segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Mestre Batista


 
Neives Batista ou simplesmente ‘Mestre Batista’ – nasceu em 27 de junho de 1936. 

Mestre Batista é notadamente uma figura clássica e rememorada no carnaval pelotense. Com passagens por escolas como Estácio de Sá, Academia do Samba e General Telles, Batista foi quem trouxe novamente o uso do sopapo nas baterias das escolas de Pelotas. 

Em 2007, Mestre Batista foi reconhecido pelo governo federal como ‘Mestre Griô’. 

‘Tudo que se refere à cultura me agrada. Sou negro em movimento. Sou feliz’, disse o Mestre Batista, em depoimento ao Museu da Pessoa. Um dos últimos sonhos dele, e talvez o que mais queria fazer ainda em vida, é uma grande homenagem aos lanceiros negros. 

Pedia ajuda aos orixás pra realizar esse desejo. Está registrado aqui, mestre. Você fez, com toda a sua vida. 

Batista não queria ‘deixar morrer’ esta história. Nós também não podemos deixar morrer a que aprendemos e tivemos com ele. No sopapo, a memória de um povo inteiro está viva na batida de um tambor. Mestre, tamboreiro, griô, fiel companheiro, para nós também um legítimo lanceiro negro lutando por suas raízes e sua libertação. 

Dizia que ‘o Sopapo oferece som grave’, e era mestre na confecção. A técnica praticamente desaparecida, foi resgatada por ele através do projeto Cabobu – Encontro dos Tambores – designação que homenageia os carnavalescos Cacaio, Boto e Bucha. Ao final dos anos noventa, o pelotense Giba Giba conseguiu apoio do governo gaúcho e viabilizou o projeto. Foram duas edições, ambas em 2000, com apresentações de talentos como Naná Vasconcelos, Djalma Corrêa, Paulo Moura, Chico César. Baptista integrou-se à iniciativa – em 1999. Na ocasião, ele confeccionou quarenta instrumentos resultado de oficinas abertas, ao público ministradas no Colégio Pelotense, que foram distribuídas para personalidades da música e entidades carnavalescas. 

Para Baptista, mais do que a sonoridade que distinguia o Carnaval de Pelotas, o tambor é instrumento espiritual e equivale ao ‘atabaque-rei’. Ele acrescenta: ‘O tambor é o som sagrado dos orixás’. 

Mestre merecedor de toda a nossa reverência, e nosso agradecimento!

Fonte: Ícones Inesquecíveis. Pelotas/RS: Conselho da Comunidade Negra/Prefeitura de Pelotas, 2019. (folder de divulgação cultural)


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