sábado, 15 de dezembro de 2018

As águas santas de Santa Maria da Boca do Monte


"Lê-se no 'Diario do Rio Grande' de 16, 17 e 20 de outubro:

As aguas santas

'Tamanhas virtudes se tem contado por ahi das aguas que em Santa Maria da Bocca do Monte descobrira um Padre da Companhia de Jesus, que força he occuparmo-nos tambem d'esse assumpto, aliás de importantissima transcendencia para a sociedade.

Effeitos tão assombrosos attribuiram-se desde o principio a essas aguas, que fomos nós tambem um d'aquelles que duvidaram da sua efficacia, e com elles chegamos a crer que tudo não passava de uma fabula ou superstição.

Embora soubessemos da veneração com que diversas povoações era acolhido o Revmo. Monge; embora nos assegurassem que até em Pelotas o Povo lhe sahira ao encontro para beijar-lhe as vestes e o cajado; tudo pensavamos nós que era um excesso de religiosidade.

Hoje, porém, taes testemunhas das miraculosas virtudes das aguas santas, que consideramos um dever proclamar com todo o affinco a sua indisputavel bondade e efficacia para todas as molestias nervosas, syphiliticas, etc.

Ha poucos dias, lemos a respeito d'ellas o seguinte, n'uma carta datada de Alegrete a 30 de agosto, e escripta por pessoas competente:

'Por aqui nada ha de notavel, alem das prodigiosas curas operadas pelas aguas denominadas do Monge, em Santa Maria da Bocca do Monte, simplesmente bebidas, ou em banhos.

'Ja não precisamos, portanto, do assacú do Pará, tão recommendado pelo Governo: a agua pura do Rio Grande apresenta maiores e mais completos resultados na cura do mal de S. Lazaro. Nico Nery Subtil (Paulista) foi para as aguas em figura monstruosa, eu o vi; e está bom, apenas com umas pequenas feridas abaixo dos joelhos.

'Ethicos já quasi seccos tem voltado em estado perfeito.

'Para as molestias de olhos he impossivel que haja remedio mais decisivo; e emquanto ás que procedem do venereo, isso he um, como lá dizem, logo-logo.

'Rheumatismos, chagas antigas, paralysias, tudo cura a fonte das aguas santas!...

'Estou com receio que V. me não creia; por isso só lhe direi que o cunhado de um sujeito que mora junto á Capella dos Ladrões, ha muitos annos que vivia sem se podêr mecher e todo gotoso; talvez que por ahi appareça; elle o convencerá do que levo dito. Lá mais perto de V. está o Sr. Zeferino Fagundes; ouça-o tambem."

Fonte: CORREIO DA TARDE (RJ), 03 de Novembro de 1848, pág. 03, col. 01
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