quarta-feira, 31 de maio de 2023

Sobrenomes Brasileiros - Parte 16

 



Lista de sobrenomes brasileiros indígenas verificados a partir de 1979 até 1996. Considerados sobrenomes a partir do momento que constam em registros de nome civil. 

Fonte: Jornal o Mensageiro (Belém/PA)

Achefô - verificado no Pará em 1990.

Acuahuku - verificado no Pará em 1990.

Aicríro - verificado no Mato Grosso em 1987.

Aije - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Aijepa - verificado no Mato Grosso em 1995.

Aikewar - verificado no Tocantins em 1998.

Aikimim - verificado em Minas Gerais em 1986.

Akai - verificado no Pará em 1985.

Amawi - verificado em Rondônia em 1993.

Anambé - verificado no Pará em 1986.

Anhanga - verificado na fronteira brasileiro-peruana em 1988.

Aniká - verificado em Roraima em 1989.

Anipiri - verificado no Amazonas em 1989.

Apacano - verificado no Mato Grosso em 1985.

Apalai - verificado no Amapá em 1986.

Apatso - verificado no Pará em 1990.

Apiaka - verificado no Mato Grosso em 1990.

Aputê - verificado em Rondônia em 1993.

Ararawytingi - verificado no Mato Grosso em 1980.

Aroe - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Aruman - verificado no Tocantins em 1998.

Assurini - verificado no Amapá e Pará em 1986.

Atapire - verificado em Roraima em 1996.

Aturuwa - verificado no Mato Grosso em 1995.

Axeno - verificado em Roraima em 1996.

Ãweetekãto'i - verificado no Mato Grosso em 1984.

Babaté - verificado no Mato Grosso em 1998.

Babati - verificado no Mato Grosso em 1996. 

Bakairi - verificado no Pará em 1982.

Baniwa - verificado no Amazonas em 1993.

Baré - verificado no Amazonas em 1991.

Benity - verificado em São Paulo em 1995.

Biboy - verificado no Pará em 1997.

Bijãtpu - verificado no Pará em 1996.

Bingó - verificado em Pernambuco em 1991.

Bira - verificado em Roraima em 1988.

Bororo - verificado no Pará em 1985.

Brame - verificado no Mato Grosso em 1995.

Burum - verificado no Pará em 1982.

Cabá ou Kabá - verificado no Pará em 1982.

Cabixi - verificado no Mato Grosso em 1979.

Cahiacãn - verificado na Bahia em 1989.

Canela (vale lembrar que vem de etimologia ameríndia) - verificado no Maranhão em 1993.

Canoé - verificado em Rondônia em 1988.

Canoeiro - verificado no Mato Grosso em 1984 entre os rikbaktsa.

Capinoá ou Kapinoá - verificado no Mato Grosso em 1991.

Ccorobo (sic) - verificado no Acre em 1986.

Čerae - verificado no Mato Grosso em 1995.

Cibaeikare - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Crixi ou Krixi - verificado no Pará em 1982.

Curuaia - verificado no Pará em 1993.

Datxe ou Datié - verificado no Mato Grosso em 1986. Verificamos também a forma Datiê em 1990.

Dbaksêkô - verificado no Pará em 1996.

Dubtwoé - verificado no Mato Grosso em 1988.

Eibajiwudo - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Enaureu - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Ekureu - verificado no Mato Grosso em 1995.

Ewororo - verificado no Pará em 1981.

Fokei ou Fócãe - verificado em Santa Catarina em 1979.

Galibi - verificado no Pará em 1980.

Gavião - verificado em Rondônia em 1991.

Guajajara - verificado no Maranhão em 1980.

Guarani - verificado em sua vertente indígena em 1982, porém remonta como alcunha ao século XVIII.

Hakai - verificado no Pará em 1979.

Hapor - verificado em Goiás em 1991.

Hicupi - verificado no Pará em 1986.

Ilkabakaraia - verificado em Rondônia em 1987.

Ikatu - verificado no Tocantins em 1998.

Ikupi - verificado no Amazonas em 1986.

Imbiriba - verificado em Pernambuco em 1987.

Irantxe - verificado no Mato Grosso em 1981.

Iredian - verificado no Mato Grosso em 1980.

Iserenhi'omo - verificado no Mato Grosso em 1988.

Isipi'radi - verificado no Mato Grosso em 1988.

Islike - verificado em Roraima em 1996.

Itabira - verificado em Rondônia em 1985.

Japeca - verificado no Amazonas em 1998.

Jekupe - verificado em São Paulo em 1995.

Juma - verificado no Amazonas em 1993.

Juré - verificado no Pará em 1985.

Juruna - verificado em 1980.

Jutu - verificado no Pará em 1986.

Kadojeba - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Kafure - verificado no Mato Grosso em 1990.

Kaha - verificado no Maranhão em 1993.

Kahera - verificado em Roraima em 1996.

Kaihy - verificado em Goiás em 1991.

Kaingang - verificado no Rio Grande do Sul em 1979.

Kaiowá - verificado no Mato Grosso em 1983.

Kaleri - verificado em Roraima em 1996.

Kamunu - verificado no Mato Grosso em 1990.

Kanajó - verificado no Mato Grosso em 1995.

Kanaú - verificado no Acre e no Amazonas em 1988.

Kanhôk - verificado no Pará em 1992.

Kaiowá - verificado no Mato Grosso do Sul em 1996. 

Kaitona - verificado no Amapá em 1996.

Kajejewu - verificado no Mato Grosso em 1995.

Kanajó - verificado no Mato Grosso em 1995.

Kaorewyei - verificado no Amazonas em 1997.

Kapinawá - verificado em Pernambuco em 1985.

Karajá - verificado no Pará em 1982.

Kare - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Karipuna - verificado no Amapá em 1979.

Karitiana - verificado em Rondônia em 1994.

Karú - verificado no Mato Grosso em 1986.

Kãxãnãpio - verificado no Mato Grosso em 1984.

Kaxuayana ou Kaxuyana - verificado no Pará em 1986.

Kayabi - verificado no Mato Grosso em 1984.

Kayapó - verificado no Pará em 1986.

Keché - verificado no Pará em 1990.

Kiri - verificado em Roraima em 1996.

Kiriri - verificado na Bahia em 1991.

Koayutheri - verificado em Roraima em 1994.

Kodo-kodo - verificado em Mato Grosso em 1982.

Komaoro'i - verificado no Mato Grosso em 1984.

Kopenawa - verificado em Roraima em 1989.

Kontxá - verificado no norte de Goiás em 1987 (possivelmente Tocantins).

