É curioso o que, a tal respeito, disse o Diario:
'Na sua excursão pelos cortiços da Varzea, deparou hontem o digno sub-intendente do 1o. districto com uma sessão de nigromancia, á rua S. Ignacio n. 13, casa do preto feiticeiro Benedicto Pintado.
Entrando ali de surpresa, encontrou a digna auctoridade o mandigueiro em plena sessão, officiando perante as devotas Amelia Corval e Bernardina da Rosa, que, em extasis, perante as bugigangas do negro, curvavam-se, reverentes, á vista de uns bonecos grosseiramente talhados, armados de revólver, punhaes e espadas enferrujadas e inservíveis.
Indagando dos mysterios da solemnidade, soube, com surpreza, a distincta auctoridade, que algumas das milagrosas imagens achavam-se retiradas do templo, pouco respeitosamente enterradas no quintal, sobre montões de pennas de gallinha, em penitencia, por não terem operado os milagres que lhes foram ordenados.
Depois de desenterrados esses tróços, a auctoridade os mandou de cambulhada com o nigromante e as enfeitiçadas, para a casa do pouco pão, para meditarem na estabilidade das cousas... divinas.
- Em seguida, descobriu o sr. tenente-coronel subintendente, á rua Constituição, uma outra casa de dar fortuna, onde os pretos Lufalo e Pedro Fuão aguardavam os devotos com velas accesas; ao meio-dia.
Reprehendidos pela zelosa auctoridade, que os intimou a não proseguirem em seus embustes, elles declararam que eram muito procurados, para aconselharem sobre varias molestias, e que já tinham operado curas admiraveis, sem terem sentido falta de titulos scientificos.
As hervas mésinheiras, os esconjuros, etc. e tal parece que estavam destinados a dar cabo das boticas, se lhe não valesse a providencia da activa auctoridade."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 05 de Junho de 1895, pág. 01, col. 02