terça-feira, 12 de março de 2019

O Grande Incêndio no Porto de Pelotas em 1929


"Grande incendio no porto de Pelotas
Dois predios inteiramente destruidos pelo fogo - As chammas consumiram dois mil saccos de assucar - Os avultados prejuizos - A acção dos bombeiros

Nos primeiros dias deste mez a população de Pelotas foi alarmada por um pavoroso incendio, que se manifestára no porto da cidade.

O fogo tivera inicio no predio n. 60 da rua Conde de Porto Alegre, onde estava estabelecida com moagem de assucar a firma Sparenberg e Irmão.

Tomando o fogo forte incremento alastrou-se, propagando-se ao predio vizinho, occupado pelo almoxarifado da Cervejaria Haertel.

Não parou ahi a acção destruídora das chammas. Como tardassem os soccorros do Corpo de Bombeiros o fogo attingiu o predio 62, onde estava estabelecida a fabrica de telhas de cimento e serraria, da firma Monti e Campos.

A ACÇÃO DOS BOMBEIROS

Infelizmente os bombeiros chegaram demasiado tarde.

As chammas já haviam devorado quasi que inteiramente dois predios.

Auxiliados, entretanto, pelo pessoal dos trapiches do Commercio, São Pedro e São Francisco, dirigidos pelo capataz Natalio Zanine, conseguiram circumscrever a acção do fogo aos predios já attingidos.

Foi heroico o trabalho dos bombeiros; lutaram elles não só com a impetuosidade das chammas mas com a insufficiencia do seu material.

Prestaram ainda inestimaveis auxilios 16 funccionarios da firma Monti e Campos e a de ferragem Vianna e Cia., que forneceu as manguerias necessarias.

OS PREJUIZOS

Os prejuizos foram totaes nos predios 58 e 60 da rua Conde de Porto Alegre.

A firma Sparenberg e Irmão, constituída dos srs. Otto e Waldemar Sparenberg, soffreu a perda de dois mil saccos de assucar que se achavam depositados no armazem e dos quaes apenas trinta e nove foram salvos.

A mercadoria destruida pelo fogo pertencia ás seguintes firmas locaes: Mascarenhas e Filhos Limitada, 139 saccos; Sica, Firmo e Moreira, 808 saccos; Faustini e Passos, 100 saccos; Francisco Delamare, 58; Pires e Irmão, 50; Oliveira e Cia., 33; Siqueira Pinto e Irmão, 75; Cunha Amaral e Cia., 125 e o restante a outras tres firmas.

Felizmente ainda ha dias haviam sido retirados dali 500 saccos de assucar pertencentes á firma Machado e Cia., estabelecida em Jaguarão.

Os predios incendiados, que são de propriedade do sr. Leopoldo Haertel, estavam segurados em 60 contos na Companhia Sul-Americana.

A Cervejaria Haertel, que teve um prejuízo de 40 contos pela perda do seu material, estava no seguro em dois mil contos em varias companhias.

A fabrica de telhas do cimento e serraria, da firma Monti e Campos, tambem attingida pelo fogo, teve um prejuízo calculado em seis contos de réis.

A ORIGEM DO FOGO

Não foi promptamente esclarecida a origem do fogo, entretanto se presume que elle fosse produzido por combustão espontanea, em virtude do calor, ou por algum phosphoro inadvertidamente jogado.

UMA VICTIMA

Infelizmente um dos abnegados funccionarios da firma Monti e Campos, que auxiliava a extincção do incendio recebeu graves queimaduras no braço esquerdo, sendo internado na Santa Casa local."

Fonte: DIARIO NACIONAL (SP), 11 de Dezembro de 1929, pág. 08, col. 05-06
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...