No dia 5 deste alguns escravos da fazenda que foi do Sr. barão de Guayba manifestárão-se desobedientes e insubordinados com o capataz. Este conteve o desacato, recolhendo presos dous dos levantados a um quarto das senzalas.
No dia 7, querendo castigar aquelles, manifestou-se a insubordinação com mais intensidade, oppondo-se alguns outros dos escravos a que tivesse effeito o castigo.
Achava-se presente o inspector de quarteirão com alguns guardas nacionaes mandados pelo delegado policial do termo para assistir ao castigo. Por conseguinte sopeárão a desordem, prendendo dous ou tres cabeças e avisando com urgencia á villa do que acontecia.
O delegado mandou mais oito homens de reforço e ordem para serem conduzidos á povoação todos os presos.
Entretanto havião-se evadido os que o tinhão sido no dia 5. Sopitado o motim de 7, procurárão-os no quarto onde os tinhão deixado encerrados, e não os achárão.
A porta dos fundos achava-se arrombada, e por ahi tinhão-se evadido.
No dia 8 marchou a escolta para Taquary conduzindo os presos, e deixando a fazenda socegada; mas no caminho sahirão-lhe á estrada os primeiros cabeças do tumulto no dia 5, fugidos do encerro da senzala, querendo retomar os presos que a escolta conduzia, e apoiados na intentona por uma turba de negros que tinhão debochado das visinhas fazendas.
Frustou-se-lhes o intento quando virão que a escolta havia sido reforçada; porém o máo exemplo dera bastante cuidado para merecer ás autoridades locaes a requisição em cuja virtude partio hontem a força que dissemos antes.
É de esperara todavia que o mal não tenha progredido, nem passe do que fica dito.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO (Rio de Janeiro/RJ), 23 de Janeiro de 1863, pág. 01, col. 03