É do Argos, de Santa Victoria do Palmar, a seguinte noticia:
<<Ha cerca de oito mezes jaz encarcerado um menino, filho do sr. Antonio João de Oliveira Cardoso, que, com um revólver de sala, ferio levemente em uma perna uma meretriz de máos costumes e desordeira.
<<O ferimento foi tal, que no dia seguinte ao conflicto a alludida filha de Venus percorria, em passeio, as ruas da villa.
<<Pois bem:
<<O promotor publico Julio Joaquim da Rocha, que não perde occasião de fingir de puritano, pedio para esse inditoso menino a pena de galés-perpetuas!
<<No emtanto:
<<Ha dias o subdito italino Antonio Rota desfechou um tiro de espingarda sobre seu compatriota Eugenio Repenino, produzindo diversos ferimentos, e é o mesmo promotor publico que, ingenuamente, aguarda o resultado do inquerito para determinar se houve tentativa de morte!...
<<Oh! santa ingenuidade!...
<<Se o orgão da justiça publica enxergou tentativa de morte no primeiro caso, por que razão não a encontra no segundo, muito mais grave e positivo?...
<<Moralidade:
<<Diz-se que Antonio Rota offerece certa quantia, afim de accomodar-se a coisa, ao passo que o sr. Antonio J. de O. Cardoso vê-se na defficiencia de recursos para ser util á justiça publica.
<<Aguardamos o desfecho do inquerito para consignarmos o facto ás autoridades superiores.
<<Por hoje ficamos aqui.>>"
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Junho de 1885, pág. 01, col. 04