BAILES E SERENATAS
Serenatas au clair de la lune... e do gaz, em plena rua, e um bailarico puxado á sustancia, deram hontem em resultado, ás 3 1/2 horas da madrugada, grosso sarilho na rua Joaquim Silva.
Dançava-se em uma estalagem d'aquella rua, em frente á travessa do Imperio, e na esquina proxima uns trovadores, de olhos em alvo, namoricando a lua, deitava, ao som dos violões e dos cavaquinhos, uns descantes cheios de sentimentalismo e erros de prosodia.
De repente... sahiram para a rua os do baile e pegaram-se á unha com os dos violões. Momentos depois coriscaram navalhas e facas, aos gritos de mata! mata!
A pacifica visinhança acudiu ás respectivas janellas e poz-se a apitar. Porém, nada! nem sombra de policia!
E o barulho continuava. Felizmente, depois de uma gritaria de emmudecer um surdo, e de repetido trilar de apitos compareceu o Sr. tenente de policia Maceió, morador n'aquella rua, acompanhado de uma praça do exercito. Os desordeiros fugiram, sendo presos um individuo e uma mulher, que foram recolhidos á 11a. estação policial.
E dizer que esta scena se repete uma noite sim e outra tambem, na supracitada rua onde fervem os bailes, as serenatas, tudo isso sem o constrangimento de ummas visitas da policia!
Conviria que o Sr. Dr. chefe da dita, pelos meios ao seu alcance, fizesse essa gente comprehender que podem dançar e podem dar descantes á lua, mas o que não pódem é interromper o tranquilo e calmo somno do proximo.
Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 04 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 06