"Em 1865, durante a viagem a Jaguarão, D. Pedro II foi visitar a nascente Vila de Santa Isabel, episódio a que o Conde D'Eu fez referência em suas Memórias Militares. Naquele tempo, sua igreja já estava benta; o terreno para a construção da igreja foi doado em 1859 e as obras concluídas em 1861. Movimentos no porto, produtos importados do Uruguai, e nos empórios da Vila o vinho do Porto, sabonetes Alvar, munição, tecidos de seda e anis fomentavam a rede de comércio que subia a serra até Arroio Grande.
As queixas contra Arroio Grande e o descaso de sua administração cresceram. Os novos sopros liberais e movimentos de emancipação irremediavelmente sairiam dos fuxicos interioranos para converter-se na mais importante experiência emancipatória do extremo sul. Em 9 de maio de 1882, com a Lei Provincial 1.368, foi criada a Vila de Santa Isabel. As eleições para vereadores ocorreram em 01 de julho de 1882 e o Auto de Instalação ocorreu no dia 27 de janeiro de 1883.
A arrecadação da Vila girava em torno de impostos taxados das exportações de gado, olarias, caieiras, casas de comércio e arrematações dos Passos dos Canudos, Maria Gomes e Orqueta. Com percentuais menores, apareciam as ferrarias, carpintarias e mascates. Não era tipicamente um município rico, mas as principais dificuldades estavam nos constantes embates com Arroio Grande, que não aceitava a perda de seu ex-distrito.
Com a queda do Império e a chegada da República em 1889, novos e fortes rumores circulavam e atormentavam a Junta Municipal. Depois das rixas ao longo dos anos, agora os liberais sairiam da cena da vida política e uma nova batalha se avizinhava. Arrastou-se até 1893, quando o Ato no. 11 de 16 de janeiro, com a rubrica já preestabelecida de Julio de Castilhos, Presidente do Estado, suprimiu o município isabelense, que lhe fora infiel politicamente.
Novos tempos começaram, Santa Isabel voltou a ser distrito e os antigos prédios públicos ficaram vazios. Viriam, ao mesmo tempo, a Revolução Federalista e os caminhos flancos aos revolucionários de Gaspar Martins e Gumercindo Saraiva. Desordem social, vândalos, oportunistas, abandono e despreparo das forças policiais e processos de imigrações forçadas caracterizaram a curta resistência que Santa Isabel poderia oferecer. Restaram frágeis raízes que vêm se perdendo ao longo do tempo, além do desconforto de não serem reconhecidos os herdeiros da antiga Santa Isabel."
Fonte: SALABERRY, Jeferson Dutra. Inventário do patrimônio arquitetônico e histórico em Santa Isabel do Sul - Arroio Grande-RS: o caso das edificações institucionais e de socialização. In: XIII - SHCU - Tempos e Escalas da Cidade e do Urbanismo, Brasília, 2014, p. 146-147