quarta-feira, 28 de abril de 2021

Pelotas em 1857



"A rica e florescente cidade de Pelotas, que de 1818 até 1851 se ergueu como por encanto com o progresso de suas fabricas de xarque, vai em tal decadencia que é para lastimar-se. De ha muito que previamos o resultado da imprevidente e erronea administração financial que tem taxado com pesados impostos a importação das materias primas, como o sal, e a exportação dos nossos productos. Sem rival ou concurrente proximo, o café e o assucar poderião acaso supportar essa imposição; mas o producto do gado, que é e será ainda por alguns annos a nossa unica industria, tendo concurrentes ao pé da porta, melhores portos, sem o contrapeso de maleficas imposições, ha de cahir, e já está em decadencia, e será tal que nenhuma só cabeça de gado deixará de ser levada ás fabricas do Rio da Prata, até mesmo as do interior da provincia.

Não nos ficará pois senão o recurso da lavoura, que apenas começa a existir ao norte da provincia; eis ahi porque em Pelotas já se não construe uma só casa, e ha mais de duzentas desoccupadas, e é quando a cidade do Rio Pardo ergue-se do seu extremo atraso, e Porto Alegre prosegue com pé lento para a prosperidade e riqueza que nenhuma outra poderá imitar. Ainda se augmentarão os taes 2% na exportação; o que dirá a isto o Sr. visconde de Itaborahy?"

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO (Rio de Janeiro/RJ), 04 de Abril de 1857, pág. 01, col. 06


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