Os jornaes vêm cheios de noticias de violencias praticadas no theatro da revolução.
O Independente narra esta outra violencia:
"Chegou ao nosso conhecimento, que no dia 18 ou 19 do corrente foi preso e saqueado por forças do governo, commandadas por um tal Manuel Oriental, o Sr. Segundo Vigil, cidadão hespanhol, aqui casado e residente ha mais de 40 annos.
O Sr. Segundo vinha do centro da Republica Oriental, e já perto da linha foi preso na Carpintaria e alli foi depenado do dinheiro e outros objectos, dando graças a Deus ter escapado com vida."
Da Patria, de Montevideo, transcreve o Echo do Sul diversos attentados praticados contra nossos patricios.
Um filho de D. Alexandrina da Cruz Porciuncula foi recrutado no Durazno pelo chefe politico Ricardo Estevão, e estava alistado como policial, fazendo todo o serviço das armas.
O recrutado chama-se Drumonde Antonio da Porciuncula e nasceu no Rio Grande do Sul.
O subdito brazileiro Jeronymo Luiz Mendes foi barbaramente espancado pela auctoridade policial de Villa Collon. Mendes apresentou sua papeleta, mas isso de nada valeu á sanha da auctoridade.
Foi preso depois, amarrado e conduzido á Montevidéo, onde foi solto em virtude de reclamação apresentada pelo Sr. Ponte Ribeiro.
O offendido pretende trazer sua queixa ao governo, se ella não fôr patrocinada pela legação.
O vice-consul do Brazil no Salto, Sr. Firmino da Silva Santos, fez soltar oito brazileiros que estavam servindo em Itapevy sob as ordens do coronel Escayola.
Segundo consta, o governo oriental, como satisfação a reclamações que n'este sentido apresentou-lhe o Sr. Ponte Ribeiro, e á vista de telegrammas d'aqui expedidos pelo Sr. barão de Cotegipe, resolveu substituir e coronel Escayola pelo coronel Nemesio Escobar no commando d'aquellas forças.
Os chefes de partidos continuam a suspender gados e cavalhadas nas estancias brazileiras e ha muitas denuncias de taes violencias na legação imperial.
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 05 de Abril de 1886, pág. 01, col. 05