sábado, 30 de abril de 2022

Um registro sobre Capão do Leão em 1828


 Um dos mais antigos registros sobre Capão do Leão, anotado pelo suíço-alemão Carl Friedrich Gustav Seidler em 1828, durante a Guerra da Cisplatina.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

A árvore santa do Engenho Tinoco

 



De Serinhaem escrevem ao Diario de Pernambuco de 22 do passado:

"Na distancia de quatro kilometros, ao sul d'esta villa e em terras do engenho Tinoco, appareceu no cimo do monte Gruta dos mortos a raiz de uma arvore, que deita pequenas gottas d'agua potavel, de cinco a cinco minutos.

É avultado o numero de pessoas que vão diariamente visitar aquelle logar, onde todos estudam a causa e decidem pelos effeitos, prorompendo em alta vozes: - É um milagre!

O espectador ou romeiro, ao approximar-se, detem os passos pela multidão de objectos esparsos que lhe attrahem a vista e chamam a attenção. Aquelles objectos (muletas, pannos, etc.) pertenceram a doentes, que se restabeleceram pelo toque d'aquella agua na parte affectada.

Commove e encanta ao observador aquellas columnas de novos levitas, umas succedendo ás outras, todas silenciosas, com a fronte curva e de instante a instante ouvindo-se o nome do glorioso Santo Amaro, que é proferido com a fé do verdadeiro christão."

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 10 de Janeiro de 1887, pág. 02, col. 04

quarta-feira, 27 de abril de 2022

A Quadrilha de Lauredos

 



No Estado Oriental, no lugar denominado Lauredos, segundo informam ao Canabarro, do Livramento, Rio Grande do Sul, uma quadrilha de ladrões e malfeitores assaltou a casa do rico fazendeiro Guilherme Fróes, ferindo duas ou tres pessoas e roubando o dinheiro que encontraram.

As noticas dizem que os ladrões, sendo perseguidos pelas auctoridades orientaes, passaram-se para aquelle municipio, onde consta estarem refugiados.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 26 de Novembro de 1886, pág. 01, col. 03

terça-feira, 26 de abril de 2022

De Cacimbinhas a Piratini

 



(...)

De Cacimbinhas seguimos para ENE, por uma vereda pouco conhecida, até Piratinim, atravessando uma cochilha muito alta, esgalho da serra dos Tapes. No topo d'esta lombada, crescendo entre os rochedos, havia arvores anãs e moitas em pequenas manchas, o que, desde que sahiramos de Pelotas, mais se parecia com floresta. Toda a região é muito selvatica; não passámos por nem uma casa, e pouco gado encontrámos n'uma corrida de seis leguas. Uma vez demos em cima de um bando de emas, umas doze mais ou menos, que pastavam entre as moitas e as pedras; eram muito mansas e nem nos olharam, até chegarmos a tiro de pistola; então desataram nas suas passadas gingadas, e sumiram-se por traz de um morro.

Piratinim é um povoado de bom tamanho, bellamente situado n'uma pequena chapada, abrigada por cochilhas mais altas ao sul e a oeste. Vistas á distancia, as casas brancas de telhas vermelhas são admiravelmente pittorescas. São costeadas por uma linha de eucalyptus, que algumas pessoas emprehendedoras introduziram, e no meio do povoado vem-se as torres meio arruinadas de uma igreja antiga. Esta igreja e outros edificios do logar são de grande interesse historico, pois Piratinim, durante muitos annos, foi a capital dos revolucionarios rio-grandense, a séde de sua legislatura republicana, e, nominalmente pelo menos, de seu presidente. Historica e politicamente, a revolução está morta, mas vive ainda na memoria do povo. É curioso notar o tom entre orgulho e desafio com que alguns velhos fallam de cousas que succederam "no tempo da Republica" ou "na independencia". A revolução póde ter sido insensata; mas o simples nome de liberdade exerce uma attração admiravel sobre esta gente, e as sorpresas e retiradas rapidas, as longas cavalgadas pelas cochilhas, e as escaramuçasinhas ruidosas, satisfaziam, mais do que tudo, o seu amor selvativo de aventuras. Em toda a zona da serra, nunca encontrei uma pessoa que não se orgulhasse da Republica Rio Grandense, morta como está.

(...)

Visitei a secretaria da camara municipal, mas não creio que se encontrem alli muitos papeis de interesse historico: muitos foram destruidos depois da rebellião, e outros têm sido tirados. Sem duvida, muitos factos importantes relativos á republica poderiam ser respigados de papeis particulares e das lembranças dos velhos. Infelizmente, os historiadores brazileiros julgam que o interesse real da historia concentra-se no dominio dos documentos, que apenas chronicam os acontecimentos do modo mais secco, e esquecem que a verdadeira vida do povo só com o povo se póde aprender.

Piratinim é o centro de uma importante zona de criação. Diz-se que antigamente colhia-se bastante trigo na visinhança, porém este e outros generos de agricultura estão abandonados. Ha muitos armazens de bom tamanho, algumas officinas pequenas e duas hospedarias; uma carreta passa pelo logar duas vezes por semana, mas não ha dilligencias. Aqui e em Cacimbinhas ha estações telegraphicas, mas é de suppor que os estacionarios não tenham muito que fazer.

Umas cinco ou seis milhas a NO de Piratinim ha um morro alto, conhecido tradicionalmente pelo nome de - serra das Panellas. Suspeitando que se poderia encontrar louça antiga dos indios, armei uma excursão em companhia de muitos cavalheiros de Piratinim. A serra, uma das mais altas d'aquellas redondezas, compõe-se de gneiss e granito, e serve de mãi a muitos arroios; aqui, pela primeira vez n'esta jornada, vi matta verdadeira, bosques isolados margeando os arroios. Debalde procurei reliquias de indios na terra aberta; mas, ao entrar na matta, encontrei diversas covas entre as massas cahidas de gneiss, e em uma d'ellas encontrei diversos fragmentos de vasos de barro. Cavando a terra, encontrei mais abaixo outros fragmentos, e, reunindo-os, consegui restaurar a vasilha quasi inteiramente. Era da fórma usada ordinariamente pelos indios para cozinharem - uma panella baixa, com os lados bojantes, o fundo chato; o material era uma argilha arenosa, grosseira, misturada com cinzas, e não tinha outro ornamento além de um bordo mais grosso, marcado a dedo. Havia ainda outros fragmentos de duas ou tres vasilhas, algumas d'ellas com linhas toscas traçadas com um paosinho na superficie. Pedaços de madeira carbonisada estavam de envolta com a louça, e o tecto da cova estava tisnado, como se muito tempo estivesse exposto ao fumo. Investigámos cuidadosamente as covas proximas, porém apenas encontrei dois ou tres cacos de louça. Com material tão insignificante, seria precipitado inferir que os louceiros viviam certamente nas covas. Entretanto, o facto de se encontrarem muitos cacos parece favorecer esta supposição, e o tecto ennegrecido indicava que estivera exposto a mais de um fogo. O lugar era secco, abrigado pela matta e proximo a agua corrente, e podia muito bem ter sido usado como habitação por alguma familia de indios, troglodytas por accidente, senão por costume.

