Extraído de: SANTOS, José Antônio dos. Etnicidade, Nação & Culturas: Intelectuais Negros - Educação e Militância.Obs: Este trabalho foi originalmente desenvolvido, com ligeiras modificações, como um sub-capítulo da dissertação“Raiou A Alvorada: intelectuais negros e imprensa, Pelotas (1907-1957)”, defendida em 2000/2 junto ao PPG de História da Universidade Federal Fluminense.
"Acreditamos que Antonio Baobab, mais velho que os demais, com toda a experiência acumulada na liderança operária, professor e líder da comunidade negra, onde ocupou cargo na diretoria do Asilo São Benedito, foi o iniciador e principal mentor da criação do jornal A Alvorada. Segundo Xavier no último artigo citado, era “Inteligência lúcida e trabalhada por si própria, autodidata, bastante orientou os primeiros passos da ‘Alvorada’. A morte o arrebatou quando dele muito se esperava”. Em maio de 1907, Baobab assumiu o cargo de auxiliar de redação junto com Juvenal Augusto que era o redator do jornal, teria iniciado então, verdadeiracampanha de alfabetização dos negros na cidade, interrompida de forma prematura em julho deste ano, quando morreu aos 49 anos.
Durval e Juvenal Morena Penny, considerados pelos articulistas os donos do jornal, foram alunos particulares de Baobab. No ano de fundação do hebdomadário, os irmãos trabalhavam como gráficos nas oficinas do jornal O Arauto, onde, após o expediente, começaram a organizar o pequeno jornal que se chamava A Alvorada. Durval fez parte desde muito jovem de inúmeras associações da comunidade negra pelotense, aplicado nos estudos, formou-se por correspondência em Medicina no Instituto Nacional de Ciências do Rio de Janeiro em 1914. Ele possuía farmácia e consultório médico no centro da cidade de Pelotas, onde era considerado “médico da pobreza”. Segundo seu filho, Durval foi o primeiro negro a ter carro na cidade, o que lhe facilitava o deslocamento até o terceiro distrito de Capão do Leão, local em que possuía outra farmácia, pois na cidade de Pelotas os clientes brancos eram escassos. Conforme sabemos o racismo era muito presente naquela cidade nas décadas de vinte, trinta, quarenta e cinqüenta, desta forma, não devia ser fácil para um médico negro trabalhar em Pelotas, o que pode ajudar a explicar a “opção” de Durval Penny pela pobreza. Ele facilitava o pagamento com gêneros alimentícios para obter clientes, opção que o levou até Capão do Leão, distrito de Pelotas formado por colonos alemães e negros camponeses que trocavam sua produção (galinhas, porcos e frutas) por consultas médicas." (p.07-08)
Durval e Juvenal Morena Penny, considerados pelos articulistas os donos do jornal, foram alunos particulares de Baobab. No ano de fundação do hebdomadário, os irmãos trabalhavam como gráficos nas oficinas do jornal O Arauto, onde, após o expediente, começaram a organizar o pequeno jornal que se chamava A Alvorada. Durval fez parte desde muito jovem de inúmeras associações da comunidade negra pelotense, aplicado nos estudos, formou-se por correspondência em Medicina no Instituto Nacional de Ciências do Rio de Janeiro em 1914. Ele possuía farmácia e consultório médico no centro da cidade de Pelotas, onde era considerado “médico da pobreza”. Segundo seu filho, Durval foi o primeiro negro a ter carro na cidade, o que lhe facilitava o deslocamento até o terceiro distrito de Capão do Leão, local em que possuía outra farmácia, pois na cidade de Pelotas os clientes brancos eram escassos. Conforme sabemos o racismo era muito presente naquela cidade nas décadas de vinte, trinta, quarenta e cinqüenta, desta forma, não devia ser fácil para um médico negro trabalhar em Pelotas, o que pode ajudar a explicar a “opção” de Durval Penny pela pobreza. Ele facilitava o pagamento com gêneros alimentícios para obter clientes, opção que o levou até Capão do Leão, distrito de Pelotas formado por colonos alemães e negros camponeses que trocavam sua produção (galinhas, porcos e frutas) por consultas médicas." (p.07-08)