Koran - verificado no Tocantins em 1998.

Korina'i - verificado no Amazonas em 1997.

Krahô ou Krahó - verificado no Pará em 1982.

Krenak - verificado em 1981.

Kretã - verificado no Paraná em 1980, entre os caingangues.

Krikati - verificado no Maranhão em 1996.

Krôkrôk - verificado no norte de Goiás em 1987 (possivelmente Tocantins).

Krukwañe - verificado no Tocantins em 1990.

Krunõmri - verificado no Tocantins em 1990.

Kudu - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Kujibo - verificado no Mato Grosso em 1995.

Kulina - verificado no Amazonas em 1986.

Kurãpã'i - verificado no Mato Grosso em 1984.

Kurigup - verificado no Pará em 1990.

Kuriti - verificado em Roraima em 1996.

Kuru - verificado no Pará em 1991.

Kutchuwy - verificado entre os guaranis em 1982.

Maamatheri - verificado em Roraima em 1991.

Mabe - verificado em Rondônia em 1993.

Macuxi  ou Makuxi - verificado em Roraima em 1979.

Madija - verificado no Acre em 1986.

Maintedí - verificado no Pará em 1990.

Mairá - verificado no Tocantins em 1998.

Manhuari - verificado no Amazonas em 1986.

Manchinery - verificado em Roraima em 1998.

Manhuri - verificado no Amazonas em 1986.

Mapadadi - verificado em Rondônia em 1993.

Marubo - verificado no Amazonas em 1992.

Matanho - verificado no Mato Grosso em 1982.

Maturuca - verificado em Roraima em 1999.

Mauuxiutheri - verificado em Roraima em 1991.

Maxakali - verificado em Minas Gerais em 1984.

Mequém - verificado em Rondônia em 1993.

Merenadó - verificado no Mato Grosso em 1990.

Meriekureu - verificado no Mato Grosso em 1985.

Merimã - verificado no Mato Grosso em 1984.

Merimoi - verificado no Mato Grosso em 1984.

Metutire ou Mentuktire - verificado no Pará em 1986.

Mikaho - verificado no Amapá em 1998.

Mikiles - verificado no Pará em 1988.

Miranha - verificado no Amazonas em 1982.

Miriacureu ou Miriacuru - verificado no Pará em 1985.

Mirin (sic) - vericiado em São Paulo em 1994.

Mirkopté - verificado no Tocantins em 1990.

Moha - verificado no Mato Grosso em 1990.

Morimã - verificado no Mato Grosso em 1984.

Morimá - verificado no Mato Grosso em 1984.

Mugureu - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Muiuçu - verificado no Amazonas em 1989.

Mundurucu ou Munduruku - verificado no Pará em 1982.

Mutsie - verificado em Mato Grosso em 1984 entre os rikbaktsas.

Nambikwara ou Nambiquara - verificado em Rondônia em 1993.

Nivénkao - verificado em Santa Catarina em 1996. 

Nonda - verificado no Mato Grosso em 1985.

Ocoy - verificado no Paraná em 1994.

Ofaiê - verificado no Mato Grosso do Sul em 1988.

Opãrãxowi - verificado no Mato Grosso em 1984. 

Opikitheri - verificado em Roraima em 1994.

Õribwe - verificado no Mato Grosso em 1990.

Orobone -verificado em Rondônia em 1988.

Pacaás - verificado em Rondônia em 1998.

Pagu (u anasalado) - verificado no Pará em 1991.

Paiakan - verificado no Pará em 1985.

Paiaré - verificado no Tocantins em 1998.

Paihu - verificado no Pará em 1989.

Pankararú - verificado em Pernambuco em 1988.

Painiu ou Painhu - verificado no Pará em 1987.

Palikur - verificado no Pará em 1980.

Parakanã - verificado na Paraíba em 1984.

Parakatejê - verificado no Tocantins em 1998.

Parawan - verificado em Rondônia em 1998.

Pareci - verificado em 1979.

Paritsi'ê - verificado no Mato Grosso em 1990.

Pasikoa - verificado em Roraima em 1996.

Pataxó - verificado na Bahia em 1979.

Pataxó Hã-Hã-Hãe - verificado na Bahia em 1991.

Pauaka - verificado no Pará em 1982.

Paygo - verificado no Pará em 1982.

Payô - verificado em Rondônia em 1993.

Pikote - verificado em Roraima em 1996.

Porantim - verificado no Pará em 1992.

Potiguara - verificado no Nordeste em 1985, porém é de uso corrente desde o período pós-Independência.

Prataty - verificado no Amazonas em 1989.

Pudata - verificado no Mato Grosso em 1985.

Punluk - verificado no Maranhão em 1993.

Puxu - verificado no Pará em 1989.

Quirini - verificado no Mato Grosso em 1994.

Rikbaktsa - verificado no Mato Grosso em 1985.

Roaribo - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Rontê - verificado no Tocantins em 1998.

Sabanés - verificado em Rondônia em 1993.

Sakyrabiar - verificado em Rondônia em 1993.

Saterê - verificado no Amazonas em 1979. Sateré verificado em 1993.

Sau ou Saú - verificado no Pará em 1982, mas com registro desde 1976.

Saurecug - verificado no Pará em 1990.

Saw - verificado no Pará em 1997.

Sirnãrê - verificado no Pará em 1995.

Soiti - verificado em Tocantins em 1990.

Sõpré - verificado em Tocantins em 1990.

Sôti - verificado em Goiás em 1982.

Sukê - verificado no Tocantins em 1991.

Suruí - verificado em Rondônia em 1997.

Tapeba - verificado no Pará em 1999.

Tapirapé - verificado no Mato Grosso em 1986.

Tariano - verificado em 1992.

Tasuohaweré - verificado no Mato Grosso em 1980.

Tauré - verificado no Amazonas em 1989.

Tawaya - verificado no Amapá em 1998.

Tawe - verificado no Pará em 1982, entre os munducurus.

Tawy'i - verificado no Amazonas em 1997.

Tchu'wana - verificado no Amapá em 1998.

Tembé - verificado no Pará em 1981.

Tenose - verificado em Roraima em 1996.

Terena - verificado no Mato Grosso em 1979.

Tewit - verificado no Mato Grosso em 1991.

Tikuna - verificado no Pará em 1984.

Timbira - verificado no Pará em 1991.

Tiriyó - verificado no Pará em 1985.

Tiriwa - verificado no Amapá em 1998.

Tolaba - verificado em 1993.

Tolk - verificado no Maranhão em 1993.

