quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Histórias Curiosas XXXVI

A Selt Engenharia S/A é uma empresa de construção e montagem de torres de energia elétrica que se instalou no município de Capão do Leão entre os anos de 2004 e 2005 para uma grande obra na região, a serviço do governo federal. Muitos leonenses foram contratados e, mesmo após o fim dos trabalhos na região, boa parte "engajou" na firma, isto é, foram convidados a serem operários fixos da empresa, desempenhando serviços em outras frentes e em diversas cidades. Alguns foram remanejados para a região metropolitana, outros para o norte do estado, e mais ainda, houve a turma que foi transferida para Santa Catarina e Paraná.

Pois bem, boa parte dos leonenses que se fixaram na empresa foram transferidos para uma obra na cidade de Marau (RS). Contudo, foram alojados na pequena cidade de Vila Maria (RS), pois boa parte dos trabalhos era na zona limítrofe entre estes dois municípios. Obviamente, não era somente gente do Capão do Leão que havia na frente de trabalho. Havia gaúchos de outras paragens, catarinenses, paranaenses e gente do resto do Brasil.

Certo dia, os operários ganharam um domingo de folga e, como a maioria era de gaúchos, estavam particularmente preocupados em poder assistir um Gre-Nal válido pelo Campeonato Brasileiro. O tal jogo não iria ter transmissão em tv aberta, mas somente na tv paga. A turma descobriu então um bar na pequena Vila Maria que tinha um telão para jogos de futebol. Nem pensaram muito e se organizaram para ir ao tal bar um pouco antes do início do Gre-Nal. Capricharam no visual e lá se foram, também com planos de dar uma "esticada" após um jogo.

Dentre eles, havia um sujeito bem pitoresco, muito vaidoso, conhecido no alojamento como Gauchinho de Chapecó (o que indicava sua origem). Possuía um cabelo crespo encaracolado de tom castanho claro que gostava de exibir para as meninas. No domingo do jogo, sua preocupação não era propriamente a partida, mas a possibilidade de encontrar algumas "gatinhas" no tal bar. Preparou-se adequadamente, com camisa social, perfume, sapatênis novinho e muita beca. Em sua própria acepção, estava impecável para a caçada.

Os operários chegaram, pediram várias cervejas, uns riam, contavam piadas e outros conversavam trivialidades. O Gauchinho de Chapecó, por sua vez, sequer estava posicionado para assistir ao jogo. Apenas vasculhava o salão do bar em busca de uma conquista que lhe apetecesse. Foi então que mirou duas meninas novas, talvez na casa dos 18 a 20 anos, morenas, denotando clara ascendência italiana, muito bonitas, que estavam do outro lado do bar. O Gauchinho não perdeu tempo e começou a jogar todo o seu charme para as gurias. Entre sorrisos discretos e olhares cada vez mais incisivos, o Gauchinho acreditava firmemente estar abalando corações. A peonada só olhava, divertidamente.

Não faltou muito tempo e as duas meninas vieram em direção à mesa dos peões. A surpresa foi geral: será que o Gauchinho estava realmente com a bola toda? Uma delas, mais corajosa, vai direto ao encontro do Gauchinho e lasca:
- Oi, tio! O senhor tem fogo?

A peonada se entreolhou e com as mãos sobre tapando a boca se esforçava para não cair na gargalhada. As meninas voltaram e não rolou nada de mais naquele dia. O Gauchinho posteriormente iria ganhar no alojamento o nada honroso apelido de "Tio da Sukita".

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