Estas e algumas outras excursões menores levaram muitos dias, e, dispondo de tempo limitado, decidi ir directamente de Piratinim a Pelotas, á cavallo, trazendo Pedro, e deixando que meu companheiro voltasse pelo caminho de Cacimbinhas. A viagem durou tres dias, por uma estrada que em parte seguia o leito do arroio Piratinim, que entra no S. Gonçalo ao sul de Pelotas. Junto ao povoado cruzámos uma lombada granitica, evidentemente continuação da serra dos Tapes, mas chamada localmente de Serra das Cachoeiras, serra que corre para NNE. Transposta esta, andámos uns 70 kilometros por escarpas revoltas de rochas metamorphicas, gueiss e schisto, que corriam parellelas á serraria e inclinavam tão fortemente para ESE, que muitas vezes eram quasi perpendiculares. Como a estrada era quasi um angulo recto ao horisonte geologico, ver-se-ha que os 70 kilometros representam uma enorme densidade de rocha, 35,000 metros ou mais.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Novembro de 1886, pág. 02, col. 05-06


segunda-feira, 25 de abril de 2022

Dados sobre a imigração no Brasil em 1886

 



Segundo averiguações feitas ultimamente pelos respectivos governos, e estudos de escriptores europeus, o Brazil encerra 600,000 habitantes de origem estrangeira.

D'estes, 300,000 são portuguezes, 220,000 allemães, 100,000 italianos e 80,000 de diversas nacionalidades da Europa, America, Asia e Africa.

É curioso que o maior numero n'este ultimo grupo seja de bolivianos, venezuelanos e cidadãos de outros paizes sul-americanos, moradores no Amazonas e seus affluentes.

Dos diversos contingentes, o que se dá mais á agricultura é o allemão; 75% estão empregados n'essa industria.

Dos italianos 70% estão occupados nas lavouras: 30,000 nas de S. Paulo; 20,000 nas do Rio Grande do Sul; 10,000 no Paraná; 5,000 nas do Espirito Santo; 4,000 nas de Santa Catharina; e o restante disseminado em todas as provincias.

Dos portuguezes, apenas 10% dão-se á agricultura; o maior numero vai para o commercio, officinas e pequenas industrias.

As colonias de origem sul-americana empregam-se de preferencia na industria extractiva.

As sommas das fortunas portuguezas mais conhecidas é calculada em.... 300.000:000$000.

Em seguida é a immigração italiana a mais rica, sendo os seus haveres estimados em 113.000:000$000, segundo o ultimo recenseamento italiano, analysado pelos demographos europeus.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 02 de Novembro de 1886, pág. 02, col. 01

sábado, 23 de abril de 2022

Tropelias de capoeiras

 



CAPOEIRAS

Hontem, ás 9 horas da noite, houve grandes tropelias de uma malta de capoeiras, em diversos pontos da cidade.

Na rua do Regente esses facinoras aggrediram Alvaro Teixeira da Costa Guimarães e deixaram-no ferido gravemente, com tres navalhadas.

A policia não conseguiu prender os turbulentos. O ferido deu queixa na primeira estação policial, e d'ahi foi remettido para o hospital da Misericordia.

O sr. tenente Vieira sahiu a rondar os pontos proximos e conseguiu prender diversos individuos, que estavam armados com páus e navalhas.

Os capoeiras fizeram ainda correrias nos largos da Sé e do Rocio.

Alvaro indigitou como auctores da aggressão que soffreu, a Domingos Portuguez e Palheta.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 20 de Outubro de 1886, pág. 02, col. 02

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Barão de Anadia

 



Falleceu ante-hontem, na comarca de Camaragibe, segundo noticia telegramma recebido de Maceió, o Dr. Manuel Joaquim de Mendonça Castello Branco, barão de Anadia.

Nascido em 1820 na provincia das Alagoas, fez seu curso de humanidades e matriculou-se na academia de Direito da cidade de Olinda, onde recebeu o gráu de bacharel em sciencias sociaes e juridicas em 1839; casou-se na cidade de Nictheroy e enviuvou sem filhos em dezembro de 1884; foi membro do corpo diplomatico brazileiro em Lisboa, cargo que deixou tres annos depois de nomeado; occupou na magistratura os lugares de juiz municipal, juiz de direito e de desembargados, cargo em que foi aposentado a seu pedido; representou sua provincia natal nas legislaturas de 1850-1855, com pequenos intervallos; e era condecorado com o gráu de official da ordem da Rosa.

Dedicou-se tambem á agricultura em sua provincia, onde deixa dous engenhos bem montados, e foi um agricultor intelligente e emprehendedor, combatendo a rotina n'esta profissão e dando assim bons exemplos aos outros agricultores.

Enviamos nossos pezames á familia do illustre cidadão.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 17 de Setembro de 1886, pág. 01, col. 04

quarta-feira, 20 de abril de 2022

terça-feira, 19 de abril de 2022

São Paulo em 1886

 



S. PAULO

8 de Abril

S. Paulo é uma cidade immunda, o que a impede de ser uma bella cidade, que prospéra a olhos vistos e que tem um céu idéal a rivalisar com o decantado céu italiano e uns crepusculos deliciosos, que deixam a gente extatica e boquiaberta.

São uma verdadeira maravilha os crespusculos de S. Paulo. Eu sentir-me-hia orgulhoso, se conseguisse descrever aqui fielmente o que hoje contemplei, com os poetas Luiz Murat e Xavier da Silveira, de uma das janellas do Grande Hotel; sentir-me-hia orgulhoso, porque teria reproduzido um dos mais grandiosos e bellos quadros da natureza, que se tem deparado aos meus olhos!

Mas nem eu emprehendo semelhante descripção, mesmo porque não é dos crepusculos e sim da immundicie de S. Paulo que eu desejo fallar.

S. Paulo, repito, é uma terra immunda. Fôsse o seu clima menos benefico e fósse mais densa a sua população, que uma empreza funeraria seria aqui o melhor dos negocios.

Se não temos epidemias, se as febres não fazem victimas todos os dias, não é porque se lhes opponha a hygiene.

Hygiene é uma palavra sem applicação n'esta capital.

