Os alemães constituíram uma nação independente somente em 1870, porém migrantes oriundos da Europa de língua germânica já são percebidos em Pelotas desde a década de 1820. Na ocasião da Guerra da Cisplatina (1825-1828), o Império do Brasil contratou muitos soldados mercenários estrangeiros para combater no conflito e houve vários militares da antiga Prússia que foram utilizados. Parte deles tinha como quartel-general a cidade de Pelotas, sendo que alguns não retornaram à Europa no fim dos combates, estabelecendo-se na cidade.
Também ocasionado pelo fenômeno
atrativo das charqueadas, muitos alemães foram migrando para a cidade no
decorrer do século XIX de forma independente, empregando-se nas mais diversas
atividades, passando pela indústria, educação, ramo farmacêutico e artesanal.
Pelotas teve consulados oficiais do Grão-Ducado de Oldemburgo e da Cidade Livre
de Hamburgo antes de 1870, evidenciando assim a forte presença germânica no
cotidiano da cidade. Os alemães tiveram nesta época um papel importantíssimo na
evolução da Imprensa da cidade. Mais para o fim do século XIX, os alemães
ocuparam-se com fábrica de velas, curtumes, processamento de fumo, cervejarias,
chapelarias, fábrica de sabonetes e perfumes, fábricas de alimentos, ferragens,
padarias, grandes armazéns, bazares, lojas de confecções e roupas e até
olarias.
A mais representativa sociedade
alemã da cidade é a Sociedade Recreativa Quinze de Julho, situada à Avenida
Fernando Osório, fundada em 15 de Julho de 1951. Antes, porém, houve na cidade
diversas entidades que agrupavam os membros da comunidade alemã, dentre elas: a
Sociedade de Beneficência Alemã (1858), Clube de Tiro Alemão (1876), Sociedade
Germânia (1880), Clube Alemão de Gymnastica (1888), Clube de Regatas Alemão
(1898), Sociedade Concórdia (final do século XIX), Sociedade de Assistência à
Saúde Alemã (final do século XIX) e Jardim Ritter (final do século XIX).
A presença marcante das igrejas
Evangélica Luterana do Brasil e Evangélica de Confissão Luterana do Brasil na
cidade evidencia a forte presença germânica no percentual da população.
Basicamente em todos os principais bairros e comunidades do interior os
luteranos são presentes e ativos com diversos templos religiosos. A organização
da comunidade luterana pelotense remonta ao ano de 1884.
Os alemães de Pelotas são
procedentes principalmente de regiões que hoje correspondem aos estados alemães
da Baixa Saxônia, Schleswig-Holstein, Saxônia-Anhalt, Hamburgo, Saxônia,
Renânia do Norte-Vestfália e da região histórica da Pomerânia (que trataremos a
seguir). Isso não significa que não houve migrantes de outras regiões, como é o
caso do patrono de nossa escola, Jacob Brod, que era originário da
aldeia de Liesenfeld, município de Coblença, Renânia-Palatinado, Alemanha.
O bairro mais identificado com a
comunidade alemã em Pelotas é o bairro Três Vendas, onde se encontram inúmeros
empreendimentos administrados por descendentes de alemães.
Fontes:
ANJOS, Marcos
Hallal dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas no último
quartel do século XIX. Porto Alegre/RS: PUC-RS, Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História do Brasil, Dissertação
de Mestrado, 1996.
BECKER, Klaus. A
imigração no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. In: BECKER, Klaus (org.). Imigração.
Canoas/RS: Editora Regional, 1958.
FONSECA, Maria
Angela Peter da. Presença alemã em Pelotas-RS, século XIX: estratégias de
resistência à assimilação cultural. In: X ANPED SUL, Florianópolis, out.
2014, pág. 05-11.
ULRICH, Carl Otto.
As colônias alemãs no sul do Rio Grande do Sul. In: Ensaios FEE, Porto
Alegre, n.05, v.02, 1984, pág. 57-74.
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