sábado, 8 de março de 2025

Sobrenome Cabo Verde



Sobrenome brasileiro, resultado de uma alcunha toponímica. Verificado em africanos escravizados. Registro aproximado desde o século XVIII.
 Refere-se ao arquipélago de Cabo Verde, na costa ocidental africana.

Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Aimorés

 



No dizer de Von Martius, "o nome Aimurês pertence, provavelmente, à língua tupi, sendo derivado de Goay-murês (Goyai-myra, Guai-mura), isto é, os inimigos que vagueam e moram no sertão. Ouve-se também: Aimbires, Aimborés, Guay-Murûs. É nome já mencionado na Notícia do Brazil do ano de 1589".

Segundo Affonso A. de Freitas Aimoré significa em tupi "flauta ruim", sendo composto de aíua: ruim, contraído em ai, e de mboré: flauta. Observa o mesmo autor: "A denominação Aimoré, aplicada aos Botocudos, provém do hábito desse povo de, na impossibilidade de tocarem o boré, soprando-o pela boca, em consequência da deformidade do beiço inferior e da adaptação do batoque, fazerem-no pelas narinas, arrancando do instrumento sons que, por certo, não serão maviosos".

Os descendentes vivos dos Aimorés, mais tarde chamados de Botocudos, são os índios Krenak do rio Doce em Minas Gerais e Espírito Santo. Na obra aparecida em 1867 Von Martius anota a respeito do número dos Aimorés: "Foram calculados, na totalidade de seu território que se estende do rio Preto, afluente do norte do Paraíba, até o rio Patipe (de 22o a 15o. 30' de latitude sul) e ao oeste até a orla do mato da segunda, cordilheia (Serra do Espinhaço), em 12 a 14.000 cabeças, o que, talvez, seja exagerado; dizem que desse número, cerca de dois mil moram perto do rio Jequitinhonha.

Fonte: BALDUS, Herbert & WILLEMS, Emilio. Dicionário de Etnologia e Sociologia. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1939, pág. 20-21.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Sobrenome Paturi

 



Sobrenome brasileiro associado ao movimento da Confederação do Equador no Nordeste Brasileiro, em 1824. Primeiramente documentado na Acta da Sessão Extraordinária do Grande Conselho Provincial da Confederação do Equador, de 27 de agosto de 1826. Primeira portadora: Josefa Clara da Conceição Paturi.

Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964. 

terça-feira, 4 de março de 2025

Jogo de Bola-de-Gude



GUERRA PEIXE

O jogo de bola-de-gude parece ser um divertimento infantil muito generalizado em todo o Brasil. Pelo menos em Pernambuco pode-se dizer que é praticado pela gurizada patrícia - embora naquele Estado do Nordeste eu não tivesse a feliz lembrança de observar as suas características. Como a cirandinha, a amarelinha, o papagaio e o balão, o jogo de bola-de-gude é um brinquedo dos mais vulgarizados entre nós. E não há garoto brasileiro que não tenha feito as suas briguinhas na rua por sua causa. Nem há homem que não tenha feito as suas briguinhas na rua por sua causa. Nem há homem que não se preze de, em moleque, ter sido um dos fervorosos adeptos do delicioso joguinho.

Em Petrópolis, Estado do Rio, o divertimento denomina-se, como em algumas regiões, jogo de bola-de-gude. Participam do brinquedo quanto meninos queiram, inclusive jogando de parceria, isto é, os adversários se intercalando, cada um com uma bola de vidro. O jogo é realizado tendo por campo o chão de terra, sobre o qual se fez um único orifício denominado búlica. Será corruptela de "bula", no sentido de "habilitação"? Possivelmente, pois só depois de conseguir atingi-la é que o jogador fica apto, com movimentos mais livres, para atacar o adversário. Após entrar na búlica é que, realmente, tem início o jogo. Nenhum participante pode matar a bola do companheiro sem que antes alcance a búlica. A uma distância estabelecida da búlica - geralmente cinco metros - ficam os garotos. A preferência é jogar por último, pois se o primeiro participante conseguir boa posição, dificilmente alcançável pelos adversários, estes não jogarão suas bolas em direção do orifício. Antes, preferirão arreá-las onde eles se encontram, a cinco metros da búlica. E aquele que terá que procurar matar uma ou mais bolas dos concorrentes partindo dessa distância. Mas o primeiro pode achar conveniente não se afastar do orifício, onde forçosamente as bolas dos companheiros poderão se colocar por perto, numa jogado mal feita ou de azar. Nestas condições não será difícil para o primeiro jogador matar as bolas dos amigos - ainda mais que as matanças sucessivas, se as posições o favorecerem, poderão fazer com que as distâncias demasiadas ou perigosas, de umas bolas em relação às outras, sejam eliminadas. A cada falha de lance o jogador colocado mais próximo à búlica tem ocasião de preparar o seu jogo.

