram do Hotel Alliança, á 1 hora da tarde.

Os srs. tenente-coronel Manoel Simões Lopes e Martim Echenique acompanharam os excursionistas até o ground do Sport Club Pelotas.

Alli foram elles photographados pelo habil artista sr. Jorge Wetzel.

Em seguida trocaram-se as despedidas, partindo os distinctos cavalheiros, em regresso para Pedras Brancas."

Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 11 de Março de 1911, pág. 02, col. 02-03

domingo, 1 de setembro de 2019

A grande serpente do mar de Montreal


"A GRANDE SERPENTE DO MAR

O jornal Mail, de Toronto (Canadá), faz reparar que estão tão acostumados a tomarem como burla as historias de serpente do mar e a considerarem seus apparecimentos como effeito de illusões opticas causadas por demasiadas libações de whiskey, que muitas pessoas que viram realmente um d'estes monstros das profundezas teriam vergonha de o referir e guardam o segredo para si.

O capitão Mackenzie, de Montreal, não pertence ao numero, d'esses espiritos timoratos. Elle vio uma serpente do mar e pouco se lhe importa que o saibam e que d'elle se riam. Não se julga obrigado a esconder a verdade só com o intuito de sacrificar-se a um preconceito tolo.

O capitão Mackenzie tinha ido caçar patos arminhos, na bahia de Bic, quando vio fluctuar um objecto que elle tomou por um mastro de navio.

Aproando immediatamente para o destroço, remou valentemente e ficou surprezo e atterrado reconhecendo que era um serpente.

Por seu lado, o monstrengo, mostrou admiração ao ver a embarcação dirigir-se para elle e levantou a parte anterior do corpo uns 20 pés acima d'agoa, fitando no capitão uns olhos grandes, chammejantes, como as lanternas de uma locomotiva.

A cabeça tinha as dimensões de uma barrica. A boca era enorme e armada de dentes formidaveis em fórma de anzóes.

A pelle rugosa tinha uma cor avermelhada suja e o capitão avalia em 160 pés o comprimento total do corpo.

O capitão não se demorou muito tempo na contemplação do monstro, e desde que calculou poder alcançal-o com sua espingarda, atirou-lhe 5 ou 6 balas. A serpente mudou de rumo e retirou-se a uma gruta, situada em uma ilha visinha, dando furiosas rabanadas nas ondas e deixando um sulco sanguinolento, por onde passava.

Seria requintada má fé attribuir este encontro a um effeito de whiskey, pois todos os amigos do capitão Mackenzie sabem que elle só toma... genebra."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 16 de Novembro de 1885, pág. 01, col. 04

sábado, 31 de agosto de 2019

Colônia Conde D'Eu em 1883


"Conde d'Eu

Fundada como a D. Isabel pelos poderes provinciaes na mesma data e tambem á margem da estrada de S. João de Monte Negro, foi transferida ao Estado em 1876 e no anno immediato annexada á colonia de Santa Maria da Soledade. A área total da colonia com o territorio annexado é de 43.663 hectares, offerecendo o sólo e o clima condições em tudo identicas ás que têm concorrido para a prosperidade da colonia D. Isabel.

A população se compunha em 1883 de 6.306 individuos, sendo:

Italianos..... 3.337
Brazileiros..... 1.556
Austriacos..... 825
Allemães..... 404
Suissos..... 142
Francezes..... 56
Hespanhoes..... 9
Inglezes..... 4
Argentinos..... 3

A produção colonial foi em 1883 a seguinte:

Trigo..... 1.355.000 litros
Centeio..... 1.428.400 litros
Feijão..... 1.608.600 litros
Milho..... 3.556.400 litros
Arroz..... 41.200 litros
Cevada..... 27.000 litros
Vinho..... 2.759.600 litros

Esta, porém, não foi a producção total da colonia, pois muitos productos não poderam ser classificados (inclusive todos os de uma linha), como sejam amendoim, canna de assucar, linho, aveia, seda, favas e batatas.

Existem na séde da colonia nove casas de commercio, duas fabricas de cerveja, uma olaria, duas padarias, tres alfaiatarias, uma sapataria, uma ferraria, uma marcenaria e um hotel: uma casa de pedra e duas de madeira pertencentes ao Estado, cemiterio, e 64 casas particulares, das quaes 11 de pedra e 53 de madeira.

