O Amazonas diz o seguinte sobre os criminosos que desciam, a bordo de uma esquadrilha de vapores, em demanda de Manáos, devendo a maior parte seguir para Belém e Fortaleza:
<<Emquanto a canhoneira Affonso Celso vai subindo o rio Purús, os vapores Japurá, Caquetá, Conde d'Eu, Acará, D. Pedro II, Augusto, Paumary e outros vem descendo, conduzindo entre os passageiros, diversas féras humanas para esta capital, Belém e Fortaleza.
<<Assim é que no Caquetá veio o assassino de José Puerte e passou para o Pará.
<<Não ha quem no Alto Acre não saiba os pormenores d'aquelle crime, pois o homicida, não satisfeito com o sangue da sua victima, apoderou-se da sua esposa, ainda afflicta e dolorosa, prendeu-lhe os pulsos com pesada corrente, ameaçou matal-a como fizera ao marido, e, amedrontada, conseguio trazel-a escravisada muito tempo.
<<Para avaliar-se a quanto sóbe a perversidade d'essa faccinora, basta relatar mais o seguinte facto:
<<Tinha, como escravo seu, a um pobre indio, e, querendo mostrar que nas suas veias gira sangue dos Cortezes, amarrou-o e n'esse estado lhe cortou os pés com uma navalha e com um tiro de rifle o matou!!
<<No Japurá veio o afamado Leonel, caçador de indios, e desceu para o Pará, lugar de seu nascimento.
<<Esse tigre das florestas do Purús tem por companheiros das suas carnificinas o assassino de Puerte e mais um outro individuo do Ceruiny.
<<No Apurinã veio tambem outra féra, com passagem para o Pará.
<<Esse individuo fez parte da comitiva que atacou no Acre, a tiros de rifles, a lancha a vapor de Getulio Orlando de Paiva.
<<N'esse affluente do Purús tem commettido esse monstro diversos assassinatos.
<<No Acará passou para o Pará outro assassino.
<<No Purús deu-se o facto de sahir uma comitiva, da qual fez elle parte, com o fim de tomar de João Cassiano dois indios, e n'essa occasião foi morto um da comitiva. A autoridade policial, tendo conhecimento do facto, procedeu a corpo de delicto e reconheceu os verdadeiros criminosos, mas tudo ficou no archivo da policia!
<<Assim como estes, têm vindo outros assassinos, que aqui visitaram todas as autoridades e até andaram de braços dados com a policia pelas ruas e praças da cidade!
<<Quando remettidos para a cadêa, não lhe faltam aqui advogados, para pôl-os salvos, limpos e puros de pena e culpa, com ordem de habeas corpus!
<<Tal é presentemente o castigo dos máos.>>
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 25 de Fevereiro de 1885, pág. 02, col. 03