Toreke - verificado em Roraima em 1996.

Tremembé - verificado no Ceará em 1990.

Tserenhi'omo - verificado no Mato Grosso em 1988.

Tsibasibata - verificado no Mato Grosso em 1985.

Tsupto - verificado no Mato Grosso em 1988.

Tuahuê - verificado no Pará em 1979.

Tukano - verificado no Amazonas em 1979.

Tupã-y - verificado em São Paulo em 1982.

Tupepiwa - verificado no Amapá em 1998.

Tuxaua - verificado no Amazonas em 1990.

Txy-txy - verificado em Rondônia em 1987.

Ubtuwó - verificado no Mato Grosso em 1988.

Uia - verificado no Mato Grosso em 1995. 

Urubíté - verificado no Mato Grosso em 1990.

Uribiti - verificado em Mato Grosso em 1987.

Urubom - verificado em Rondônia em 1988.

Ururãm - verificado em Rondônia em 1993.

Vitú - verificado no Mato Grosso em 1986.

Wa'awé - verificado no Mato Grosso em 1988.

Wa'morã - verificado no Mato Grosso em 1988.

Waadatite - verificado no Mato Grosso e Pará em 1990.

Wai Wai - verificado em Roraima em 1998.

Waiãpi - verificado no Pará em 1987.

Waikaine - verificado em Goiás em 1982.

Wakathautheri - verificado em Roraima em 1991. 

Wakathawlheri - verificado em Roraima em 1991.

Wakzemy - verificado no Pará em 1990.

Wariniay'i - verificado no Amazonas em 1997.

Waritirre - verificado em 1982.

Waro - verificado no Pará em 1997.

Watay - verificado no Pará em 1979.

Watoritheri - verificado em Roraima em 1991.

Wayana - verificado no Pará em 1987.

Wera - verificado em São Paulo em 1994.

Woopok - verificado no Maranhão em 1993.

Yakoto - verificado em Roraima em 1996.

Yanomami - verificado em Roraima em 1986.

Yawanawa - verificado no Acre em 1984.

Yaúka - iniciado em 1971 com o indígena Myky de Yaúka, da etnia myky, em Córrego Rico, no oeste do Mato Grosso.

Yébébektheri - verificado em Roraima em 1994.

Xãdok - verificado no Amapá em 1992.

Xair - verificado em Roraima em 1996.

Xakriabá - verificado em Minas Gerais em 1985.

Xaopoko'i - verificado no Amazonas em 1997.

Xario'i - verificado no Amazonas em 1997.

Xavante - verificado no Mato Grosso em 1979.

Xawapare'ymi - verificado no Amazonas em 1997.

Xehitaria - verificado no Mato Grosso do Sul em 1998.

Xenipau - verificado em Roraima em 1996.

Xerente - verificado em Goiás em 1982.

Xiriana - verificado no Amazonas em 1986.

Xitãnha - verificado no Mato Grosso em 1992.

Xywãeri - verificado no Mato Grosso em 1982. Xiwaerí grafia de 1991.

Xokó - verificado em Sergipe e Alagoas em 1980.

Xucuru - verificado em Pernambuco em 1996.


terça-feira, 30 de maio de 2023

Sobrenome Sieben

 



SIEBEN - literalmente "sete" em alemão. No contexto da língua alemã, está associado a engodo, mentira, trapaça. Encontrei que simbolicamente nas áreas meridionais é uma alcunha para "filho bastardo".

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Sobrenome Lahmann

 



LAHMANN - do termo do baixo alemão medieval "lo", "loge", "lage" que significa "mato", "floresta", ou ainda "prado da floresta", "campo na borda de um bosque" mais o termo "mann" (=Homem). Portanto, alguém que habita um relevo com essas características. É um sobrenome com origem e concentração no norte da Alemanha: Baixa Saxônia, Renânia do Norte-Vestfália e Mecklemburgo-Pomerânia.

domingo, 28 de maio de 2023

A eleição do Presidente Médici

 



A confusão era geral, com sucessivas reuniões do Alto Comando das Forças Armadas, do Exército, Marinha e Aeronáutica. Ficara evidente que Costa e Silva não poderia reassumir. Assim, começava-se a tentar ordenar o caos. Era preciso escolher outro presidente da República, claro que um general, e com uma peculiaridade: deveria iniciar novo mandato, não apenas completar o de Costa e Silva. Onde buscaram essa singular fórmula jurídica não se sabe até hoje, mas, como já tinham impedido Pedro Aleixo de assumir, tudo o mais seria permitido.

Então, os Altos Comandos decidiram fazer uma "eleição direta" para presidente - cujo nome deveria vir do Exército. Só que com um detalha: não seria o povo, completamente alheado de tudo, a escolher. Poderiam votar apenas os generais, almirantes e brigadeiros do serviço ativo. Organizaram as Forças Armadas em seções eleitorais. De início, os três integrantes da Junta comprometeram-se a não se candidatar. Existiam, porém, diversos candidatos que negavam ser candidatos.

Custariam a ser conhecidas as regras "eleitorais" para a escolha do sucessor de Costa e Silva. Era campo minado por todo lado. Afinal, qual general de quatro estrelas deixaria, lá no fundo, de se imaginar com possibilidade de ser o presidente?

Decidiram os Altos Comandos das três forças - com o respaldo do Alto Comando das Forças Armadas - que Exército, Marinha e Aeronáutica selecionariam três preferidos para o posterior encontro de decisões. Marinheiros e aviadores sabiam que o escolhido teria de ser do Exército, maior e mais forte, detentor do poder desde 1964. Ainda assim, os 69 almirantes da ativa deram catorze votos ao almirante Augusto Rademaker, que ficaria em segundo entre os mais sufragados pela Marinha, atrás do general Afonso Albuquerque Lima, que recebera 37 votos. Também foram lembrados o general Orlando Geisel, com doze votos, e o general Antônio Carlos Muricy, com seis.

Na Aeronáutica, três nomes com igualdade de votos: Garrastazu Médici, Orlando Geisel e Afonso Albuquerque Lima.

Estava armado o barraco, porque se, no Exército, Albuquerque Lima fosse um dos três mais votados, seria difícil impedi-lo, pois selecionado nas três forças. A Junta Militar planejou garfá-lo, tanto por ser general de divisão, com três estrelas, disputando com generais de Exército, de quatro estrelas, quanto porque seu nome se apresentara como de contestação, nacionalista e disposto a imprimir nova linha ideológica e econômica no país. Talvez mais ditatorial, se tal fosse possível. Atribuíam-lhe a intenção de, se eleito, mandar prender os ministros Delfim Netto e Mario Andreazza, além de abrir inquérito contra D. Yolanda. Não era verdade, mas a boataria apavorara ainda mais a Junta Militar.