"Aqui, diz o Diario Mercantil de hoje, encontra-se inteira liberdade para que qualquer cidadão, pouco escrupuloso pelo bem estar da saude propria e do publico, faça da rua, dos largos, do quintal do predio em que reside, um ponto apropriado á accumulação de materias em decomposição, pouco se importando com que d'esse seu acto resultem incommodos e perigos para as pessoas que alli passam ou têm a desgraça de visinhar com o seu deploravel capricho."

É a verdade, a triste verdade.

Vale-nos o urubú, esse fiscal honorario e gratuito da municipalidade, como lhe chama o referido jornal.

Se o supprimissem, ai de nós!

Recentemente foi creada uma junta de hygiene, e foram nomeados os respectivos funccionarios, que são remunerados.

Até hoje, porém, nenhuma providencia de alcance derivou de tal repartição.

As ruas continuam n'um estado deploravel, os despejos fazem-se livremente, os monturos permanecem, sente-se por toda a parte um máu cheiro, que obriga a gente a levar constantemente a mão ao nariz.

É uma das maiores necessidades de S. Paulo a adopção de medidas energicas, que ponham termo a esta falta de asseio e limpeza.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 10 de Abril de 1886, pág. 01, col. 08

domingo, 17 de abril de 2022

Violência na fronteira

 



Os jornaes vêm cheios de noticias de violencias praticadas no theatro da revolução.

O Independente narra esta outra violencia:

"Chegou ao nosso conhecimento, que no dia 18 ou 19 do corrente foi preso e saqueado por forças do governo, commandadas por um tal Manuel Oriental, o Sr. Segundo Vigil, cidadão hespanhol, aqui casado e residente ha mais de 40 annos.

O Sr. Segundo vinha do centro da Republica Oriental, e já perto da linha foi preso na Carpintaria e alli foi depenado do dinheiro e outros objectos, dando graças a Deus ter escapado com vida."

Da Patria, de Montevideo, transcreve o Echo do Sul diversos attentados praticados contra nossos patricios.

Um filho de D. Alexandrina da Cruz Porciuncula foi recrutado no Durazno pelo chefe politico Ricardo Estevão, e estava alistado como policial, fazendo todo o serviço das armas.

O recrutado chama-se Drumonde Antonio da Porciuncula e nasceu no Rio Grande do Sul.

O subdito brazileiro Jeronymo Luiz Mendes foi barbaramente espancado pela auctoridade policial de Villa Collon. Mendes apresentou sua papeleta, mas isso de nada valeu á sanha da auctoridade.

Foi preso depois, amarrado e conduzido á Montevidéo, onde foi solto em virtude de reclamação apresentada pelo Sr. Ponte Ribeiro.

O offendido pretende trazer sua queixa ao governo, se ella não fôr patrocinada pela legação.

O vice-consul do Brazil no Salto, Sr. Firmino da Silva Santos, fez soltar oito brazileiros que estavam servindo em Itapevy sob as ordens do coronel Escayola.

Segundo consta, o governo oriental, como satisfação a reclamações que n'este sentido apresentou-lhe o Sr. Ponte Ribeiro, e á vista de telegrammas d'aqui expedidos pelo Sr. barão de Cotegipe, resolveu substituir e coronel Escayola pelo coronel Nemesio Escobar no commando d'aquellas forças.

Os chefes de partidos continuam a suspender gados e cavalhadas nas estancias brazileiras e ha muitas denuncias de taes violencias na legação imperial.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 05 de Abril de 1886, pág. 01, col. 05

sábado, 16 de abril de 2022

Benzimentos do caboclo



 A HERANÇA DO CABOCLO

Cura da espinhela cahida

Conhece-se que uma pessoa tem a espinhela cahida, mandando levantar as mãos e unil-as acima da cabeça: se os dedos não se juxtapõem exactamente, cahiu a espinhela.

Então manda-se matar e esfolar um boi, e emquanto o sangue no couro, envolve-se o doente dentro d'este, por dez minutos, conservando a cabeça de fóra.

Quando o doente sahe do couro está bem como um pêro: póde levantar as mãos, que os dedos ficam juxtapostos.

Ha um caso, porém, em que esta ultima cousa não se póde verificar: é quando o enfermo é maneta.

Para curar a cachumba

Este remedio é applicavel a pessoas de qualquer sexo, idade ou côr.

O doente vai para o canto de uma porta e bate trez vezes com a barriga na parede, repetindo a cada uma dellas:

Cachumba, Cachumba

Não te devo nada

Mas por sim ou por não

Toma lá embigada.

Muita gente que tem usado d'este medicamento attesta a sua efficacia e a promptidão da cura. E affirmam mais que, se a cachumba, não sára, as pancada tambem não dão dôr de barriga.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 03 de Janeiro de 1886, pág. 02, col. 03


HERANÇA DE CABOCLO

Para o demo não entrar no corpo

É sabido que ha grande perigo em ter-se a bocca aberta por algum tempo, porque o diabo pode aproveitar-se do ensejo e por ella entrar para o corpo do indivíduo.

Por isso é bom, todas as vezes que se bocejar, fazer algumas cruzes diante da bocca, para assim fechar o caminho ao demo. E demais ha outra vantagem, embora de menos valor: é que tambem pela bocca aberta não entrará alguma mosca indiscreta.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 18 de Fevereiro de 1886, pág. 01, col. 06

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Sobrenomes Poloneses - Parte 57



 1451. Hapke - sobrenome patronímico dialetal do nome Agapij (Agápio em português).

1452. Hapoński - sobrenome patronímico do nome de origem grega Ágathon.

1453. Hapowski - sobrenome metonímico que designa um tipo de faca curva usada por jardineiro ou por vitivinicultores. Portanto, pode designar ambas as profissões.

1454. Haraźny - sobrenome metonímico que significa bonito, digno, bom, brilhante, especial.

1455. Hardel - sobrenome metonímico de etimologia alemã que significa orgulhoso, ou ainda, pessoa que inspira inveja.

1456. Harfiniak - sobrenome metonímico que corresponde a um tipo de armação ou peneira usada em tempos de outrora para separação de grãos, cascalho ou quaisquer tipo de materiais que demandem tal ação. Tende a se vincular ao contexto agrícola.

1457. Harmada - sobrenome metonímico dialetal correspondente ao nome alemão Harm (=arminho). Pode ser um patronímico ou metonímico.

1458. Harnack, Hernack - sobrenome patronímico do nome pessoal eslavo Harniak (=bonito, grato, gracioso).

1459. Hartka - tipo de floresta comunal encontrada no Leste Europeu durante o processo da expansão germânica na Idade Média. Designa o habitante de tal área. Pode ainda ser um patronímico do nome alemão Hart.

1460. Hartmann - pode corresponder a habitante de uma floresta comunal (vide item anterior). Também pode ter o significado de homem forte, homem duro, homem resistente.

