A recente onda de frio que chegou ao País e trouxe temperaturas baixas em várias regiões e mesmo negativas ao Sul fez com que esse fato se tornasse um dos assuntos mais comentados nos últimos dias. Em razão disso, um colaborador nosso nos traz uma curiosa história sobre frio e sensação de frio e como este pode ser algo relativo dependendo de onde você mora ou provém. Vamos ao relato.
O inverno de 1979 foi um daqueles "invernos históricos" no Rio Grande do Sul com períodos longos de temperaturas baixas, muita geada na maior parte das cidades e neve nas localidades mais altas. Num dia qualquer, em que a temperatura girava por volta dos quatorze graus Celsius, no campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas, trabalhavam quatro funcionários da instituição num setor técnico qualquer. Um deles, gaúcho natural de Pelotas, aproveitava para tirar sarro de um outro, baiano e recém-chegado à Princesa do Sul que, todo agasalhado, sofria com aquela temperatura incomum para seus padrões. Com o aproximar do final do tarde e a insurgência da noite ainda mais fria, os dois já em fim de expediente, terminavam de arrumar o ambiente de trabalho, aproveitando para antecipar as coisas para o outro dia. Foi então que um terceiro aproveitou para brincar com a noção de frio do pelotense, salientando que era comum enfrentar já à tarde temperaturas negativas em sua terra natal e neve era coisa quase certa todo o inverno. O terceiro homem era argentino da província de Córdoba. Entre uma gozação e outra, o pelotense, o argentino e o baiano seguiram discutindo sobre clima e temperaturas frias. Um quarto homem, mais velho e que não havia dado tanta atenção às conversações dos colegas, só olhava e resolveu não intervir. Afinal, não valia a pena falar sobre frio. Não queria parecer pretensioso.
Quem era o quarto homem? O lituano André Bertels. Acostumado com invernos duros de 20 graus abaixo de zero e cuja temperatura de quatorze graus em sua terra poderia ser considerada um "dia quente".