Sabedores de que o general Afonso detinha forte apoio no Exército, armaram-lhe uma arapuca. Ele seria, sem dúvida, um dos três mais votados nos quatro Exércitos, e talvez até liderasse a votação. Era preciso, entretanto, que não chegasse entre os três primeiros, de modo que logo se criaram novas "sessões eleitorais", mesmo que com poucos generais: os diversos departamentos do Ministério do Exército, o gabinete do ministro, a Escola Superior de Guerra, o Estado-Maior do Exército e o Estado-Maior das Forças Armadas - para cada um, uma "sessão". Mesmo com muito menos generais do que os quatro Exércitos, fizeram valer a regra de que todas as "sessões eleitorais" teriam peso igual. Resultado: obtiveram que os três primeiros colocados no Exército fossem Garrastazu Médici, Orlando Geisel e Antônio Carlos Murici, excluindo Afonso Albuquerque Lima.

Como Médici fora o mais votado entre seus colegas de farda, virou o futuro presidente da República. Comandava o III Exército, no Rio Grande do Sul, e chefiara o SNI, onde se destacou por defender o AI-5 seis meses antes de sua decretação.

Escaramuças ainda aconteceriam para que aceitasse. Indagou aos colegas se seria obedecido, e todos disseram que sim, mesmo os mais antigos. O Alto Comando do Exército, contudo, não concordaria com sua sugestão para que o almirante Augusto Rademaker fosse vice-presidente, lembrando o compromisso de os três integrantes da Junta não aceitarem nada. Nessa hora, Médici levantou-se e disse que, se era para não ser obedecido, não aceitaria a indicação e voltaria para o seu comando, em Porto Alegre. Foi um "deus nos acuda", que obrigaria o chefe do SNI, general Carlos Alberto da Fontoura, a voar à capital gaúcha para convencer o "candidato" de que seria obedecido e informá-lo de que Rademaker seria o seu vice, além de alertá-lo para o fato de que, se a sucessão melasse, poderia haver guerra civil, já que os partidários do general Afonso Albuquerque Lima ameaçavam insurgir-se por conta da rasteira que levara.

No fim, tudo se ajeitou. O brigadeiro Márcio Mello permaneceria no Ministério da Aeronáutica e o general Lyra Tavares, como "missão", seria designado embaixador do Brasil em Paris.

Fonte: CHAGAS, Carlos. A ditatura militar e os golpes dentro do golpe: 1964-1969. Rio de Janeiro: Record, 2014, pág. 427-429 [recurso eletrônico].

sexta-feira, 26 de maio de 2023

O bando de Jesuíno Brilhante

 



JESUÍNO ALVES DE MELO CALADO (1844-1879), natural da zona de Patu, Rio Grande do Norte, passou toda a sua curta vida envolvido em vinganças contra inimigos fortes e politicamente protegidos. Os seus biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro. É célebre a recomendação que fazia aos cabras que se alistavam em seu bando: "Quem entra para este grupo não toca no alheio e aprende respeitar a casa das famílias honestas". Como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Angelo, o Latada; Manuel de tal, o Cachimbo; José Rodrigues; Antônio do Ó; Benício; Apolônio; João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; Manuel Pajeú; e José Antônio, o Padre. Não podemos deixar de transcrever aqui o que, em 1927, o desembargador e notável estudioso dos fenômenos nordestinos, à frente, a seca, Felipe Guerra, escreveu sobre o seu conterrâneo do cangaço, em livro intitulado Ainda o Nordeste: "Há cinquenta anos, teve o Rio Grande do Norte, em município fronteiriço, o seu cangaceiro que se celebrizou, atirado ao crime por ódios e lutas de famílias. Era um chefe de bandidos que não atemorizava as populações, porquanto não depredava a propriedade particular, e nunca atentou contra a segurança e honestidade da família. Episódios de sua vida narram assassinatos de sequazes, cometidos pelo próprio chefe, por desrespeitos e atentados dessa natureza. Solicitado pela parte ofendida, obrigava o ofensor a reparar o mal, pelo casamento. É de supor que a sua justiça de bandido, nesse particular, tenha dado lugar a erros judiciários. Foi esse, Jesuíno Brilhante, o único cangaceiro do Rio Grande do Norte a chefiar bando".

Fonte: MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa, 2011, pág. 163-164.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Sobrenome Schuckert



 SCHUCKERT, SCHUCHART, SCHICKERT, SCHACKERT, SCHÜKERT, SCHUEKERT - vou passar o que encontrei: pode ser um metanímico que significa literalmente "sapato forte", com possibilidade de designar um sapateiro, porém encontrei também que o termo pode ter sido usado na Idade Média alemã para designar alguém "resistente, teimoso, ou que apresenta bravura, coragem, ou mesmo uma pessoa de posses". Como metáfora, a expressão "sapato forte" é usado como símbolo de INTENSIDADE em alguma coisa.


Todavia, todos estes sobrenomes podem também ser patronímicos do nome medieval do alto alemão Sochhart, que significa "castelo forte", "castelo que resiste às invasões e intempéries". O nome masculino Sochhart foi encontrado principalmente na região da Saxônia e arredores.

Não encontrei dados sobre a distribuição da alcunha, mas acredito que, mais especificamente, o sobrenome SCHUCKERT possa ocorrer no centro e no sul, e lógico na região renana. Todavia este sufixo -ert não é propriamente comum no norte e nas áreas do antigo Império Prussiano (sem desconsiderar, obviamente, casos de migração interna europeia).

terça-feira, 23 de maio de 2023

Sobrenome Sulzbach

 



SULSBACH - variante de SULZBACH. Sulzbach corresponderia a "rio coagulado", no sentido de rio muito denso, rio com muita matéria orgânica, rio lodoso.


Sulzbach é um toponímico, porém muito abrangente. De modo geral, pode corresponder:

1. Ao antigo e histórico condado de Palatinado-Sulzbach, que existiu entre 1305 e 1808, mas cujas origens remontam ao condado de Sulzbach que foi criado no século XI. O feudo permaneceu historicamente à família real bávara de Wittelsbach, desde o século XVIII. O condado corresponderia às áreas dos atuais distritos de Sulzbach e Parkstein-Weiden, na Renânia-Palatinado.