1461. Hartwic, Hartwich - sobrenome patronímico do nome antigo alemão Hartwig.

1462. Harydowicz - sobrenome patronímico do nome de origem grega Charyton (observado desde o início da expansão bizantina na Europa Oriental), cujo significado é beleza, alegria, regozijo. 

1463. Has - sobrenome metonímico que significa lebre, por extensão, covarde, medroso.

1464. Hasselberg - sobrenome toponímico referente a Hasselberg - feudo encontrado na Prússia Oriental e que teve alguma relevância no início da Idade Moderna.

1465. Hasciło - sobrenome de origem bielorrussa que significa convidado, por extensão e contextualização histórica, colono emigrado, colono assentado em área cuja origem é diversa daquela região. Pode também ser um patronímico do nome eslavo-oriental Hasz.

1466. Hattyński - sobrenome toponímico relativo a Hatten - nome de local na antiga Prússia. Também um patronímico dos nomes prussianos Hâdo e Hâtto.

1467. Haugrund - colina arredondada.

1468. Hawryło - sobrenome patronímico do nome Hawrylo - forma eslava-oriental do nome Gabriel.

1469. Hebda - sobrenome que significa um tipo de erva da região. Também um toponímico para a aldeia de Hebds, no antigo condado de Miechów.

1470. Hech - sobrenome metonímico que significa tanto pescador quanto comerciante de peixes.

1471. Hecman - sobrenome metonímico para comandante, comandante militar, líder de um tropa em deslocamento ou missão específica. 

1472. Heflik - sobrenome patronímico do nome pessoal alemão Hefel ou Hevel. Também uma forma figurada para padeiro.

1473. Heide - sobrenome patronímico do nome prussiano Heido. Também significa charneca.

1474. Heidi - sobrenome matronímico do nome alemão Adelheid (Adelaide em português).

1475. Heidman - morador de uma charneca.

1476. Heim - no contexto histórico europeu oriental é usado para denominar qualquer tipo de habitante assentado em uma área que foi colonizada ou recém conquistada.

1477. Hein, Heinig - forma silesiana patronímica de Hans, do nome pessoal Johann.

1478. Heinrich - sobrenome patronímico simples de Heinrich (Henrique em português).

1479. Heische - sobrenome metonímico de etimologia alemã para rouco.

1480. Hejnicki, Hejwowski - sobrenome de etimologia alemã porém polonizado que pode ser um patronímico dos nomes Hein (Hans), Hagan ou Hagin.

1481. Helak, Helie - matronímico do nome Helena; patronímico do nome Helenus; metonímico para grego, procedente da Grécia.

1482. Helc, Helzel, Hencel - sobrenome patronímico da forma Hezel, hipocorístico do sul da Alemanha para Hans (de Johann).

1483. Helming - sobrenome patronímico dialetal do nome alemão Wilhelm (Guilherme em português).

1484. Helvetig - sobrenome toponímico para Helvécia. Portanto, suíço, procedente da Suíça.

1485. Hendzel - sobrenome patronímico do nome alemão Anshelm (Anselmo em português).

1486. Henick - sobrenome patronímico do Han, Hen, Hein - todas formas dialetais e variantes hipocorísticas do nome Johann. Também pode ser um patronímico dos nomes do baixo-alemão Heino e Henno.

1487. Henig - sobrenome patronímico do Han, Hen, Hein - todas formas dialetais e variantes hipocorísticas do nome Johann. Também pode ser um patronímico dos nomes do baixo-alemão Heino e Henno. Por fim, um patronímico do nome alemão Heinrich (Henrique em português).

1488. Henrich, Henryk, Henry - sobrenome patronímico do nome alemão Heinrich.

1489. Hensolt, Henzel - sobrenome patronímico hipocorístico dos nomes alemães Johann ou Anshelm.

1490. Hepner - sobrenome metonímico que significa fabricante de foices.

1491. Herbart - forma aliterada patronímica do nome Herbert.

1492. Herbeć - diz-se de alguém que tem procedência, que pertence a uma família nobre, ou com posses. Também pode ser usado para herdeiro.

1493. Herbert - sobrenome patronímico do nome alemão homônimo.

1494. Herbreder - corresponde tanto ao significado do item 1492 quanto ao significado do item 1493.

1495. Hertz - sobrenome patronímico do nome alemão Herz ou Hertz. Também pode corresponder a pessoa bem-humorada, vivaz, de bom coração, pessoa cuja presença é agradável.

1496. Hercog - forma dialetal para chefe, príncipe, maioral (no sentido de uma área comunal, de um domínio, de uma região).

1497. Herde - rebanho. Como sobrenome da Silésia corresponde à casa cuja lareira encontra-se na cozinha, ao invés de ser no meio da sala (como era costume no Medievo europeu).

1498. Herder - sobrenome de etimologia saxã continental para bravo, valente, corajoso.

1499. Hering - sobrenome que significa arenque, por extensão, o pescador ou vendedor de arenques (peixe largamente consumido na Europa desde tempos imemoriais).

1500. Herman, Hermanski - sobrenome patronímico do nome alemão Hermann. Também um metonímico para soldado, pertencente a um exército, a uma tropa.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Sobrenomes Poloneses - Parte 56

 



1401. Guszpit - sobrenome metonímico derivado da palavra dialetal kuspit, que significa desajeitado, acanhado, camponês pobre, pessoa fisicamente fraca, pessoa de aspecto frágil ou famélico.

1402. Guściora - sobrenome patronímico do nome Gustaw (Gustavo em português) ou patronímico do hipocorístico do nome August (Augusto em português).

1403. Guśtak - sobrenome patronímico do nome Gustaw (Gustavo em português) ou patronímico do hipocorístico do nome August (Augusto em português).

1404. Gutek - sobrenome patronímico do nome Gustaw (Gustavo em português) ou um forma metonímica de Gutt (=bom, em alemão).

1405. Gutkowski - sobrenome toponímico relacionado aos seguintes locais: Gutki, aldeia no antigo condado de Szczurzynski; Gutków, aldeia no antigo condado de Wylkowy; Gutkowo, nome de lugar observado nos antigos condados de Ciechanów, Sierpc e Olsztyn; Gutkowice, no antigo condado de Piotrkowski.

1406. Gutor - sobrenome patronímico do nome Gustaw (Gustavo em português); sobrenome metonímico de Gutt (=bom, em alemão). Também um toponímico referente a Gutte, Guty ou Gutten - três nomes de lugares encontrados com alguma frequência nos domínios da antiga Prússia.

1407. Gutowski - sobrenome toponímico referente a Gutowo (nome alemão: Guttau), denominação de localidade encontrada nos antigos condados de Plock, Brodnica, Torun e Lubawa.

