Trecho extraído de: SOUZA, Bernardino José de. Dicionário da Terra e da Gente do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1939, p. 257-258.
"Minuano: nome de um vento frio e seco, vindo do sudoeste, e que sopra violentamente no inverno. É oriundo dos Andes, e, por passar na região primitivamente habitada pelos ameríndios Minuanos,tomou esta designação. Segundo alguns o nome provém da sua fereza, semelhante à dos Minuanos, destemidos selvícolas. Segundo Callage, "esse vento é quase sempre sinal de bom tempo, pois só costuma soprar depois de muitas chuvas e temporais nos meses de julho e agosto. Recebido de frente, nas coxilhas e escampados, o minuano é navalhante, cruelmente frio. O gaúcho recebe-o, porém, com satisfação, adivinhando nele duros dias de inverno, mas de tempo firme e seco. O minuano é hoje um símbolo do Rio Grande, um admirável preparador de resistências". Entretanto, temos uma informação do Prof. Alberto Rodrigues, de Pelotas, de que o minuano já é hoje raro, tão mudado está o clima do Rio Grande do Sul. Procedente dos Andes, as suas primeiras rajadas, segundo o mesmo informante, sopram em maio, ao entrar do inverno. "Entre um e outro havia, entretanto, uma diferença desse tamanho, na resistência física, na maneira como era recebido o saudável minuano das quebradas, alma errante das velhas energias da raça que por aí anda assoprando destemor ao homem, encorajando-o e fortalecendo-o para a luta" (Roque Callage Quero-Quero, pág. 113).
Minuano sujo: além do vento minuano propriamente dito, há o que designam por este nome, que é aquele que traz consigo uma impertinente chuva fina e miúda, contra a qual, diz o Pe. Geraldo Pauwells, nosso informante, meia duzia de guarda-chuvas não protegem. Lemos também uma referência ao minuano sujo num artigo sob o título "O mato protetor dos animais", publicado na edição do Correio do Povo de Porto Alegre de 26 de janeiro de 1928: "Este é o quadro que se apresenta na campanha nos dias em que o minuano sujo fustiga, com a sua chuva glacial, semelhante à saraivada fina, os animais que não podem fazer outra cousa senão aguentá-la, inermes e estoicos em sua paciência. Um pouco melhor torna-se a situação para o gado, quando o minuano claro varre os campos, apesar de o gado nesses dias, ainda assim, sofrer muito com o frio seco". Vê-se nesta citação que o gaúcho distingue o minuano sujo e o minuano claro, sendo que este parece ser o próprio minuano, vento frio e seco, como o caracterizam todos os vocabularistas do Rio Grande."