Nas diversaas linhas existem 21 moinhos e 6 serrarias movidas por agua, varias igrejas de pedra e madeira e 1.231 casas particulares, das quaes 64 de pedra e 1.167 de madeira."



Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 01-02



sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Colônia Caxias em 1882


"Caxias

Fundada em 1875, demora esta colonia no municipio de S. Sebastião do Cahy, sendo cortada a área por diversos cursos d'agua. Conta tres portos de embarque: S. Sebastião, S. João do Monte Negro e S. Leopoldo, e para mercados a villa de S. Francisco de Paula de Cima da Serra, a de Vaccaria, a de S. Sebastião do Cahy, e d'ali por navegação fluvial, a cidade de Porto Alegre.

Possue a colonia tres sédes: a do campo dos Bugres, a mais antiga, com 400 casas, pequena igreja de madeira e outra de pedra e tijolo, em construcção por conta de donativos; - Nova Trento, bastante espaçosa, com 16 ruas, uma igreja construida e outra em construcção.

A producção em 1882 foi a seguinte:

Milho..... 40.000 saccos
Farinha de trigo..... 20.000 saccos
Farinha de centeio..... 10.000 saccos
Cevada..... 1.000 saccos
Feijão..... 20.000 saccos
Vinho..... 5.000 pipas
Linho..... 3.000 kilogramas

Os colonos se dedicam muito á plantação de amoreira para a criação do bicho de seda, de cuja industria esperam brilhantes resultados.

Na colonia existiam em 1882 os seguintes estabelecimentos commerciaes e industriaes:

Casas de negocio..... 96
Sapatarias..... 8
Officinas de funileiro..... 3
Moinhos a vapor..... 9
Ferrarias..... 8
Padarias..... 8
Tanoarias..... 3
Fabricas de charutos..... 4
Fabricas de chapéos..... 2
Marcenarias..... 3
Cortumes..... 3
Açougues..... 4
Distillações..... 5
Fabrica de cerveja..... 1
Fabrica de sabão..... 1
Fabrica de oleo de linhaça..... 2
Relojoaria..... 1
Olarias..... 3
Hoteis..... 2

Consta da matricula existirem na colonia 11.590 habitantes (em 1882), presumindo-se da verificação da mesma matricula ser maior a população.

A viação externa é servida pelas estradas Visconde do Rio Branco e Conselheiro Dantas.

Esta começa na séde e dirige-se aos campos de cima da Serra até a villa de S. Francisco de Paula: tem o percurso de 27 km 600 m, com a largura média 5 metros, sendo de 6% a maxima declividade e de 35 metros o raio minimo das curvas. Conta tres pontilhões, duas pontes com encontros de alvenaria de pedra secca e 69 boeiros de diversas dimensões.

Aquella, denominada Visconde do Rio Branco, encaminha-se da séde principal para a villa de S. Sebastião do Cahy, com a extensão total de 67 km 300 m, e largura de seis metros e o maximo declive de 7%. Conta duas pontes: uma de 70 metros sobre o rio Pinhal e outra de 34 metros sobre o rio Ouro, além de pontilhões e boeiros.

É de esperar que no presente anno a producção dessas tres colonias tenha um augmento consideravel, devido á introducção de novos braços."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 02

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Colônia Santa Leopoldina em 1883


"COLONIA SANTA LEOPOLDINA. - Fundada em 1857 na provincia do Espirito Santo, com 147 suissos, só abrangia a esse tempo a colonia o perimetro agora occupado pelo nucleo denominado Leopoldina.

O extraordinario augmento da população, hoje formada por 11.000 almas determinou a creação dos nucleos Timbuhy e Santa Cruz.

O nucleo de Santa Leopoldina é habitado por allemães, hollandezes, polacos e francezes, e os dous outros por italianos e tiroleses.

Abrange toda a colonia a área de 70.619 hectares dividida em cerca de 3.000 lotes, e acha-se dotada de viação regular, tendo a principal séde no porto da Cachoeira, á margem do rio Santa Maria e a 52 kilometros do porto da Victoria, pelo qual se effectua a exportação.

A séde do nucleo do Timbuhy dista 62 kilometros do referido porto o nucleo de Santa Cruz exporta os seus productos pela villa da mesma denominação, onde tocam duas vezes por mez, os vapores da companhia Espírito Santo e Caravellas.

Circumvizinhos da colonia, até ás margens do Rio Doce e dos seus tributarios, demoram feracissimos terrenos devolutos, cobertos por matta virgem."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 02-03
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...