AMAZONAS. - (...)
Tinhão-se recebido em Manáos noticias desagradaveis do Rio-Negro: o Amazonas narra-as do seguinte modo:
"Os Uaymiris, selvagens bravios do rio Jauapery, descêrão ás praias e dominão a margem esquerda do Rio-Negro, desde o quarteirão de Anna-Vilhana até a embocadura do Rio Branco. A população, sobresaltada, procurou asylar-se na margem direita, nos districtos de Ayrão e de Moura, onde não é provavel que os selvagens vão, porque não são navegadores, e nem as ubás, de que usão, se prestão ás grandes travessias. Apenas servem para se transportarem para as ilhas pelo lado mais estreito, e nesses ilhas passão o verão por causa da abundancia de ovos e peixe que ha na secca do rio.
O tenente Souza Lobato, que segue para o Rio-Branco, acha-se parado em Moura e receioso de proseguir em sua viagem.
De bordo do vapor, distinguiu-se perfeitamente na praia da ilha do Jacaré um magote de gentios, a mui curta distancia, tanto que houve quem contasse até ao numero de 14 seres.
Todos os annos, os Uaymiris fazem suas correrias, e o mais é que, tão proximo da capital, ainda se não pôde extinguir essa horda de selvagens, cuja indole perversa e sanguinaria tão tristes resultados tem dado.
Ha bem pouco tempo, derão elles cabo de uma familia de 14 pessoas, escapando apenas uma, que pôde fugir em uma pequena montaria. O anno passado, atacárão a embarcação do Venezuelano d. André Level, ferindo e matando-lhe algumas pessoas de equipagem, além do roubo e prejuizo que soffreu em suas mercadorias."
Fonte: DIARIO DE SÃO PAULO (São Paulo/SP), 27 de Dezembro de 1871, pág. 01, col. 02