2. Sulzbach também corresponde a 06 municípios na Alemanha.

3. Um município na França.

4. Um município na Eslovênia.

5. 22 distritos na Alemanha.

6. 11 lugares na Áustria.

7. 02 lugares na Suíça.

8. Um lugar na Polônia.

9. 57 rios, riachos, cursos d'água, canais, lagunas e córregos na Europa Central (Alemanha, Áustria, Suíça, República Tcheca).

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Fitoterapia indígena no Brasil Colonial



Nota: os grifos são nossos.

Há milhares de anos, o homem primitivo, em consequência da transformação do seu estilo de vida - passando de colhedor a caçador - , precisou enfrentar acidentes, moléstias e outras perturbações corporais. Para arcar com esses novos desafios, precisou atingir um estágio mínimo de evolução cultural em conjunto com seu avanço na escala evolutiva biológica, estágio este que o capacitaria a somar a sua experiência consciente ao seu instinto animal. Assim, não só aprendeu a reconhecer plantas capazes de ajudar feridas, curar doenças e aliviar a dor, mas também - faculdade essencial e igualmente importante - a distinguir essas plantas daquelas que podiam lhe ser nocivas. São esses conhecimentos empíricos, incorporados no herbalismo e transmitidos de geração em geração, que caracterizam as práticas médicas chamadas primitivas.

Como todos os povos nativos dos trópicos, os brasilíndios souberam beneficiar-se da enorme diversidade da flora e fauna das suas terras. Os seus vastos conhecimentos da vida vegetal oriundos da sua familiaridade com as plantas capacitaram-nos a utilizar-se daquelas que possuíam propriedades medicinais.

Seus conhecimentos, passados de geração em geração, possivelmente não teriam nos alcançado não fossem os relatos de aventureiros e colonizadores. Embora o conteúdo de seus relatos difira em certas particularidades, viajantes e cronistas da época são unânimes em sua admiração pelos vegetais usados nestas terras para fins medicinais. Nem sempre as indicações terapêuticas das plantas mantiveram-se inalteradas ao longo do tempo. Dois conhecidos exemplos são o guaraná (Paullinia cupana Kunth), originalmente prescrito para combate às disenterias, e o maracujá (Passiflora spp.) para febre.

Jean de Léry (1534-1611) em 1563 descreveu o uso do hiyuaré (Hinuraé) - possivelmente Pradosia glycyphloea (Casar.) - empregado pelos indígenas contra o pian. Ele também menciona o petyn, posteriormente identificado como tabaco (Nicotiana tabacum e outras da família das solanáceas), que permitia, segundo ele, mitigar a fome em períodos de guerra e escassez alimentar, além de - ecoando a medicina galênica - "destilar os humores [...] do cérebro".

Em vista das virtudes que lhe são atribuídas goza essa erva de grande estima entre os selvagens; colhem-na e a preparam em pequenas porções que secam em casa. Tomam depois quatro ou cinco folhas que enrolam em uma palma como se fosse um cartucho de especiaria; chegam ao fogo a ponta mais fina, acendem e põem a outra na boca para tirar a fumaça que apesar de solta de novo pelas ventas e pela boca os sustenta a ponto de passarem três a quatro dias sem se alimentar, principalmente na guerra ou quando a necessidade os obriga à abstinência. Mas os selvagens também usam o petyn para destilar os humores supérfluos do cérebro, razão pela qual nunca se encontram sem o respectivo cartucho pendurado no pescoço. Enquanto conversam costumam sorver a fumaça, soltando-a pelas ventas e lábios como já disse, o que lembra um turíbulo. O cheiro não é desagradável. Não vi porém mulheres usá-la e não sei qual seja a razão disso mas direi que experimentei a fumaça do petyn e verifiquei que ela sacia e mitiga a fome.

Para o "bicho-do-pé" (tungíase), os indígenas untavam a lesão com o óleo de uma fruta chamada hibourouhu (Myristica L.). Thevet (1502-1590), monge franciscano que permaneceu em terras brasileiras entre 1555 e 1556, em seu livro Singularidades da França Antarctica a que outros chamam de América, considerava esse óleo próprio para a cura de feridas e úlceras, provando ele mesmo sua ação terapêutica..

Pero de Magalhães Gândavo (?-1590), na bela obra publicada em 1567, História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, foi o primeiro a descrever o óleo de copaíba (Copaifera sp.) como analgésico e cicatrizante eficaz. O seu sucesso terapêutico correu mundo e, durante o século XVII, chegou a ser, ao lado do cravo, anil e tabaco, um dos principais produtos de exportação das províncias do Grão-Pará e Maranhão.

Contudo, é a admirável obra Tratado descritivo do Brasil de 1587, de Gabriel Soares de Souza (1540-1594), que se perpetuou em verdadeiro manual de terapêutica indígena, Recomendava carimã (farinha de mandioca seca), misturada à água, como antídoto de envenenamentos e vermífugo; milho (Zea mays L.) cozido, para tratar doentes com boubas; sumo de caju (Anacardium occidentale L.), pela manhã, em jejum, para a "conservação do estômago" e higiene da boca; emplastros de almécega (Protium heptaphyllum March.; P. brasiliense [Spreng.] Engl.), muitas variantes e subespécies; várias outras espécies para "soldar carne quebrada"; amêndoas-de-pino (figueira-do-inferno - Datura stramonium L.) para purgas, cólicas; araçá (Psidium cattleyanum Sabine e várias da família das mirtáceas) para "doentes de câmaras" (diarreia); tinta de jenipapo (Genipa americana L.) para secar boubas; jaborandi (Philocarpus jaborandi) para feridas na boca; cajá (Spondia lutea L.) para febre e camará (Lantana spinosa L. ex Le Cointe) para sarna.

Frei Vicente do Salvador (1564-1635), em sua obra História do Brasil: 1500-1627, fez ampla descrição da vegetação brasileira. Conservando algumas vezes o seu nome indígena e rebatizando outras em português, indicava o uso de algumas plantas destacando, por exemplo, o poder terapêutico e cicatrizante da cabriúva (Myrocarpus frondosus Allemão, da família das leguminosas, subfam. Papilionoídea), e das folhas da jurubeba (Solanum paniculatum L.). Mencionava ainda, entre outras, a erva fedegosa (feiticeira - Cassia occidentalis L. e outras), a salsaparrilha (Smilax spp.), o andaz (Joannesia princeps Vell. e outras euforbiáceas), como úteis no combate a uma grande variedade de doenças.