1408. Gutt - sobrenome metonímico que significa bom, mas também no sentido de corajoso, valente, bravo. Pode também ser um patronímico.

1409. Guttseit - sobrenome metonímico alemão que significa "bom tempo", no sentido figurado, usado para pessoa feliz, de bom humor, empolgada, alegre.

1410. Guzenda, Guzęda - sobrenome patronímico de Gus ou Gusz - forma hipocorística que pode servir para os nomes Augustym, Gumbert, Guncerz, Guszek e Gusko.

1411. Guzewicz - sobrenome metonímico que significa homem pequeno, de baixa estatura, anão.

1412. Guzki - sobrenome toponímico relacionado à aldeia de Guzki (nome alemão Gusken), no antigo condado de Lecky.

1413. Guzowski - sobrenome toponímico relativo a Guzy - nome de três localidades na Polônia, uma na Podláquia, outra na Pomerânia e uma última na voivodia da Vármia-Masúria. Também está relacionado a Guzowy Piec (nome alemão Gusenofen) ou a Guzowy Mlyn (nome alemão Thurnitzmühle), ambas localidades na Vármia-Masúria. Por fim, pode ser um toponímico referente a Guzów - uma aldeia na Lubúsquia, duas aldeias na Mazóvia e uma comuna no estado alemão de Brandemburgo.

1414. Gwizdzonka, Gwiżdżonka - assobio; diz-se da pessoa de voz sibilante ou que é arfante ao falar. Pode ainda se referir a pessoa que não possui os dentes da frente, ou pessoa com fenda característica na arcada dentária na parte frontal. Por fim, pode fazer menção a uma palavra dialetal para avelã.

1415. Gybal - sobrenome patronímico do antigo nome polaco Gybal ou Gubal.

1416. Gziut, Gzula - sobrenome toponímico referente a Gza, aldeia no antigo condado de Pultusk. Também pode denotar pessoa ávida, ambiciosa, ou ainda, de mandíbula forte e/ou característica.

1417. Habecki - sobrenome metonímico que significa pobre. Pode ainda ter uma origem etimológica tcheca e corresponder a fraco, esquálido. Ou ainda, pessoa de costelas proeminentes.

1418. Habich - sobrenome patronímico do nome alemão antigo Habicht (=falcão). Pode ainda ser um metonímico para falcoeiro.

1419. Habrat - sobrenome patronímico do sul da Alemanha que corresponde a um hipocorístico do nome Eberhard (Everaldo em português).

1420. Habryń - erva daninha, centáurea (Centaurea cyanis). Um patronímico hipocorístico do nome Gabriel. Por fim, um metonímico para pessoa brava, irritadiça ou temperamental.

1421. Hackiewicz, Hacko - sobrenome patronímico do nome armênio Chacz. Também pode ser um patronímico do nome Hac ou Hacz - forma hipocorística de Hawyrlo, este por sua vez uma forma eslava-oriental do nome Gabriel.

1422. Hacuś - trabalho árduo; lugar plano. Também um patronímico do nome armênio Chacz. Também pode ser um patronímico do nome Hac ou Hacz - forma hipocorística de Hawyrlo, este por sua vez uma forma eslava-oriental do nome Gabriel. Por fim, um toponímico do nome de lugar Hac, verificado nos antigos condados de Borisowski e Pinsk.

1423. Haczewski - sobrenome toponímico relativo a Haczów, comuna no antigo condado de Krosnienskie.

1424. Hada, Hadydoń - é um sobrenome de origem clânica-tribal que significa serpente. Tem origem ucraniana e também pode corresponder a homem sábio, sujeito que pensa com temperança.

1425. Hadryś - sobrenome metonímico que significa trapo, roupa velha, por extensão, pessoa pobre, mal vestida. Também pode ser usado para pessoa mal-educada ou mimada. Ainda, uma forma patronímica do nome Adrian (Adriano em português). Por fim, um toponímico relativo a Hadra, localidade no antigo condado de Lubliniec.

1426. Haffki - sobrenome patronímico do nome arcaico germânico Haff. Também um toponímico do nome Hafka, uma aldeia na Eslováquia.

1427. Hagenau - sobrenome toponímico relativo a Hagenau (nome polaco Hajnowo), na antiga voivodia de Olsztyn.

1428. Hagenow - sobrenome toponímico referente à cidade homônima no estado alemão de Meclemburgo-Pomerânia.

1429. Hagman - homem da cerca. Significado: homem que vive num espaço de terra cercado por paliçadas, ou também, um construtor de paliçadas.

1430. Hajbutowicz - sobrenome toponímico relacionado a Hajbuty, cidade no oblast de Baranavichy, Bielorrúsia.

1431. Hajdamowicz - sobrenome patronímico do nome pessoal eslavo-oriental Hajdam. Também um toponímico para ladino, vagabundo, ladrão, nômade. Pode ainda ter uma etimologia turco-otomana e significar tropeiro, condutor de tropas de gado, ou genericamente, de mercadorias.

1432. Hajdyla - sobrenome metonímico usado para homem de ombros largos, ou homem alto e desajeitado. Também pode corresponder a pastor (de ovelhas). Pode também ser uma palavra híbrida de origem ucraniana para glutão. Por fim, um patronímico aliterado do nome alemão Heid.

1433. Hajek - sobrenome patronímico dos nomes Hey e Hei - que são hipocorísticos do nome alemão Johann. Também um metonímico para folgazão, divertido, alegre. Por fim, uma etimologia tcheca ou eslava-meridional para estrangeiro, forasteiro.

1434. Halamoda - sobrenome metonímico que significa homem desajeitado, desastrado.

1435. Halankiewicz - sobrenome patronímico dos nomes pessoais eslavos Halanek e Halanka. Também um metonímico para pastor que cuida de seus rebanhos em uma área montanhos.

1436. Halbryt - sobrenome patronímico do nome alemão Albrecht (Alberto em português).

1437. Halczuk - sobrenome metonímico que significa alfaiate.

1438. Halicki - sobrenome toponímico referente a Halicz (vários lugares na Europa Oriental).

1439. Haliczanowski - sobrenome toponímico relativo a Haliczany, nome de lugar verificado nos antigos condados de Chelm, Zmudz e Wlodzmierz.

1440. Halman - arrendatério que cultiva o solo em troca da metade da colheita; meeiro.

1441. Hałaburda - fanfarrão, ruidoso, gritador.

1442. Haladus - ouriço; no sentido figurado, animado, de voz animada, falante, agitado.

1443. Hałgas - literalmente significa ruído, porém tem outra base etimológica. É um patronímico do nome estoniano Halgas, que significa penetrante ou doloroso.

