Trecho extraído de: SOUZA, Bernardino José de. Dicionário da Terra e da Gente do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1939, p. 101-102.
"Capão: grafado por outros caapão, vocábulo de origem tupi, que designa porção de mata que surge em meio dos campos. De feito, nos imensos campos brasileiros surgem, de quando em quando, quebrando a monotonia da paisagem, tratos de mata, quais ilhas verdejantes em meio da terra semelhante ao oceano: estas ilhas de mato são os capões. Quase sempre, diz Beaurepaire-Rohan, para evitar equívocos, se chama capão de mato e não simplesmente capão. Theodoro Sampaio, versando a etimologia do termo, diz ser oriundo de caa-paû, — a ilha de mato em campo limpo. E ensina o mestre: "algumas vezes se diz também capuão, mas já derivado de outro vocábulo tupi caa-apoan, mato redondo, e podendo significar um oásis''. Encontra-se também o diminutivo capãozinho. A respeito deste termo lemos no Visconde de Taunay, à pág. 28 do seu vol. Marcha das Forças: "Ninguém ignora a origem dessa palavra, que hoje está introduzida na língua do Brasil — caá-poam, ilha de mato — perfeita denominação aplicada a núcleos de vistosa vegetação, que semelha verdadeiros oásis no meio dos campos e nos encontros de outeiros, onde há sempre umidade. Nesses capões reúne-se muita caça, de modo que o viajante, que quer ter essa distração, deve ir sondá-los, o que na fraseologia do sertanejo chama-se furar". O contrário de capão chamam em Minas — saco."