Entretanto, a planta medicinal que mais interessou os europeus foi, sem dúvida, a ipecacuanha (Psychotria emetica L.f., Chephaelis ipecacuanha [Brot.] A.Rich., e outras espécies) - palavra originária do tupi i-pe-kaa-guéne, que significa "planta de doente de estrada" - , usada como purgativo e antídoto para qualquer veneno. A indicação medicamentosa nativa é inerente à própria lenda transmitida por inúmeras gerações de índios aos seus descendentes, e exemplifica como uma atenta observação da natureza era capaz de fornecer informações imprescindíveis aos que cuidavam da saúde tribal. Contavam os anciães que a natureza emética da planta havia lhes sido ensinada pela irara, animal que tinha por hábito alimentar-se das raízes e folhas de ipecacuanha, sempre que tivesse bebido água malsã de um pântano, ou alguma água impura, Desse modo, tomaram para si a lição que o animal lhes dera, passando a fazer uso da benfazeja planta sempre que necessário.

Fonte: GURGEL, Cristina. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, pág. 61-64.

domingo, 21 de maio de 2023

Sobrenome Thurmann

 



THURMANN, THÜRMANN - da aglutinação dos termos do alto alemão "turn" (torre) e "mann" (homem). Portanto, de forma literal "homem da torre". Dentro do contexto histórico, aquele que é responsável pela guarda de um castelo ou burgo. O sentinela principal ou o capataz dos sentinelas.

sábado, 20 de maio de 2023

Tremor de terra em Guarapuava



A população da cidade de Guarapuava, no Paraná, alarmou-se extraordinariamente, nos dias 25 e 26 do mez passado, por motivo de tremores de terra ali sentidos.

Referindo-se á excepcional occorrencia, diz um collega de Corityba, o Diario da Tarde, em sua edição de 27:

"Conforme um telegramma que hoje inserimos, não se reproduziram os tremores de terra, ante-hontem e hontem verificados em Guarapuava.

Esses phenomenos têm sido tão raras vezes observados em nosso paiz, que causam verdadeiro assombro todas as vezes que se produzem.

Ha poucos annos egual phenomeno foi observado no Rio Negro.

Como explicar taes factos na distancia em que nos encontramos de todos os vulcões activos da cordilheira dos Andes?

Serão devidos ás vibrações ao longe de semelhantes movimentos plutonicos naquellas longiquas regiões?

Ou devemos acreditar antes que o ultimo tremor de terra havido em Guarapuava seja ligado á constituição reconhecidamente vulcanica do ultimo plateau do Paraná?

A opinião do sr. dr. Francisco Grillo, que tem estudado as condições geologicas do solo paranaense, é concludente a esse respeito.

Na serra da Esperança, que póde ser considerado o degrau para o plateau de Guarapuava, são evidentes os signaes da constituição vulcanica daquella zona.

De um trabalho do mesmo illustrado naturalista, transcrevemos as seguintes linhas que demonstram o facto alludido:

"Ao pé da serra da Esperança observa-se um facto curioso e unico em toda a região.

Vêm-se 4 montes de fórma perfeitamente conica, separado um do outro, e cada um com uma elevação de mais ou menos 200 metros.

No que está encostado á serra da Esperança, á direita de quem sobe, existe, no cume, uma lagoa de agua salobra perenne, occupando o logar da antiga cratera desse pequeno vulcão extincto.

A agua que sobrassae e forma uma pequena cachoeira visivel para quem sóbe a serra".

No mesmo trabalho do dr. Francisco Grillo vemos as seguintes citações sobre os campos de Guarapuava:

"Nos logares desnudados vê-se o sub-solo forrado de rochas plutonicas nas quaes abundam os crystaes de quartzo e fluorídricos."

Em uma fazenda do sr. Frederico Wismond vi um pequeno geyzer que lança, sem intermittencia porém, uma agua magnesiaca, fortemente purgativa, numa temperatura de 26 graus Celsius.

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Julho de 1902, pág. 02, col. 03-04

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Sobrenome Langa

 



LANGA - pode ser uma variação austríaca ou bávara para o sobrenome Lange. Lange significa longo, grande, maior, enorme. Aliás, sobrenomes alemães que possuem o sufixo -e ou -er, comumente aparecem na Áustria substituídos pelo sufixo -a, por isso, bem provável realmente.


Agora, tenho que acrescentar também que:
- Langa - pode ser um toponímico relacionado à aldeia de Langa, condado de Aarhus, Dinamarca;
- Langa - pode ser um toponímico referente à região de Langhe, Piemonte, Itália. No italiano, a denominação no italiano é "Langhe", porém na língua piemontesa é "Langa".
- Langa - uma comuna na região de Castela-Leão, Espanha.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Sobrenome Eberle

 



EBERLE - patronímico encontrado tanto no bávaro quanto no alemânico para o nome alemão Eberhardt ou Everhardt.


Significado: Eberhardt é um primeiro nome muito comum na Idade Média que é resultado da aglutinação dos termos do alto alemão medieval eber (javali macho) e harti (duro, forte). O sentido do nome seria "forte como um javali" ou "impetuoso como um javali". No português, os nomes próprios equivalentes são Everaldo ou Everardo.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Sobrenome Tzolais

 



TZOLAIS - é a forma correspondente na língua prussiana ou na língua alemã oriental (quando da extensão máxima do Império Alemão às vésperas da Primeira Guerra Mundial) para a palavra eslava arcaica "szal", "tszal", "tszol". No caso, tzolais está na forma plural. Significa riacho, córrego. É uma forma rara.


O radical atualmente encontra-se presente na língua húngara e em alguns dialetos minoritários do Leste Europeu.

É um sobrenome muito incomum, que seguramente indica uma origem não-germânica. Pelo menos foi o que encontrei.

domingo, 14 de maio de 2023

Sobrenome Murbach

 



MURBACH - o significado literal é "rio do muro", mas dentro do contexto histórico corresponde a "canal", isto é, "curso d'água" que foi artificialmente direcionado para algum propósito. O termo aparece para denominar uma série de construções romanas, góticas e carolíngias na Europa que tiveram esta função. Por isso, pode também corresponder a "duto", "aqueduto".


O sobrenome pode ser um toponímico relacionado a quatro lugares na Europa:

1. Ao município de Murbach, na região de Guebwiller, no departamento do Alto Reno, na França (localidade relativamente próxima à fronteira com a Alemanha, sendo que historicamente faz parte da Alsácia; pertenceu ao Império Alemão até o final da Primeira Guerra Mundial).

2. À aldeia de Murbach, no município de Gottmadingen, no distrito de Constança, no estado alemão de Baden-Wurttemberg.