1444. Hamerla - sobrenome metonímico que significa ferreiro.

1445. Han - sobrenome patronímico hipocorístico alemão do nome Johann.

1446. Hannau - sobrenome toponímico relativo a Hanowo (nome alemão Hannau), no antigo condado de Grudziadz.

1447. Hanulak - sobrenome patronímico da forma hipocorística Han (do nome alemão Johann). É de origem rutena.

1448. Hanus - sobrenome patronímico da forma hipocorística Han (do nome alemão Johann).

1449. Hanzel - sobrenome patronímico da forma hipocorística Han (do nome alemão Johann) ou de um encurtamento do nome alemão Anshelm.

1450. Hańć - forma dialetal polaca patronímica do nome Hans.




quarta-feira, 13 de abril de 2022

Sobrenomes Poloneses - Parte 55

 



1351. Gruchot - sobrenome metonímico associado a um verbo para esmagar, desgastar, algo que chocalha, estala. Pode corresponder a um ofício agrícola de moagem ou separação de grãos.

1352. Grudek - o mesmo que dezembro. Um toponímico para Gródek, nome de aldeia/local encontrado nos antigos condados de Nowminski, Konecki, Opoczno, Wloszczowski, Sokolów, Wlodawa, Radzysnki, Mazovia, Nowy Alexandry, Tomasów, Bialystok, Wilejski, Dzisienski, Minsk, Pinsk, Borysowski, Bobrujski, Siewynski, Hajsylkiki, Kamzzycowsinski, e mais quatro menções perdidas ao longo da história.

1353. Grumula - sobrenome híbrido alemão-polaco para verde, verdejante.

1354. Grun - forma aliterada para verde, verdejante.

1355. Grün - sobrenome patronímico do nome alemão Grün (verde).

1356. Grunau, Grunaw - sobrenome toponímico relativo à aldeia de Grunau, no antigo condado de Lycbarski, nos domínios da diocese da Vármia.

1357. Gruneberg, Grunenberg - sobrenome toponímico relacionado a Grunenberg - nome de cinco localidades entre a Polônia e a Alemanha.

1358. Grunert - sobrenome patronímico hipocorístico do nome alemão Hieronymus (Jerônimo em português). Também pode ser um patronímico do nome germânico arcaico Gruanhart.

1359. Grunhagen - sobrenome toponímico relativo à aldeia homônima, outrora encontrada no antigo condado de Sztum.

1360. Grunik - sobrenome patronímico do nome pessoal alemão Grun (ou de qualquer outro nome alemão que inicia com o prefixo Grun-). É importante destacar que os eslavos em algumas ocasiões tornavam patronímico não o nome, mas o sobrenome.

1361. Grunwald - sobrenome toponímico relativo à Grunwald - nome de aldeia verificado nos antigos condados de Ostróda, Klodzko e Chodziez.

1362. Grunwalt - sobrenome toponímico relativo à aldeia de Grunwalt, encontrada no antigo condado de Czopek-Kopciuch.

1363. Gruszczyk, Gruszka, Gruś - pêra (a fruta). Pode corresponder a um cultivador de pêras, uma pessoa cujo corpo lembra o formato de uma pêra, mas também uma forma para designar parente distante - derivada da expressão eslava terceira água da pêra (significa alguém que tem relação parental com o indivíduo de forma confusa ou pouco próxima). Por fim, pode ainda ter o significado de pessoa com cisto, tumor.

1364. Gruszczyński - sobrenome toponímico associado aos seguintes locais: Gruszczyn - nome de aldeia observado nos antigos condados de Wloszczowski, Kozienice e Swarzedz; Gruszczyce ou Gruszczyno - nome de localidade verificado nos antigos condados de Sieradz e Blaszki.

1365. Gruszewski - sobrenome toponímico relativo à cidade de Gruszew ou Gruszewo, cidade do antigo Reino da Polônia. Também pode ser um patronímico do antigo nome pessoal Grusz.

1366. Gruszkowski - sobrenome toponímico relativo a uma antiga localidade na extinta voivodia da Rutênia. Carece de mais informações.

1366. Grużlewski - sobrenome toponímico relativo a Gruze, no antigo condado de Panevezy; ou a Gruzele, no antigo condado de Rossienski.

1367. Gryboś - sobrenome vinculado a uma palavra para cogumelo. Designa figurativamente pessoa velha ou decrépita, ou homem com rosto maçante, bexigoso. Pode ainda indicar portador de pústula ou tumor. Ou também um antigo comerciante de um vinho fino húngaro em terras polacas.

1368. Grycuk, Gryczyk - trigo-mourisco, por extensão, o agricultor dessa variedade. Também: forma metafórica para pessoa desleixada. Ou ainda, um patronímico da forma Gritz - hipocorístico do nome alemão Gregorius (Gregório em português).

1369. Grymula - furioso, cruel, feroz, temperamental, azedo (personalidade).

1370. Grynberg - sobrenome toponímico relativo a Grünberg, hoje a cidade polonesa de Zielona Góra.

1371. Gryps - lápis. Designa o ofício de escriturário ou contador.

1372. Gryszka - patronímico do nome Grzegorz (Gregório em português).

1373. Grądzielski - sobrenome que corresponde a barra de tração de um arado. Por extensão, camponês que usa o arado, ou mais especificamente, construtor de arados.

1374. Grzebielucha, Grzebisz - cutucar, remexer, raspar, arranhar, demorar, saquear, entre outros. Muitas interpretações.

1375. Grzech - patronímico do nome Grzegorz (Gregório em português). Também uma forma para designar pecador, imoral.

1376. Grzecznowski - sobrenome metonímico para educado, sábio, racional, lógico, elegante, distinto.

1377. Grzegocki, Grzegorczyk, Grzegorzak, Grzeliński, Grzesiak - patronímico do nome Grzegorz (Gregório em português).

1378. Grzelka - patronímico do nome Grzegorz (Gregório em português). Também cozimento, ato de cozinhar.

1379. Grzybowski - sobrenome toponímico relativo a Grzybowo, nome de lugar encontrado nos antigos condados de Varsóvia, Ciechanów, Mlawa, Sierpc, Maryampolski, Wagrowiec, Gniezno, Koscierzyna e Lecki; ou a Grzybów, encontrado nos antigos condados de Kutno, Sieradz, Konozienicki, Opoczno, Kociewie (duas vezes), Konstantynowski e Mielecki.

1380. Grzymała - sobrenome patronímico do nome Grzym - forma hipocorística do antigo nome eslavo Grzymislaw (=aquele cuja fama soa como o trovão).

1381. Grzymkowski - sobrenome toponímico referente a Grzymka, nome de lugar verificado nos antigos condados de Kolno e Przasnysz. Também um patronímico do nome Grzym - forma hipocorística do antigo nome eslavo Grzymislaw (=aquele cuja fama soa como o trovão).

