Foi fundado por Theodósio Menezes em 27 de agosto de 1890, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Em seu site, o Diário Popular se define como: “testemunha fiel da história e porta-voz dos interesses do sul do Estado” e “diretamente ligado ao desenvolvimento de Pelotas e região”.
O Diário Popular surge como um periódico diário, que circulava de domingo a domingo, encadernado em papel, com seis a oito páginas por edição. Sua proposta era ser um jornal “independente”. Contudo, logo nos primeiros meses de circulação, foi vendido ao Partido Republicano Rio-Grandense, o PRR e, dessa forma, como órgão do PRR, tornou-se veículo oficial já em seu primeiro ano.
Nessa condição permaneceu até o início dos anos 1930, quando perdeu o posto para O Liberal, marcando aproximadamente 40 anos de ligação partidária oficialmente declarada, definindo seu perfil inicial e tornando-se especialmente interessante para aqueles que buscam na imprensa escrita de Pelotas algumas definições da ideologia republicana e suas relações com as demais.
O Diário Popular da década de 1920 geralmente dedicava sua primeira página aos fatos políticos de interesse do PRR, diferindo o conteúdo publicado apenas por modificações de enfoque, conforme a orientação da direção do jornal. Contudo, à semelhança de outras folhas da cidade e do estado, também publicava textos de caráter informativo, propagandas e notificações oficiais. Tinha seções dedicadas a assuntos locais (que não eram necessariamente políticos), textos de terceiros, geralmente sem autoria declarada (por vezes “transcritos” de outros periódicos do estado ou do país), propagandas diversas do comércio pelotense (destacando-se o setor varejista e de confecções) e “notícias internacionais”, vindas pelo telégrafo ou “transcritas”, novamente, de outras fontes. Era prática comum republicar artigos e textos de outros jornais.
O Diário Popular passou por quatro diretorias até o início dos anos 1930, todas elas trazendo perfis diferenciados quanto ao tratamento dado aos posicionamentos do jornal. A partir de 1933, quando o adquiriu novo maquinário e adicionou mais duas páginas a composição semanal.
Foi sob a direção de Sallis Goulart (que se tornou diretor do jornal e chefe eleito do PRR em Pelotas em 1927) que o Diário Popular enfrentou também sua maior crise “ideológica” quando se posicionou contrário a Getúlio Vargas em diversos momentos. A crise de compatibilidade política levou a sua desvinculação como órgão oficial em 1930 e a suspensão em 1932, quando Sallis Goulart deixou a direção em nome de Joaquim Luiz Osório. Esta “crise” esteve relacionada a diversos fatores em que o posicionamento do jornal sofreu com a própria situação do PRR gaúcho com a subida do nome de Getúlio Vargas nos quadros internos.
O Diário Popular apoiara o governo instituído de Borges de Medeiros, sendo feroz combatente do federalismo e dos federalistas durante a Revolução de 1923. Seus líderes e principalmente Assis Brasil foram perseguidos e achincalhados pelos anos que se seguiram até a união em torno do nome de Getúlio Vargas, que viria a substituir Borges de Medeiros na presidência do estado. Dessa forma, quando Assis Brasil apoiou a indicação de Getúlio Vargas, o Diário Popular teve de dar “meia-volta” e apoiar os federalistas e, desta forma, os “gênios do assisismo”, foram saudados em 1927 como confrades, ironicamente para a recente história do Diário.
Atualmente, o jornal é impresso em cores, formato tabloide e circula diariamente em Pelotas e em cidades da região (nos 23 municípios da Zona Sul). São oferecidos dois tipos de assinaturas: do impresso e do digital (via web e via aplicativo).
O primeiro site entrou no ar em 1997. O atual, além de transpor para a internet conteúdos do jornal impresso, tem uma seção dedicada ao jornalismo on-line, com enfoque nos fatos da região, do estado, do país e do mundo. O objetivo é manter o portal em constante atualização, reforçando a tradição de ser ponto de referência na cobertura de notícias, serviços e entretenimento na Zona Sul.
O Diário Popular pertence a uma sociedade por quotas formada em 1938. Sucessores de Adolfo Fetter, que presidiu a empresa por 15 anos, detêm a maioria do capital. Os atuais diretores da Gráfica, Virgínia Fetter e Luiz Carlos Fetter, comandam equipes de profissionais de diversas áreas de comunicação num conjunto de mais de 200 funcionários.
Em editorial de 9 de dezembro de 2017, intitulado “Fazer jornalismo é trabalhar pela comunidade”, o jornal destacou a importância de seu papel de ajudar a contribuir com o desenvolvimento da cidade, “por meio de reportagens que levem a todos o cenário real da população”. Compromisso que destacou ter se consolidado com as comunidades de Pelotas e da Zona Sul ao longo de mais de um século de circulação.
Fonte: LENE, Hérica. Jornais
centenários do Brasil. Covilhã/Portugal: LabCom.IFP/Universidade da Beira
Interior, 2019, pág. 191-193.