Acrescente-se que matar uma bola é vê-la deslocada do seu lugar, pelo contacto proposital da bola jogada por quem tem a vez de atirá-la. Isto é, o jogador tem de, com a sua própria bola, mover a bola do companheiro. A palavra tem o mesmo sentido em São Paulo e Pernambuco. Matar mais de uma bola em um só lance - naturalmente, quando há mais de duas bolas em jogo - é considerado erro.

Marráio parece ser corruptela de "marralho", do verbo "marralhar", que significa insistir. Ou melhor, o jogador "marralha", insiste em ser o último a jogar, em direção da Búlica. "Marralho", ou "eu marralho" dever-se-ia dizer. O termo Marráio é também vulgarizado em Barra Mansa, Estado do Rio.

"Cabide" possivelmente seja deformação de "cabida", no sentido de aceitação. O jogador pedir ao companheiro ou aos companheiros para ler "cabida" e solicitar que o deixem jogar depois do "último" e do "marraio"...

O jogo realizado entre companheiros leais é feito com bolas de tamanhos e pesos iguais ou aproximados. Quando realizados por criaturas pouco leais, tem sempre bolas de tamanhos e pesos diferentes. Todavia, os pesos e os volumes nem sempre são produtos da má fé, dependendo, mesmo, das bolas que cada um possui como propriedade. A bola muito apreciada em Petrópolis é aquela feita do caroço do coco-de-catarro, o caroço da macaíba (Acocomia sclerocarp, Mart.), também conhecida por macaúba, macajá e bocaiúva. A bola é pequena e leve. É mais difícil de ser atingida pela bola do adversário, por ser minúscula, e como é leve oferece facilidade para ser atirada à grande distância. Isto é, favorece a técnica e os numerosos truques... Há uma espécie de bola de vidro, de tamanho médio, colorida e que muito agrada os jogadores: é a bola que possui três ou mais cores diferentes, formando desenhos diversos em forma ondulada, Essa bola, tão apreciada, tem o curioso nome de "Olho-de-boi".

Fonte: A GAZETA (São Paulo/SP), 04 de Outubro de 1961, pág. 06

segunda-feira, 3 de março de 2025

Arroz de Cabanheiro



No final da década de 90, havia uma cabanha na região entre a Vila Casaubon e o bairro Teodósio, em Capão do Leão, que empregava pelo menos quatro peões. Ali cuidavam de cavalos e algumas vacas leiteiras, além de produzirem uma pequena quantidade mensal de queijo. Havia também uma pequena criação solta de aves de diferentes espécies, a saber, galinhas, patos e gansos.

A peonada tinha que se alimentar bem, mas a quantia semanal de carne, várias vezes, não era suficiente. Arroz tinham em abundância, algum feijão e temperos. Além dos ovos em profusão.

Final de semana chegava e os peões gostavam de reunir os amigos dos arredores para apreciar alguma coisa alcoólica e fazer um jantar improvisado. Só que carne mesmo não tinham muita, mas havia muito arroz. Então, o prato principal dos ajuntamentos era arroz, impreterivelmente. Daí cada um contribuía com algo para o arroz, seja que carne que fosse: guisado (carne moída), sobrecoxa de galinha, um pedaço de agulha, bacon, uma linguiça calabresa, etc. Não tinha jeito, o arroz virava um entreverão. Só que mesmo com a contribuição de cada peão e dos amigos, muitas vezes o arroz ficava pobrinho, com um naco de qualquer carne sendo encontrado ora aqui ora acolá. 

Pois bem... como que se podia tornar aquele arroz mais robusto, nutritivo? O que eles tinham muito eram ovos de diversas aves, portanto, cozinha-os e vai também. E igualmente tinham muito queijo. Rala-se o queijo e coloca-se por cima. O que importava era o arroz ficar nutritivo, saboroso e forte.

Essa então é a origem do Arroz de Cabanheiro, que aqui registramos para que não se perca.

Ingredientes

Arroz (o quanto baste)

Óleo de soja

Sal

Temperos

Cebola a gosto

Alho a gosto

Pimentão a gosto

Molho ou extrato de tomate

Carnes

Uma porção picada de carne bovina de segunda

Uma porção picada de carne suína

Uma porção de sobrecoxas de frango cortadas em pedaços

Uma tira de bacon cortada em pequenos pedaços

Linguiça calabresa picada

Preparo do arroz

Fritam-se as carnes na panela com o óleo até ficarem bem cozidas. Sal a gosto. Acrescentam-se os temperos gradualmente e, em seguida, o molho ou extrato de tomate. Após esperar o tempo normal de cozimento das carnes com temperos, coloque a porção de arroz que deseja, a água e espere finalizar.

Finalização com o queijo e os ovos

Uma porção generosa de ovos cozidos e picados de galinha, pato e ganso

Uma porção generosa de queijo colonial ralado

Após o arroz estiver pronto, acrescente as porções de ovos picados e queijo ralado. Misture, aproveitando a caloria do arroz recém pronto.

Pão d'água, pimenta e vinho são acompanhamentos recomendados.


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