1382. Grzywacz - metonímico para pessoa com cabelo que lembra crinas de cavalo, ou uma juba; cabelo espesso e que se nota, cabelo grande.

1383. Grzywna - uma antiga pele que serviu como moeda corrente entre os eslavos rutenos na Idade Média, dada a escassez de metal circulante. O uso de peles animais como moeda persistiu na Europa Oriental até aproximadamente o século XVIII. Com o tempo, o termo também serviu para denominar moedas polonesas e lituanas, bem como um antiga medida de peso usada comercialmente entre os prussianos. Por tudo, tende a corresponder um comerciante ou cambista que utilizou-se deste sistema em relações econômicas.

1384. Guba - tem vários significados associados, mas tende a significar pessoa de boca grande ou pessoa de bochecha grande. Pode ainda indicar quem mora numa região côncava. 

1385. Gucia - sobrenome patronímico do nome alemão Gutz - que pode ser um hipocorístico do nome Gustaw (Gustavo em português) ou Gottfried (Godofredo em português).

1386. Gudakowski - sobrenome toponímico relacionado a Guda, nome de lugar verificado nos antigos condados de Nowy Aleksandrów, Lidzki e Rossienski.

1387. Gudau - sobrenome patronímico do nome antigo prussiano Gudaw, em que se relacionam também os nomes Gudeike e Gudenyn. Também pode ser um toponímico referente a Gudawo, aldeia no antigo condado de Telszew.

1388. Gugała - sobrenome metonímico para tumoroso, pessoa com crescimento avantajado. ainda, pessoa corcunda.

1389. Guliński - sobrenome toponímico relativo a Gulin, nome de localidade verificado na comuna de Zakrzew, no antigo condado de Radomskie.

1390. Gumkowski - sobrenome toponímico relativo a Gumka, na comuna de Piski, no antigo condado de Ostroleka. A aldeia de Gumka tinha somente 42 habitantes em 1827. A família tem registros desde 1481 e tende a ser uma única vertente.

1391. Gumowski - sobrenome toponímico referente a Gumów, nome de localidade verificado nos antigos condados de Ciechanów, Plonski, Lomza e Torun; ou a Wielki Gumów, na região de Lomza; ou a Gumowo, no antigo condado de Ciechanów.

1392. Gumula - atualmente significa borracha, porém no contexto histórico tem outro significado: uma espécie de seiva espessa extraída de algumas plantas europeias cujo uso medieval se direcionava a diversas aplicações artesanais. Por extensão, o extrativista e comerciante desta seriva.

1393. Gunowski - sobrenome toponímico relativo a Gunów, aldeia no antigo condado de Pinczów.

1394. Gunter - sobrenome patronímico simples do nome alemão Gunther.

1395. Gurash - amargo; ou também, aquele que habita acima, no patamar superior. Faz referência geográfica.

1396. Gurbal - sobrenome toponímico relacionado a Gurba - aldeia e senhorio na freguesia de Mszczonów, comuna de Piekary, no antigo condado de Blonski.

1397. Gurtowski - sobrenome metonímico para fabricante de arreios, ou também fabricante de cintos e fivelas. Também pode indicar um profissional que trabalha com estofaria.

1398. Gurzyński - sobrenome patronímico do nome eslavo Gorzyslaw. Também um toponímico para os seguintes locais: Górzyn, verificado nos antigos condados de Miedzychód e Bydgoszcz; Górzyny, no antigo condado de Mozyrski; Górzno, nos antigos condados de Garwolin, Pleszew, Wschowski, Bodnicki e Zlotów.

1399. Gusek, Gusk - sobrenome patronímico hipocorístico relacionado aos nomes Augustyn, Gustaw, Gumbert e Guncerz, entre outros. Também um toponímico para Gusken, aldeia e feudo outrora encontrado na Vármia, na época do Reino da Prússia.

1400. Gustołek - sobrenome patronímico hipocorístico dos nomes Augustyn (Agostinho em português) ou Gustaw (Gustavo em português).


segunda-feira, 11 de abril de 2022

Os quilombolas de Itaicy

 



GUERRA... EM SÃO PAULO

Henrique de Barcellos, na ultima chronica do Correio de Campinas, diz o seguinte:

"O jornalismo deu noticia de que se acha aquartelada e prompta grande força na capital.

Naturalmente, os pontos de interrogação surgiram ante as conjecturas que esse mysterioso facto suscita.

Examinando attentamente os acontecimentos, não nos parece que se trate de desordem, no dominio do partido da ordem.

Corre á bocca pequena, e á bocca pequena o transmittimos, que todo aquelle aparato bellico está destinado a escorraçar os quilombolas de Itaicy, uns oitocentos diabos perigosos á tranquillidade d'aquelle logar e immediações, entre os quaes ha muitos negros fugidos das fazendas de Itú e cercanias.

A este aquartelamento de tropas liga-se de certo a influencia da Associação de fazendeiros de Itú.

Os quilombolas buscaram esse refugio para gozar da ficticia liberdade, induzidos na maioria pelos emissarios abolicionistas da capital.

A força de S. Paulo será do facto destinada a apanhal-os em grosso e distribuil-os pelas fazendas dos senhores?

Conjecturas apenas.

E desde já o declaramos, para que não surjam protestos, como anda em moda."

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 25 de Novembro de 1885, pág. 02, col. 03

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Uma máfia brasileira no século XIX

 



SOCIEDADE DE LADRÕES

Ao Correio de Campinas communicam a seguinte importante noticia:

"Sabemos aqui, por pessoa fidedigna, que o cidadão Antonio Ildefonso dos Santos, subdelegado de policia de Monte Sião (Minas) acaba de descobrir alli uma importante sociedade de amigos do alheio.

É o caso:

Tendo um dos socios se desgostado com a commandita, talvez por não haver muita lealdade na partilha dos lucros, dirigiu-se áquella auctoridade e descobrio tim tim por tim tim a organização da mesma sociedade, seus fins e as suas ramificações.

Immediatamente o subdelegado deu as providencias que a novidade da 'descoberta' requeria e abriu a devassa, inquerindo dezoito testemunhas, de cujo inquerito já ficou provado:

Que com effeito existe a tal sociedade de ladrões;

Que seus membros prestam juramento de 'fidelidade' á mesma, e isto com um revólver ao ouvido;

Que a sociedade tem succursaes em Campinas, Mogy-mirim, Casa Branca, Antas, Ouro Fino e outros logares, com os quaes tem correspondencia;

Que os membros d'ella em Monte Sião são pessoas de dentro da praça e algumas que não se suppunha que fossem capazes de se unirem a uma tal sociedade;

Que de seis em seis mezes reunem-se os chefes em uma localidade designada, dão balanço nas ladroeiras feitas, e fazem o rateio do que toca a cada succursal.

