sábado, 22 de agosto de 2020

Histórias Curiosas LXXVI

A recente onda de frio que chegou ao País e trouxe temperaturas baixas em várias regiões e mesmo negativas ao Sul fez com que esse fato se tornasse um dos assuntos mais comentados nos últimos dias. Em razão disso, um colaborador nosso nos traz uma curiosa história sobre frio e sensação de frio e como este pode ser algo relativo dependendo de onde você mora ou provém. Vamos ao relato.

O inverno de 1979 foi um daqueles "invernos históricos" no Rio Grande do Sul com períodos longos de temperaturas baixas, muita geada na maior parte das cidades e neve nas localidades mais altas. Num dia qualquer, em que a temperatura girava por volta dos quatorze graus Celsius, no campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas, trabalhavam quatro funcionários da instituição num setor técnico qualquer. Um deles, gaúcho natural de Pelotas, aproveitava para tirar sarro de um outro, baiano e recém-chegado à Princesa do Sul que, todo agasalhado, sofria com aquela temperatura incomum para seus padrões. Com o aproximar do final do tarde e a insurgência da noite ainda mais fria, os dois já em fim de expediente, terminavam de arrumar o ambiente de trabalho, aproveitando para antecipar as coisas para o outro dia. Foi então que um terceiro aproveitou para brincar com a noção de frio do pelotense, salientando que era comum enfrentar já à tarde temperaturas negativas em sua terra natal e neve era coisa quase certa todo o inverno. O terceiro homem era argentino da província de Córdoba. Entre uma gozação e outra, o pelotense, o argentino e o baiano seguiram discutindo sobre clima e temperaturas frias. Um quarto homem, mais velho e que não havia dado tanta atenção às conversações dos colegas, só olhava e resolveu não intervir. Afinal, não valia a pena falar sobre frio. Não queria parecer pretensioso.

Quem era o quarto homem? O lituano André Bertels. Acostumado com invernos duros de 20 graus abaixo de zero e cuja temperatura de quatorze graus em sua terra poderia ser considerada um "dia quente".

Sobrenome Russo


"RUÇO ou RUSSO - Sobrenome português metanímico. Refere-se aos cabelos ruivos."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 29 de Janeiro de 1994, pág. 03

Ivone de Castro Serafini


"Falecimento

Ivone de Castro Serafini

A cidade tôda recebeu com a mais profunda consternação a notícia do falecimento, em Bento Gonçalves, da snra. Ivone de Castro Serafini, espôsa do dr. Mansueto Serafini, engenheiro-chefe da 2a. Residência do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem e um dos mais estimados filhos de Caxias.

A inditósa senhora, que deixa um filhinho de pouco mais de dois anos, era filha da exma. Vva. Lautert de Castro, residênte em Pôrto Alegre.

Nésta cidade, onde viveu dêsde o seu casamento até recentemente, a snra. Ivone de Castro Serafini soube grangear, mercê das suas virtudes e fino trato, a estima e a afeição de quantos mantinham relações com sua família.

Os atos de encomendação e sepultamento realizaram-se nésta cidade, ôntem pela manhã, com grande acompanhamento.

Ás familias enlutadas, e em particular ao dr. Mansueto Serafini, apresentamos as nossas sentidas condolências."

Fonte: A E'POCA (Caxias do Sul/RS), 15 de Fevereiro de 1942, pág. 01

A invasão dos caiapós


"Em relação ao assalto que os indios cayapós fizeram a uma colonia de Goyaz, conforme noticiámos resumidamente, temos estes pormenores:

'Ao amanhecer, um grupo de mais de 300 indios surprehendeu uma força de oito praças que, sob o commando do cabo Francisco Xavier dos Reis, achava-se em serviço de faxina, a seiscentos ou setecentos passos do acampamento de Macedina.

A lucta foi renhida, os atacantes investiram contra essa muito pequena força com toda a impetuosidade, talvez a aniquillassem completamente si não fosse a intrepidez do cabo Reis, que resistiu tenazmente com os seus poucos companheiros até ser soccorrido pelo resto da guarnição da colonia, que pôde então repellir o inimigo para o outro lado do rio Araguaya.

Da parte dos assaltantes houve muitas fortes e ferimentos, não se podendo precisar o numero, porque os indios, na sua retirada, carregaram os mortos e feridos; e, da parte da guarnição, tivemos a lamentar a perda do valente cabo Francisco Xavier dos Reis, que, sendo ferido no peito por uma flecha, falleceu poucas horas depois de cessado o ataque.

Os indios, no outro lado do rio, levaram todo o resto do dia tocando buzina e tambor e fazendo grande alarido, como si tivessem alcançado uma brilhante victoria, e depois desappareceram.

No dia 10 de agosto, protegidos pela escuridão da noite, os indios, em numero de 50, mais ou menos, desceram o rio a nado e surprehenderam a guarda do Porto, que vigiava a barca e canôas, que procuraram inutilisar.

A guarda, porém, manteve o seu posto, e, sendo reforçada pelo resto da guarnição, que acudiu promptamente ao toque de alarma, foram os assaltantes repellidos com grandes perdas para a margem opposta do rio, onde, até a ultima data, ainda se conservam em disposiçao hostil, e como que decididos a acabar com a colonia."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Outubro de 1889, pág. 01, col. 03
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