3. Ao riacho Murbach, afluente do rio Isar, da bacia fluvial do Danúbio. O riacho fica na região da Alta Baviera, Baviera.

4. Ao rio Murbach, afluente do rio Wupper, da bacia fluvial do rio Reno. O rio fica no estado da Renânia do Norte-Vestfália.

sábado, 13 de maio de 2023

Sobrenome Telerschmidt

 



TELERSCHMIDT é uma aliteração de Thalerschmidt que corresponde a um cunhador de tálers. O táler é uma antiga moeda europeia de prata, que foi produzida em vários lugares do continente entre os século XV e XIX. Portanto, corresponderia a um cunhador de moedas táler.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Sobrenome Truppel



 TRUPPEL. TRUPPE, TRUPP - tropa, pelotão armado, batalhão. Genericamente, um militar de baixa patente (soldado, cabo ou sargento) que faz parte de uma tropa. Etimologicamente deriva do termo francês 'trupe' com o mesmo sentido, por sua vez originário do galorromano 'troppus' (rebanho, ajuntamento, grupo).


Truppel é mais comum no sul da Alemanha e Áustria, mas está espalhado em toda a Europa de língua alemã.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Flores da Cunha preparado para a luta!


 José Antônio Flores da Cunha e seus três filhos homens adultos durante os preparativos das tropas revolucionárias gaúchas para a viagem até o Rio de Janeiro (setembro de 1930)

quarta-feira, 10 de maio de 2023

A Quadrilha de Juan Palacios

 



Relativamente aos crimes de Taquarembó, de que já fizemos menção, encontramos mais estas noticias nos jornaes do Rio da Prata:

El-Heraldo de S. Fructuoso diz que o commissario Luiz Rifaud, imcumbido pelo chefe politico de perseguir os criminosos da Cuchilha de Haedo, capturou o malfeitor Juan Francisco Rodriguez, perto do Passo da Sepultura (Quarahym) limites do Brazil.

Referindo-se a uma quadrilha de ladrões, cujo chefe é um tal Juan Palacios, quadrilha que anda bem montada e armada com espingardas Remington, diz a mesma folha que a sobredita quadrilha pretendia assaltar a casa de commercio do Sr. Ramon Fontan, o qual salvou-se milagrosamente, em virtude de ter mudado sua casa para outro ponto, sendo victimas do engano o nosso infeliz compatriota Dyonisio Pereira e sua familia.

Accrescenta o referido periodico:

As policias do Salto, Rivera, Artigas e do Brasil, conjunctamente com as que d'este departamento estão em acção, perseguem activamente os criminosos, e não será difficil a captura de todos ou da maior parte.

- La Tribuna Popular recebeu o seguinte telegramma:

"A. Fructuoso, 30 de maio. - Um grupo de assassinos e matreiros que era perseguido pelas policias de Rivera e Taquarembó, travou luta com a mesma policia e dirige-se á Serra do Infernilho.

N'este momento sahem forças do regimento de cavallaria que manda o coronel Klinger para auxiliarem a policia. Os assassinos montam magnificos cavallos, e estão armados com Remington."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Junho de 1888, pág. 01, col. 03

terça-feira, 9 de maio de 2023

Sobrenome Silvestre

 



SILVESTRE pode ser português, espanhol, francês, rético, occitânico, catalão e italiano (embora mais comum Silvestri), mas não está listado como alemão e também a grafia é estranha à língua alemã. Agora, a forma SILVESTRE pode aparecer na Suíça, isso sim.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Os chapéus do Teatro São Pedro

 



Chapéos no theatro

Felizmente continuam a apparecer magnificos chapéos na platéa do S. Pedro.

O sexo descoberto tem assim um espectaculo duplo, para a vista e para o ouvido; ouve os artistas e vê o bazar de plumas, rendas, fitas, escomilhas, pregadores, vidrilhos, azas de passarinhos e missangas depositados, por moda, na cabeça das senhoras. Quem nunca olhou para os chapéos das senhoras, no theatro é obrigado a fazel-o. E é para ver esses chapéos que toda a gente vae ao theatro.

✤✤✤✤✤

Depois dos chapéos, a tosse. Tossem tanto lá no theatro! Dá cada pigarro, ás vezes, que parece que o pigarrante vae deitar fóra o pulmão e o bofe.

E justamente: no meio das scenas mais interessantes, quando o espectador não quer perder uma palavra, é que a platéa e os camarotes tossem.

Ora, dá-se!

Si houvesse por ahi um xarope barato...

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 16 de Janeiro de 1900, pág. 01, col. 08

domingo, 7 de maio de 2023

Ajuricaba

 



De fato, o rio Negro era uma região densamente povoada, e por povos culturalmente bastante avançados. De acordo com o padre João Daniel, até 1750 foram descidos à força 3 milhões de índios do rio Negro. "Insuficiente dizer", escreveu João Daniel, "que alguns povoados tinham mais de mil índios e outros tinham tantos que sequer sabiam os nomes de cada um deles".

A resposta dos índios foi exemplar. Em 1720, os portugueses começam a ouvir falar do tuxaua Ajuricaba, a maior personalidade indígena da história da Amazônia. No começo, ele não hostilizou os portugueses. Como aruaque, Ajuricaba exerceu em mais alto grau um dos talentos de sua cultura: a arte da diplomacia. Rapidamente, ele foi unindo as diversas tribos sob uma confederação tribal, o que não era uma tarefa fácil. A estrutura social das tribos da Amazônia, por uma opção histórica, rechaçava qualquer tipo de poder centralizador. Daí a pulverização dos povos indígenas, que os fez presa fácil para os invasores europeus. Poucas foram as experiências de confederação entre os índios em todo o continente americano, mas Ajuricaba logrou unir as mais de trinta nações do vale do rio Negro, em cerca de quatro anos de trabalho de persuasão.

Outro aspecto da liderança de Ajuricaba era a clareza com que ele sabia distinguir os diversos europeus que começavam a entrar em seu território. Do norte, através das montanhas do Parima e dos vales do Orinoco, vinham os ingleses, os holandeses, os franceses e, mais raramente, os espanhóis. Do sul, em grandes levas e com bastante violência, os portugueses. O conhecimento das diferenças entre os europeus ajudou muito no êxito inicial do levante de Ajuricaba. Ele negociou com os holandeses, que lhe forneceram armas de fogo, pólvora e instrutores. Dos ingleses adquiriu pólvora, chumbo e armas brancas. Finalmente, em 1723, ele se sentiu em condições de atacar os portugueses.