De certo tempo a esta parte deram-se alli muitos roubos, em dinheiro, animaes e outros objectos, e estes factos continuos traziam aquella florescente povoação em sobresalto.

A auctoridade alli lucta com grandes difficuldades para terminar esta importante dilligencia, pois tem recebido cartas anonymas ameaçando-o com a morte, no caso de proseguir, e outras dizendo que a sua morte é certa.

Não tem força, e até chegar esta de Ouro Preto, de onde requisitou, aquella auctoridade ver-se-hia em serios apuros, se não fosse a boa vontade da população, que a tem rodeado de todo o prestigio e segurança.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 29 de Outubro de 1885, pág. 02, col. 03

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Os indomáveis Parintins

 



Por cartas particulares recebidas de Manáos sabe-se que o Dr. Barbosa Rodrigues preparava-se para seguir para o rio Janapery e d'ahi para o lago Curinahú, onde pela primeira vez se vae encontrar com os Crichanás. Ahi existem malocas que o explorador não conhece e cujos habitantes estendem as suas correrias até Ayrão, e pelas praias do Jacaré onde tem feito grande carnificina.

Depois de se encontrar com os Crichanás, pretende o Dr. Barbosa Rodrigues subir pela foz principal do Janapery, a encontrar-se com indios já seus conhecidos e arranchal-os no aldêamento que fundou.

Diversos negociantes do Rio Madeira convidaram o Dr. Barbosa Rodrigues a ir domar os Parintintins ou Parintins, até hoje indomaveis. Ainda nenhum missionario nem negociante algum poude chegar até elles.

Para esse fim offerecem-lhe conducção, viveres, pessoal, tudo enfim quanto elle desejar.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 10 de Outubro de 1884, pág. 01, col. 05

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Evolução da Imprensa na Grã-Bretanha no século XIX

 



Durante os ultimos trinta e oito annos a imprensa da Grã-Bretanha tem mais do que triplicado.

Em 1846 havia apenas 551 jornaes; em janeiro de 1884 contavam-se 2.015. D'este numero 401 são publicados em Londres, 181 na Escocia, 156 na Irlanda e 20 nas ilhas.

137 jornaes são diarios na Inglaterra propriamente dita, 4 no paiz de Galles, 22 na Escocia, 15 na Irlanda e 1 nas ilhas. Comprehendendo as trimestraes, o numero das revistas que actualmente se publicam no Reino-Unido eleva-se a 1.265.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 05 de Maio de 1884, pág. 01, col. 06

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Antonio Leonel Forte Gatto

 



URUGUAY

(...)

- Falleceu na villa da União o cidadão portuguez Antonio Leonel Forte Gatto. Na idade de 83 annos Forte Gatto era muito conhecido em ambas as margens do Prata, e muito mais ainda na provincia do Rio Grande do Sul.

Fez parte da revolução dos farrapos; esteve na batalha de Ituzaingo como instructor de um batalhão de allemães. Possuia grande numero de documentos ineditos de Bento Gonçalves e outros illustres rio-grandenses.

O Correio de Portugal vai publicar a biographia do velho patriota, que será lida com summo prazer no Brazil e em Portugal.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 25 de Maio de 1883, pág. 01, col. 06

sábado, 2 de abril de 2022

Ataque à casa do juiz de paz

 



O presidente da camara municipal da cidade de Alegrete pedira providencias á presidencia da provincia sobre a pressão, que o commercio faz ao povo na circulação das notas de 20$ que se vão recolher de janeiro em diante.

- Da mesma cidade a Reforma de Porto Alegre recebeu o seguinte telegramma, que publicamos sob todas as reservas:

"Grupo numeroso de gente a cavallo dá tiros, provoca desordens e ameaça-nos. Auctoridade superiores, apezar de pedidos constantes nada providenciam. Clame urgentemente por garantias; juiz de direito interino excita grupos."

Ainda á ultima hora recebeu o mesmo jornal este outro telegramma:

"Grupo armado invadiu a casa do juiz de paz para forçal-o a assignar o diploma do Dr. Severino. Setenta individuos, a maior parte gaúchos, ameaça-nos. Guarnição sessenta praças. No caminho para São Gabriel ha bandos de gaúchos armados. Cresce o numero de desordeiros. Peçam providencias para que venham forças de S. Gabriel e Sant'Anna."

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Dezembro de 1882, pág. 01, col. 04

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Barão de Petrópolis



 Ás 2 horas da tarde de hontem, na ilha de Paquetá, falleceu o venerando Sr. barão de Petropolis, Dr. Manuel de Valladão Pimentel.

O finado, medico e primeiro clinico do Rio de Janeiro, nascera a 4 de março de 1802. Contava, pois, 80 annos de idade.

A maior parte do tempo de sua existencia, consegrára-a ao seu trabalho clinico. Creára a melhor reputação como medico, e na cadeira que com tanto brilhantismo occupou desde 1833, na Faculdade de Medicina d'esta côrte, foi substituido pelo illustrado Dr. Torres Homem, que sempre tem recordado em sua lições o nome do notavel professor com grande orgulho, satisfação e respeito.

O Dr. Valladão fôra destinado por seus progenitores á vida sacerdotal, porém, não tendo vocação necessaria para o desempenho das funcções de uma carreira desta natureza, foi obrigado a lutar contra a indisposição de sua familia, sendo por tal motivo levado a procurar com os recursos da propria intelligencia e os esforços de uma vontade inabalavel, os meios indispensaveis á realisação de seus intentos.

Começou os seus estudos na antiga escola militar, onde distribuia a muitos estudantes os seus conhecimentos, tirando d'este labor a pequena somma pecuniaria, com que manteve-se durante muito tempo.

Na escola de medicina o finado deixou uma das mais brilhantes reputações e das mais invejaveis; conquistou o diploma scientifico, que lhe deu entrada na sociedade, tendo antes firmado a reputação de bom estudante, estimado e respeitado por collegas e lentes.

A vida pratica do finado é muito conhecida; está presa a tradicções muito honrosas da sociedade fluminense, onde conta illustres continuadores na familia Catta Preta.

O finado era barão de Petropolis, grande do Imperio, membro do conselho de Sua Magestade o Imperador, Official-mór da casa imperial, medico honorario da imperial camara e especial de Sua Alteza a Princeza Imperial, commendador da ordem de Christo, cavalheiro da imperial ordem da Rosa, lente jubilado da escola de medicina d'esta côrte, membro do Instituto Historico e Geographico Brazileiro e da Imperial Academia de Medicina.

Fonte: GAZETA DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 01 de Dezembro de 1882, pág. 02, col. 03

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