"O Diario de Bagé dá a noticia que passamos a reproduzir:
'Vieram ao nosso escriptorio duas pobres moças e uma menina, irmã das mesmas, queixar-se de um attentado de que foram victimas e para o qual chamamos a attenção das autoridades, para que não se reproduza.
Moram essas moças em companhia de sua mãi, viuva de Caetano Ramires, nas margens do arroio Quebrachinho, proximo ao lugar denominado Olhos d'Agoa, e ahi possuem ha 19 annos um pedaço de campo e alguns poucos animaes vaccuns.
Um visinho das mesmas, de nome Heleodoro Quintana, que sustenta com ellas um litigio sobre o campo que possuem, busca todas as occasiões de hostilisal-as, afim de que desamparem o lugar em que vivem e elle possa d'esse modo ganhar o pleito sem sentença juridica.
Seriam 9 horas da manhã, achando-se a viuva n'esta cidade, onde viera comprar carne, seis homens acompanhados do mesmo Quintana bateram á porta do rancho onde tinham onde tinham ficado as moças, dizendo que iam ali passar busca, para descobrir os restos de uma terneira que diziam haver sido carneada pela viuva Ramires e suas filhas.
As moças recusaram-se a abrir, e, quando chegou sua mãi, os visitantes, que a tinham esperado, disseram-lhe a que vinham e o que queriam.
Como a viuva lhes perguntasse onde estava o mandado de busca e a ordem da autoridade, um dos recem chegados, ameaçando açoutal-a com um relho, disse-lhe que a autoridade era elle proprio, e invadindo todo o rancho violentamente, passaram minuciosa busca, não encontrando, porém, vestigio algum do animal de que se faltava."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 07 de Outubro de 1886, pág. 01, col. 03