Os manau concentravam-se basicamente em duas posições no alto rio Negro, e em diversas malocas pelo rio Urubu e na localidade hoje chamada Manacapuru. Dessas posições, e com o apoio de diversos outros povos, eles destruíram todos os núcleos de colonos do médio rio Negro, obrigando os portugueses a se refugiar no forte da Barra. Ajuricaba também infligiu vários ataques às tribos que apoiavam os portugueses, gerando uma grande confusão na região.

O governador da província, João da Maia da Gama, imediatamente manda uma carta para Lisboa para informar sobre os ataques. Uma bandeira da Holanda, que Ajuricava sempre desfraldava em sua canoa, era o que deixava os portugueses mais irritados. O fato foi testemunhado por Miguel de Siqueira Chaves e Leandro Gemac de Albuquerque, oficiais portugueses que comandavam tropas na área e por eles imediatamente reportado a Belém. Os arquivos holandeses confirmam o contato com os manaus porque, em 1714, a Companhia das Índias Ocidentais Holandesas enviou o comandante Pieter van der Heyden numa expedição à região do alto rio Branco. Van der Heyden deve ter-se encontrado com os manau, pois logo a seguir alguns guerreiros dessa tribo deram de aparecer no Essequibo, assustando os colonos holandeses. Essas incursões pelo extremo norte começaram a ficar comuns, até o levante de 1723, quando cessaram para sempre, com a quase extinção da tribo guerreira. Maia da Gama assim escreveu:

todas as tribos do rio e com exceção daquelas que estão conosco e contam com missionários são assassinas de meus vassalos e aliadas dos Holandeses. Elas impedem a propagação da fé e continuamente roubam e assaltam meus vassalos, comem carne humana, e vivem como bestas, desafiando a lei natural. [...] Esses bárbaros estão bem armados e amuniciados com armas dadas pelos holandeses, e outras conseguidas por eles e tomadas de homens que foram até lá e intentaram assaltá-los, desobedecendo minhas ordens. Eles não apenas têm o uso das armas mas também se entrincheiraram em cercados de pau e barro com torres de vigilância e defesa. Por essas dissimulações eles se arrogam a um maior orgulho e se julgam no direito de cometer todos os excessos e matanças.

A resposta de Lisboa foi autorizar o governador Maia da Gama a lançar uma expedição punitiva, mas os jesuítas tentaram uma solução negociada, e o padre José de Sousa foi enviado ao rio Negro para propor uma conciliação. O padre conseguiu fazer Ajuricaba trocar a bandeira holandesa pela portuguesa, viu o líder jurar obediência ao rei de Portugal e recebeu a promessa de libertar cinquenta escravos em troca do pagamento de resgate. Padre José de Sousa ficou muito impressionado com Ajuricaba, e relatou ao governador que ele era um homem ainda jovem, muito orgulhoso e arrogante, que se denominava governador de todas as tribos e que pessoalmente tinha-se declarado responsável por todos os agravos contra os portugueses. Se Ajuricaba fosse convencido a trabalhar para os portugueses, o rei teria nele um grande aliado.

Ajuricaba, no entanto, não estava interessado em se aliar a nenhum europeu. E, mal o jesuíta deixou o rio Negro, os ataques recomeçaram, e Ajuricaba nunca libertou os cinquenta escravos, embora tenha recebido o dinheiro. Em 1728, depois de receber a aprovação dos próprios jesuítas, Maia da Gama organiza uma poderosa força punitiva, sob o comando do capitão João Paes do Amaral. Sobre isso, Maia da Gama registrou:

Ficou decidido que eles primeiro dariam busca ao bárbaro e infiel Ajuricaba. E nossa gente o surpreendeu em sua aldeia, mas ele encetou uma defesa antes que o cerco se completasse. Depois de alguns tiros de uma peça de artilharia que nossos homens tinham levado, ele resolveu escapar e abandonar a aldeia acompanhado por alguns maiorais. [...] Nossos homens saíram em perseguição e mantiveram escaramuças com ele cada vez que ele entrava nas vilas de seus aliados. O bárbaro chefe Ajuricaba e mais seis ou sete de seus chefes aliados foram finalmente presos e duzentos ou trezentos prisioneiros foram pegos junto com ele. Quarenta desses serão trazidos para pagar os custos da expedição feitos pelo tesouro de Sua Majestade e mais trinta para a coletoria real.

Ajuricaba, posto a ferros junto com outros guerreiros, com eles foi transportado para Belém, onde todos seriam vendidos como escravos. Foi então que o grande líder manau fez o gesto que lhe garantiu um lugar na história e no coração do povo da Amazônia. Os portugueses descreveram assim o seu ato desesperado:

Quando Ajuricaba estava vindo como prisioneiro para a cidade, e já estava em suas águas, ele e seus homens se levantaram na canoa em que se encontravam acorrentados, e tentaram matar os soldados. Esses tomaram de suas armas e bateram em alguns e mataram outros. Ajuricaba então pulou no mar com um outro chefe e não reapareceu mais vivo ou morto. Pondo de lado a pena que sentimos pela perda de uma alma, ele nos fez um grande favor aos nos liberar da obrigação de tê-lo prisioneiro.

Ajuricaba pulou da canoa de seus opressores para as águas da memória popular, libertando-se dos grilhões e ressuscitando como um símbolo de coragem, liberdade e inspiração.

Em 1729, os índios do rio Negro novamente se rebelam, sob o comando do manau Teodósio. Depois de alguns combates, Teodósio é preso e enviado a Lisboa. Novamente, em 1757, outro líder manau forma uma federação de tribos no rio Negro, ataca as vilas de Lamalonga e Moreira, e ocupa a ilha de Timoní. A rebelião é sufocada violentamente, mas a lição de Ajuricaba jamais é esquecida.

A figura de Ajuricaba ficou na memória popular. Repercutiu nas ações dos diversos líderes indígenas que se rebelaram e enfrentaram os colonizadores, mesmo em desvantagem. Um século depois de sua morte, o nome do guerreiro seguia inspirando a rebeldia. No dia 16 de agosto de 1835, ao ser empossado presidente do Pará, o líder cabano Eduardo Nogueira Angelim fez um discurso emocionado e de grande significado: "Corajoso povo do Pará, valentes defensores desta terra e da liberdade! Depois de nove dias de fogo assassino somos os senhores desta bela cidade de Belém. [...] Viva os descendentes de Ajuricaba. [...] Viva o povo livre do Pará!"

Fonte: SOUZA, Márcio. História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Record, 2019, pág. 147-150.

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